terça-feira, 21 de março de 2017

Flamengo, a Galinha dos Ovos de Ouro que sustenta a FERJ

Dois levantamentos sensacionais feitos nos últimos quatro dias: matéria publicada pela ESPN em 21 de março ("Federação lucra mais com o Flamengo do que o próprio Flamengo com bilheteria") e um estudo de Bruno de Laurentis, publicado em 17 de março no site Mundo Rubro-Negro ("O trem pagador que sustenta a federação do Rio de Janeiro").

Numa Sociedade de Ratazanas como é a brasileira, há diversas instituições absolutamente parasitas, que sobrevivem como sangue-sugas à produtividade alheia. Males das mazelas destas terras. As Federações, no esporte brasileiro, são um belo exemplo.

Eis o texto da ESPN:

Em um Campeonato Carioca cada vez mais minguado, com 2.780 pagantes por jogo e 23% de ocupação nos estádios nesta temporada, só a FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) vem conseguindo lucrar com bilheterias no torneio.

Até agora, o órgão ganhou, só nos jogos do Fla, através da cobrança de taxa, R$ 347 mil. O clube rubro-negro, por sua vez, lucrou "apenas" R$ 327 mil com bilheteria no Estadual.

No jogo de maior público envolvendo a equipe da Gávea (a final da Taça Guanabara, contra o Fluminense), por exemplo, a renda foi de R$ 1.258.830,00, mas a despesa também foi gigantesca: R$ 892.113,89 - R$ 121.377,00 só na taxa da FERJ. Por este jogo, o Flamengo embolsou apenas R$ 149.174,35 (já que ainda pagou R$ 27.503,71 em penhoras e R$ 6.680,00 em antidoping), ou seja, só R$ 28 mil a mais que a Federação.

Já em seu jogo de pior bilheteria até agora, contra a Portuguesa-RJ, pela 1ª rodada da Taça Rio, o Rubro-Negro tomou prejuízo, enquanto a entidade que rege o campeonato lucrou. Neste jogo, a renda total foi de apenas R$ 30.980,00, enquanto as despesas foram de R$ 108.950,00.

Quem bancou a diferença do bolso foi o Flamengo, que pagou o prejuízo de R$ 77.970,00, mais o antidoping de R$ 7.430,00, e saiu com R$ 85.400,00 a menos na conta. A FERJ, por sua vez, terminou essa partida recebendo R$ 2.572,00 em taxa. 

Vale lembrar que, no Rio de Janeiro, a renda dos clássicos é dividida igualmente, independentemente do mandante. Em Botafogo x Flamengo, por exemplo, houve receita de R$ 867.160,00 e despesas de R$ 747.146,44 - incluindo a taxa de R$ 83.462,00 da FERJ. No final, os R$ 120.013,56 restantes foram divididos em dois, sobrando R$ 60.006,78 para cada clube. Portnato, R$ 23 mil a menos que o que a Federação conseguiu. A taxa da FERJ, aliás, é uma das mais altas do país: 10%. Muito maior, por exemplo, do que a da FPF (Federação Paulista de Futebol), que é de 5%.

O desisteresse da torcida do Flamengo no atual Carioca, aliás, é notório.

No último jogo, contra o Resende, por exemplo, foram só 2.667 pessoas presentes, sendo 1.553 pagantes. Isso gerou uma renda de R$ 38.230,00 e despesas de R$ 106.560,45, ou seja, prejuízo de R$ 68.330,45. No fim das contas, o time da Gávea terminou o duelo com R$ 34.762,18 a menos no bolso, enquanto a Federação levou R$ 3.473,00 de taxa.

Complementarmente a esta matéria da ESPN resgato o texto publicado em 17 de março no Mundo Rubro-Negro:

O que realmente sustenta a Federação ao longo do ano é a cota do borderô que ela abocanha a cada jogo. Nos estaduais ela perdeu força, pois a média de público é muito baixa e a maioria dos jogos tem ingressos com ticket médio muito baixo. Só que é nos jogos do Flamengo em que ela deita e rola, no Estadual e ao longo do ano em competições que não tem nenhuma operação, ingerência ou responsabilidade na organização.

Temos o exemplo recente da estreia do clube pela Copa Bridgestone Libertadores: 4×0 no Maracanã sobre o San Lorenzo e com 60 mil expectadores, sendo aproximadamente 54 mil pagantes e 6 mil gratuidades. A renda do jogo foi de 3,68 milhões de reais. A FERJ, que NADA fez pela partida, pela competição ou até mesmo pelo Maracanã, levou limpos, R$ 368 mil. Exatamente o que você leu! O Flamengo gastou R$ 1,71 milhões para ter o estádio em ordem para o jogo, quitando conta de luz atrasada, fazendo manutenção do quadro de energia do estádio, renovando o gramado com sua parceira Greenleaf, removendo entulho, retirando tapadeiras e sinalizações do RIO2016, e até mesmo colocando cadeiras e divisórias entre as torcidas. Vale lembrar que em outubro, também foi o Flamengo que pagou a reforma do gramado para reabrir o estádio na reta final do Brasileiro 2016.

Para este artigo, vou levar em conta os números de 2015, que são consolidados e indiscutíveis, já publicados por Flamengo e FERJ, e também por ser o ano mais crítico de guerra entre Flamengo e FERJ, com troca até de agressões verbais no arbitral da entidade.

No balanço anual da Federação de 2015, temos os seguintes dados, conforme documento disponibilizado em seu site (http://www.fferj.com.br/CentralDocumentos), para as receitas da mesma:


Percebe-se que a FERJ arrecadou com patrocinadores de sua competição, o valor de R$ 8,42 milhões, menos que no ano anterior quando arrecadou R$ 10,12 milhões. Isso deve-se à briga entre Federação e Flamengo, quando o mesmo ventilou pela primeira vez usar apenas reservas no Estadual, afastando patrocinadores, o que repetiu-se em 2016 e 2017.

Já no item Bilheteria/Renda de Jogos, temos o valor de R$ 5,99 milhões em 2015 contra R$ 6,44 milhões em 2014. A queda explica-se pelo Flamengo não ter chegado às finais do Estadual em 2015, quando o mesmo foi campeão em 2014. É notório que a renda e público dos jogos finais com o Flamengo são maiores que entre os clubes rivais ou rivais x pequenos.

Esse item Bilheteria é computado somando-se a taxa de 10% de todos os jogos de seus clubes filiados em 2015, o que nos dá a entender que a renda TOTAL dos jogos de todos os filiados da FERJ no ano foi de aproximadamente R$ 60 milhões (59,9 MM).

Em 2015 a FERJ já contabilizava em cada borderô de partida a cota de TV, afim de minimizar o impacto negativo do prejuízo que os clubes tinham a cada jogo, enquanto a entidade retirava seus 10% sem qualquer ônus, além de lançar públicos redondos e maquiados nos jogos entre pequenos, sem qualquer transparência.

Assim, a Federação sempre tem lucro, enquanto os clubes acumulam prejuízos, pois a mesma retira sua parte sem se preocupar com custos de operação dos jogos do campeonato que organiza. Se a mesma cobrasse 10% no Estadual, porém cobrasse 5% nas partidas do Brasileiro, Libertadores, Copa do Brasil, Sul-Americana e Primeira Liga, com certeza o clube não ficaria tão indignado, pelo menos não pela cota pura e simplesmente.

Você sabia que quando o Flamengo manda um jogo fora do Estado do Rio de Janeiro, o clube paga 5% à Federação local e 10% à FERJ que nada faz além de autorizar o jogo fora do Rio de Janeiro?

Vamos então ao balanço financeiro de 2015 do Flamengo, disponível no Portal da Transparência Rubro-Negra:


Reparem que o Flamengo tem R$ 43,67 milhões em bilheteria em 2015. E olha que não foi a nenhuma final, nem sequer do campeonato da própria FERJ.

Se a FERJ recolheu 10% de toda a bilheteria do Flamengo no ano, isso quer dizer que ela teve R$ 4,36 milhões provenientes dos borderôs do Flamengo.

Isso quer dizer: 4,36 de 5,99 milhões, ou 72,78% da arrecadação da FERJ com bilheteria em 2015 é resultado direto do que mamou nas tetas rubro-negras.

Em caso de comparação, veja quanto as Federações Estaduais cobram de taxas pelo Brasil:
- Federação Carioca: 10%
- Federação Paulista: 7%
- Outras Federações: 5 a 7%

Mas sabem o que mais incomoda o clube rubro-negro? Que em 2015, por exemplo, a FERJ tenha feito a seus clubes filiados, empréstimos no valor total de R$ 16 milhões, conforme seu demonstrativo financeiro.

Ao contestar em arbitral, entre outras questões, como são, com que prazos e juros, feitos esses empréstimos, nosso Presidente foi xingado e hostilizado por Eurico Miranda e principalmente Rubens Lopes, que acusam o Flamengo de querer ganhar mais do que deve e apropriar-se do que é de seus clubes “co-irmãos”. E ainda ouviu que a FERJ não tem que dar explicações, pois os contratos de empréstimos são CONFIDENCIAIS. Veja em nota da FERJ depois que Flamengo publicou carta aberta à imprensa questionando a entidade: http://fferj.com.br/Noticias/View/10441


Como uma entidade que representa um grupo de clubes pode dizer que o dinheiro destes clubes pode ser distribuído a seu bel-prazer, sem prestação de contas e ampla transparência aos mesmos?

Ficou mais do que claro que o clube é responsável DIRETAMENTE por mais de 70% do que a FERJ arrecada anualmente, e se levarmos em consideração que as placas de publicidade negociadas à parte podem dividir o valor entre Flamengo e Federação a partir deste ano, o valor pode estabilizar-se facilmente em 80%.

E fica mais que claro também que, se o clube sustenta a Federação, também é ele quem empresta dinheiro a clubes rivais e clubes pequenos, sem saber em que condições são feitos esses empréstimos.

A única coisa que o clube sabe é que todos os clubes que recebem empréstimos da FERJ votam com ela cegamente em todo arbitral, ainda que com pautas negativas às finanças desses mesmos clubes.

Por essas e outras o Flamengo exige transparência da Federação e a conquistará judicialmente, já que move ação contra a mesma. Saberemos em breve se o Vasco quitou salários atrasados de fim de ano com dinheiro arrecadado às custas do Flamengo, por exemplo.

Segundo o advogado que move a ação: “O Flamengo afirma acreditar que a FERJ obtém a maioria em suas deliberações por meio da concessão de mútuos (empréstimos), com possíveis condições favorecidas de pagamento, ou mesmo, perdão da dívida, a seus associados, notadamente os clubes pequenos".

Como é um clube associado da FERJ e parte das receitas da Federação decorrem de rendas advindas do Flamengo (TV e bilheteria), o Flamengo requer que a FERJ detalhe as condições dos mútuos que concede aos demais entes associados, pois essa informação não é especificada no balanço anual.

O Flamengo registra que, no exercício de 2014, foi registrado o valor de R$ 21.472.000,00; e, no exercício de 2015, R$ 12.018.000,00 de mútuos, sem que se esclareça se houve o pagamento de qualquer parcela desses mútuos à Federação.

Ao final, o Flamengo requer: ‘A condenação da FFERJ na obrigação de prestar contas em formato contábil sobre todos os mútuos realizados em benefícios das associações desportivas que compõem a Federação, de forma documentada, comprovando os valores indicados nas contas com os contratos de mútuo firmados, tudo, de forma clara e precisa, individualizando o valor emprestado, o valor pago e o valor ainda devido, com referência aos 03 (três) anos anteriores ao ajuizamento desta medida, sob pena de não poder impugnar as contas a serem prestadas pelo FLAMENGO’.

Um adendo interessante: Segundo balanço publicado pelo Consórcio Maracanã, de propriedade da Odebrecht S/A., a renda bruta do estádio em 2015 tem 72% de seu valor angariado em partidas do Flamengo. Vale lembrar também que em 2015 com o Engenhão fechado, Botafogo e Fluminense mandaram quase todos os seus jogos lá, tínhamos todos os clássicos e até mesmo o Vasco jogou lá todo o segundo turno do Campeonato Brasileiro, uma vez que seu presidente retirou os jogos de São Januário alegando falta de segurança, pois a torcida a cada jogo inflamava-se contra o nefasto cartola.

Para finalizar este primeiro post no Mundo Rubro Negro, é com grande orgulho que vejo o Flamengo levantar-se contra essa maléfica entidade que vive às custas de nosso clube, o eterno trem pagador que sustenta Federação e Maracanã desde sempre. Venceremos o mal que assola o Rio de Janeiro.

Saudações Rubro-Negras




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