domingo, 16 de março de 2014

São os preços que estão deixando os estádios vazios?

Muito bom o estudo publicado pelo Portal da Revista Exame, contribui e muito para a discussão de preços de ingresso nos estádios e para a análise dos motivos que levam os estádios de futebol a estarem esvaziados. Particularmente, sobre o caso do Campeonato Carioca, eu já publiquei aqui (antes do Carioca 2014 começar) o texto do Rica Perrone: Gênios! E também o texto de Felipe Foureaux: Por que o Maracanã está vazio? Todos eles textos que compartilho 100% em opinião, e textos que queria eu ter tido a felicidade de escrevê-los. Assim como a análise abaixo, feita pelo blog do Ricardo Araújo.

Sobre as consequências políticas e as ações para reverter a situação, eu escrevi aqui no blog o texto: Se rebelar só contra a FERJ não vai funcionar! 

Eis abaixo a integra do texto de Ricardo Araújo, do blog Novas Arenas, do Portal Exame:

Resolvi usar o Flamengo como cobaia de uma pesquisa sobre preços de ingressos e quantidade de público. O resultado é curioso.

O Flamengo tem estado no olho do furacão em relação a um dos assuntos mais polêmicos em voga, o preço dos ingressos.  O clube tem sido apontado como um dos grandes vilões do momento, traindo sua história de clube “da massa”, do “povão”, e elitizando seus jogos com a presença dos abomináveis “coxinhas”.  Ano passado, na decisão da Copa do Brasil, seus dirigentes viraram Judas em sábado de aleluia, por estabelecerem preços “abusivos”, e até o Procon foi envolvido.

Resultado. O estádio encheu do mesmo jeito, e o clube conseguiu uma renda excepcional de quase R$ 10 milhões. Mas tem gente, a turma dos românticos (que cobra dos clubes bons times, mas exige “preços populares”), que insiste na patacoada de que o grande responsável pelos estádios vazios são os preços altos. Então eu fiz uma rápida pesquisa para ver até que ponto os preços cobrados na era das “novas arenas elitistas”, comparativamente ao passado recente, seriam um fator de esvaziamento dos estádios.

No último dia 26/02, o Flamengo realizou seu primeiro jogo da Libertadores 2014, no Maracanã. A turma dos românticos reclamou dos preços, claro, então comparei os dados desse jogo com as estreias do clube na mesma competição nesse século, que estão abaixo:


A partir dos dados acima, chamo a atenção para:

* O maior público é justamente o de maior ticket médio, ou seja, o mais recente.

* Em 2010, o Flamengo era o atual campeão brasileiro. Possuía Adriano e Petkovic, e mesmo assim, com um TM “popular”, colocou menos gente que na última quarta, que cobrou um preço “abusivo”.

* Se o clube cobrasse o mesmo TM “popular” de 2010, e tivesse colocado, por exemplo, 50 mil pagantes no estádio, a renda teria sido de apenas R$ 1.177.500, 35% inferior a da última quarta. Mas se com 23,55 o público em 2010 foi inferior a 31 mil pagantes, porque agora teria sido de 50 mil ????

Portanto, sem análises mais profundas, é fácil perceber que não é o preço que tem afastado o público dos estádios. O que existe é que uma parte da imprensa que insiste nessa tese equivocada e populista, por romantismo e teimosia, acaba conseguindo iludir muita gente, que paradoxalmente faz coro com eles. Exige timaços e títulos, mas bancados por ingressos bem baratinhos. É óbvio que essa conta não irá fechar.

Insisto. O preço de um espetáculo não deve ser “alto” ou “baixo”, ele deve estar de acordo com a demanda do mercado.

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