sábado, 11 de novembro de 2017

C. R. FLAMENGO: Resultado Financeiro do 3º Trimestre 2017

O Flamengo publicou o resultado financeiro consolidado de fechamento do 3º semestre de 2017. Para efeitos de comparação frente a todos os resultados, visite as análises detalhadas feitas aqui neste blog em Transparência Rubro-Negra.

Como sempre, a análise se debruçará sobre indicadores de estoque: Empréstimos de Curto Prazo, Dívida e Razão Dívida/Receita Anualizada (indicadores de estoque são um retrato de momento) e em indicadores de fluxo: Receita Total, Receitas Brutas do Futebol e Resultado Líquido (os indicadores de fluxo são crescentes no exercício, acumulando-se ao longo do ano até o resultado anual final).

Iniciando-se o termômetro da Saúde Financeira do Flamengo pela situação dos Empréstimos, os volumes de empréstimo de curto prazo mostram que a situação financeira do clube ainda não é totalmente tranquila. Mas o mais importante é que a tendência de queda permanece. Os números seguem indicando que 2017 tem tudo para ser o último ano com o fluxo de caixa rubro-negro sob pressão, os empréstimos de longo prazo diminuíram bastante nos últimos trimestres, e os de curto prazo já indicam um rumo declinante. Entrando receita, há se sanado esta ferida. É preciso manter a trajetória de redução desta exposição para se chegar à plena solvência, sem riscos. 


O nível de receitas do Flamengo continua excepcional. E o que é melhor em 2017: todas as linhas, conforme detalharemos uma a uma abaixo, apresentam melhora de resultado. Os números do ano se inflaram com as vendas do lateral-esquerdo Jorge para o Monaco, da França, e com a venda de Vinícius Júnior para o Real Madrid, maior transação de um jogador sub-20 da história do futebol!

É impressionante as escalada do volume de recursos que entraram. O Flamengo teve em 2014 a maior receita da história do futebol brasileiro até então: R$ 334,3 milhões. Fechou 2015 com R$ 339,5 milhões em receitas operacionais líquidas. E em 2016, foi o primeiro clube do futebol brasileiro a fechar as receitas brutas acima de R$ 0,5 bilhão, com a receita líquida, descontados os impostos incidentes sobre receita, fechando o ano em R$ 483 milhões. Só o 1º semestre de 2017 o resultado já havia sido superior aos volumes até então recordes, não só do clube como de todo o futebol brasileiro, obtidos em 2014 e em 2015. O acumulado até o 3º trimestres de 2017 - R$ 510 milhões - já supera o acumulado em todo o ano de 2016.


Não é feita a abertura por rubricas da receita líquida, apenas da bruta. Então, analisamos a seguir, caso a caso, os pontos deste expressivo resultado.

Abrindo as receitas do futebol, o óbvio, que não poderia deixar de ser, é onde aconteceu esta explosão de crescimento. A receita do futebol acumulada nos três primeiros trimestres do ano alcançou R$ 491 milhões, superando os R$ 454 milhões acumulados no ano inteiro de 2016.


Em 2016 havia sido o ano de crescimento de receitas sustentado nos resultados obtidos com as Transmissões de TV. As receitas com a televisão haviam crescido muito com o contrato com a TV Globo para o Campeonato Brasileiro que havia entrado em vigor. Em função das luvas recebidas em 2016, e com a perda de importância da Primeira Liga, os resultados deste ano apresentam leve decrescimento frente aos obtidos no ano anterior, mas muito próximo do mesmo patamar. Mas fechará 2017 certamente abaixo dos R$ 297 milhões obtidos em 2016.


As receitas de bilheteria, infladas pela participação rubro-negra na Libertadores, cresceram assombrosamente no 1º semestre. Foram R$ 30 milhões só no 1º semestre, mais do que o acumulado em três trimestres de 2016. No 2º semestre, ao chegar à final da Copa do Brasil, o Flamengo conseguiu salvar o ano neste quesito, compensando as receitas menores obtidas nos jogos na Ilha do Governador, que serviu como uma estratégia útil de redução de custos, pois o prejuízo de atuar no Maracanã haveria sido maior.

Os recordes anuais históricos de arrecadação com bilheteria foram: 1º) R$ 48,9 milhões em 2013, 2º) R$ 43,7 milhões em 2015. O clube tem tudo para superar estas marcas em 2017. É sempre bom lembrar como referência também: em 2012 o Flamengo terminou o ano com uma arrecadação de R$ 9,5 milhões em bilheteria. Só nos três primeiros trimestres de 2017 a receita acumulada com bilheteria alcançou R$ 47 milhões, e num período de forte crise econômica no Brasil. É uma mudança de patamar impressionante! Mas o clube terá que seguir lidando com os argumentos contrários ao estilo "Ilha do Uruburguês", e aí será uma decisão estratégica de negócio: aspirar fazer frente ao futebol europeu, ou fazer política para pacificar os ânimos?


Excepcional a melhora de resultados também com Patrocínios, o que obviamente é uma consequência direta da melhora de todas as outras rubricas. Agora o patrocinador se sente mais confortável e mais seguro em investir no clube, pois o retorno para a marca, não há dúvida, é enorme e garantido. Como referência, porém, há que se lembrar que em 2015 o Flamengo arrecadou R$ 85,5 milhões, seu maior patamar neste quesito. Com a Carabao passando ao patrocínio master da camisa a partir de 2018, o resultado tende a crescer ainda mais. A arrecadação de R$ 66 milhões só nos três primeiros trimestres, igualando o resultado do ano anterior inteiro, mostra que o clube está no caminho para retomar os resultados aqui, superando o ano difícil que foi 2016 neste quesito.


Explodiu também o resultado das receitas com o Sócio-Torcedor, com o Flamengo tendo durante o ano superado pela primeira vez a marca de 100 mil STs ativos. O fechamento de 2016 foi de R$ 26 milhões, inferior aos R$ 29,6 milhões obtidos em 2015 e aos R$ 30,4 milhões obtidos em 2014. Nos três primeiros trimestres de 2017 a arrecadação já bateu R$ 31,7 milhões. O resultado do ano superará R$ 40 milhões, em uma rubrica nova, que não existia para as finanças do clube até 2012.






Assim, a receita com torcida (Bilheteria + Sócio-Torcedor) volta a ter um resultado esplendoroso! O Flamengo fechará 2017 com resultados muito superiores aos historicamente obtidos com sua torcida. Em 2014 fechou o ano com R$ 70,5 MM neste tópico, em 2015 o resultado anual foi de R$ 73,3 e representou seu recorde histórico. Em 2016 caiu para R$ 65,8 MM. Só nos três primeiros trimestres de 2017 já foram gerados R$ 79,9 milhões. Superar a impressionante marca de R$ 100 milhões não é um sonho, é uma possibilidade real.

É um show, um espetáculo de eficiência sobre as gestões anteriores! Sempre se escutou a máxima: "se cada torcedor do Flamengo desse R$ 1,0 de seu bolso, os problemas financeiros do Flamengo estavam resolvidos". Pois bem, em 2012, o resultado com torcida equivalia a R$ 0,25 (vinte e cinco centavos) dados por cada torcedor no ano. O número em 2017 equivale a algo como se cada torcedor estivesse dando R$ 3,00 por ano do seu bolso para o clube. É muita diferença! É a máxima de botequim escutada antes, colocada em prática!


O Resultado Líquido manteve seu caminho de expressivo superávit, assim como se vem verificando desde 2014, é uma gestão no azul! Só mostra que o aumento dos gastos com a folha salarial do futebol é plenamente sustentável. Ainda assim, tem muito idiota falando besteira na mídia.


Excepcional o resultado também referente ao quadro de endividamento. São puras boas notícias! Quantos anos não passamos escutando que na hora de ganhar dinheiro, a boa gestão não podia se empaturrar em gastos desmedidos e tinha que investir nas questões estruturais do clube?

A dívida bruta ao fim do 3º trimestre chegou a R$ 390,3 milhões. Ao fim de 2016 era de R$ 460 milhões. Ao fim de 2012, antes do início da gestão Eduardo Bandeira de Melo, era de R$ 803,7 milhões. Mas os valores reais da dívida são outros (a imprensa se alterna entre a divulgação de uma e de outra, dependendo do que seja mais conveniente para a matéria ou as comparações que o jornalista esteja fazendo). Há que se descontar os "Adiantamentos de Contrato", que são uma "dívida falsa", pois são um compromisso a ser honrado meramente contabilmente entre as duas partes envolvidas. Tanto não é dívida, que não há juros sobre eles.

Assim o verdadeiro valor do endividamento ao fim de setembro de 2017 era de R$ 318,4 milhões! Este valor ao fim de 2012 era de R$ 705 milhões, caiu R$ 79 MM, sendo de R$ 626 milhões no fim de 2013, voltou a cair R$ 49 MM, passando a R$ 577 milhões ao fim de 2014, caiu R$ 96 MM e fechou em R$ 481 milhões em 2015, caiu mais uma vez, desta vez em R$ 91 MM e fechou 2016 em R$ 390 milhões.

Havendo-se atingido este patamar, é necessário reduzir ainda mais esta dívida? A resposta correta é: havendo fluxo de caixa para isto, por quê não? Dívida gera encargos financeiros, os famosos juros, que no Brasil são pesadíssimos! Se você paga dívida, você diminui a fatia da sua receita destinada a pagar juros, ou seja, sobra mais dinheiro para gastar com coias realmente importantes. Você deixa de transferir recursos para instituições financeiras e/ou bancos, e passa a destinar para investimentos no Centro de Treinamento, num Estádio Próprio, na aquisição de novos jogadores... Não é necessário reduzir a dívida em quase R$ 100 milhões por ano, mas por que não levar este endividamento para um patamar inferior a R$ 150 milhões?


A maior evidência de que o Flamengo está financeiramente sanado está num dos principais indicadores de saúde financeira analisados pelo mercado: a razão entre a dívida e a receita operacional anual. Ou seja, quantos anos de receita seriam necessários para se pagar toda a dívida. A razão entre dívida e receita era de 3,6x no fim de 2012, passou a 2,4x no fim de 2013, para 1,7x no fim de 2014, para 1,4x no fim de 2015 e para 0,8x no fim de 2016, mantendo-se num caminho de transição da insolvência para a solvência. No 3º trimestre de 2017 está em 0,47x. Excepcional histórico! A dívida representa mais ou menos a metade da receita anual.

Obviamente há que se tomar cuidado na análise pelo fato destes números de receita estarem inflados pela venda de Vinícius Júnior, assim como em 2016 estiveram inflados pelo recebimento de luvas pelo novo contrato de televisionamento assinado com a Rede Globo. Ainda assim, um patamar entre 0,6x e 0,7x é plenamente saudável. O Flamengo já pode encher a boca para falar que em termos de endividamento não deixa a desejar frente a nenhum outro clube do futebol brasileiro.



O histórico das análises publicadas no blog está em: Gestão Azul: Diário da Revolução Prometida. E o histórico econômico-financeiro em Transparência Rubro-Negra.


2 comentários:

  1. Sem a venda do Vini Jr não teria superávit. Ninguém até agora falou isso.

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  2. Correto,
    Mas sem a venda do VJ não teria havido o investimento que houve em reforços. A despesa subiu condicionada ao aumento de receita. Por isto, mesmo sem a venda, eu arrisco dizer que teria havido superavit da mesma forma.

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