Certamente o título do Vasco no último domingo provocou momentos extras com picos de raiva contra a FERJ e o TJD-RJ em corações rubro-negros. O fato é que não jogamos bola suficiente para justificar lamúrias pela perda do título (bom lembrar que em 2014 também não jogamos, apesar de campeões). A raiva não é nem pelo pênalti inventado no segundo jogo da semi-final, porque foi lance de jogo, destes passíveis de erro de interpretação do árbitro (como o gol do Márcio Araújo, que qualquer um só viu impedimento no replay com a imagem congelada). Rubro-negro não é e nunca será adepto do xororô botafoguense (que mais recentemente, pela seca de títulos, havia virado comum também nos vascaínos).
O problema é o conjunto da obra: desde a armação de deixar um portão aberto para invasão na estréia em Macaé até as suspensões direcionadas a Fla-Flu do TJD. Ainda que tenhamos jogado uma bolinha que nem sem estas estranhezas deveria ter dado em título. Friamente, o futebol jogado pelo Vasco muito provavelmente foi o “menos pior” deste Carioca 2015. Mas ainda assim é inegável que as artimanhas sem caráter dos bastidores do futebol do Rio de Janeiro mais uma vez mostraram que não é a toa que o futebol carioca vem ficando para trás no cenário nacional. O duro é ver o refortalecimento dos elos que destruíram o futebol da cidade (o do resto do estado não foi destruído, porque nunca foi relevante). Tudo bem, vamos embora daqui então! Afinal, os incomodados que se mudem. Mas será que vamos para algum lugar mesmo? Será que há algo além do resmungo aí?
A diretoria do Flamengo supostamente está esgotando os miolos em encontrar termos jurídicos que deem jurisprudência à mudança radical. Tomara que sejam tão competentes que possam ir além do que minha criatividade consegue imaginar como possível. Tomara que me provem que sou eu que não estou conseguindo pensar "fora da caixa". Do que realmente se está falando? Há algo concreto por trás das ameaças Fla-Flu?
Desfiliação da FERJ? Ninguém vai fazer, porque para filiar-se a outra federação não pode entrar na 1ª divisão. E ainda que pudesse: onde seria o campo de treino? Qual o custo em manter jogos em outros estados? É só fazer uma conta rápida "de padeiro" e facilmente se conclui que é uma opção que não pára de pé financeiramente falando. Não vale a pena.
Tá bom. Mas e sem desfiliação, jogando outro Estadual por convite? Óbvio que também não é realizável. Precisaria de autorização da FERJ e é óbvio que ela não dará. Por que daria? É abrir mão da galinha dos ovos de ouro em favor de uma outra Federação. Se a FERJ fosse uma Federação rica... o que até poderia ser se fosse mais moderna e mais competente, mas não é. Rico abrir mão de galinha dos ovos de ouro já seria difícil, pobre então. Esqueçam!
Talvez desse para jogar a Copa do Nordeste e a Copa Verde (jogos em Manaus e Brasília) que são organizadas por clubes e não por federações. Deixariamos um Sub-23 jogando o Carioca (como o Atlético Paranaense já fez), e jogariamos por convite. Como México e EUA jogam em Copa América (a Jamaica jogará no lugar dos EUA a deste ano). Até o Japão já jogou uma Copa América assim. E como os clubes mexicanos jogam a Libertadores. Quando campeões, são campeões simbólicos, mas o título mesmo é de um filiado, que eventualmente pode terminar vice. Por não ser uma competição ligada a uma federação, dependeria de auitorização da FERJ? Há margem na lei do futebol brasileiro para isto?
A outra opção é botar o Sub-23 no Carioca e correr o mundo fazendo amistosos. Tem calendário além do período de Pré-temporada? Fazer uma Pré-temporada junto com o Fluminense não seria novidade. Aos moldes do que Flu e Corinthians fizeram nos EUA este ano, e como vários clubes europeus já fizeram juntos na China e nos EUA. Num passado muito muito distante, o Flamengo mesmo já fez... em abril de 1966, Flamengo e Corinthians excursionaram juntos por quase um mês, jogaram no Equador, duas vezes na Nicarágua e na Guatemala... em 1978 Fla-Flu também fizeram pré-temporada juntos na Espanha. Fazer uma pré-temporada conjunta Fla-Flu na China, nos EUA ou nos Emirados Árabes seria uma saída inteligente. Mas cobriria a receita líquida proporcionada pelo Carioca?
Tem que fazer conta e o balanço de receitas e despesas tem que dar no mínimo zero a zero com o de jogar o Carioca. As duas últimas opções poderiam ser combinadas: jogar o Carioca 2016 com um Sub-23, fazer excursão de pré-temporada de um mês no começo do ano, e jogar como equipe convidada a Copa do Nordeste e a Copa Verde (é só trabalhar politicamente para conciliar as datas que dá para jogar ambas), e ainda começar a Copa do Brasil com o Sub-23 também.
Cabe só um parênteses: os torneios de futebol no Brasil estão com suas transmissões distribuídas de forma que Campeonatos Estaduais e Nacionais são da Rede Globo, Campeonatos Sul-Americanos são do Fox Sports, Campeonatos Europeus são da ESPN e a Copa do Nordeste é do Esporte Interativo. Politicamente é aconselhável ponderar isto para não pagar preços indiretos por decisões precipitadas.
A questão é saber: do que realmente estamos falando? Se este barulho todo não virar ações concretas, para logo com esta porra deste xororô e deixa claro que a lei do futebol brasileiro não dá abertura para tais aventuras.
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