domingo, 4 de novembro de 2012

Debate entre candidatos à Presidência do Flamengo foi frustrante

Daqui a 4 dias (8 de novembro), o Conselho de Administração define a lista definitiva de candidatos à eleição do Flamengo. Fiquei desapontado com o debate entre Walim Vasconcellos, Ronaldo Gomlevsky, Jorge Rodrigues, Maurício Rodrigues e Lysias Itapicuru no Programa Balanço Esportivo da CNT. Eis minha avaliação dos principais pontos abordados:
 
RESULTADOS FINANCEIROS e DÍVIDAS: todos só falaram que é um problemão e não propuseram nenhuma solução. A única coisa que Ronaldo Gomlevsky colocou quado questionado é que seria necessário uma auditoria para saber qual o verdadeiro tamanho da dívida. Nenhum candidato falou nada novo nem propôs nada. Lysias Itapicuru ainda entoou um discurso de que a antecipação de receitas da atual gestão já compromete todos os resultados da próxima gestão (parece um discurso que já justifica o eventual fracasso de sua futura gestão, antes mesmo de sentar na cadeira presidencial).
O que eu esperava escutar: há uma enorme quantidade de recursos entrando via contrato de TV e renegociação do fornecimento de material. Com estes recursos, dá para tirar o clube do Top 5 dos endividados, e, o que é o mais importante, sem perder a capacidade de investimento no futebol. É fundamental equilibrar e conciliar estes dois pontos. Hoje o Flamengo é o 5º clube mais endividado do Brasil, com menos dívidas do que Atlético MG, Vasco, Fluminense e Botafogo, bem melhor do que a 1ª colocação que sustentou por muitos anos, mas diante de uma oportunidade excepcional de ficar ainda melhor se for bem gerido.
 
FUTEBOL: Jorge Rodrigues criticou a falta de mando da atual gestão e fez promessas vagas de investimento na base e em profissionalização. Discurso vago e sem proposta (nos botequins da cidade há um montão de gente capaz de falar a mesma coisa, sem acrescentar nada novo ou inovador). Ele ainda se enrolou no nome do atual fornecedor de material esportivo (lamentável). Walim acrescentou que sua proposta de profissionalização engloba remuneração atrelada a resultado (idéia nada nova e que não me convence). Jorge Rodrigues também criticou a contratação de comissões técnicas inteiras, quer treinadores que cheguem sozinhos. O futebol moderno não funciona assim, essa é a diretriz do mercado e não dá para lutar contra ela, ou não haverá nenhum treinador de ponta no clube. O modelo atual no clube já balaceia comissões contratadas e profissionais do clube, é o ideal, o resto é alienação.
O que eu gostaria de ter ouvido deles: é preciso ter uma liderança que delegue a gestão de futebol, mas entenda o suficiente para avaliar os acontecimentos e intervir na hora certa. A atual presidente não entende nada de futebol, e reconhece isso, e isto muitas vezes atrapalha na sua gestão, porque ela só consegue identificar os rumos errados depois que as consequências já estouraram.
 
CONTRATO COM ADIDAS: válida a crítica de Maurício Rodrigues de que o ideal seria um contrato de 5 e não de 10 anos, mas diante da força da proposta não há muito o que argumentar. Já Jorge Rodrigues foi, mais uma vez, infeliz, dizendo que o que importa é a solução de curto prazo. É uma visão completamente equivocada. Neste ponto não vejo muito a mudar. A proposta que está na mesa parece ser a melhor para o clube.
 
ESTÁDIO: lamentável a opinião dos jornalistas que compunham a mesa, dizendo que estádio novo é cascata e não é tema relevante, mostram total desconhecimento de assuntos ligados à capacidade de arrecadação financeira do futebol. Os candidatos pareceram concordar que a atual proposta de licitação do Maracanã não é a ideal para o Flamengo. O único a apresentar proposta concreta foi Maurício Rodrigues, que prometeu um estádio novo, com capacidade para 50 mil na Baixada Fluminense pronto em 3 anos, a um custo de R$ 450 milhões (financiados junto ao setor privado), a ser construído em terreno já acordado com a prefeitura, e que em 15 anos teria o financiamento totalmente quitado, passando a ser 100% do clube. Este estádio seria palco dos jogos de menor expressão, com os clássicos sendo no Maracanã, em parceria com quem vença a licitação. A proposta de Maurício Rodrigues me agrada bastante!
 
MARKETING: o diagnóstico foi correto, quando disseram que é um problema que se arrasta há muito tempo. Quanto às soluções, ninguém sugeriu nada novo. Lysias Itapicuru falou em estruturação de bancos de dados, projeto sócio-torcedor, aumento da eficiência.
O que eu esperava escutar: para tantos discursos de profissionalização e capacidade de negócio, gostaria de saber quanto eles pensam que custa o espaço de patrocínio principal da camisa, ausência de marca que é o grande fiasco da gestão Patrícia Amorim. Nenhuma das propostas de marketing foi quantificada, e marketing sem valores é puro palpite.
 
ESPORTES OLÍMPICOS: Walim Vasconcellos defendeu a bandeira dos recursos públicos como fonte de financiamento. De fato, espera-se que a bagagem dele como diretor do BNDES possa ser útil para alavancar estas fontes de financiamento. Agora, ele falou em modernização da Gávea com recursos das delegações olímpicas que virão para 2016; o fato é que o contrato com a maior delegação olímpica de 2016 já está assinado e os recursos assegurados, os EUA treinarão na Gávea, e  frente a isso não há mais a se fazer com outras delegações. Os demais candidatos resmungaram dos atletas de ponta que são do Flamengo mas não treinam na Gávea (alusão à equipe de natação). Por que não treinam? Porque a infra-estrutura é precária e antiquada. Algum deles propôs algo para mudar? Não, nenhum deles têm proposta, e na minha opinião a do próprio Walim se mostrou vaga. As críticas deles ignoram que a responsabilidade disto foi de gestões anteriores que focaram só no time de futebol e abandonaram completamente toda a infra-estrutura da Gávea.
 
Veja posts anteriores sobre a Eleição 2012 no Flamengo:
 
 

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