Entrevista com Alexandre Póvoa publicada no blog NINHO DA NAÇÃO. Póvoa é o Vice de Esportes Olímpicos da Chapa Azul, cujo candidato a presidente é Bandeira de Mello. Segue abaixo:
Confira como foi:
Você foi atleta de basquete do Flamengo. Que ano foi, como foi e porque abandonou as quadras?
Fui atleta do Flamengo entre 1984 e 1995 (12 anos). Joguei em categorias de base e na categoria profissional, até o final do meu último ano de faculdade de Economia na UFRJ.
Deus me propiciou a dádiva de vestir o manto sagrado durante doze anos, e com muita luta tipicamente rubro-negra (nunca fui um grande talento, mas sempre fui capitão dos times que joguei), sagrei-me cinco vezes campeão carioca e duas vezes campeão brasileiro de basquetebol. Fui convocado diversas vezes para seleções carioca e brasileira. Meu apelido no basquete era Pocotov (em homenagem a um atleta russo).
Infelizmente, quando terminei a faculdade, tive que escolher um caminho – a Economia ou o esporte. Minha decisão racional foi pela primeira opção, até porque não era exatamente um “Michael Jordan” (rs).
Recebi da Chapa Azul o convite de assumir a vice-presidência de esportes olímpicos do Flamengo (função que será estratégica, com executivos tocando o dia-a-dia do clube, em um formato completamente diferente do atual). Impossível recusar a convocação, até porque me considero um privilegiado e devedor de tantas alegrias.
Vivi boa parte de minha juventude dentro do nosso clube, nas décadas de 80 e 90. No basquete, tive a honra de participar de uma das gerações mais vitoriosas de nossa rica história, tendo jogado, mesmo muito jovem, com jogadores-símbolos flamenguistas, como Carioquinha, Almir e Pedrinho. Pouco vi o Flamengo perder, em qualquer categoria ou esporte, em nosso pequeno alçapão do Ginásio Togo Renan Soares (Kanela), que também abrigava grandes embates de futebol de salão. Na pequena quadra improvisada do lado, assistia ao treino do vôlei, onde o grande capitão olímpico Nalbert surgia. Andando pelo clube sempre lotado, passava pelo sempre destacado judô e a vitoriosa ginástica olímpica, com a Luiza Parente exibindo os seus primeiros saltos. Um pouco mais adiante, nadava Ricardo Prado, que mais tarde seria medalhista olímpico. No espaço do remo, fazíamos a nossa musculação, sob o olhar atento do lendário técnico Buck e dos irmãos Carvalho, que surgiam sob a admiração da juventude. Escolinhas lotadas, todos disputando espaço. Tempos em que uma ajuda de custo e um vale-lanche eram os principais sonhos de consumo dos atletas, ainda amadores.
No campo de futebol, então, era um êxtase chegar todo dia um pouco mais cedo, para sentar naquela velha arquibancada e se deliciar com o nosso ídolo maior, Zico, além de Júnior, Leandro, Adílio, Andrade, Renato Gaúcho, Bebeto, entre tantos craques.
Enfim, está na hora de voltar aos velhos tempos de vitória.
Quais serão os pilares de sua administração com os esportes olímpicos?
O clube se degradou em vários aspectos ao longo dos anos. O esporte olímpico foi maltratado por algumas administrações e não é surpresa a existência de certo estado de insegurança, caso a chapa da situação não ganhe a eleição. Quero dizer que respeito o trabalho realizado pela atual diretoria em relação aos esportes olímpicos, mas acredito que o nosso Flamengo, na sua grandeza como instituição, merece e pode fazer muito mais para desenvolver o nosso verdadeiro potencial esportivo. (grifos próprios)
A defasagem entre o desenvolvimento dos esportes olímpicos dentro das arenas e do amadorismo da estrutura diretiva é flagrante. Enquanto os atletas se profissionalizaram e, com todo o mérito, passaram a ter seus trabalhos valorizados, alguns grupos políticos acreditam que ineficientes estruturas, literalmente do século passado, ainda servem para o nosso Flamengo. O modelo atual de gestão simplesmente faliu e nem o dirigente amador com a maior boa vontade e paixão do mundo será capaz de ressuscitá-lo.
Acreditamos que somente uma organização esportiva 100% profissional terá competência para arrecadar os recursos necessários – através do aproveitamento de leis de incentivo fiscal, atração de patrocínios via credibilidade de quem negocia, conquista de maior número de sócios e/ou garantia de maior frequência nas escolinhas – para construir um clube do tamanho que merecemos. Diferentemente do "bonde" que o Flamengo literalmente perdeu com o evento da Copa do Mundo (clubes conseguiram até estádios financiados pela boa vontade do Governo Federal), temos que aproveitar de forma integral o evento das Olimpíadas de 2016 no Rio para melhorar nossas instalações esportivas, desenvolver e atrair atletas de ponta e, sobretudo, criar e formar a base da talentosa geração rubro-negra do futuro.
Nosso trabalho: Vice-Presidências estratégicas + Estrutura executiva totalmente profissionalizada + espírito amador da comunidade rubro-negra = Vitória no campo humano e esportivo. Voltaremos a ser imbatíveis! -
A gestão do Clube será feita através de um Conselho de Administração, no qual os vice-presidentes farão parte. Qual de fato será a missão desse Conselho e qual sua importância para a tomada de decisões.
O modelo é simples: Teremos um conselho formado por até 9 vice-presidentes (tentaremos manter abaixo de 10, porque passou de uma dezena há pressão para aumentar), que discutirão todos os assuntos do clube, em reuniões semanais. A partir das deliberações, o Diretor Geral e os Diretores Executivos das quatro unidades autônomas– Futebol, Esportes Olímpicos, Fla- Gávea e Remo – terão total liberdade de atuação. Será realizado um planejamento estratégico com orçamento e metas, como em qualquer empresa, que será reavaliado semanalmente. A estrutura abaixo dos diretores executivos será também totalmente profissionalizada.
Os profissionais serão avaliados periodicamente, sendo premiados os que cumprirem as metas e “punidos” quem não for bem. Com essa filosofia, o dirigente amador se afasta do dia-a-dia do clube, deixando a cargo dos profissionais de confiança a execução do plano estratégico de cada área (traçado pelo Comitê Gestor).
O que você pode trazer da atuação no setor empresarial, gestão de negócios, para a administração de esportes olímpicos do Flamengo?
Fui atleta e hoje trabalho no setor privado. Já trabalhei em grandes bancos, hoje sou um dos sócios controladores de uma empresa de gestão de recursos. Aprendi, no esporte e na vida profissional, que o sucesso na vida depende 80% de transpiração inteligente e apenas 20% de sopros de talento. Foi assim que consegui ter certo destaque no basquete (muita raça, sempre era o primeiro a chegar para treinar e o último a sair).
Não existe sucesso sem princípios profissionais aliados ao amadorismo de quem ama o que faz ou o clube. A Chapa Azul não poupará esforços para nos colocar em um patamar muito superior ao atual, dentro da estatura que merece a grandeza do Flamengo.
Qualquer boato ou informação contrária devem ser imediatamente repelidos. Sabemos que o nosso papel de montar uma estrutura profissional, condizente com as exigências do Século XXI, só alcançará frutos se combinado com a competência, talento e, sobretudo, raça, amor e paixão dos atletas, comissões técnicas, professores, funcionários, mães, pais e filhos, com quem temos o prazer de conviver diariamente na Gávea.
O esporte olímpico terá uma equipe de marketing exclusiva?
Trabalharemos em conjunto com o futuro Vice-Presidente de Marketing para definir esse assunto, ainda em aberto.
Já existe um nome para ser o executivo contratado para tocar os esportes olímpicos?
Não há um nome, mas existe um perfil ideal definido: Tem que ser um profissional de reconhecido sucesso, que alie conhecimento técnico ao perfil gerencial. O cargo é importantíssimo, já que será o link com os gerentes executivos que teremos em cada esporte. Portanto, não pode ser uma pessoa que pense somente em esporte, mas também tenha uma visão maior do clube e do negócio; mas não pode ser um profissional somente de “gabinete”, tem que conhecer esporte para interagir com os atletas, diversos profissionais e gerentes de cada esporte.
Em 2010 o Flamengo teve uma receita de R$ 18 milhões, em 2011 foi de R$ 19 milhões. Mas as despesas sempre foram maiores: em 2010 R$ 45 milhões e 2011 gastos R$ 35 milhões. Como equilibrar as contas, como tornar os esportes olímpicos superavitários?
Temos que nos organizar de forma competente para arrecadar os recursos necessários – através do aproveitamento de leis de incentivo fiscal (por que não criar um grupo especialista no assunto, como existem no Minas Tênis e Pinheiros?), atração de patrocínios via credibilidade de quem negocia (esse é o grande trunfo de nossa chapa), conquista de maior número de sócios (campanha competente de sócio-torcedor e outros) e/ou garantia de maior frequência nas escolinhas (consequência de um clube mais forte).
A idéia é que as receitas correntes - escolinhas + sócios + captações de leis de incentivo sejam suficientes para manter a estrutura do clube funcionando. O ideal é que os patrocínios sejam usados basicamente para fazermos grandes times ou trazermos atletas de ponta.
Como explicar o fato do Clube ter um campeão olímpico e bicampeão mundial e a imagem do Cielo não ser utilizada, a piscina não ter sido reformada. Tem explicação?
Não conheço o contrato do Cielo, seria leviano criticar. Portanto, tudo que eu vou falar é em tese. Acho importante a atração de ídolos, para ganharmos campeonatos no curto prazo e atrair jovens para a formação de atletas e cidadão nos longo prazo.
Agora, o ídolo tem que treinar no Flamengo, estar presente no dia-a-dia do clube e se colocar à disposição para campanhas do clube, a qualquer momento. Afinal, ele é atleta do Flamengo, que sempre será muito mais importante que qualquer um de nós.
Contratar um atleta olímpico para que ele não apareça no clube e, ainda por cima, com a sua “arena” (no caso, a piscina) em péssimo estado me parece contraproducente inclusive para a motivação dos atletas que estão lá, vivendo o dia-a-dia do Flamengo. Fui atleta e sei exatamente o efeito psicológico nefasto que isso pode trazer nos atletas da casa. Eles são o nosso maior ativo, que devem ser valorizados sempre.
O que poderia dizer para os profissionais sérios e competentes dos esportes olímpicos do Flamengo que ainda não se decidiram pela chapa Fla Campeão do Mundo?
Aos atletas e técnicos, a certeza que nosso compromisso é com a excelência. A condição para que o Flamengo participe de uma competição de alto nível é que as equipes tenham a estrutura de preparação disponível e o compromisso inegociável com a vitória. Nas categorias de base, nossa meta sempre será a boa formação da pessoa e do atleta, exatamente nessa ordem.
Com planejamento estratégico, execução profissional e fim da interferência amadora, as chances de alcançarmos os resultados esperados aumentarão exponencialmente.
Aos professores de escolinhas, a certeza de que o belo trabalho de vocês, junto com um suporte mais forte de nossa parte, será continuado de uma forma muito mais produtiva, através da busca permanente de melhor infraestrutura e condições de trabalho.
Às mães e pais, como eu, de atletas federados e das escolinhas, nosso profundo respeito (sei como sofremos e torcemos!!!) e a certeza que o nosso maior investimento será na formação de nossos filhos como cidadãos capazes de seguir a construção de um clube e um país que sonhamos.
E por fim, o Fluminense acaba de abrir as portas do clube para o torcedor alterando seu estatuto, dando uma série de benefícios e o direito a voto. A expectativa é que 20 mil sócios entrem no programa ano que vem, ajudando também na receita do Clube. Existe da chapa o interesse em logo quando assumir, pedir a alteração do estatuto para fazer um sócio-torcedor tratando o seu torcedor como cliente de fato do Clube e democratizando o colégio eleitoral?
O Flamengo conta hoje com 40 milhões de torcedores em todo o território nacional, simplesmente a maior torcida do mundo. Em contrapartida a esse orgulho, a triste realidade de um clube que conta com um número de apenas 6 mil sócios com condições de votar e decidir o futuro da maior paixão brasileira. Desse grupo, nas últimas eleições, apenas cerca de 2 mil se dispuseram a sair de suas casas para votar. Nada mais lamentável, mas cada sócio rubro-negro deve ter a consciência de que está representando cerca de 7 mil flamenguistas por todo o planeta.
O ciclo vicioso, então, se repete a cada eleição. Um pequeno grupo de rubro-negros elege uma chapa que simplesmente não consegue fazer que na eleição seguinte o quadro mude. Estes mesmos dirigentes trabalham em suas atividades particulares e chegam ao final do dia no clube para começar a se inteirar dos problemas e tomar decisões. Enquanto isso, as empresas de marketing, os empresários de jogadores e os patrocinadores trabalham vinte quatro horas por dia, de forma completamente profissional, para atender legitimamente os seus interesses. Infelizmente, nos últimos anos, a reunião de dirigentes amadores normalmente despreparados com profissionais preparados defendendo seus interesses sobre uma marca como o Flamengo, tem gerado enormes prejuízos financeiros e, sobretudo, morais ao nosso clube.
A marca Flamengo merece se melhor tratada. Outra lenda que foi completamente desmistificada nos últimos anos foi de que “um clube, para ter um aumento de sua base de sócios torcedores, necessitaria possuir um estádio”. Acreditando nessa outra mentira que virou verdade de tanta repetição, vimos diversos times, com e sem estádio, aproveitarem a onda do sócio-torcedor e chegarem a mais de 100 mil sócios (caso do Inter) e entre 50 e 70 mil (casos de Grêmio, Corinthians e São Paulo) e entre 20 e 40 mil (Vasco, Santos, Atlético Paranaense e Cruzeiro). É triste ver uma classe de rubro-negros se orgulhando que o Flamengo ultrapassou a marca de 10 mil sócios, enquanto o Ceará, com todo o respeito que merece, conta com 16 mil sócios. É muito triste assistirmos ano após ano a falta de uma mínima competência para transformar a força do Flamengo em renda para o clube. A verdadeira obsessão pelo famoso patrocínio master cega a mais óbvia conclusão de que há muito mais que um competente departamento de marketing profissional pode executar. Qual a empresa no mundo que não gostaria de contar com 40 milhões de clientes fiéis, na alegria ou na tristeza, e que nunca vão migrará para outra companhia, por mais incompetente que seja a direção dessa companhia?
A quem interessa, então, esse modelo? Parece tão óbvio que a profissionalização total do clube é o caminho, que somente interesses menores e pessoais justificam a resistência. De repente, profissionais de sucesso em suas respectivas atividades resolvem se juntar para formar uma chapa para disputar as eleições no Flamengo. Para dar um basta entre a triste Escolha de Sofia nas últimas décadas entre optar pelos bem intencionados desprovidos de competência e os aproveitadores de plantão. Tudo que os flamenguistas sonharam para fechar o gap entre o esporte que se tornou altamente profissional e a estrutura amadora dos dirigentes rubro-negros.
Por isso, me senti na obrigação de colaborar e tentar retribuir tudo que o Flamengo já me deu na vida. Votando na CHAPA AZUL, teremos o nosso Flamengo de volta.
Você foi atleta de basquete do Flamengo. Que ano foi, como foi e porque abandonou as quadras?
Fui atleta do Flamengo entre 1984 e 1995 (12 anos). Joguei em categorias de base e na categoria profissional, até o final do meu último ano de faculdade de Economia na UFRJ.
Deus me propiciou a dádiva de vestir o manto sagrado durante doze anos, e com muita luta tipicamente rubro-negra (nunca fui um grande talento, mas sempre fui capitão dos times que joguei), sagrei-me cinco vezes campeão carioca e duas vezes campeão brasileiro de basquetebol. Fui convocado diversas vezes para seleções carioca e brasileira. Meu apelido no basquete era Pocotov (em homenagem a um atleta russo).
Infelizmente, quando terminei a faculdade, tive que escolher um caminho – a Economia ou o esporte. Minha decisão racional foi pela primeira opção, até porque não era exatamente um “Michael Jordan” (rs).
Recebi da Chapa Azul o convite de assumir a vice-presidência de esportes olímpicos do Flamengo (função que será estratégica, com executivos tocando o dia-a-dia do clube, em um formato completamente diferente do atual). Impossível recusar a convocação, até porque me considero um privilegiado e devedor de tantas alegrias.
Vivi boa parte de minha juventude dentro do nosso clube, nas décadas de 80 e 90. No basquete, tive a honra de participar de uma das gerações mais vitoriosas de nossa rica história, tendo jogado, mesmo muito jovem, com jogadores-símbolos flamenguistas, como Carioquinha, Almir e Pedrinho. Pouco vi o Flamengo perder, em qualquer categoria ou esporte, em nosso pequeno alçapão do Ginásio Togo Renan Soares (Kanela), que também abrigava grandes embates de futebol de salão. Na pequena quadra improvisada do lado, assistia ao treino do vôlei, onde o grande capitão olímpico Nalbert surgia. Andando pelo clube sempre lotado, passava pelo sempre destacado judô e a vitoriosa ginástica olímpica, com a Luiza Parente exibindo os seus primeiros saltos. Um pouco mais adiante, nadava Ricardo Prado, que mais tarde seria medalhista olímpico. No espaço do remo, fazíamos a nossa musculação, sob o olhar atento do lendário técnico Buck e dos irmãos Carvalho, que surgiam sob a admiração da juventude. Escolinhas lotadas, todos disputando espaço. Tempos em que uma ajuda de custo e um vale-lanche eram os principais sonhos de consumo dos atletas, ainda amadores.
No campo de futebol, então, era um êxtase chegar todo dia um pouco mais cedo, para sentar naquela velha arquibancada e se deliciar com o nosso ídolo maior, Zico, além de Júnior, Leandro, Adílio, Andrade, Renato Gaúcho, Bebeto, entre tantos craques.
Enfim, está na hora de voltar aos velhos tempos de vitória.
Quais serão os pilares de sua administração com os esportes olímpicos?
O clube se degradou em vários aspectos ao longo dos anos. O esporte olímpico foi maltratado por algumas administrações e não é surpresa a existência de certo estado de insegurança, caso a chapa da situação não ganhe a eleição. Quero dizer que respeito o trabalho realizado pela atual diretoria em relação aos esportes olímpicos, mas acredito que o nosso Flamengo, na sua grandeza como instituição, merece e pode fazer muito mais para desenvolver o nosso verdadeiro potencial esportivo. (grifos próprios)
A defasagem entre o desenvolvimento dos esportes olímpicos dentro das arenas e do amadorismo da estrutura diretiva é flagrante. Enquanto os atletas se profissionalizaram e, com todo o mérito, passaram a ter seus trabalhos valorizados, alguns grupos políticos acreditam que ineficientes estruturas, literalmente do século passado, ainda servem para o nosso Flamengo. O modelo atual de gestão simplesmente faliu e nem o dirigente amador com a maior boa vontade e paixão do mundo será capaz de ressuscitá-lo.
Acreditamos que somente uma organização esportiva 100% profissional terá competência para arrecadar os recursos necessários – através do aproveitamento de leis de incentivo fiscal, atração de patrocínios via credibilidade de quem negocia, conquista de maior número de sócios e/ou garantia de maior frequência nas escolinhas – para construir um clube do tamanho que merecemos. Diferentemente do "bonde" que o Flamengo literalmente perdeu com o evento da Copa do Mundo (clubes conseguiram até estádios financiados pela boa vontade do Governo Federal), temos que aproveitar de forma integral o evento das Olimpíadas de 2016 no Rio para melhorar nossas instalações esportivas, desenvolver e atrair atletas de ponta e, sobretudo, criar e formar a base da talentosa geração rubro-negra do futuro.
Nosso trabalho: Vice-Presidências estratégicas + Estrutura executiva totalmente profissionalizada + espírito amador da comunidade rubro-negra = Vitória no campo humano e esportivo. Voltaremos a ser imbatíveis! -
A gestão do Clube será feita através de um Conselho de Administração, no qual os vice-presidentes farão parte. Qual de fato será a missão desse Conselho e qual sua importância para a tomada de decisões.
O modelo é simples: Teremos um conselho formado por até 9 vice-presidentes (tentaremos manter abaixo de 10, porque passou de uma dezena há pressão para aumentar), que discutirão todos os assuntos do clube, em reuniões semanais. A partir das deliberações, o Diretor Geral e os Diretores Executivos das quatro unidades autônomas– Futebol, Esportes Olímpicos, Fla- Gávea e Remo – terão total liberdade de atuação. Será realizado um planejamento estratégico com orçamento e metas, como em qualquer empresa, que será reavaliado semanalmente. A estrutura abaixo dos diretores executivos será também totalmente profissionalizada.
Os profissionais serão avaliados periodicamente, sendo premiados os que cumprirem as metas e “punidos” quem não for bem. Com essa filosofia, o dirigente amador se afasta do dia-a-dia do clube, deixando a cargo dos profissionais de confiança a execução do plano estratégico de cada área (traçado pelo Comitê Gestor).
O que você pode trazer da atuação no setor empresarial, gestão de negócios, para a administração de esportes olímpicos do Flamengo?
Fui atleta e hoje trabalho no setor privado. Já trabalhei em grandes bancos, hoje sou um dos sócios controladores de uma empresa de gestão de recursos. Aprendi, no esporte e na vida profissional, que o sucesso na vida depende 80% de transpiração inteligente e apenas 20% de sopros de talento. Foi assim que consegui ter certo destaque no basquete (muita raça, sempre era o primeiro a chegar para treinar e o último a sair).
Não existe sucesso sem princípios profissionais aliados ao amadorismo de quem ama o que faz ou o clube. A Chapa Azul não poupará esforços para nos colocar em um patamar muito superior ao atual, dentro da estatura que merece a grandeza do Flamengo.
Qualquer boato ou informação contrária devem ser imediatamente repelidos. Sabemos que o nosso papel de montar uma estrutura profissional, condizente com as exigências do Século XXI, só alcançará frutos se combinado com a competência, talento e, sobretudo, raça, amor e paixão dos atletas, comissões técnicas, professores, funcionários, mães, pais e filhos, com quem temos o prazer de conviver diariamente na Gávea.
O esporte olímpico terá uma equipe de marketing exclusiva?
Trabalharemos em conjunto com o futuro Vice-Presidente de Marketing para definir esse assunto, ainda em aberto.
Já existe um nome para ser o executivo contratado para tocar os esportes olímpicos?
Não há um nome, mas existe um perfil ideal definido: Tem que ser um profissional de reconhecido sucesso, que alie conhecimento técnico ao perfil gerencial. O cargo é importantíssimo, já que será o link com os gerentes executivos que teremos em cada esporte. Portanto, não pode ser uma pessoa que pense somente em esporte, mas também tenha uma visão maior do clube e do negócio; mas não pode ser um profissional somente de “gabinete”, tem que conhecer esporte para interagir com os atletas, diversos profissionais e gerentes de cada esporte.
Em 2010 o Flamengo teve uma receita de R$ 18 milhões, em 2011 foi de R$ 19 milhões. Mas as despesas sempre foram maiores: em 2010 R$ 45 milhões e 2011 gastos R$ 35 milhões. Como equilibrar as contas, como tornar os esportes olímpicos superavitários?
Temos que nos organizar de forma competente para arrecadar os recursos necessários – através do aproveitamento de leis de incentivo fiscal (por que não criar um grupo especialista no assunto, como existem no Minas Tênis e Pinheiros?), atração de patrocínios via credibilidade de quem negocia (esse é o grande trunfo de nossa chapa), conquista de maior número de sócios (campanha competente de sócio-torcedor e outros) e/ou garantia de maior frequência nas escolinhas (consequência de um clube mais forte).
A idéia é que as receitas correntes - escolinhas + sócios + captações de leis de incentivo sejam suficientes para manter a estrutura do clube funcionando. O ideal é que os patrocínios sejam usados basicamente para fazermos grandes times ou trazermos atletas de ponta.
Como explicar o fato do Clube ter um campeão olímpico e bicampeão mundial e a imagem do Cielo não ser utilizada, a piscina não ter sido reformada. Tem explicação?
Não conheço o contrato do Cielo, seria leviano criticar. Portanto, tudo que eu vou falar é em tese. Acho importante a atração de ídolos, para ganharmos campeonatos no curto prazo e atrair jovens para a formação de atletas e cidadão nos longo prazo.
Agora, o ídolo tem que treinar no Flamengo, estar presente no dia-a-dia do clube e se colocar à disposição para campanhas do clube, a qualquer momento. Afinal, ele é atleta do Flamengo, que sempre será muito mais importante que qualquer um de nós.
Contratar um atleta olímpico para que ele não apareça no clube e, ainda por cima, com a sua “arena” (no caso, a piscina) em péssimo estado me parece contraproducente inclusive para a motivação dos atletas que estão lá, vivendo o dia-a-dia do Flamengo. Fui atleta e sei exatamente o efeito psicológico nefasto que isso pode trazer nos atletas da casa. Eles são o nosso maior ativo, que devem ser valorizados sempre.
O que poderia dizer para os profissionais sérios e competentes dos esportes olímpicos do Flamengo que ainda não se decidiram pela chapa Fla Campeão do Mundo?
Aos atletas e técnicos, a certeza que nosso compromisso é com a excelência. A condição para que o Flamengo participe de uma competição de alto nível é que as equipes tenham a estrutura de preparação disponível e o compromisso inegociável com a vitória. Nas categorias de base, nossa meta sempre será a boa formação da pessoa e do atleta, exatamente nessa ordem.
Com planejamento estratégico, execução profissional e fim da interferência amadora, as chances de alcançarmos os resultados esperados aumentarão exponencialmente.
Aos professores de escolinhas, a certeza de que o belo trabalho de vocês, junto com um suporte mais forte de nossa parte, será continuado de uma forma muito mais produtiva, através da busca permanente de melhor infraestrutura e condições de trabalho.
Às mães e pais, como eu, de atletas federados e das escolinhas, nosso profundo respeito (sei como sofremos e torcemos!!!) e a certeza que o nosso maior investimento será na formação de nossos filhos como cidadãos capazes de seguir a construção de um clube e um país que sonhamos.
E por fim, o Fluminense acaba de abrir as portas do clube para o torcedor alterando seu estatuto, dando uma série de benefícios e o direito a voto. A expectativa é que 20 mil sócios entrem no programa ano que vem, ajudando também na receita do Clube. Existe da chapa o interesse em logo quando assumir, pedir a alteração do estatuto para fazer um sócio-torcedor tratando o seu torcedor como cliente de fato do Clube e democratizando o colégio eleitoral?
O Flamengo conta hoje com 40 milhões de torcedores em todo o território nacional, simplesmente a maior torcida do mundo. Em contrapartida a esse orgulho, a triste realidade de um clube que conta com um número de apenas 6 mil sócios com condições de votar e decidir o futuro da maior paixão brasileira. Desse grupo, nas últimas eleições, apenas cerca de 2 mil se dispuseram a sair de suas casas para votar. Nada mais lamentável, mas cada sócio rubro-negro deve ter a consciência de que está representando cerca de 7 mil flamenguistas por todo o planeta.
O ciclo vicioso, então, se repete a cada eleição. Um pequeno grupo de rubro-negros elege uma chapa que simplesmente não consegue fazer que na eleição seguinte o quadro mude. Estes mesmos dirigentes trabalham em suas atividades particulares e chegam ao final do dia no clube para começar a se inteirar dos problemas e tomar decisões. Enquanto isso, as empresas de marketing, os empresários de jogadores e os patrocinadores trabalham vinte quatro horas por dia, de forma completamente profissional, para atender legitimamente os seus interesses. Infelizmente, nos últimos anos, a reunião de dirigentes amadores normalmente despreparados com profissionais preparados defendendo seus interesses sobre uma marca como o Flamengo, tem gerado enormes prejuízos financeiros e, sobretudo, morais ao nosso clube.
A marca Flamengo merece se melhor tratada. Outra lenda que foi completamente desmistificada nos últimos anos foi de que “um clube, para ter um aumento de sua base de sócios torcedores, necessitaria possuir um estádio”. Acreditando nessa outra mentira que virou verdade de tanta repetição, vimos diversos times, com e sem estádio, aproveitarem a onda do sócio-torcedor e chegarem a mais de 100 mil sócios (caso do Inter) e entre 50 e 70 mil (casos de Grêmio, Corinthians e São Paulo) e entre 20 e 40 mil (Vasco, Santos, Atlético Paranaense e Cruzeiro). É triste ver uma classe de rubro-negros se orgulhando que o Flamengo ultrapassou a marca de 10 mil sócios, enquanto o Ceará, com todo o respeito que merece, conta com 16 mil sócios. É muito triste assistirmos ano após ano a falta de uma mínima competência para transformar a força do Flamengo em renda para o clube. A verdadeira obsessão pelo famoso patrocínio master cega a mais óbvia conclusão de que há muito mais que um competente departamento de marketing profissional pode executar. Qual a empresa no mundo que não gostaria de contar com 40 milhões de clientes fiéis, na alegria ou na tristeza, e que nunca vão migrará para outra companhia, por mais incompetente que seja a direção dessa companhia?
A quem interessa, então, esse modelo? Parece tão óbvio que a profissionalização total do clube é o caminho, que somente interesses menores e pessoais justificam a resistência. De repente, profissionais de sucesso em suas respectivas atividades resolvem se juntar para formar uma chapa para disputar as eleições no Flamengo. Para dar um basta entre a triste Escolha de Sofia nas últimas décadas entre optar pelos bem intencionados desprovidos de competência e os aproveitadores de plantão. Tudo que os flamenguistas sonharam para fechar o gap entre o esporte que se tornou altamente profissional e a estrutura amadora dos dirigentes rubro-negros.
Por isso, me senti na obrigação de colaborar e tentar retribuir tudo que o Flamengo já me deu na vida. Votando na CHAPA AZUL, teremos o nosso Flamengo de volta.
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