Atualizando o tema abordado aqui umas semanas atrás, no texto "Estádio próprio, Flamengo? Não vão te deixar!", principalmente porque o clube anunciou em 21 de novembro a assinatura de um contrato para uso por três anos do Estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, local que já foi a casa do Flamengo no passado, e que abrigou ao Botafogo no Brasileiro 2016. Muitas vozes na imprensa, que quase sempre precisam criticar por criticar, num puro palpitismo, anteciparam-se para dizer que não é uma casa para o tamanho do Flamengo.
Vozes palpitando sempre se soerguirão, assim como foi quando disseram que o Flamengo havia tomado uma passado de perna do Botafogo pela utilização do estádio da Ilha em 2016. Atirar pedra é sempre fácil do que ser vidraça. Mas vamos refletir...
Neste texto de dias atrás eu falei: "Uma construção alternativa, não definitiva (...) um estádio com estrutura dupla, inferior com capacidade até 18 mil pessoas, e superior ampliando a capacidade total para 30 mil pessoas - flexibilizando o custo por evento - seria uma belíssima solução alternativa (...) É preciso uma opção pequena, uma média e uma grande. A pequena e a média podem estar no mesmo terreno".
A solução encontrada com o Estádio da Ilha do Governador como solução temporária (contrato de três anos prorrogável por mais três) e com ampliação de capacidade para algo entre 20 e 25 mil espectadores atende perfeitamente à minha sugestão como solução pequena e média no mesmo terreno. E feita por um tempo que é o mesmo estimável, dada a experiência de autorização da construção da Arena McFla na Gávea, que é preciso para se conseguir todos os alvarás, licenças, autorizações e burocracias sem pagamento de propina ao corrupto setor público brasileiro.
É uma solução que atende perfeitamente às necessidades dos jogos que o Flamengo precisou mandar em Macaé, Volta Redonda e Cariacica nos últimos anos. Não é a estratégia para substituir o Maracanã, e nem era para ser mesmo. E, ao mesmo tempo, manda uma mensagem claríssima para o Governo do Estado do Rio de Janeiro, o Consórcio Maracanã, e os interessados em administrar o estádio na eventual transferência de consórcio: não são palavras ao vento, é uma estratégia sólida.
E esta estratégia está claríssima nas palavras perfeitas de Fred Luz ditas para o programa Tá na Área, do Sportv, em 21 de novembro de 2016: "O Maracanã é um sonho de muita gente, um ícone da cidade do Rio de Janeiro. Muitas vezes ele alimenta expectativas de se fazer receita que na nossa opinião não é tão fácil assim. Então, acaba que a empresa que vai desejar ter lucros vai querer construir esses lucros em cima das receitas dos clubes de futebol do Rio. O Flamengo não concorda mais com isso. O Flamengo acha que as receitas dele, geradas pelos torcedores, são para melhorar o seu time de futebol, para investir nas instalações, para que o clube possa ser cada vez mais competitivo. O clube não vê com bons olhos a operação na mão de um intermediário que vai querer fazer lucro às custas das receitas do Flamengo". Como diriam os críticos de cinema: bonequinho bate palmas de pé!
Para dar um cheque-mate nesta mesa de negociação, e deixar Governo do Estado, Consórcio Maracanã (Odebrecht) e Lagardere de calças arriadas, faltaria só mais um movimento.
Ter o estádio na Ilha do Governador como solução temporária por três anos prorrogáveis por mais três, enquanto constrói seu próprio estádio alternativo para jogos de menor atratividade, equaciona a opção de pequeno e médio porte. Falta equacionar a opção de grande porte. Qual a alternativa para os jogos de maior porte? Mané Garrincha e Pacaembu, por exemplo, não podem ser rotina. Uma solução temporária e que não comprometeria a condição física do elenco, seria usar o Engenhão.
Se a diretoria do Botafogo vai ter má vontade? Tudo é uma questão de preço.
Se fizer uma proposta de aluguel temporário, por 1 ano, pagando ao Botafogo para jogar lá, eles não vão se negar. Eles não estão em condições econômicas que permitam se dar ao luxo de negar um caixa extra só por orgulho. O Flamengo já sabe qual é a estrutura de custo para jogar no Maracanã, se começar oferecendo um terço desta valor como aluguel para o Botafogo, dando alguma margem para contra-propostas que até elevem um pouco esta proposta inicial, obviamente garantindo sua viabilidade financeira da operação, permitindo também que o Botafogo tenha seu lucro, e se certificando de ter controle operacional da bilheteria nos dias de jogos, para não ser garfado, todos saem ganhando. É mais barato do que o Maracanã. É dar um passo atrás para depois dar dois a frente.
Fechando esta estratégia, o outro lado da mesa de negociação estaria definitivamente muito pressionado, pois morreria com uma miquilina na mão que custaria muito caro. Dá-lhes um gelo! Faz eles virem até nós na negociação, em vez de ficarmos nós correndo atrás deles. Se eles estão enrolando, empurrando com a barriga, esperando que entremos em desespero para que aceitemos qualquer coisa. Vamos nós deixar em eles em desespero. Vamos nós fazer com que o relógio corra contra eles e não contra nós.
E aos jornalistas que ainda não entenderam: Ilha do Governador não é Maracanã, estúpido! E nunca foi para ser mesmo!
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