Os fantasmas que assombraram o clube no começo de ano deixaram o começo do Brasileiro 2016 bastante tumultuado. Depois de ser eliminado do Carioca pelo Vasco, o Flamengo caiu na Copa do Brasil diante do Fortaleza, uma eliminação que representava a pior campanha rubro-negra na história da competição. Para dificultar ainda mais as coisas, Muricy Ramalho sofreu uma arritmia cardíaca e se afastou do futebol, rompendo o contrato. As duas apostas da Gestão Azul em técnicos renomados, Mano Menezes e Muricy Ramalho, romperam contrato antes do fim. Os erros na gestão do futebol também se acumulavam, no início da campanha no Campeonato Brasileiro o clube se viu sem zagueiros no elenco, e precisou passar pela esdrúxula situação de jogar uma partida com a dupla de zaga do time sub-20 e sem zagueiros de reposição no banco de reservas. Ao longo do turno foi contratando para requalificar o elenco.
Psicologicamente exaurido pelas críticas que recebia das arquibancadas e das redes sociais, na véspera da estréia, o zagueiro Wallace abandonou a concentração e pediu para ser negociado (acabou indo para o Grêmio). César Martins foi devolvido ao Benfica, de Portugal, após o fim do empréstimo. Sem poder jogar no Rio de Janeiro, pois os estádios estavam entregues à organização dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Com o jovem Léo Duarte como titular na zaga, e com o treinador Campeão da Copa São Paulo Sub-20, Zé Ricardo, comandando a equipe, o Flamengo terminou as cinco primeiras rodadas dentro do G-4 do campeonato. Venceu o Sport por 1 x 0, perdeu para o Grêmio em Porto Alegre por 1 x 0, empatou em 2 x 2 com a Chapecoense, venceu a Ponte Preta por 2 x 1 em Campinas, e ganhou do Vitória por 1 x 0. Usou o Estádio da Cidadania, o Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, no sul do estado do Rio, para mandar seus jogos.
A partir de então passou a usar o Estádio Mané Garrincha, em Brasília, para mandar seus jogos. Na sequência do Brasileiro, o momento mais crítico do Turno, quando sofreu duas derrotas consecutivas, por 2 x 1 para o Palmeiras, e por 1 x 0 para o Figueirense em Florianópolis. Período no meio do qual, enfim, conseguiu contratar dois zagueiros para recompor o setor: Rever e Rafael Vaz, o último tirado do rival Vasco. Recuperou-se com uma vitória importantíssima por 1 x 0 sobre o Cruzeiro, no Mineirão, em Belo Horizonte. Daí, empatou por 2 x 2 com o São Paulo, numa partida na qual perdeu um pênalti aos 48 minutos do segundo tempo, e voltou a vencer fora de casa: 1 x 0 sobre o Santa Cruz, no Recife.
Viveu um momento de oscilações perigoso para a continuidade da boa campanha. Perdeu de 2 x 1 para o Fluminense, venceu por 1 x 0 ao Internacional, levou uma goleada de 4 x 0 do Corinthians, bateu o Atlético Mineiro por 2 x 0 e empatou em 3 x 3 com o Botafogo. Estava difícil vencer clássicos cariocas. Mas o time se mantinha oscilando entre a 4ª e a 6ª colocação na tabela.
Precavendo-se contra eventuais perdas de jogadores durante a abertura da janela de transferências para o exterior (o que não aconteceu), fez três contratações de peso para a sequência do campeonato: o zagueiro argentino Donatti, adquirido por uma boa soma junto ao Rosario Central, o atacante Leandro Damião (para suprir as ausências de Guerrero nas convocações para defender o Peru nas Eliminatórias) e a mais badalada das contratações, o meia Diego Ribas, ex-Santos, Porto, Juventus, Atlético de Madrid, Werder Bremen, Wolfsburg, Fenerbahce e Seleção Brasileira. Definitivamente, os frutos do ajuste financeiro chegavam, o Flamengo parecia pronto para entrar numa nova era de grandes contratações. Com uma campanha sólida no Brasileiro, o sonho com o título era real, ainda mais porque o elenco estava encorpado.
O time titular de Zé Ricardo: Alex Muralha, Rodinei, Rafael Vaz, Réver e Jorge; Márcio Araújo, Willian Arão, Diego e Everton; Marcelo Cirino e Paolo Guerrero. A diferença de ter as contas ajustadas pode ser vista na formação de um elenco capaz de oferecer uma variedade de peças de reposição qualificadas ao treinador, pré-requisito fundamental para uma competição com 38 rodadas, uma prova de resistência, e não de explosão. O time reserva à disposição do treinador: Paulo Victor, Pará, Donatti, Juan (Léo Duarte) e Chiquinho; Cuéllar, Alan Patrick, Mancuello (Adryan) e Gabriel (Ederson); Fernandinho (Emerson Sheik) e Leandro Damião (Felipe Vizeu).
Nas parte final do turno, o Flamengo passou a mandar seus jogos em Cariacica, no Espírito Santo. Era o terceiro estádio diferente no qual o clube mandava seus jogos durante o campeonato. A sequência daí para frente foi muito boa. Vitórias sobre o América Mineiro por 2 x 1, por 2 x 0 no Coritiba no Couto Pereira, em Curitiba, empate sem gols com o Santos, e vitória por 1 x 0 sobre o Atlético Paranaense para fechar o turno. Na estréia do returno, derrota por 1 x 0 para o Sport, em Recife, e vitória por 2 x 1 sobre o Grêmio, num confronto direto pela ponta da tabela, era a estréia de Diego e o primeiro jogo de Leandro Damião começando a partida, vitória rubro-negra com um gol de cada um.
A vitória colocou o Flamengo novamente dentro do G-4. Com 37 pontos, estava apenas três atrás do líder Palmeiras. A pontuação representa a melhor campanha rubro-negra nas 21 primeiras rodadas na história do Brasileiro por pontos corridos. O time terminou a rodada em 4º lugar, com o mesmo número de pontos do Corinthians, 3º colocado, e 1 ponto atrás do vice-líder, o Atlético Mineiro.
Cheia de esperança, a torcida rubro-negra se perguntava: novos tempos de glória haviam chegado?
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