Rio de Janeiro, 13 de junho de 2013
Ao
Presidente do Conselho Diretor do Flamengo
Dr. Eduardo Bandeira de Mello
Prezado Eduardo,
Ao
Presidente do Conselho Diretor do Flamengo
Dr. Eduardo Bandeira de Mello
Prezado Eduardo,
Desejo inicialmente parabenizá-lo pelas realizações no período inicial de sua gestão, que completará seis meses em breve. A equipe sob sua liderança tem demonstrado profissionalismo e amor ao Flamengo, com resultados positivos na administração e no resgate da credibilidade do Clube. Peço apenas, como torcedor, mais atenção ao nosso futebol.
Escrevo como amigo, na condição de sócio Grande Benemérito e com a experiência de ter sido presidente de um dos poderes do Flamengo em oito administrações. E estou convencido de que esta carta reflete o pensamento da grande maioria dos rubro-negros, que têm compartilhado comigo as mesmas apreensões e a mesma compreensão a respeito da situação atual do Clube com relação ao Maracanã.
O nosso objetivo é convocá-lo a não aceitar pressões da empresa Odebrecht para assinar parceria relativa ao Maracanã em condições desfavoráveis ao interesse do Clube.
O Flamengo tem sido responsável direto por 70% das receitas do Maracanã e a sua participação futura no estádio tem de ser proporcional à força econômica que a sua torcida representa. Aceitar menos que isso será desrespeitar a grandeza da Nação Rubro-Negra e desperdiçar o maior ativo que o Clube possui para equacionar a sua situação financeira e dar sustentabilidade a um futuro compatível com a sua tradição gloriosa.
Entendo que o Flamengo está sendo levado a esta negociação em condições desfavoráveis porque não dispõe de outras alternativas para exercer o seu mando de campo, uma vez que não tem estádio próprio e que o Engenhão ficará em obras por pelo menos um ano e meio.
Assim, a Odebrecht, como empresa líder do consórcio vencedor da licitação para gerir o Maracanã por 35 anos, está com a faca e o queijo na mão para submeter o Flamengo nesta negociação. São posições absolutamente assimétricas, tendo em vista que uma das partes pode impor as condições que quiser à outra.
Além do mais, conhecemos o histórico da privatização do Maracanã, um processo viciado, tremendamente oneroso para a sociedade e desrespeitoso aos Clubes, principalmente ao Flamengo.
Vale lembrar que no início do mandato do atual governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o Flamengo dispunha das licenças necessárias e se preparava para a construção de um estádio de 30 mil lugares na Gávea. O governador recém-empossado obstruiu o projeto e convidou o Flamengo a participar da licitação do Maracanã. Depois, vetou a participação dos Clubes na licitação, deixando agora o Flamengo nas mãos da mesma empreiteira que fez a reforma do estádio ao custo absurdo de R$ 1,2 bilhão, e que obteve a concessão para a sua gestão.
É considerando este histórico e a situação absolutamente covarde à qual o Flamengo está submetido, que proponho ao Clube suspender a negociação com a Odebrecht e aderir à luta para anular o processo de licitação do Maracanã, participando como litisconsorte da Ação Civil Pública neste sentido, contra o Estado do Rio de Janeiro, promovida pelo Ministério Público estadual.
Tomo também a liberdade de sugerir que o Flamengo inicie uma campanha pública de esclarecimento aos seus sócios, à sua imensa torcida e a toda a sociedade a respeito das irregularidades praticadas pelo Governo do Estado na reforma e no processo de privatização do Maracanã.
O Flamengo e o futebol brasileiro merecem mais respeito dos governantes do nosso Estado. O Maracanã é um patrimônio espiritual do Rio de Janeiro e do Brasil e a sua expressão esportiva e o seu valor econômico têm relação direta com o Flamengo.
Vamos confiar na grandeza e na força da Nação Rubro-Negra e avançar confiantes para reverter na Justiça os absurdos que estão sendo cometidos contra o Flamengo e a sociedade neste processo perverso de privatização do Maracanã.
Não tenho dúvidas de que seremos vitoriosos nesta luta, que levará o Flamengo a participar da gestão futura do Maracanã de forma transparente, justa e democrática.
Desejo ainda reiterar que, independentemente da participação no Maracanã, o Flamengo deve resgatar e viabilizar o projeto de construção de seu próprio estádio na Gávea.
O Maracanã será sempre o Grande Templo do Flamengo, na disputa dos clássicos para multidões, mas temos de ter a Nossa Casa Própria na Gávea para outros jogos de futebol, para as demais modalidades esportivas e para a realização de diferentes espetáculos.
É na Casa Própria na Gávea que daremos sustentabilidade às nossas receitas e que estaremos protegidos de ameaças e pressões como estas às quais o Flamengo está sendo submetido com relação ao Maracanã.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo!
Marcio Braga
Você viu aqui no blog também, sobre o mesmo assunto Maracanã, o artigo publicado por Márcio Braga no jornal O GLOBO: Maracanã: Quem vai pagar a conta? O Flamengo que abra o olho!
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