No Torneio Rio-São Paulo de 1961, o Flamengo havia perdido no primeiro turno para o poderoso Santos, que o goleara por 7 a 1 na primeira fase em pleno Maracanã. O jogo, para dificultar ainda mais, era no Pacaembu. O Santos estava desfalcado de Pelé. Mas estavam lá Coutinho, Mengálvio, Pepe. Nada intimidou o rubro-negro: históricos e implacáveis 5 a 1, em plenas terras paulistanas, com três gols de Gérson e dois de Dida.
A linha de frente de 1961
Ficha Técnica
19/04/1961 - Flamengo 5 x 1 Santos
Local: Pacaembu, São Paulo
Gols: Gérson (18'1T), Dida (33'1T), Gérson (44'1T), Dida (3'2T), Gérson (21'2T) e Coutinho (42'2T)
Fla: Ari, Joubert (Hilton), Jadir, Bolero e Jordan; Carlinhos (Hugo) e Gérson; Joel, Henrique, Dida (Norival) e Germano.
Téc: Fleitas Solich
Santos: Lalá, Fioti, Mauro Ramos, Formiga e Getúlio; Lima (Tite) e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Nenê (Angelo Sormani) e Pepe.
Téc: Luís Alonso Pérez, "Lula"
A História do Jogo
O Flamengo foi o Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1961, embalando e não perdendo nenhuma partida no Quadrangular Final. E sua atuação mais marcante nesta campanha aconteceu numa noite de quarta-feira no Estádio do Pacaembu, na capital paulista. Na 1ª Fase, o alvi-negro praiano havia tido uma noite de gala no Maracanã, com Pelé encapetado e genial, humilhando ao time rubro-negro com uma goleada de 7 a 1.
Na reta final, foi a vez do time rubro-negro ir a Santos para tentar se aproveitar que o adversário entraria em campo desfalcado de Pelé, que ficava de fora por estar com dores na clavícula. E enfrentaria um time santista bastante desfalcado, entrando em campo com seis jogadores que naquele momento eram considerados reservas da equipe: o goleiro Lalá, os laterais Fioti e Getúlio, os meio-campistas Formiga e Lima, e e atacante Nenê, que jogava na vaga de Pelé. O Flamengo já havia vencido ao Palmeiras na primeira rodada do quadrangular final, fazendo 3 a 1 no Maracanã. O resultado contra o Santos em São Paulo era fundamental para as pretensões de título rubro-negras.
Já no primeiro tempo, o time rubro-negro dominou inteiramente as ações, obtendo ampla superioridade e conseguindo reverter isto em gols. Com os zagueiros firmes e bem postados, o meio de campo bem municiado pelo garoto Gérson e por Carlinhos, e com a linha de atacantes jogando rápido e com alto índice de passes certos, o Flamengo não deixou os santistas jogarem em momento algum. Sem Pelé, o alvi-negro praiano não conseguia criar, resumindo seu jogo a jogadas individuais de Coutinho e Dorval. Mengálvio andava desorientado com as movimentações do meio de campo rubro-negro, e na defesa Mauro e Formiga eram ultrapassados com facilidade, enquanto Fioti e Getúlio jogavam completamente descobertos. E o Flamengo soube se aproveitar disso.
O Santos quase marcou, quando Pepe acertou um potente chute de fora da área que passou bem cerca do travessão. Mas aos dezoito minutos, numa boa trama do ataque rubro-negro, na qual a bola vai de Henrique para Dida, e este serviu a Gérson, que deu um belo drible em Mauro Ramos, e disparou um belo chute no ângulo do goleiro Lalá, que nada pode fazer: 1 a 0.
Aos vinte e três minutos, mais uma troca de passes envolvente do ataque rubro-negro, numa triangulação entre Joel, Henrique e Gérson, que Formiga chega tirando para escanteio, e acertando a rede pelo lado de fora, fazendo alguns nas arquibancadas pensarem que havia sido gol contra.
Gérson fazia uma partida espetacular, tomava conta de todas as ações do meio de campo. Henrique e Dida desperdiçaram várias boas oportunidades nos minutos seguintes. Mas aos trinta e três minutos, o principal nome daquele elenco rubro-negro não desperdiçou: Dida aproveitou um maravilhoso cruzamento de Joel e, da entrada da área, girou e chutou colocado, no canto direito da meta, longe do alcance do arqueiro: Flamengo 2 a 0.
O time santista sentiu o segundo gol, ficou nervoso e se desorientou ainda mais, tentando reagir desorganizadamente. Com isso, o Flamengo intensificou ainda mais o seu domínio em campo. Discreto, Carlinhos também tinha atuação exuberante, partindo de seus pés o início de todas as jogadas ofensivas dos rubro-negros. O relógio indicava quarenta e quatro, quando Gérson pegou uma bola espirrada no meio de campo e partiu em velocidade, superando a dois defensores santistas na corrida, penetrando em velocidade pela área, e tocando na saída de Lalá: 3 a 0!
No intervalo, Lula tentou mexer no time para reavivar o Santos, colocando Tite no lugar de Lima - recém comprado ao Juventus da Rua Javari ele fazia sua estreia naquela noite com a camisa alvi-negra, e nada tinha conseguido fazer no primeiro tempo - e lançando Sormani no lugar de Nenê. Tentava assim mudar a capacidade ofensiva da equipe e reagir na partida.
Mas o Flamengo não deixou o time do Santos respirar. Voltou todo a frente, intensificando a pressão ofensiva. Logo aos três minutos, Joel entrou pela ponta direita e disparou um forte chute cruzado ao gol, Lalá não conseguiu segurar, a bola quicou na área e Dida, que entrava pelo meio da área, tocou de cabeça para dentro do gol: Mengão 4 a 0. Dois de Gérson e dois de Dida.
Lula então orientou que Dornal jogasse mais pela meia esquerda e Sormani abrisse pela ponta direita. Com esta rearrumação, e com o time rubro-negro já um pouco mais relaxado em campo, os dezoito minutos seguintes foram todos de domínio do alvi-negro praiano. Porém, o ataque com Dorval, Coutinho e Pepe não conseguiu penetrar na sólida defesa rubro-negra. Mas ainda assim, o Santos teve três oportunidades claras de gol, numa das quais Sormani acertou a trave de Ari.
Àquela altura, a aposta rubro-negra era aproveitar a ânsia santista de buscar diminuir, e explorar os contra-ataques. E foi justamente assim que aos vinte e um minutos Gérson recebeu de Henrique numa saída rubro-negra em transição de velocidade, penetrou na corrida e atirou forte ao gol. Era o quinto! Flamengo 5 a 0 no Pacaembu!
Passando então a ter mais domínio com Tite e Mengálvio no meio de campo, o Santos criou uma sequência de boas oportunidades de gol, mas não conseguia diminuir. Seu gol de honra saiu apenas a três minutos do fim do tempo regulamentar, quando seu centroavante Coutinho recebeu um excelente lançamento de Pepe, e chutou forte a alto para marcar, fazendo o gol de honra santista. E foi o que houve para aquela noite. O Flamengo teve uma atuação de gala, com o grande nome em campo sendo Gérson, não só pelos três gols que marcou, como pelo amplo domínio nas ações do meio de campo.
Mengão por muito pouco não foi a forra!
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