terça-feira, 29 de março de 2016

FLAMENGO: Resultados Financeiros de 2015, evolução trimestral

O Flamengo publicou o Balanço Financeiro Consolidado de 2015. Antes de apresentar a evolução comparativa frente aos exercícios dos anos anteriores, será mostrada a evolução trimestral ao longo de 2015. Alguns números tiveram sensível piora no 4º trimestre do ano.

Para relembrar os resultados anteriores, revisite a análise detalhada dos números referentes ao fechamento de 2014 (veja aqui) e análise dos números do 1º Trianálise dos números do 2º Tri e análise dos números do 3º Tri.

A análise mais uma vez se debruçará sobre indicadores de estoque: Empréstimos de Curto Prazo, Dívida e Razão Dívida/Receita Anualizada (indicadores de estoque são um retrato de momento) e em indicadores de fluxo: Receita Total, Receitas Brutas do Futebol e Resultado Líquido (os indicadores de fluxo são crescentes no exercício, acumulando-se ao longo do ano até o resultado anual final).

Eu havia dito na Análise do Balanço Financeiro de 2014: "o que mostra como a situação, ainda que tendo melhorado bastante, está longe de ser tranquila é que cresceram nestes dois anos tanto os Empréstimos com vencimento de curto prazo (eram R$ 70,9 milhões no fechamento de dezembro de 2014), quanto o volume de Contas a Pagar de curto prazo (eram R$ 51,8 milhões no fechamento de dezembro de 2014). Estas duas rubricas precisam ser atentamente acompanhadas nos exercícios de 2015 e 2016".

Estas contas precisam ser monitoradas de perto, como termômetro da Saúde Financeira do Flamengo. As contas a pagar de curto prazo estão estáveis, já os empréstimos seguem em preocupante viés de alta! É nesta rubrica que cabe maior atenção! Ao fim do 3º Tri 2015, eram R$ 74,2 milhões em empréstimos de curto prazo, bem acima dos R$ 53,7 milhões do fim do 1º Tri e acima dos R$ 70,9 milhões do fim de 2014, e muito maior ainda do que os R$ 32,3 milhões verificados no fim de 2013. Já era muito. No 4º trimestre, o volume saltou para R$ 101,4 milhões, um aumento de 43% sobre o mesmo período do ano anterior. Isto mostra que em breve haverá pressão para rolamento deste endividamento, o que muito provavelmente, dada a conjuntura de queda de algumas receitas, deverá provocar a interrupção do ciclo de melhoras dos resultados financeiros do clube.


Quanto aos fluxos, notícias muito boas! O nível de receitas do Flamengo continua muito bom, mantendo o patamar de 2014, quando o clube passou a ser o líder em receitas no futebol brasileiro.

O Flamengo teve em 2014 a maior receita da história do futebol brasileiro: R$ 334,3 milhões. A receita do 1º Tri 2015 havia sido maior que a do 1º Tri 2014 (R$ 86,8 MM vs R$ 85,7 MM, um aumento de R$ 1,1 milhão). A do 2º Tri foi levemente menor que a do 2º Tri 2014 (R$ 163,7 MM vs R$ 164,9 MM). No 3º Tri o acumulado supera em quase R$ 10 milhões o resultado no mesmo período do ano anterior (R$ 253,0 milhões vs R$ 243,2 MM). O Flamengo fechou 2015 com R$ 339,5 milhões em receitas operacionais líquidas, um crescimento de 1,5%.


Abrindo as receitas do futebol, vemos que elas mantiveram o forte crescimento de 2014 para 2015. As receitas brutas, sem o desconto dos impostos pagos, haviam fechado o 3º Tri de 2015 em R$ 234 milhões, acima dos R$ 219 milhões verificados no mesmo período do ano anterior. O 4º Tri fechou com R$ 309 milhões, cumprindo a expectativa feita na análise anterior de um número superior ao do fechamento de 2014 (fechou 2% acima).


Houve sensível melhoria de receita com as Transmissões de TV. As receitas com a televisão cresceram R$ 13 milhões (R$ 128 MM em 2015 contra R$ 115 em 2014, um aumento de 11,1%).


As receitas de bilheteria reverteram a queda em 2015 observada nos dois primeiros trimestres. A arrancada, com melhoria de desempenho no Brasileiro foi a grande responsável pelo excelente resultado. O desempenho fechou o ano R$ 4 milhões acima do observado no acumulado 2014, um ganho de 9% (mas com desaceleração no 4º tri por conta da queda de rendimento do time no Brasileiro, note que no 3º trimestre o ganho era de R$ 11 MM frente ao ano anterior).


A receita com patrocínio do futebol também teve um excelente resultado, R$ 5 milhões a mais do que o verificado no ano anterior. Coroa o excelente trabalho de marketing da diretoria. Com a crise econômica grave pela qual passou o país, esta rubrica tende a sofrer em 2016, mas é um problema que já afeta a todos os clubes, que tendem a sofrer neste quesito mais do que o Flamengo (muitos já estão sofrendo bastante).


Por fim, as receitas com o Sócio-Torcedor, que caíram na comparação de todos os trimestres de 2015 frente aos trimestres de 2014. O fechamento de 2015 foi ligeiramente inferior aos R$ 30 milhões obtidos em 2014, queda de R$ 800 mil (30,4 vs 29,6).


O Resultado Líquido manteve seu caminho de expressivo superávit. Em 2014 e em 2015 o Flamengo teve por dois anos consecutivos o maior superávit do futebol brasileiro e os maiores da história do clube. No 1º Tri 2015 o resultado superou em R$ 4,1 milhões o do 1º Tri 2014. No 2º Tri 2015, porém, ficou R$ 2,4 milhões abaixo do de 2014. O 3 Tri havia fechado com impressionantes R$ 142,1 MM contra R$ 52,9 MM do 3º Tri 2014. O resultado consolidado do ano foi de R$ 130,5 MM, mais do que o dobro do obtido em 2014, que já era excelente!


Por fim, voltando aos estoques: a dívida do Flamengo subiu no 4º trimestre frente ao fechamento do 3º trimestre! No fim de 2012, a dívida era de R$ 715 milhões. No fim de 2013 estava em R$ 626 milhões (queda de R$ 89 milhões no ano). No fim de 2014 terminou em R$ 577 milhões (queda de R$ 49 milhões no ano). Ao fim do 3º Trimestre de 2015 havia fechado em R$ 463 milhões. No fim de 2015 fechou em R$ 481 milhões (queda de R$ 96 milhões frente a 2014, mas aumento de R$ 18 milhões frente ao 3º trimestre de 2015). A perspectiva para 2016 é de que feche o ano na casa de R$ 400 milhões.


O endividamento mantém uma trajetória de queda. A razão entre dívida e receita era de 3,6x no fim de 2012, passou a 2,4x no fim de 2013 e a 1,7x no fim de 2014 e agora está em 1,4x. Excelente desempenho, aproximando-se da relação observada em clubes cujas finanças são consideradas exemplo, e não por coincidência são os clubes que brigam na ponta da tabela do Campeonato Brasileiro na última década. Neles esta proporção está abaixo de 1,0x.



O histórico das análises publicadas no blog está em: Gestão Azul: Diário da Revolução Prometida.

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