Eu abordei o tema de forma intuitiva em A NAÇÃO, quando, no trecho que destaco abaixo, alertei como um estádio faz falta para o Flamengo. Agora um excelente trabalho - feito pelo excelente Emerson Gonçalves, na coluna Olhar Crônico Esportivo, abrindo os resultados financeiros em 2011 dos 13 clubes no Brasil com faturamento anual superior a R$ 50 milhões - demonstra claramente em números essa verdade.
Das páginas do livro: "Das seis formas de financiamento no futebol, a primeira a que se deve fazer referência é aquela mais diretamente correlacionada ao espetáculo oferecido ao público: a renda obtida na bilheteria. Aí está um primeiro grande diferencial na capacidade de arrecadação de um clube: ter um estádio próprio. Um grande problema da maioria dos clubes brasileiros é que estes ficaram dependentes do governo, pois o investimento público viabilizou a construção da maior parte dos grandes estádios do país (como é o caso do Maracanã, do Mineirão, do Pacaembu e tantos outros). Resultado: expressiva parte da renda dos jogos tem que ser repassada aos cofres públicos. Nestas transferências de recursos, pagos via uma onerosa carga de tributos, vai-se uma importante parte do dinheiro que serviria para conseguir manter mais talentos dentro do país.
A diferença pode ser constatada num simples exercício: tomando como exemplo os balanços financeiros publicados pelos doze maiores clubes brasileiros referentes ao ano de 2007. Conclui-se que os clubes que possuiam seus próprios estádios alcançavam resultados financeiros melhores do que aqueles que não possuiam. Diferenças à parte na qualidade de gestão de cada um dos clubes, é também claramente perceptível uma diferença nas linhas gerais. A maior receita naquele ano foi do clube que detém o maior estádio privado do país: o São Paulo, dono do Morumbi, com capacidade para 75 mil espectadores. Outros dois clubes que apresentaram resultados positivos foram o Internacional – dono do estádio do Beira-Rio (com capacidade para 56 mil torcedores) – e o Grêmio – dono do estádio Olímpico (que comporta 51 mil torcedores). Todos os demais tiveram contas no negativo. Santos e Vasco, que também possuem estádio privado, ficaram com um resultado ligeiramente negativo. Entretanto, seus estádios são menores que os três primeiros citados. O estádio santista, a Vila Belmiro, comporta 20 mil torcedores, e o estádio de São Januário pode receber no máximo 35 mil espectadores. Um estádio próprio faz falta ao Flamengo há muito tempo". (A NAÇÃO, pgs. 199-200)
Os dados abaixo mostram a soma de todas as receitas obtidas em 2011 com Bilheteria, Estádio e Sócios-Torcedores; compreende as receitas geradas pelos jogos diretamente, as participações nas vendas diversas dentro do estádio, em dias de jogos ou não e, por fim, a receita com os sócios-torcedores, ressalvando que há hoje clubes que têm a totalidade de seus associados na categoria “torcedores”.
O São Paulo Futebol Clube arrecadou R$ 48 milhões a mais do que o Flamengo no quesito Bilheteria, Estádio e Sócios-Torcedores. Essa diferença dá para pagar mais de dois Ronaldinhos Gaúcho em um ano, inclindo 13º e direitos de imagem.
A distância para o proprietário do Morumbi é enorme, assim como é para Grêmio (domo do Olímpico), Internacional (dono do Beira-Rio), Santos (dono da Vila Belmiro), Coritiba (dono do Couto Pereira) e Corinthians (por enquanto, ainda sem estádio). Entre os proprietários de estádio próprio, o Flamengo ganha do Vasco.
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