quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Qual o futuro do jornalismo, incluindo o esportivo?

Enfim alguém dentro da imprensa esportiva tem alguma coragem para levantar este tema e fazer esta provocação, parabéns a Eduardo Tironi!


A argumentação deveria ser até mais profunda, já que o jornalismo como um todo, e não apenas o jornalismo esportivo, vive os tempos do "Jornalismo de Estagiário": textos mal escritos e mal formulados, vazios... Títulos que não conversam com conteúdo e texto da matéria desenvolvidos sob ele... sabendo que uma grande quantidade de pessoas só lê manchete, ainda mais na era da internet e das redes sociais, que catalisaram esta forma de buscar atenção.

Antigamente, o texto de jornais eram elaborados pelas mentes mais experientes dentro da redação, e os textos eram altamente revistos para que os erros tendessem a zero. No mundo da massificação da informação e da pluralidade de meios, os veículos de mídia, não só esportivos, para conseguir atender ao fluxo de informações emergindo de todos os lados, massificaram a geração de conteúdo: as mentes mais experientes não conseguiam dar conta de tudo, foram substituídas pela informação gerada por um exército de estagiários e outras mentes pouco experientes, facilmente impressionáveis pelo sensacionalismo. Tanto conteúdo sendo gerado ao mesmo tempo não permitia que tudo fosse revisado, e tome "copiar-colar" e tome erros de português, e tome jornalismo de baixíssima qualidade...

Agora vamos colocar tudo isto no contexto do futebol... emoção acima da razão quase o tempo todo, ânsia por novidade nas inter-temporadas, uma avalanche de "mesa-redondas" e analistas numa variedade de canais esportivos crescentes. Na dinâmica das redes sociais e do youtube, tudo ganha dimensão ainda maior na estratégica "engana-otário". Exemplo simples dos últimos dias, quase por todos os lados multiplicava-se a notícia de acerto entre Henrique Dourado, centroavante do Fluminense, e o Flamengo, e um link no google trazia: "Urgente! Vasco atravessa Flamengo e fecha com Henrique Dourado" e o link levava a um vídeo no youtube. A "televisão fake" dá uma nova dimensão às "fake news" e ao sensacionalismo barato. Tudo numa bola de neve crescente.

Será que a TV e a imprensa escrita estão dispostas a revisar isto tudo? Deveria... pois de fato põe em risco a sobrevivência de longo prazo do jornalismo até como profissão. Eduardo Tironi tem coragem de puxar o tema desta forma. Mas eu sinceramente creio que ainda não seja um tema maduro dentro do próprio jornalismo a ponto desta discussão semear uma reflexão verdadeiramente séria... muito provavelmente só existirá fechada dentro da sala de alguns executivos dos canais de TV e mídia impressa, muito dificilmente veremos qualquer universalização deste debate...       

Eis a integra do que foi publicado no Blog do Tironi, jornalista do Lance! e da ESPN:

Mano Menezes será o técnico do Palmeiras e Mina ficará no clube até o meio do ano. Cuca será treinador do Galo e Walter, goleiro do Corinthians, irá para o São Paulo. Já o zagueiro Gil irá para o Palmeiras, enquanto Nino Paraíba irá para o Morumbi. O Corinthians terá de volta Leandro Castán e Jô irá para o Napoli. Tinga trabalhará no Verdão enquanto Mano Menezes, que estaria no Palmeiras, irá mesmo é para a seleção do Paraguai. Kaká encerrará seu contrato nos Estados Unidos e voltará ao São Paulo. Miranda também retornará ao Tricolor. Cuca, que seria treinador do Galo, será na verdade do São Paulo, que também terá Pato de volta. Enquanto isso, Robinho irá para o Corinthians e Lucas Moura para o Cruzeiro. Abel será o treinador do Palmeiras. Ou melhor: Jair Ventura. E Ralf estará no São Paulo. Mas Reinaldo (Chape) acertará com o Corinthians. Felipão treinará alguma seleção que disputará a Copa do Mundo. E Cuca, que estaria no Galo e no São Paulo será, na verdade, treinador do Flamengo. Carleto irá para o Cruzeiro. E Pablo fechará com o Palmeiras, que também terá William (Chelsea). Gabigol sairá da Europa para jogar pelo Flamengo e Rafinha irá para o Palmeiras, que também contará com Deivid, do Vitória. Tevez será do Flamengo e Alejandro Silva do São Paulo. Pablo, que seria do Palmeiras, jogará na verdade no Mengão. Ricardo Oliveira será do Cruzeiro, Geromel do Palmeiras e Trellez do Corinthians. E Ricardo Goulart do Verdão. Mina irá para a Alemanha e Pratto irá para o Cruzeiro. Calleri será do Fla e Diego Souza do Vasco. Luan sairá do Galo para virar cruzmaltino também. Rildo no Bahia e Mena no Corinthians. Fred vai para o Fla e Fernando Torres para o Palmeiras. Ou melhor, para o Flamengo. Barcos no Botafogo. Robinho jogará pelo Vasco e Zeca pelo Fla. Vizeu será santista e Vagner Love voltará ao Timão ou para o Flamengo. Ganso sairá da Europa para retornar ao São Paulo.

Tudo isso que está escrito acima foi divulgado durante a janela de transferência que agitou o futebol brasileiro neste começo de ano. E, caro leitor, se você está acompanhando com atenção o mercado, sabe que nenhuma dessas contratações aconteceu.

A quem interessa a divulgação de uma possível acordo que no fim das contas não acontece? O leitor fica satisfeito apenas em saber que seu time sonha com um jogador? Quem certamente lucra são os empresários dos atletas, que raramente dão entrevistas, mas passam todo o período do mercado alimentando jornalistas de “informações” que, como se viu no começo deste texto, não acontecem. Quem certamente sai perdendo é o jornalismo esportivo.

Se a profissão vive tempos difíceis e desafiadores com a proliferação das fake news, que coloca a credibilidade em xeque, tudo isso obrigatoriamente se aplica ao jornalismo esportivo. Com o agravante de que a editoria de esportes já é bombardeada frequentemente por lidar com um tema que envolve paixão.

O jornalismo esportivo, antes de ser esportivo, é jornalismo. E o bom jornalismo tem como missão prioritária a busca da verdade. Tudo o que a profissão não precisa neste momento é de mais combustível que coloque em dúvida seu valor.

Chegou a hora de todos pensarmos no que estamos fazendo. Audiência e cliques não justificam tudo.

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