sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Eleições 2012: o que vem por aí no Flamengo?

Patrícia Amorim, Ronaldo Gomlevsky, Wallim Vasconcellos, Marcos Braz, Lysias Itapicurú e Jorge Rodrigues. Ao que parece estes serão os 6 candidatos à presidência do Clube de Regatas do Flamengo para a gestão do triênio 2013-2015.

Os esportes amadores apoiarão Patrícia Amorim, mas terão alguma representatividade também na chapa de Marcos Braz, já que o ex-judoca Frederico Flexa será o vice-presidente da chapa de Braz. Mas como quem ganha eleição no clube historicamente é o futebol, vejamos quem é quem nesse pleito.

A candidatura que se postula como revolucionária é a do candidato à presidência Wallim Vasconcellos, que é ex-diretor do BNDES e é sócio-diretor da Iposera Investimentos. Sua chapa promete "profissionalização total" da gestão. O que mais chama atenção é o seu grupo de suporte: o carro-chefe de sua candidatura é o apoio oficialmente declarado de Zico. Isso, dentro do Flamengo, por si só é uma grande bandeira. Mas não é só isso, a lista de empresários renomados no meio empresarial do Rio de Janeiro que o apóiam e prometem assesorá-lo é impressionante: Carlos Langoni (ex-presidente do Banco Central e sócio-diretor da Projeta), Rodolfo Landim (ex-presidente da Petrobras Distribuidora, e atual presidente da YXC Óleo e Gás) e David Zylbersztajn (ex-diretor-geral da ANP, e atual sócio-diretor da DZ Negócios com Energia), três nomes muito reconhecidos por qualquer um familiarizado com o meio empresarial brasileiro; e não fica nisso, o grupo tem ainda Luís Eduardo Baptista (presidente da Sky), Rômulo Dias (presidente da Cielo) e Ruben Osta (presidente da Visa). Tem ainda Frederic Kachar (diretor-geral da Editora Globo), Flávio Godinho (conselheiro do grupo EBX) e Sérgio Brandão (presidente da G2 Brasil). Um grupo que, sem dúvida alguma, tem plenas condições de realizar a dita "profissionalização total". Resta saber o quanto cada um do grupo conseguiria de fato dedicar à gestão do Flamengo.

Tamanha "movimentação profissionalizante" não passará pelo processo eleitoral sem tumulto. Os grupos "amadores" de dentro da política rubro-negra já começaram a se mobilizar para impedir a ascensão deste grupo. A argumentação (como sempre é) se baseia em alguma norma de algum regimento interno que impediria a candidatura. Artimanhas políticas velhas e conhecidas não só dentro do Flamengo, como das raízes clientelistas e patrimonialistas estruturais do Brasil: os ratos que sobrevivem roendo migalhas se levantam e se levantarão sempre contra toda e qualquer bandeira reformista e modernizadora. Mas isso na minha opinião não passará de burburinho e alarmismo...

O risco para Wallim Vascocellos e seu "grupo empresariado" é o desconhecimento da política interna do clube (ele mesmo reconhece que desconhece, e assume que pouquíssimas vezes freqüentou o clube). Isso sim pode ser crucial! João Henrique Areias, por exemplo, viu sua candidatura (sob o mesmo discurso reformista-profissionalizante) naufragar na última eleição. Será o apoio de Zico suficiente para reverter isso? O passado empresarial e de ex-diretor do BNDES ao mesmo tempo não é garantia de eficiência na gestão de um clube. É só ver o resultado da passagem do renomado economista Luíz Gonzaga Belluzo pela presidência do Palmeiras; além de ter tido Luxemburgo, Muricy Ramalho e Scolari como treinadores em sua gestão e mesmo assim não ter vencido nada, o renomado economista se envolveu em polêmicas fanfarrônicas quando se mostrou falastrão, não conseguiu liderar a política do clube e nem melhorar as contas palmeirenses. Por outro lado, outro renomado economista, Luís Paulo Rosenberg, como diretor de marketing do Corinthians, é um exemplo de gestão profissionalizante bem sucedida. Para qual destes dois extremos estaria inclinado Wallim? Vamos esperar que Wallim pormenorize suas idéias para uma melhor avaliação...

Entre os demais candidatos, Lysias Itapicurú será candidato pela segunda eleição consecutiva. Não conseguiu estar entre os primeiros em 2009 e acredito que novamente não estará. Também não acredito que Marcos Braz terá força suficiente para ter representatividade, não me surpreenderia se durante a corrida eleitoral acabasse unindo sua chapa à de Ronaldo Gomlevsky, até porque Marcos Braz é candidato a vereador nas Eleições Municipais. Outro candidato é Jorge Rodrigues, conselheiro do clube, e sócio da Triunfo Logística, empresa que patrocina os ombros da camisa do futebol. Sua presença no pleito, na minha opinião, mostra o tremendo conflito de interesses que existe em torno do Flamengo e por trás de seus Conselhos Fiscal e Deliberativo. O futebol do Flamengo está movimentando enormes somas de dinheiro, e junto a todo este dinheiro há uma enorme quantidade de interesses pessoais e empresariais. De qualquer forma, na minha opinião nenhum destes três candidatos conseguirá representatividade significativa nos votos.

Se Wallim Vasconcellos desconhece a política interna do clube e não tem apoio de "políticos rubro-negros", Ronaldo Gomlevsky deverá ser o oposto. Sua candidatura terá apoio de nomes fortes da política da Gávea, como dos grupos políticos de Márcio Braga e Kléber Leite. Ele tenderá a ser o principal opositor a Patrícia Amorim.

Patrícia Amorim, ainda não confirmou se sai candidata ou se apóia alguém. Dos ex-presidentes só lhe restou o apoio de Hélio Ferraz, mas este já descartou participar da corrida eleitoral. Não vejo outros nomes em torno de Patrícia que tivessem chances de vencer. Na minha opinião, ela virá candidata. Mas o que seria seu grande trunfo poderá ser na verdade seu calcanhar de Aquiles, as conclusões e inaugurações do Centro de Treinamento e do Museu. Ambas as obras só deverão estar 100% concluídas após as eleições rubro-negras.

Na minha opinião - e que fique claro que estou falando do que imagino que vai acontecer e não do que creio que deveria acontecer - a disputa estará entre situação (Patrícia Amorim), oposição (Ronaldo Gomlevsky) e a terceira-via (Wallim Vasconcellos). Vamos esperar o fim de setembro, que é o limite para as inscrições de chapa, para ter certeza. Os grandes cabos eleitorais de Patrícia Amorim, na minha opinião, serão, mesmo sem querer, Zinho e Dorival Júnior. Creio que ela ainda é a favorita, pois, apesar de vários erros na gestão do futebol, são inquestionáveis as melhorias do ponto de vista de gestão e profissionalização do clube. E, com meses de antecipação, já previno que a vitória dela fará ressurgir a velha ladainha de que não só os sócios, mas todos os torcedores do clube deveriam ser aptos para votar. Eu discordo desse ponto de vista, mas isto é tema para quem sabe um dia um outro post.

Se você que conseguiu chegar até aqui na leitura e ainda não tem opinião formada para essa eleição, sugiro ler o artigo: Uma Breve História da Política do Flamengo.

SRN. Marcel Pereira.
 

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