domingo, 30 de junho de 2013

As folclóricas histórias do atacante Peu

No Livro “1981, o Ano Rubro-Negro”, o jornalista Eduardo Monsanto narra três passagens interessantes com depoimentos de jogadores sobre os bastidores da viagem ao Japão, palco da consagração do Flamengo quando chegou ao topo do mundo, ao conquistar o título sobre o Liverpool.

Em pelo menos três dessas histórias, Peu está presente.

Uma delas é contada pelo então médio-volante Andrade. “O Peu, quando chegou de Maceió, era meio matuto. Então, nego pegava no pé dele. O botão de acender a luz ficava do lado do banco do avião. Aí, o Júnior começou a zoar: ‘Peu, presta atenção: eu vou apontar para a lâmpada, ela vai acender. Quando eu estalar o dedo, ela vai apagar.’”

Só que o Zico estava controlando o interruptor, enquanto o Júnior apontava ali. “Ó, Peu, vai acender. Ó! Bum!”. Acendia. Depois estalava o dedo. “Ó, apagou.”

Peu ficava embasbacado. “Como é que o cara faz isso? O Peu ficou com aquele negócio na cabeça. Quando nego já estava dormindo, chega de madrugada, está o Peu sozinho lá, imitando o gesto que o cara fazia. Apontando para tentar acender a luz. Nego ria pra caramba...”, conta Andrade.

Em outra passagem engraçada sobre Peu, Nunes, ainda no livro de Monsanto, relembra: “O Júnior falou para o Peu: Ó, você vai ter problema para entrar no Japão. Por quê? Porque no passaporte você está sem bigode, e agora você está usando bigode. Vai dar problema, não vão deixar você entrar!”.

O Peu ficou maluco dentro do avião! O pessoal foi descansar um pouco, ele foi para o banheiro. Daqui a pouco, ele volta com o barbeador na mão e sem bigode!

“É ruim que eu não vou entrar no Japão, hein?”, resmungou Peu.

Segundo Peu, a história famosa do bigode foi uma armação do Zico com o Júnior. Quando já estava quase chegando ao Japão, veio o anúncio: “jogador Peu, compareça à cabine do avião”. 

“Quando eu chego na cabine, o comandante falou pra mim todo sério: ‘Olha, Peu, você tem que tirar seu bigode porque o seu nome não tá na lista de quem tem bigode. Ou você tira, ou você volta comigo’”.

Então Peu falou: “Pô, fiquei o ano todinho batalhando, treinando tanto e agora, na hora boa, eu vou estar fora, é?”

Ele falou: “Toma aqui, Peu. Barbeador, cremezinho, vá no banheiro e tire. Senão, você chega lá e volta”.

“Aí eu saí de lá todo triste, cabisbaixo, entrei no banheiro tirei o bigode. Aí, quando eu abri a porta, tava todo mundo me esperando. Rede Globo, os fotógrafos de O Globo, O Dia, os jogadores. Os caras fizeram a festa. Armaram legal, eu caí e tirei o meu bigode!”, conta no livro. 

Fora as gozações, a Gazeta pergunta a Zico o que ele diria para o Peu, hoje: “Era um cara que jogava com muita qualidade, com muita técnica. E se não fosse na minha posição, ele jogaria com muita tranquilidade em qualquer clube do Brasil naquela época”, atesta o Galinho.

A Gazeta entrevistou também dois ícones daquele time que encantou o mundo: Nunes e Adílio. Eles endossam as palavras de carinho a Peu.

“A gente tinha e ainda tem muito carinho pelo Peu. Ele nos ajudou bastante na Taça Libertadores e no Mundial de Tóquio”, ressalta Nunes, apelidado de artilheiro das grandes decisões e de “João Danado”.


Fonte: Gazeta de Alagoas

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