segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O Nosso Vice, para sempre!

Creio que nem mesmo os rubro-negros tinham idéia do tamanho trauma que estavam impondo aos vascaínos quando entoavam Ôôôôô VICE DE NOVO!

Comecei a me dar conta de que o trauma psicológico imposto a uma geração inteira era realmente sério quando começaram a pipocar pela internet contas de quanto um teria sido vice e quantas vezes o outro. Atitude aliás de um provincianismo tão impressionante, que me leva a supor que há grande chances de ter sido um paulista que deu a idéia de ir fazer esta conta.

Eu espero que tenha sido idéia da cabeça de um paulista, porque senão realmente vou me preocupar ainda mais com a formação desta geração da molecada carioca. NÃO IMPORTA O QUE OS NÚMEROS DIGAM! O VASCO É NOSSO VICE, PARA SEMPRE! E vou me dar ao trabalho de provar que não importa o que os números dizem.

Pois bem, para desmistificar fatos, é preciso desmontá-los. Vamos começar então pelos números que alguém teve o trabalho de ir contabilizar (Nossa! Nélson Rodrigues deve se revirar no túmulo ao constatar como as coisas foram tomadas pelos IDIOTAS DA OBJETIVIDADE): o Flamengo teria sido ... (conjugo neste tempo verbal, porque eu é que não vou me dar ao trabalho de ir contar quantos vice um e outro tem, porque para mim não significada nada!) ... vice em 31 Estaduais, 3 Copas do Brasil, 1 Taça Brasil, 2 Torneios Rio-São Paulo, 2 Supercopas e 1 Copa Mercosul, totalizando 40 vice-campeonatos. O Vasco teria sido em 36: 23 Estaduais, 2 Brasileiros, 1 Copa do Brasil, 1 Taça Brasil, 7 Torneios Rio-São Paulo e 2 Mundiais.

Dito isto, precisamos entender porque o Vasco é VICE PARA SEMPRE. Eu vou pedir ajuda às páginas de A NAÇÃO para contar os principais capítulos desta história:

"O Vasco era o favorito absoluto para o título carioca de 1999. Tinha uma equipe fortíssima, com Juninho Pernambucano, Felipe, Edmundo, Pedrinho e Mauro Galvão. Ainda assim, o Flamengo conseguiu vencer a Taça Guanabara, numa partida em que brilharam Romário e o jovem lateral esquerdo Athirson. O Vasco venceu a Taça Rio por 2 a 0, gols de Edmundo. Com isso, o vermelho e o preto tinham a camisa da cruz de malta pela frente na dificílima missão de erguer o caneco.

Na primeira partida da final, o Vasco tinha amplo domínio do jogo, vencia por 1 a 0, novamente com um gol de Edmundo. A fatura parecia liquidada. Até que Fábio Baiano, de cabeça, empatou o jogo a pouco menos de dez minutos do fim e deu novo ânimo ao time rubro-negro para a finalíssima.

No segundo jogo, o Vasco começou melhor, mas a partida estava mais equilibrada do que nos dois confrontos anteriores (incluindo a final do segundo turno). Logo nos primeiros minutos de jogo, Romário sentiu uma contratura muscular e foi substituído por Caio. A missão parecia estar cada vez mais difícil.

Porém, o empate sem gols no primeiro tempo acendeu ainda mais a chama rubro-negra. Na volta para o segundo tempo, os jogadores se abraçaram no meio da intermediária, antes do apito do juiz. Empolgada com o gesto do time, a torcida se uniu à corrente e, daí para frente, não parou mais de gritar e cantar. O caldeirão alquímico da magia rubro-negra começava a funcionar.

Aos trinta minutos do segundo tempo, Caio foi derrubado na intermediária. No minuto seguinte, Rodrigo Mendes cobrou a falta, a bola desviou no cabeça de área vascaíno Nasa, e rolou, caprichosamente, para o canto direito, matando o goleiro Carlos Germano e deixando-o sem ação.

O improvável se materializou, o Mengão bateu o Vasco, time campeão da Taça Libertadores de 1998, e sagrou-se campeão carioca". (A NAÇÃO, pg. 208)


"Assim como no ano anterior, o Flamengo entrou na final do Estadual em desvantagem, ao menos na maioria das opiniões de público e crítica. O time do Vasco era muito bom, tinha Mauro Galvão, Felipe, Juninho Pernambucano, Pedrinho, Edmundo e Romário. Era um timaço. Depois de ser goleado por 5 a 1 na final da Taça Guanabara, o rubro-negro empatou por 3 a 3 com o Vasco no segundo turno, algumas rodadas antes de faturar a Taça Rio, e mostrou que endureceria o confronto com o timaço cruzmaltino. Flamengo e Vasco, então, repetiam a final de 1999. Se na anterior o gol de Rodrigo Mendes selou o título no final do segundo jogo, desta vez, voltando a surpreender, o time rubro-negro resolveu o campeonato logo na primeira partida. Depois de um primeiro tempo morno, sem gols, no segundo tempo, os gols rubro-negros foram brotando. Athirson fez 1 a 0. Fábio Baiano ampliou. E quando já parecia estar bom demais, Beto fez 3 a 0. No segundo jogo, em que só perderia o título se goleado, o Flamengo voltou a vencer: 2 a 1, gols de Reinaldo e Tuta. Na soma dos dois jogos: 5 a 1, o placar da final da Taça Guanabara. Mengão bicampeão carioca!!" (A NAÇÃO, pg. 211)

"A disparidade técnica em relação ao time do Vasco, contra quem o Flamengo, pelo terceiro ano consecutivo, habilitou-se para disputar a final do Campeonato Carioca, não era tão grande como em 1999 e 2000. Em meio a dias tão tumultuados, ao menos houve uma grande alegria para amenizar as mazelas que se acumulavam. E que alegria! Num jogo histórico, o Mengão faturou o tricampeonato e fez o Vasco tornar-se “trivice”. O time campeão tinha: Júlio César, Alessandro, Juan, Gamarra e Cássio; Leandro Ávila, Rocha, Beto e Petkovic; Reinaldo e Edilson. 

Apesar da força de seu time, a conquista foi dramática. O gol da vitória só saiu aos 43 minutos do segundo tempo, numa cobrança de falta magistral do sérvio Petkovic. Foi a união da dramaticidade do gol de Rondinelli em 1978, no último minuto, com o inesquecível gol de Rodrigo Mendes em 1999. Ambos, juntos, foram invocados naquele instante. O Flamengo havia perdido o primeiro jogo por 2 a 1, e o Vasco tinha a vantagem de dois resultados iguais. O Fla vencia por 2 a 1, com dois gols de Edilson, até Pet se preparar para aquela cobrança. A bola, caprichosamente, entrou no ângulo do goleiro Helton. Um tiro absolutamente indefensável... mais uma taça na Gávea! Flamengo tricampeão carioca!!! Vasco, trivice-campeão!!!" (A NAÇÃO, pg. 213) 


O Tri-campeonato em cima do Vasco teve um sabor especial por ter sido num momento em que o Vasco saía de uma fase em que andou imparável entre 1997 e 1998, porque em dezembro de 1998 o Vasco já tinha sido Vice-Mundial ao perder para o Real Madrid em Tóquio, e porque em janeiro de 2000 foi de novo Vice-Mundial, perdendo para o Corinthians no Maracanã. O Botafogo perdeu três finais consecutivas para o Flamengo em 2007-2008-2009, mas foram outras circunstâncias, eram times tão nivelados que duas das três finais foram decididas nos pênaltis, e o Botafogo ainda veio a ser campeão em cima do Flamengo em 2010. Não foi a mesma coisa.

Mas o cimento final que foi colocado para fechar de vez o VICE PARA SEMPRE foi posto em 2004 e em 2006. Primeiro com a final do Carioca de 2004, que o Flamengo venceu por 3 x 1, com três gols de Jean, e depois que a torcida rubro-negra começou a entoar "Vice de novo!", o técnico vascaíno Geninho mandou o time bater e o Vasco acabou com quatro jogadores expulsos nos minutos finais.

Em 2006, Flamengo e Vasco chegam para uma inédita final entre times do mesmo estado na Copa do Brasil. O time rubro-negro venceu o primeiro jogo por 2 x 0, gols de Obina e Luizão, e sacramentou o título com uma vitória por 1 x 0, gol do lateral esquerdo Juan. 


"Apesar de tudo, o eco nas arquibancadas do “Ôôôôô... Vice de novo!” – bradados após o tricampeonato de 1999/2000/2001 conquistado em cima do Vasco, e, depois também, no Carioca de 2004 – ganhou um tom ainda mais agudo com a vitória rubro-negra sobre o time da cruz de malta na final da Copa do Brasil de 2006." (A NAÇÃO, pg. 224) 

Traumatizada, a torcida do Vasco entoou o exorcismo do "Vice" nas arquibancadas quando conquistou a Copa do Brasil de 2011. Pode ser campeão em cima do Coritiba, do Corinthians, do Botafogo e do Fluminense quantas vezes quiser, que se perder uma final para o Flamengo outra vez, certamente voltará a escutar “Ôôôôô... Vice de novo!”. E pode ter a certeza também de que o dia que exorcizarem de verdade este trauma, sendo campeão em cima do Flamengo, vai ser um daqueles jogos eternizados para sempre, como o título do Botafogo em 1989 ou o do Fluminense em 1995. Ainda assim, serão para sempre, com todo o carinho, o Nosso Eterno Vice!

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