A demissão de Oswaldo de Oliveira é o patético retrato da péssima gestão de treinadores da Gestão Eduardo Bandeira de Mello.
Em 21 de agosto, o presidente do Flamengo sentou-se ao lado de Oswaldo, na coletiva de imprensa que apresentava o 8º treinador do triênio 2013-15. Estas foram as palavras de Eduardo Bandeira de Mello reproduzidas pela imprensa lá presente: "A intenção de todo dirigente é construir uma relação duradoura com seus treinadores, nem sempre é possível, estamos aprendendo. O Oswaldo vai durar muito tempo".
Em 28 de novembro foi anunciada sua saída. Meros três meses depois. "Aprenderam com os erros?". Com certeza não! E dão todos os sinais de que continuarão errando! E o pior é demitir um treinador uma semana antes das eleições presidenciais do clube.
Curiosidade ou não, a última vez que o Flamengo teve tantos treinadores num mesmo ano foi em 2005 (Júlio César Leal, Cuca, Celso Roth, Andrade e Joel Santana) o vice-presidente de futebol era o mesmo que exerce a função neste fim de mandato de Bandeira de Mello: Gérson Biscotto.
Até que ponto Eduardo Bandeira de Mello está realmente comprometido em construir um novo Flamengo? Sua coligação reconectou peças da velha política rubro-negra. Biscotto, do grupo político de Márcio Braga, é um. Plinio Serpa Pinto, do grupo político de Kléber Leite, é outro. Jorge Rodrigues e Marcos Bras, do grupo político de Patrícia Amorim, também são parte deste estranho movimento que toma forma ao fim de sua gestão. Só falta o apoio de Cacau Cotta para a coligação pelo Velho Flamengo estar completa!
Até o interlocutor das novidades voltou a ser o mesmo. No dia da demissão de Oswaldo, Renato Maurício Prado estampava em O Globo: "Muricy Ramalho é o novo treinador do Flamengo". O mesmo RMP que foi ferrenho crítico da gestão Bandeira de Mello, havia perdido seu acesso privilegiado às fanfarronices das notícias antecipadas à imprensa antes de concretizadas (o "Velho Flamengo"). De repente, voltou a ser o porta-voz dos vazamentos e subitamente passou a fiel defensor de Bandeira de Mello.
A outra fanfarronice é o novo treinador. Anunciar um novo nome às vésperas da eleição é de um mau-caratismo imenso. E ainda que não fosse o caso, se este acerto ainda não existir, é porque estariam usando Muricy como cabo eleitoral, o que seria um mau-caratismo igual ou maior.
Em 2010, Muricy Ramalho recebeu mais de meio milhão por mês durante um bom tempo, teve as condições suficientes para levar o Fluminense a ser campeão brasileiro, mas na primeira oportunidade que teve, quando o Santos lhe ofereceu proposta para a Libertadores de 2011, para a qual seu time também estava classificado, ele pulou fora do barco e humilhou o Fluminense, dizendo que os vestiários das Laranjeiras estavam literalmente cheios de ratos. É melhor avisar a ele, que quem tem medo ou nojinho de rato, deveria se manter longe da política rubro-negra.
Qual foi o aprendizado com o episódio Mano Menezes? Em 2013 o Flamengo lhe ofereceu todas as condições de trabalho e um projeto de longo prazo, mas foi só Tite sair do Corinthians e ele pulou fora do barco, pediu demissão, sem dar mínimos detalhes, e foi embora, após alguns meses de trabalho sobre um salário também na casa de meio milhão. Tinha apalavrado o acerto com o Corinthians, que lhe daria melhores condições de trabalho.
O Flamengo não tem um Centro de Treinamento finalizado. Eduardo Bandeira de Mello diz ser adepto da estabilidade ao treinador. Diz ter aprendido com os erros. Mas em 2013 passaram pelo Flamengo: Dorival Júnior, Jorginho, Mano Menezes e Jayme de Almeida. Em 2014 passaram pela Gávea: Jayme de Almeida, Ney Franco e Vanderlei Luxemburgo. E em 2015 o Flamengo foi treinado por Vanderlei Luxemburgo, Cristóvão Borges, Oswaldo de Oliveira e agora Jayme de Almeida. A pergunta é: sem CT e sem estabilidade, o que espera Muricy Ramalho no Flamengo?
Talvez espere apenas que São Paulo, Corinthians ou Palmeiras se encontrem num momento no qual lhe possam oferecer algo que neste momento, por diferentes motivos, e nem todos negativos, nenhum dos três pode.
Estou vendo um Velho Flamengo ressurgir das cinzas diante dos meus olhos. O que falta agora? Voltar às páginas policiais?
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