sábado, 27 de julho de 2013

Fim aos 17 anos com grito de Campeão Brasileiro entalado!


Há 17 anos o grito de campeão estava entalado na garganta de todo rubro-negro. Neste domingo, diante de mais de 80 mil pessoas no Maracanã, o Flamengo pôde comemorar mais um titulo de campeão brasileiro e sair de uma fila incômoda de falta de títulos no Nacional.

A última vez que a maior torcida do Brasil conseguiu saborear o titulo de campeão brasileiro foi em 1992, quando, comandado pelo maestro Junior, bateu o Botafogo na final. A partir daí o clube da Gávea alternou bons e maus momentos durante esse tempo de jejum, chegando a ficar ameaçado de rebaixamento em várias edições.

Antes disso, o Urubu já tinha sido campeão em 1980, 1982, 1983 e 1992. A torcida também conta a conquista de 1987, mas a CBF reconhece apenas o Sport como campeão daquele ano. A culpa é de um racha no futebol nacional, que levou à disputa de dois torneios paralelos. Os cariocas ganharam a Copa União e os pernambucanos, o Brasileiro validado pela entidade.

Após o título de 92, o clube teve atuações discretas nas edições seguintes. Em 1995, ano do seu centenário, o Rubro-negro repatriou o baixinho Romário e montou o "ataque dos sonhos", juntamente com Sávio e Edmundo. Recheado de craques, o time acabou não engrenando e frustrou sua torcida, terminando na modesta 21ª colocação.

Em 1997, o Flamengo participou da fase final da competição, ficando em segundo lugar de seu grupo. O clube acabou sendo superado pelo rival Vasco, que se tornaria o campeão daquele ano. A vitória cruz-maltina por 4 a 1 em cima dos rubro-negros ficou marcada devido à grande atuação do atacante vascaíno Edmundo, que fizera três gols em cima do clube da Gávea.

Em 2000, após impasse na justiça, a CBF ficou impedida de organizar o Campeonato Brasileiro e passou a responsabilidade ao Clube dos 13, que criou a Copa João Havelange. O campeonato dividia-se em quatro módulos e reunia ao todo 116 clubes. O Flamengo acabou fazendo uma campanha regular e terminou a competição em 15º.

Os primeiros campeonatos do século 21 não foram nada fáceis para o rubro-negro. O clube rondava constantemente a zona de rebaixamento e chegou a terminar a competição na 24ª posição em 2001, uma das piores colocações do clube em Brasileiros.

Em 2003, o campeonato passou a ser de pontos corridos, onde todos os times se enfrentavam, em turno e returno, sem partidas finais. O Flamengo demorou a se acostumar com o novo formato e acabou tendo participações sem muita expressão nos anos seguintes.

Em 2005, lutando contra o rebaixamento, o clube resolveu contratar o técnico Joel Santana para fugir do rebaixamento. Comandado pelo novo treinador, o time conseguiu uma grande reação e uma invencibilidade de nove jogos, saindo da penúltima colocação e terminando em 15º.

A reação de 2005 marcou o início de uma nova era no clube. A real ameaça de rebaixamento provocou um movimento que contagiou a imensa torcida, que lotava os estádios para incentivar o time. Nos anos seguintes, o time começou a resgatar o prestígio de outrora no cenário nacional.

A temporada de 2006 começou com o título da Copa do Brasil em cima do arquirival Vasco da Gama, e o direito de participar da Copa Libertadores da América assegurado. No Brasileirão, o time não passou o sufoco do ano anterior e terminou na 11ª colocação.

Em 2007, o clube teve outra grande temporada e terminou o campeonato na terceira colocação, graças à arrancada do time, que saiu das últimas posições no meio do torneio e chegou entre os primeiros do campeonato, mais uma vez comandado por Joel Santana. Isso deu ao Rubro-negro novamente a oportunidade de disputar a Libertadores.

Motivo de orgulho para o Flamengo, o apoio de sua torcida continuou sendo fundamental nesta arrancada, dando ao clube a maior média de público da competição.

No ano seguinte, a equipe voltou a frequentar a parte de cima da tabela e teve chances de lutar pelo título até as últimas rodadas, mas terminou numa honrosa quinta posição.

Na edição deste ano, o clube da Gávea começou regular, se mantendo boa parte do campeonato no meio da tabela de classificação. Após a chegada de Adriano, Petkovic, a volta das boas atuações de Zé Roberto e Andrade no comando, o elenco conseguiu entrosamento e equilíbrio para ser a melhor equipe do segundo turno, e mais uma vez protagonizar uma arrancada às primeiras colocações.

As boas atuações nos jogos decisivos foram fundamentais para que o Flamengo conseguisse alcançar a primeira colocação. O clube lutou de igual para igual contra concorrentes diretos como Palmeiras, Atlético-MG, São Paulo e Internacional e soube aproveitar os tropeços desses clubes nas rodadas decisivas, chegando na última rodada dependendo apenas de si para faturar mais um caneco para a sala de troféus da Gávea.

Tendo passado pelos altos e baixos dos últimos cinco anos na Gávea, o lateral Leonardo Moura, rubro-negro confesso, é sem dúvida um dos maiores símbolos desta conquista. "Fico pensando que em 1992 eu estava atrás do gol, numa cadeira, vendo o Flamengo ser campeão. Agora estou disputando um título 17 anos depois. É uma espera grande, não são 17 dias", afirmou em discurso visivelmente emocionado.

O tripé do título: três indivíduos assumiram uma posição de destaque e lideraram o grupo nesta campanha vencedora. Adriano com seus gols, Petkovic com sua magia e belas jogadas e o ídolo rubro-negro Andrade no comando se tornaram os grandes nomes deste time campeão. As belas participações de cada um deles, junto com todo o time rubro-negro, nos jogos decisivos, fez com que o clube se superasse nos momentos difíceis e conseguisse se livrar dos concorrentes diretos ao título.

Adriano chegou em um momento delicado no clube. O jogador, que se dizia infeliz na Itália, acabara de se desligar da Inter de Milão e ameaçava até com a aposentadoria porecoce. Depois de algumas investidas e com o auxílio do patrocinador, o Flamengo conseguiu repatriar o Imperador.

O início não foi fácil, pois Adriano havia ficado um bom tempo sem jogar ou treinar, e foi preciso um trabalho de recuperação física e técnica do atleta. Mas a vida em sua cidade natal e o trabalho no seu clube de coração resgataram o ânimo do Imperador que acabou se tornando fundamental no elenco. Logo em sua estreia, contra o Atlético-PR, Adriano mostrou que chegou disposto a lutar pelo título e pela artilharia da competição.

Não demorou e Adriano chamou a atenção do técnico da Seleção Brasileira, Dunga, e foi novamente convocado para integrar o escrete camanrinho nas Eliminatórias da Copa de 2010. Suas grandes atuações e seus gols o colocam como presença quase certa no time que brigará pelo hexa na África do Sul.

O sérvio Petkovic foi outro que retornou ao clube depois de uma verdadeira novela. O jogador, com 37 anos, estava disposto a encerrar sua carreira no clube, e, para tal, abriria mão de parte da dívida da qual era credor. A diretoria do clube se dividiu quanto à contratação, pois o atleta era visto como um ex-jogador em atividade por muitos.

O time aida era comandado por Cuca, que também não demonstrou nenhuma empolgação com a contratação, finalmente concretizada diretamente pelo presidente em exercício, Delair Dumbrosck.

Renegado logo no dia de sua apresentação, Petkovic retornava após seis anos enfrentando um clima de desconfiança. O jogador demorou a se encontrar no time rubro-negro, mas mostrou uma surpreendente condição física apesar da idade, o que lhe permitiu mostrar todo seu talento em campo. Mais maduro, Pet deixou de ser aquele jogador temperamental do passado e caiu nas graças da torcida com jogadas espetaculares e gols decisivos.

Fora de campo, o Flamengo conseguiu encontrar num antigo ídolo seu comendante ideal. Após a saída conturbada do técnico Cuca, Andrade comandou interinamente o Flamengo em duas partidas, ao mesmo tempo os dirigentes procuravam um técnico para a equipe. Após um bom começo de trabalho, Andrade viu a torcida pedir pela sua efetivação, fato que aconteceu após a vitória sobre o Atlético Mineiro, e mostrou toda sua competência à frente do rubro-negro, conseguindo seu sexto título brasileiro na carreira (cinco como jogador e o primeiro como treinador).

Sua humildade e simplicidade conquistaram o elenco, e o entrosamento com Pet, o  líder dentro das quatro linhas, foi perfeito. "Ele é uma pessoa sensacional e merece tudo isso que está vivendo. A humildade dele é impressionante e contagia todo o grupo", afirmou o volante Toró.

Segundo o camisa 21, o comandante rubro-negro é um vencedor e sempre passou confiança aos jogadores do elenco do Fla. "Ele já ganhou tudo na vida, é o mais vencedor de Brasileiros, mas sempre teve muita humildade. Nunca mudou o seu jeito. Todo mundo sabe que o relacionamento com o antigo treinador não era muito bom. Quando ele assumiu, o grupo se uniu e caminhamos juntos em busca das vitórias. Ele merece isso tudo que está vivendo", concluiu Toró.

Fonte: Gazeta Esportiva

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