segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O basquete agradece

Uma semana se passou, desde o agora histórico dia 28/09/2014. Entre sonho e realidade, queremos sempre continuar vivendo assim. Afinal, no Flamengo, nossa obrigação é sempre pensar grande, tal qual o tamanho de nossa torcida, no topo do mundo. Como ficou comprovado, transformar esses sonhos em realidade só depende de nós.

Embalando em nosso sonho, como em um filme épico, vibramos com o Nico Laprovittola trocando passes com o lendário Algodão, irrompendo o garrafão adversário, a dupla levando ao desespero seus marcadores, em mais show de pura categoria e talento.

Na realidade, lembramos de um projeto vitorioso em um clube de enorme história no basquete. O único clube de futebol do Brasil que, contra tudo e contra todos, em um país de uma estrutura completamente arcaica que privilegia confederações, manteve a tradição olímpica, mesmo que isso tenha custado um enorme sacrifício a atletas, membros de comissão técnica e dirigentes. Triste monocultura em torno de um esporte único, desprezando a importância da riqueza de outros esportes na formação de cidadãos. Desde um passado distante, foram vários heróis anônimos na garra olímpica rubro-negra, passando por Márcio Braga, que começou a nossa luta pela Lei Pelé, até ao atual grupo diretor com Eduardo Bandeira, que está finalizando esse processo, tornando o Flamengo novamente respeitado por cumprir seus compromissos. Nosso muito obrigado a todos que participaram desse enorme desafio de chegarmos e, com todas as dificuldades, a esse auge, ao manter vivos os nossos esportes olímpicos.

Lá no garrafão de nossa imaginação, como não encher nossos olhos de lágrimas até agora, com o gigante Jerome Meynsse que, recebendo o bloqueio do decacampeão Alfredo da Motta e o passe de nosso inesquecível Pedrinho, enterra a bola na cesta, com uma raiva santa, na cara do adversário, juntamente com todas as nossas frustrações e o grito na garganta guardado por tantas décadas.

De volta à vida, assistimos à reconstrução da dignidade de um clube-cidadão, que não se rende mais às tentações de curto prazo e busca se estruturar para dar exemplo aos nossos filhos e orgulho para a nossa torcida, objetivando fazer esporte de forma organizada e sustentável no longo prazo. Tivemos a prova inconteste que é totalmente possível ser um clube-cidadão e um clube-campeão ao mesmo tempo!

No dia-a-dia, com a situação financeira mais tranquila dos atletas e comissão técnica, com o basquete dependendo exclusivamente de suas próprias pernas para se financiar, o enorme valor de um grupo de verdadeiros homens que, acreditando no que estava sendo dito, com conversas cara a cara, foi parceiro de uma relação de total transparência com a diretoria e o clube.

De repente, vejo de novo o Benite, como um raio, roubando aquela bola do duro adversário Pargo, se transformando no guerreiro Almir e, com o corta-luz do célebre Bigu, convertendo a bandeja e recebendo a falta. Olho para as cadeiras e lá estão Isidoro Danon, Ítalo Profice, Ivanir Ribeiro, William dos Santos, Getúlio Brasil e Patrícia Amorim, todos em êxtase. O histórico esporte olímpico rubro-negro, sempre unido, vibra no Céu e na Terra.

Ao reabrir dos olhos, o esforço e o suor de reestruturação continuam diariamente, através de leis de incentivo, patrocínios e parcerias. São já realidade as novas salas de musculação super-modernas na Gávea e no remo, somente para os atletas olímpicos. Em breve, os vestiários e iluminação, totalmente reformados nos ginásios, em que treina o campeão do mundo. Nossa maior luta pela nossa casa, a Arena própria que vai servir várias modalidades, vai prosperar em breve, com a força de todo rubro-negro, nesse processo de crescimento que celebrará a dimensão que todo o nosso esporte olímpico merece. Em outras áreas, muita coisa para acontecer.

Tempo pedido pelo Flamengo no momento em que o Maccabi encosta no placar. Nosso multicampeão Jose Neto, abençoado pelo nosso maior Mestre Kanela, oscila broncas providenciais dos estilos Waldir Boccardo, Emanuel Bonfim e Guilherme Kroll, mas mantém a sábia tranquilidade sempre transmitida por Ary Vidal, Pingo e Paulo Chupeta. Com todas essas feras dirigindo o time, não tem jeito, vamos ganhar! Na massagem e na rouparia, Michila e Mineiro, nossos eternos suportes para todas as horas, abrem o sorriso largo, já prevendo a festa.

A continuidade de um trabalho sólido de escolha do elenco, seja no nível técnico ou humano, é elemento completamente chave para o sucesso de qualquer empreitada em esportes coletivos. Mesmo em time que vence sempre, obviamente há espaço para mudanças para melhor, de forma cirúrgica, a partir de avaliação constante e equilibrada e muito planejamento.Sempre prezando por um mix de idades e estilos complementares, buscando a sinergia máxima das individualidades em prol do coletivo. Como exemplo, mesmo ganhando absolutamente tudo desde lá, dos 12 jogadores que alcançaram o nosso título mundial, apenas cinco faziam parte do grupo que venceu o Uberlândia em 2013, na final da NBB, sendo que apenas três efetivamente jogaram e somente um atleta era titular. Precisamos evoluir sempre, fazendo o que é melhor para o Flamengo, o que não significa que todos que passaram por aqui desde não sejam também campeões do mundo, que simbolizo nas saudosas figuras de Caio, Duda e Shilton. Nossa maior meta é construir uma escola de basquete, que sirva não somente de modelo para todos os esportes olímpicos do Flamengo, na formação de atletas, mas para todos os amantes da bola laranja no Brasil. Estamos apenas engatinhando nesse aspecto, o título mundial será o grande impulso e inspiração nessa organização.

Voltando de novo lá para dentro da quadra e para o mais profundo interior nosso coração, como não se emocionar com o passe talentoso Gegê, torcedor rubro-negro de raiz, com o arremesso plástico de três pontos do Marquinhos, inspirado por Mão Santa Oscar; Rebote na raça de bravo Olivinha, ajudado de perto pelo sempre presente Tocantins! Guguta, de forma mágica, enlouquece de novo a torcida, transformando o caldeirão da Arena da Barra em Maracanãzinho, ao repetir a cesta do meio da quadra de 50 anos atrás! Dessa vez, na arquibancada, é a vez da vingança do tempo, nosso eterno Presidente Gilberto Cardoso renascendo de alegria, ao perceber que seu sacrifício, de pura paixão, definitivamente não foi em vão.

Olha lá o Herrmann, explodindo de paixão rubro-negra, em uma cena inesquecível em cima do aro, sendo abraçado por todos os atletas laureados do esporte olímpico rubro-negro! Lá embaixo, a galera flamenguista, não o nosso sexto homem, mas o nosso pivô principal, invade a quadra na qual, na verdade, esteve o tempo todo. Repetindo 1981, com a genialidade de Zico, Junior e cia., amor maior não tem igual! Marcelinho, nosso mais vencedor capitão, concretiza o nosso maior sonho, levanta a taça, conquista o universo, com a ajuda da nossa inesquecível craque Angelina, lembrando o nosso outro Mundial feminino de 1966.

Somos campeões do mundo de novo, em um título que começou há muitas décadas.. Tradição, competência, clube-cidadão, profissionalismo (representado hoje pela figura do craque Marcelo Vido – único bicampeão mundial de clubes do Brasil, como atleta e dirigente - e toda a sua equipe, gerentes, comissões técnicas e funcionários nos esportes olímpicos), disciplina, planejamento e com a maior torcida do universo ao nosso lado, o Flamengo unido, sem separações políticas mesquinhas dos que só pensam em poder, irá voltar ao topo do mundo em tudo. O caminho a ser percorrido ainda é longo e árduo, precisamos da ajuda de todos os verdadeiros rubro-negros.

Um agradecimento especial ao Governo do Estado do Rio de Janeiro (Lei de Incentivo, que só é possível por temos nossas certidões negativas de débito) e aos nossos patrocinadores TIM, Sky e Estácio. Além disso, toda a gratidão à Liga Nacional de Basquete que, como uma espécie de oásis na estrutura esportiva brasileira, indica o caminho a ser seguido. Nas homenagens desse texto, certamente terei sido injusto em não citar nominalmente algum personagem importante na nossa tão rica história olímpica rubro-negra. Porém, sintam-se, essas milhares de pessoas, aqui representadas por terem contribuído de alguma forma para esse momento máximo no basquete e esportes olímpicos do Mengão.

Vamos propor, imediatamente, à Comissão de uniformes e ao Conselho Deliberativo, a inclusão da segunda estrela em nosso Manto Sagrado, que eternizará não somente esse título mundial de basquete, mas toda a tradição histórica dos esportes olímpicos dentro do C.R. Flamengo.

PARABÉNS, NAÇÃO RUBRO-NEGRA, 1981 e 2014, SOMOS TODOS CAMPEÕES DO MUNDO DE NOVO !!!!!!!!!!!!!!

Saudações muito rubro-negras,
Alexandre Póvoa
Vice-Presidente de Esportes Olímpicos

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