terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Tri-Campeão Carioca 1984-1985-1986

Pela segunda vez em sua história, o Flamengo foi Vice-campeão da Taça Brasil (1977 e 1984). Nos Anos 1980, a final da Taça Brasil era disputada num Quadrangular Final, que quase sempre era composto por quatro equipes paulistas. Em 1984, o Flamengo investiu pesado e entrou de penetra na festa. O quinteto rubro-negro tinha Carioquinha, Nilo Guimarães, Marcelo Vido, Germán Filloy e Marquinhos Abdalla, com Paulão Abdalla como sexto jogador. A final foi jogada em março de 1985, no Ginásio do Ibirapuera em São Paulo: Flamengo, Corinthians, Monte Líbano e Sírio. O time rubro-negro perdeu na estréia para o Monte Líbano, que viria a se sagrar campeão, por implacáveis 107 x 83. No segundo jogo, de forma dramática, conseguiu uma vitória sobre o Corinthians, na prorrogação, por 99 x 98. Em seguida, obteve uma vitória sobre o Sirio por 92 x 86, ficando o time de basquete rubro-negro com o vice-campeonato nacional daquela temporada.

"Depois de um longo período com investimento restrito no esporte, o time de basquete da Gávea voltou a ser fortemente reforçado em 1984. O rubro-negro jogou esta temporada com o quinteto: Carioquinha, Almir, Carlos Ostermann, Germán Filloy e Marquinhos Abdalla, e o técnico era Marcus Vasconcellos. O argentino Filloy, que chegava ao clube depois de ter sido campeão nacional em 1983 com a equipe paulista do Sírio, e os experientes Carioquinha e Marquinhos, ambos com uma longa história defendendo a seleção brasileira, eram os destaques desta forte equipe, que levou o Flamengo a ser, pela segunda vez em sua história, vice-campeão da Taça Brasil. Este time acabou perdendo o título nacional para o Monte Líbano, de São Paulo, onde jogavam Maury, Marcel, Cadum, Pipoka e Israel, sob o comando do técnico Edvar Simões.

Mas o grande investimento do Flamengo no basquete rendeu seus frutos, e o clube foi tricampeão carioca em 1984/85/86. No Campeonato Carioca de 1985, a equipe perdeu Carioquinha e Marquinhos; este último foi jogar pela equipe do banco Bradesco, que era a favorita para levar o título. Mas o Mengão, novamente com um time forte, que tinha Nilo Guimarães, Almir, José Pelaggi, Germán Filloy e Pedrinho, comandados por Emmanuel Bonfim, acabou bicampeão. Em 1986, o Flamengo perdeu o argentino Filloy, mas para seu lugar trouxe, da República Dominicana, dois grandes jogadores: Victor Chacón e Héctor Muñoz. O time faturou o tricampeonato, jogando com a formação: João Batista, Chacón, Muñoz, Waldeir e Pedrinho; o técnico ainda era Emmanuel Bonfim.

Disposto a impedir o tetracampeonato rubro-negro, o Vasco investiu pesado no basquete em 1987; tirou da Gávea o craque do time, Héctor Muñoz, e o técnico, Emanuel Bonfim, e ainda reforçou-se com outro dominicano: Evaristo Pérez. O Flamengo, para manter a competitividade de seu time e repor a perda de Muñoz, contratou ao Corinthians o norte-americano Rocky Smith". (A NAÇÃO, pg. 184)

O Flamengo havia ensaiado investimentos mais arrojados, pois em 1979 já havia contratado o armador Carioquinha, cuja passagem pelo clube naquele ano foi bem rápida, e no fim de 1980 foi buscar pela primeira vez em sua história a um jogador da República Dominicana, tendo entrado no time na Fase Final do Carioca de 80, disputada em janeiro de 1981, o dominicano Hugo Cabrera. Mas o time do técnico Waldyr Boccardo, que ainda tinha a Raimundo, Pedrinho Ferrer, Fioravante e Carlão, não conseguiu brigar pelo título, decidido entre Vasco e Fluminense. A passagem do dominicano pela Gávea também foi rápida, depois ele defenderia ao Mins Tênis Clube na temporada de 1981 e ao Vasco da Gama na temporada de 1982, ano no qual o título Carioca acabou voltando a ser do Flamengo. Em 1983, os dois rivais decididiram o título, e o time rubro-negro - com Bigu, Pedrinho, Almir, Carlão e Paulão - ficou com o vice-campeonato.

As iniciativas mais arrojadas em favor do basquete da Gávea aconteceram mesmo a partir de 1984, quando o clube contratou Marquinhos e Filloy, do Srio, Nilo e Vido, do São José, e Carioquinha, do Palmeiras. E para medir o tamanho do investimento feito, um levantamento publicado à época pela Revista Placar mostrava que 5 dos 7 maiores salários do basquete brasileiro naquela temporada estavam no Flamengo, em ordem decrescente pelo tamanho das cifras: Nilo Guimarães, Carioquinha, Marcelo Vido, Germán Filloy e Marquinhos Abdalla. Só o norte-americano Rocky Smith e Adílson, ambos jogadores do Corinthians, ganhavam salários maiores (Rocky Smith que em 1988 viria a ser contratado pelo time da Gávea).


O "Super Time" rubro-negro, com três jogadores da Seleção Brasileira e um da Seleção Argentina, fez sua estreia no Ginásio do Tijuca Tênis Clube em 26 de maio de 1984, com uma vitória por 107 x 86 sobre a Seleção do México (23 pontos de Marcelo Vido, 22 de Marquinhos, e mais 10 de Nilo e Filloy, tendo o superquarteto marcado 65 dos 107 pontos rubro-negros).


A cara equipe rubro-negra tomou um susto ao ser derrotada na Taça Rio (torneio prévio ao Estadual) por 78 x 74 pelo Vasco, onde se destacava o dominicano Evaristo Pérez. Mas após esta derrota, somou-se um ao elenco mais uma peça "padrão Seleção Brasileira", tendo chegado ao clube o armador Carioquinha, para sua segunda passagem vestindo vermelho e preto. Com seu "Quinteto de Ouro", o Flamengo foi dominante, sendo o Campeão Carioca de 84. Logo na estreia, imponentes 129 x 33 sobre o Verolme, de Angra dos Reis. Depois, 96 x 75 no Mackenzie, e vitórias fáceis sobre Jequiá, Barra Tênis, Volta Redonda, América e Olaria, quando voltou a ser derrotado pelo Vasco por 79 x 74, que desta vez tinha dois e não um jogadores dominicanos: Hugo Cabrera e Evaristo Pérez. Ainda venceu ao Fluminense (80 x 71), onde estava jogando o norte-americano ex-rubro-negro George Thompson, e ao Botafogo (88 x 51). O time rubro-negro se vingou do rival cruzmaltino no returno, vencia por imponentes 74 x 53 no Ginásio do Tijuca, quando o jogo teve de ser paralisado por uma grande confusão entre torcedores nas arquibancadas (foi encerrada a partida e mantido o placar). Mas já era o indício do quão forte estava para ser o campeão. Os dois rivais chgaram à final, como era o esperado, e os vascaínos não se entregariam facilmente. No primeiro jogo da decisão, a dupla de dominicanos Cabrera e Pérez levou vantagem, e o Vasco venceu. No segundo jogo da melhor de três, que era um "tudo ou nada", Filloy e Paulão brilharam no Ginásio do Tijuca e o Flamengo venceu por 79 x 70. Na partida decisiva valendo o título, o time rubro-negro se impôs mais uma vez, fazendo 86 x 76 para levantar o troféu.

Sem conseguir atrair grandes públicos mesmo com as campanhas que levaram ao título estadual e ao vice-campeonato nacional, o investimento precisou ser reduzido nas temporadas seguintes. Mas ainda assim os times foram fortes o suficiente para conquistar o Campeonato Carioca, e uma decisão fundamental para a conquista destes títulos foi a contratação do então técnico do Vasco, Emmanuel Bonfim, que foi certamente o melhor treinador de basquete do Rio de Janeiro nos Anos 1980.

O investimento levou ao Tricampeonato Carioca em 1984-85-86:


1984 - Campeão Carioca e Vice-campeão da Taça Brasil
Time: Nilo Guimarães, Carioquinha, Marcelo Vido, Germán Filloy e Marquinhos Abdalla
Téc: Marcus Vasconcellos (Pingo)
Banco: Bigu, Pedrinho Ferrer, Almir Gerônimo, Carlão Ostermann e Paulão Abdalla


1985 - Bi-campeão Carioca
Time: Raul, Almir Gerônimo, Pedrinho Ferrer, Germán Filloy e Evandro
Téc: Emmanuel Bonfim
Banco: Alexandre Cruxen e Mané


1986 - Tri-campeão Carioca
Time: João Baptista, Pai Negro, Vinicio Muñoz, Victor Chacón e Édson Campelo
Téc: Emmanuel Bonfim
Banco: Pedrinho Ferrer e Pelé


Do quinteto estrelado de 1984, saíram Carioquinha, Nilo Guimarães e Marcelo Vido, estes três de volta ao basquete paulista, e o pivô Marquinhos, contratado pelo projeto montado pelo Banco Bradesco visando criar uma nova potência no basquete do Rio de Janeiro. Para repor suas saídas, foram contratados, também ao basquete paulista, o armador Raul Togni Filho (pai de Raulzinho, o Raul Togni Neto, que décadas depois jogaria na NBA) e o pivô Evandro Saraiva. No jogo mais aguardado do início do Carioca de 85, o Flamengo não teve dificuldade para fazer 88 x 60 sobre o Bradesco. Sem dificuldade, garantiu o título do 1º turno na última rodada com uma vitória de 79 x 58 sobre o Vasco, em partida disputada no Ginásio de Caio Martins, em Niterói. No 2º turno, o Botafogo, com o norte-americano George Thompson, foi quem mais deu trabalho, mas o Flamengo venceu por 87 x 84 na penúltima rodada. O jogo derradeiro era contra o Bradesco, e se vencesse, o time conquistaria também ao 2º turno e se consagraria automaticamente campeão. No Ginásio do Tijuca Tênis Clube, o Flamengo venceu por 108 x 90, sagrando-se Bi-campeão Carioca.

Campanha rubro-negra no Título Invicto de 1985: 73 x 49 Olaria / 82 x 67 Botafogo / 25 x 15 Verolme (jogo interrompido antes do fim) / 88 x 60 Bradesco / 78 x 58 Jequiá / 69 x 35 Fluminense / 100 x 51 América / 79 x 58 Vasco / 112 x 66 Jequiá / 90 x 56 Olaria / 78 x 63 América / 104 x 64 Fluminense / 91 x 55 Vasco / 87 x 84 Botafogo / 108 x 90 Bradesco

Para o Campeonato Carioca de 1986, o investimento voltou a ser reduzido frente ao ano anterior. Ainda assim, o Flamengo conseguiu conquistar o tri-campeonato. A dominância se fez logo na largada, com vitórias sobre Canto do Rio (90 x 40), Tijuca Tênis Clube (75 x 41), Fluminense (96 x 48), Olaria (92 x 45), Vasco (77 x 68), América (80 x 70) e por fim batendo ao Botafogo, do técnico Alberto Bial, do raçudo Lelo, e do veterano norte-americano George Thompson, vencendo no Ginásio do Tijuca Tênis Clube por 71 x 60. O título foi decidido num pentagonal final entre Flamengo, Botafogo, Vasco, América e Olaria.

O Flamengo poderia ter sido campeão com uma rodada de antecipação, mas foi derrotado pelo Vasco, que assim impediu que o título rubro-negro fosse invicto. Na partida derradeira, que decidiu o título e deu o tri-campeonato ao Flamengo, a vitória foi sobre o Botafogo por inapeláveis 100 x 61. O pentagonal final terminou com Flamengo, América e Vasco empatados com três vitórias, mas tendo o time rubro-negro um saldo de cestas positivo de +95 pontos, contra +17 do América (que terminou vice-campeão) e +7 do Vasco.


Em 1987, o Flamengo perdeu Muñoz para o Vasco, e para repor sua saída contratou ao jogador com maior salário do basquete brasileiro de então, o norte-americano Rocky Smith, do Corinthians. O time rubro-negro treinado por Emmanuel Bonfim, tinha a João Baptista, Pai Negro, Rocky Smith, Alexandre Cruxem e Victor Chacón. No 1º turno, a vitória no clássico das duas maiores forças do campeonato foi rubro-negra, por 95 x 89, e na prorrogação, após um empate por 80 x 80 no tempo normal. No 2º turno, a vitória foi vascaína: 104 x 100. Uma disputa acirradíssima. Como era esperado a equipe rubro-negra chegou à final contra os cruzmaltinos, como era a expectativa de todos. Na reta final, porém decidiu dispensar a Pai Negro e ficar com Boletinha em seu time titular. Foi uma final eletrizante contra o Vasco, do técnico Bira Belo, e que tinha como quinteto titular a Sartori, Vinício Muñoz, Brasília, Carlão Ostermann e Evaristo Pérez. O Flamengo venceu a primeira partida por 107 x 96, mas perdeu as duas seguintes, por 82 x 80 e 75 x 74, e assim, o Flamengo viu seu sonho do tetracampeonato se esfarelar, de maneira dramática e sensacional, ponto a ponto nos segundos finais. Na partida derradeira, o Flamengo perdeu a seu principal jogador, o norte-americano Rocky Smith, logo no 1º tempo por lesão. Desestabilizado, o time rubro-negro ficou 21 pontos atrás no marcador já no 2º tempo. Mas se recuperou e diminuiu a diferença para apenas três pontos quando o cronômetro entrou no minuto final. Faltando três segundos, diminuiu a diferença para apenas 1 ponto. Mas o Vasco não vacilou nesta última posse de bola e garantiu seu título, impedindo o milagre da virada e o tetra rubro-negro.


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