sexta-feira, 7 de junho de 2019

Entrevista de Wallim Vasconcelos, VP de Finanças do Flamengo


Matéria publicada no GloboEsporte.com em 6 de junho de 2019 sob a manchete: Wallim abre cofres do Flamengo e sonha alto para o futuro: "Chegar ao patamar de trazer o Neymar... Dinheiro não vai faltar".

Abaixo eis a integra da entrevista, complementada pergunta a pergunta com a opinião do Blog A NAÇÃO sobre cada assunto abordado:

Primeiro nome lançado pela "Chapa Azul" em 2012 (quando teve a candidatura impugnada), vice de futebol entre 2013 e 2014 e vice de patrimônio e candidato da oposição em 2015, Wallim Vasconcellos esteve em evidência na política do Flamengo nos últimos anos. De volta ao poder nesta temporada, como um dos pares do presidente Rodolfo Landim, o ex-economista do BNDES hoje está afastado dos holofotes. Tem voz ativa, participa de decisões importantes, mas não está na linha de frente no futebol. Atualmente, no dia a dia, cuida do dinheiro do clube. Ao contrário do mar agitado e turbulento que enfrentou na pasta do futebol em sua primeira passagem, na vice-presidência de finanças encontrou céu de brigadeiro, com cofres cheios para investir. E assim fez. O Flamengo saiu às compras em janeiro, agitou o mercado nacional e mostrou força. Foram mais de R$ 100 milhões gastos em aquisições de jogadores nos primeiros meses. As contratações de nomes caros e badalados inflamaram os rubro-negros, mas levantaram questionamentos sobre as finanças do clube. Wallim, no entanto, garante que não houve gasto acima do previsto e que a saúde financeira vai de vento em popa. Além disso, disse que o Flamengo não vai parar por aí. Cada vez haverá mais recursos, o que faz o dirigente até mesmo sonhar com Neymar em um futuro próximo. Durante quase uma hora e meia de bate-papo com o GloboEsporte.com em seu gabinete na Gávea, o dirigente falou sobre a saúde financeira do Flamengo, mostrou a redução da dívida total rubro-negra, garantiu recursos à disposição do futebol para o segundo semestre, comentou os planos para o Maracanã, justificou o aumento nos preços do sócio-torcedor e assegurou que hoje o clube não precisa vender atletas para fechar o balanço no azul.

GloboEsporte.com: O Flamengo vem há alguns anos arrumando a casa na parte financeira, mas a cada contratação de impacto surge a pergunta dos torcedores rivais: de onde o clube tira tanto dinheiro?

Wallim: Isso é um processo que vem desde 2013, quando tivemos que resgatar a credibilidade perante a fornecedores, jogadores... Com credibilidade, você começa ter o interesse de patrocinadores, a torcida passou a acreditar. Tudo o que foi prometido foi cumprido. Nosso objetivo sempre foi o Flamengo liderar todos os processos, financeiro e no futebol. Eu vou ganhando, melhorando, todos querem se associar à marca do Flamengo. É um círculo virtuoso. Claro que foi um grande trabalho de quem renegociou toda dívida, trouxe patrocinadores, aumentou a receita, e trouxe nosso torcedor, que é o nosso maior ativo. Isso propiciou que o Flamengo crescesse, revelasse novos talentos, outros estão sendo revelados. Infelizmente hoje ainda temos essa dificuldade no Brasil, de competir com a Europa, o mundo árabe, o mercado asiático. Mas a venda desses talentos contribuiu para a saúde financeira do Flamengo, que hoje é muito boa. Na área financeira, tivemos o Rodrigo Tostes, depois o Cláudio Pracownik, e agora eu estou aqui. Mas óbvio que todos no clube contribuíram.

A NAÇÃO: E a imprensa continua se perguntando "De onde vem o dinheiro do Flamengo?". Jornalistas completamente despreparados e que só conseguem sobreviver sob as notícias sensacionalistas. É um quadro geral, em todos os veículos de comunicação. Que os rivais sigam se perguntando e gastando suas energias com as estratégias erradas. Quando despertarem, o Flamengo estará a uma distância que poucos deles terão capacidade de alcançar. Um exemplo clássico é o momento do Vasco de tomar empréstimos no setor privado para pagar meses de salário atrasado. Sem credibilidade, o clube vai tomar a juros altíssimos e sem previsibilidade de fluxo de caixa para quitar. Está dando corda para se enforcar ainda mais. Mas certamente devem haver muitos vascaínos falando: "é o mesmo que o Flamengo está fazendo, pegou milhõers em empréstimos". Acham que é a mesma coisa, porque não entendem e conseguem responder à pergunta "De onde vem o dinheiro do Flamengo?". É uma armadilha que o próprio Flamengo pode cair, se vier a eleger no futuro um presidente que não entenda a resposta a esta pergunta. Para rubro-negros que acompanham o que é publicado aqui no Blog A Nação, fica mais fácil entender. Está tudo aqui no blog na sessão: Transparência Rubro-Negra.

GloboEsporte.com: Quando o clube começou a se reestruturar?

WV: Em 2013 tomamos a decisão. Não vamos gastar mais do que ganhamos e vamos pagar tudo. Seja o que Deus quiser. Corremos o risco de ter problemas no campeonato, rondamos a zona de rebaixamento, que tentamos evitar ao máximo e conseguimos. Esse foi o ponto positivo. Montamos um time que deu conta do recado naquela época, foi campeão da Copa do Brasil, do Carioca, trouxemos um pouquinho de alegria para a torcida. Foram altos e baixos e não tinha como ser diferente. Trouxemos jogadores que podíamos pagar naquela época, mas obviamente não era o que gostaríamos de ter. A torcida teve a maior paciência do mundo. Entendeu que era aquilo ou o caos total. Nos apoiou, melhoramos a situação, mas ainda não estamos onde queremos. Sempre podemos melhorar e temos que ganhar um título importante. É um processo natural. O Marcos Braz é um cara que tem estrela, o Landim é um presidente firme, que cobra, é duro, mas que dá todo apoio para o futebol ganhar.

A NAÇÃO: Tenho um livro escrito e não publicado por falta de investimento sob o título "Revolução Flamengo" que conta o passo a passo de toda a reestruturação. Todos os textos estão aqui no blog. Quem tiver tempo para uma leitura longa, na sessão Política e Economia dentro da Gávea, é só acessar "Gestão 2013-2018" que toda a história deste estudo de caso em gestão está toda contada.

GloboEsporte.com: Foi falado no fim do ano passado que o Flamengo teria R$ 100 milhões para reforços em 2019. Mas nas contratações de Arrascaeta, Bruno Henrique e Rodrigo Caio se gastou mais do que isso, não?

WV: Não gastamos mais do que estava previsto no orçamento. Esse é outro ponto fundamental, não dá para perder um jogo, contratar o Neymar e que se dane. Se não estiver no orçamento, o presidente e eu deveremos responder por seus atos. Então não passa nada que não esteja no orçamento. Não ultrapassamos o valor do orçamento previsto para novas aquisições. Posso te garantir. Gastamos entre R$ 100 milhões a R$ 110 milhões nesse ano, que é o que estava previsto. Pode ter alguma outra parcela, como no caso do Arrascaeta, que será paga no próximo ano. Mas não estouramos o orçamento. Podemos até levar para o Conselho de Administração, alegar que precisamos de mais recursos e readequar o orçamento. Gastamos no início do ano porque achamos que tínhamos que começar a temporada com um time base, pelo menos. Se montarmos em julho, como foi nos últimos anos, até o jogador começar a jogar já era. Pode até ganhar uma Copa do Brasil, mas não o Brasileiro. Gastamos no início do ano e agora vamos fazer ajustes para essa reta final. Não basta ter um time, tem que ter um elenco.

A NAÇÃO: O que está aqui no blog na Análise dos Resultados Financeiros do 1º Trimestre de 2019: "E as finanças seguem bem, obrigado! Há que ter cuidado e atenção porém, porque o bom resultado se sustenta na contabilização das vendas de jogadores para o futebol europeu acertadas no fim de 2018. Nos demais quesitos, há notícias boas e ruins. No 1º Trimestre de 2019, após os grandes investimentos feitos nas aquisições de Giorgian De Arrascaeta, Bruno Henrique e Rodrigo Caio, este aumento já era mais que esperado. Não há expectativa de queda volumosa da dívida ao longo de 2019, o momento é de aposta na conquista de títulos expressivos no futebol. Daqui para frente, é necessária muita atenção para não haver um novo descontrole na gestão do nível de endividamento do clube". 

GloboEsporte.com: Há recursos para novas aquisições de direitos federativos neste ano?

WV: Recursos existem. Mas terei que mudar o orçamento, se for o caso. Teríamos que levar ao conselho e mostrar de onde vem o dinheiro. Se forem só luvas e salários, tem que saber se cabe dentro das despesas. Se não couber, será necessário fazer uma readequação orçamentária, levar e aprovar no Conselho de Administração e, aí sim, fazer essa despesa.

GloboEsporte.com: Então é possível uma readequação orçamentária para novas aquisições ainda em 2019?

WV: Com certeza. Aqui, nesse assunto de futebol e outras coisas importantes, não tem situação e oposição no Conselho de Administração. Eu, várias vezes, votei a favor nos últimos três anos para conseguir dinheiro para contratar e reforçar o time. O que importa é gastar bem, acertar nos jogadores. Você nunca consegue ter essa certeza. Só se você trouxer Messi, Neymar e Cristiano Ronaldo. Aí terá 99% de chance de acertar. Nesse ano, as contratações estão bem. Mas nem sempre é assim. Às vezes a camisa pesa. Cansamos de ver isso. Geralmente a aprovação é unânime. E já falei para o Marcos Braz: "Pereba eu não trago. Traga jogador bom. Para o bom a gente arruma dinheiro. Pereba não adianta que eu não vou assinar o cheque (risos)".

A NAÇÃO: Desde que as operações estejam lastreadas por receitas futuras 100% seguras de serem realizadas... Será cada vez mais fundamental acompanhar e analisar os resultados financeiros daqui para frente... o Blog A Nação, como faz todos os trimestres desde 2013, seguirá fazendo e publicando esta análise.

GloboEsporte.com: No próximo ano o Flamengo terá novamente um bom dinheiro para investir em reforços?

WV: Com certeza vamos ter. Não gosto de falar pelo futebol, mas eu converso com o Marcos Braz. Não gostaríamos de trazer quatro jogadores razoáveis. Preferimos gastar com um jogador muito bom. O cara que chegue para jogar e resolva o problema na posição. Hoje, temos um elenco que permite isso. É muito mais fácil aproveitar os garotos da base e trazer grandes jogadores de acordo com as necessidades. Trazer um cara referência na posição não é gasto, sai barato. Atrai público, vende camisa, atrai patrocínio... Tudo isso é interligado. Dinheiro não vai faltar. Tudo depende. Temos que saber, por exemplo, se vamos comprar o Gabigol em janeiro...

GloboEsporte.com: O Flamengo terá dinheiro para comprar o Gabigol, se for uma opção do departamento de futebol?

WV: Cada vez mais vamos ter dinheiro. Mas tudo depende. Vai que o Gabigol recebe uma proposta da China para ganhar zilhões de dólares. Vou precisar contratar um novo centroavante, top de linha. Mas se a decisão for ele ficar, o Flamengo arruma dinheiro. Não tenho dúvida disso. Hoje a gente arruma o dinheiro que precisar. Não o que quiser, mas o necessário para montar um time top de linha nós arrumamos. O Flamengo tem crédito na praça. Temos cumprido tudo nos últimos seis anos. Entrei no Flamengo com seis meses de luvas atrasadas. No primeiro dia falamos que não atrasaríamos mais a partir daquele momento. O que ficou para trás negociaríamos. Não teve um compromisso que não foi cumprido e não terá compromisso que não será cumprido.

GloboEsporte.com: Se dinheiro não fosse problema, qual jogador você gostaria de ver no Flamengo?

WV: Neymar. Um dia vamos chegar ao patamar de trazer o Neymar. Até a Copa de 2022 (risos). Se ele não vier antes, na Copa de 2022 vou fazer questão de que ele venha jogar aqui. Se eu não estiver mais aqui, vou torcer muito. Falar para ele: "Neymar, já deu na Europa. Já ganhou muito dinheiro. Vem para o Flamengo ser feliz no Brasil (risos)". Se eu fosse ele, vinha agora, depois da Copa América. Também sou fã de carteirinha do Messi. Acho ele espetacular.

GloboEsporte.com: Boa parte do dinheiro para reforços vem da venda de revelações do clube, como Paquetá, Vinicius Júnior, Vizeu, Jorge... O Flamengo ainda precisa vender esse ano? Casos de Reinier e Cuéllar, por exemplo?

WV: Mais do que o dinheiro, pesa o interesse do jogador. Nesse caso, paga a multa ou apresenta uma boa proposta. Se chegar no jogador e apresentar 10 milhões de euros não nos interessa. Não vou vender um cara diferenciado por esse valor, eu não preciso desse dinheiro. Agora se chegarem com 30 milhões ou 40 milhões de euros, podemos sentar e avaliar. Essa é uma decisão do departamento de futebol. Se chegarem: "Olha, não queremos vender esse jogador, vamos valorizá-lo". Sentamos e fazemos junto com o departamento de marketing um projeto para ele. Eu diria hoje que o Flamengo não precisa vender jogador. O que não quer dizer que não vá. Até porque essa não é uma decisão minha, é uma decisão do futebol. Se precisasse vender eu avisaria o Marcos Braz. O que não é o caso. Longe disso.

A NAÇÃO: Essa pergunta foi maliciosa, porque deu a entender que o Flamengo só está com dinheiro porque vende jogadores. É como se não tivesse havido uma total transformação na capacidade de arrecadas com Patrocínios, Bilheteria e Sócios-Torcedores. A "Revolução Flamengo" se deu pela transformação da capacidade de arrecadar com sua própria torcida, e a partir disto com a credibilidade da marca. No Brasil a suposta capacidade analítica é sempre simplista, não só dos jornalista, buscando uma justificativa simples, rápida e fácil. Quase sempre se vê um pedaço e não se consegue entender o todo. É assim na política brasileira. É assim na economia brasileira. É assim em cada pequeno detalhe da sociedade brasileira. A venda dos jogadores aconteceu, é um fato. E um fato positivo, porque foi uma alavancagem de receita positiva. Foi consequência também de um trabalho de reestrututração das divisões de base que só foi possível pela alavancagem financeira viabilizada pela reestruturação e pelo processo de saneamento das contas do clube, equacionando dívida, tomando decisões de gestão corretas. Gestão é a sucessão de escolhas corretas. Não quer dizer que seja erro zero. Erra-se, mas aprende-se, entende-se onde e como, e se corrige. Fazer gestão, fazer as escolhas certas, não é sinônimo de acertar sempre. Por isto a "Revolução Flamengo" é um estudo de caso em gestão. Por isso mesmo sem títulos expressivos entre 2014 e 2018, o processo de transformação vivido pelo Flamengo é um sucesso.

GloboEsporte.com: Quando vocês eram oposição criticaram muito a venda do Paquetá para o Milan...

WV: A questão é que você não sabe alguns aspectos. Venderam o Paquetá por vender ou porque ele queria ir embora? Se ele queria ir embora, não adianta. Você pede tanto, o clube vem e paga tanto, ele vai. Têm outros aspectos que acabam influenciando na negociação, não é somente o valor. Nós não sabíamos. Ele queria ir embora, contrato acabando, valor relevante, precisava de dinheiro para pagar o Vitinho... Ainda tem um dinheirão para pagar pelo passe do Vitinho.

A NAÇÃO: A única crítica que deveria ter sido feita em relação à venda do Lucas Paquetá foi o momento em que ela ocorreu, que não era o mais oportuno. Fora isso, nada a dizer...

GloboEsporte.com: O dinheiro da venda do Paquetá já está todo comprometido?

WV: O dinheiro entra no fluxo das contratações que fizemos. Arrascaeta, Bruno Henrique, Rodrigo Caio... Antecipamos uma parcela (em janeiro). Ainda tem uma no ano que vem (5 milhões de euros). Nesse ano ainda temos uma pequena parcela da venda do Vizeu a receber. Fazendo justiça à gestão passada, a área financeira estava muito bem organizada. Não tive problema nenhum.

A NAÇÃO: O dinheiro já foi todo comprometido? Eis um belo exemplo da limitação de mentalidade do futebol brasileiro. É o costume em conviver com o orçamento e o fluxo de caixa no aperto, no negativo. Numa gestão financeira no azul, fechando com superávit, a relação não é casado: "vendi José por 200, e com o dinheiro arrecadado comprei Marcos por 120 e Jacó por 80". Quem faz uma pergunta desta, não consegue entender porque é importante fechar as contas com superávit. Acha que uma mera questão de imagem, de retórica, de marketing, que é emplumação dos fatos, factóide de financista. Há um longo caminho para a imprensa esportiva trilhar no Brasil.

GloboEsporte.com: Quantos sócios-torcedores há atualmente? E qual o impacto que eles têm no orçamento do Flamengo?

WV: Estamos com cerca de 110 mil pagantes. Tem muito clube que espera dois, três, seis meses para dizer que parou de pagar. Contabiliza ainda o atrasado como sócio. Aqui não, parou de pagar sai da base na hora. 10% a 12% da receita recorrente, sem contar venda de jogador, dá uns R$ 50 a R$ 60 milhões.

GloboEsporte.com: Quase a contratação do Arrascaeta...

WV: Sim. Ou as luvas do Neymar (risos).

A NAÇÃO: Mais um ponto importante para iluminar o fato do jornalismo esportivo não conseguir prestar atenção no que deve ser pensado... mais uma consequência das limitações brasileiras... Enquanto havia a disponibilidade de Sócios-Torcedores por clube no site do Movimento por um Futebol Melhor, passaram-se meses seguidos com clubes da Série A entrando mês e sando de mês com o mesmo número, sem que ninguém questionasse. Muitas vezes o processo de congelamento do total de STs levava meses, às vezes chegando a cumprir aniversário de 1 ano. Aconteceu com o Internacional quando este caiu para a Série B, aconteceu com o Palmeiras e com o São Paulo, e com menos frequência com outros. A visão do Flamengo é diferente e correta, porque não importa qantos STs você tem, o que importa é quanto de receita eles geram para o fluxo de caixa do clube. Só assim há uma verdadeira transformação financeira, uma revolução em receita e capacidade de realizar grandes investimentos. Porém, a grande maioria dos clubes queria usar aquilo como uma vitrine para dizer aos demais clubes: "eu tenho mais sócios-torcedores que você". É uma estratégia infantil, uma birra de meninos que só usam calça curta. Para o futebol brasileiro de uma forma geral, não importa se o ST me paga, se eu puder que tenho 100 mil mesmo que só 60 mil me gerem receita, eu vou mostrar para os outros que eu sou melhor, tenho mais torcedor que o Flamengo... É por isso que não consegue competir com grandes mercados de geração de receita, como Europa e Ásia. E por isto a gestão do Flamengo desde 2013 mostra que seu foco é se aproximar o máximo possível das maiores receitas internacionais. Não vai dar para competir com um Real Madrid, um Barcelona, um Paris St-Gemain, um Manchester City, um Manchester United. Não por enquanto... Mas você consegue começar a competir com quem você não competia antes, um Benfica, um Fenerbahce, um CSKA Moscou, uma Lazio, um Real Sociedad, um Feyenoord... Em 2018 o Flamengo assombrou a Europa quando fez oferta alta pelo holandês Ryan Babel, quase pagando o que aquele jogador nem valia. Mas foram diversas matérias nas mídias da Itália, da Holanda e da Turquia destacando a surpresa com o poder financeiro do Flamengo. Ao assinar com Jorge Jesus, agora é a mídia de Portugal que está tentando entender que poder financeiro é este vindo do até então sempre amadorístico Brasil.

GloboEsporte.com: Houve reclamações por conta do aumento no valor do programa de sócio-torcedor. Por que decidiram reajustar o preço este ano?

WV: Isso é mais para o marketing falar, mas posso dizer o seguinte: primeiro que estava o preço fixo desde 2013, e segundo que estão sendo feitas modificações que serão apresentadas em breve. Mas é isso, para ter bons jogadores a gente tem que aumentar as receitas. O valor estava fixo há seis anos, e nosso time melhorou bastante nesses seis anos. Temos os descontos para sócios, às vezes não só preço fixo, mas pacote de jogos ou jogo que você pode levar acompanhante. E o estádio vive lotado, se vive lotado é porque o preço está adequado. Não sei se vão fazer ou não, mas se tirarem as cadeiras atrás dos gols a gente vai conseguir também colocar mais gente e um preço mais barato, se é que é possível um preço de ingresso mais barato do que é hoje. Para ver um time qualificado e que a gente quer investir cada vez mais. Depois de seis anos acho que é justo reajustar um pouco, e não foi assim tão impactante. Saíram algumas pessoas, mas acho que vão voltar, porque o investimento vai continuar no time.

A NAÇÃO: É impressionante como há jornalistas não-flamengistas torcendo e remoendo os fatos para tentar derrubar o crescimento financeiro do Flamengo. Quantas matérias sobre o aumento no preço de estádio do Corinthians ou do Palmeiras vão ser vinculadas? Nenhuma! Se o Flamengo aumenta o preço do Maracanã, a mídia se movimenta, mesmo se esiver ainda com um ticket médio mais barato que a Arena Corinthians e a Arena Palmeiras. Se há reajuste de ST, vai ter matéria ou pergunta reclamando. Se erra a mão e aumentar demais, problema é do Flamengo, que vai perder STs e ter públicos mais baixos. Receita com torcida, seja de bilheteria, seja de Programa de Sócio-Torcedor, é "P x Q" basicão: preços vs quantidade. Se você cobra R$ 5 e 5 pessoas compram, você ganha R$ 25; se você cobra R$ 7 e 3 pessoas compram, você ganha R$ 21, menos do que ganhava quando cobrava mais barato, e arrecadando menos, você vai voltar o preço para R$ 5 para tentar voltar a vender para 5 pessoas. É simples assim, não é mais complicado do que isto.

GloboEsporte.com: Já que você mencionou estádio lotado, como está sendo administrar o Maracanã?

WV: Não estou envolvido no Maracanã. A ideia nossa é fazer uma estrutura separada, e essa estrutura se pagar. Vai ter uma pessoa separada do Flamengo porque a gente não quer misturar as coisas. Dinheiro do Flamengo é do Flamengo, e do Maracanã é do Maracanã. (Redução de custos) é um processo ainda. Primeiro prazo é outubro, segundo prazo é abril de 2020, quando a princípio terá a licitação. É um aprendizado, na realidade, que vai ser bastante importante na hora da decisão de participar da licitação definitiva.

GloboEsporte.com: Então não há essa decisão ainda?

WV: Olha, a gente quer muito, mas vai depender de como o Estado vai fazer. "Ah, vou colocar o preço mínimo de R$ 1 bilhão". Bom, só se o Flamengo entrar com alguém, porque R$ 1 bilhão não vamos pagar. A não ser que seja R$ 1 bilhão em 35 anos, aí já começamos a pensar como é a conta. Então temos que ver como o Estado vai fazer, mas sinceramente não vejo o estádio sem o Flamengo. Qualquer um que ganhe essa licitação vai ter que bater aqui na porta, não tem outro jeito. O Flamengo hoje sustenta aquilo lá. Sem o Flamengo, não sei se fica em pé.

GloboEsporte.com: Mas o Maracanã é viável? Os últimos administradores do estádio alegaram prejuízo...

WV: Sim, eu acho que é completamente viável. Tem que ter ali um projeto abrangente. A gente vai poder usar o Célio de Barros e o Júlio Delamare, já no sentido de colocar outras coisas ali? E o Museu do Índio vai continuar ou não? Colocar o Maracanãzinho para fazer shows menores, o Maracanã com shows maiores. Tem que encher de eventos, se pudesse de segunda a segunda seria ótimo. Ontem mesmo (no jogo Flamengo x Corinthians) a gente estava comentando lá: "Pô, se tivesse um restaurante bom aqui, chegava mais cedo e jantava". Ou uma pizzaria. "Acabou o jogo, vamos comer um pizza aqui no Maracanã?". Fim de semana, pega o carro e vai almoçar no Maracanã. É um programa também para levar cliente. Isso tudo dá para fazer, mas tem que saber o que o Estado vai decidir do entorno.

A NAÇÃO: Meus amigos, se o Maracanã não for viável, o futebol não é viável. Fecha tudo e vamos ver futebol americano... A licitação do Maracanã foi uma fraude, assim como a licitação dos serviços prestados dentro do Maracanã. Os preços são superfaturados. Se ajustar a prestação de serviço, o custo de manutenção do estádio não é tão caro quanto foi durante a "Gestão Odebrecht". Ajustando o custo, obtêm-se a margem que é necessária. De novo no exemplo simplista, ainda que desta vez não tão basicão: colocam uma salsicha no pão, não colocam nem molho, chamam de cachorro-quente e querem te dizer que custa R$ 15. O ponto de venda é ganho ilicitamente e acha-se que o que for vai colar... joga-se o custo para baixo com um preço alto querendo uma margem grande. A novidade passa, os otários deixam de comprar o pão com salsicha a R$ 15, para-se de vender e berra-se que o negócio é inviável. Se ajustar o preço, oferecer um produto que faça o comprador desejar ter, o negócio passa a ficar viável.

GloboEsporte.com: Como terminou o imbróglio sobre a liberação do Maracanã para a Copa América? Houve um reajuste financeiro acima do R$ 1 milhão que ofereceram inicialmente?

WV: Foi tudo acordado. O Landim conversou diretamente com o presidente da CBF, que falou com a Conmebol. Eles estavam preocupados com o gramado, com toda razão, mas a gente garantiu que o gramado vai estar em perfeito estado para o primeiro jogo. (Financeiramente) houve compreensão de parte a parte. Todas as duas partes estão dispostas a negociar de boa fé, cada um entende o problema do outro, e tudo se resolve. Tem que brigar por outras coisas, por isso sempre se chega a um acordo que é bom para todo mundo.

GloboEsporte.com: O Flamengo aprovou em janeiro a possibilidade de pegar empréstimos até R$ 125 milhões esse ano. Já precisaram pegar parte desse valor?

WV: Não pegamos porque temos fluxo de caixa. O que estamos buscando agora é uma linha de crédito disponível, estamos negociando com três bancos. Se precisarmos, a gente pega. Estamos finalizando as negociações. Muito em breve vamos ter boas linhas de crédito que vão acabar com esse negócio de antecipar cota de TV, o que não fazemos há um ano e meio, antecipar o recebimento da venda de um jogador... Vamos ter tranquilidade. Por exemplo, se precisar de x milhões para trazer o Neymar, colocar na mão dele R$ 20 milhões, vamos ter... Isso vai nos dar agilidade e poder nas negociações. Será nosso próximo diferencial para concorrer por jogadores. Se estivermos competindo com alguém, poderemos pegar e dizer: "Te dou o dinheiro segunda-feira".

A NAÇÃO: Mais um produto dos factóides da imprensa... Vale relembrar que durante 2018 vários canais fizeram alarde sensacionalista remando em cima de uma bandeira estúpida levantada pelo blog do Renato Maurício Prado. O episódio gerou até demissão na Fox Sports. Quando o Flamengo votou um empréstimo no Conselho, disseram que o clube estava falido e que a bandeira de gestão financeira eficiente era uma mentira. Procura aqui no blog a Análise dos Resultados Financeiros de 2018, que tudo que há para se dizer sobre este assunto, incluindo a análise dos Empréstimos tomados pelo clube, tem tudo lá. E volta-se com a falácia de empréstimo... Mas a resposta do Wallim só mostra o quanto o foco da gestão rubro-negra está ajustado.

GloboEsporte.com: Um gasto que não estava previsto foi com as indenizações da tragédia do Ninho. Comprometeu muito o orçamento?

WV: Não teve impacto relevante, não. As maiores indenizações foram dos meninos que faleceram. Tem algumas ainda em andamento, outras que a gente acha que vão para a Justiça. A maioria, contando todos que estavam lá, entrou em acordo. Algumas empresas que tinham me procurado interessadas em conversar colocaram o pé no freio, com toda razão, para ver como aquele episódio ia evoluir e depois voltaram a ter interesse. A Vale deve estar sofrendo (com as tragédias de Mariana e Brumadinho), o Neymar (com a acusação de estupro que recebeu), com os patrocinadores avaliando o que aconteceu. A associação da imagem a uma tragédia é um horror, por isso que é importante como o clube atuou naquele episódio.

A NAÇÃO: Mais uma das bandeiras daqueles que estão torcendo muito contra o fato de terem arrumado o Flamengo. Muita gente surfando na desgraça e na tagédia na esperança de que o incêndio fosse ferrar com a recuperação do Flamengo. Vão torcer no raio que o parta! Mas para esta pergunta, eu achei a resposta do Wallim um pouco infeliz. Disse o que queria dizer e passou a mensagem principal que precisava ser passada. Mas falta sensibilidade e tato quando responde: "Não teve impacto relevante, não". Diante da dimensão da tragédia da perda da vida de 10 meninos adolescentes, não cabe a resposta fria.

GloboEsporte.com: Conseguiram resolver com o próprio fluxo de caixa?

WV: Sim.

GloboEsporte.com: Quanto é a dívida do Flamengo hoje?

WV: A dívida grande é o Profut, que está em R$ 310 milhões. O Flamengo paga religiosamente em dia um milhão e pouco por mês, dá uns R$ 15 milhões por ano. De banco a gente não tem quase nada, são R$ 16 milhões. O total está em R$ 326 milhões.

A NAÇÃO: Correto, este é o valor da dívida líquida, sem os adiantamentos de contrato.

GloboEsporte.com: A ideia é zerar?

WV: Então, essa é uma questão. Uma das perguntas que fiz em nossos grupos: vale a pena zerar a dívida, pegar dinheiro e deixar aqui? Pegar dinheiro e deixar aqui para comprar jogador eu não acho. Mas por exemplo: quero fazer uma ampliação do CT. Vale a pena eu pegar R$ 50, R$ 100 milhões para fazer um CT 2, ou um CT na Baixada? Como essa conta fecha? Vai depender do prazo, da taxa... Então essa é uma conta que a gente tem que fazer. Se eu não tiver nenhum investimento estrutural, zero a dívida e fica no capital de giro. Tem uma linha de crédito, pego R$ 50 milhões, em três meses eu pago e zero de novo. É só administração de fluxo de caixa.

A NAÇÃO: Numa economia com juros astronômicos como no Brasil, quando se diminui dívida, diminui-se o volume de encargos financeiros pagos, liberando recurso do fluxo de caixa para realização de investimentos. O bom é que o que restou de dívida, foi a pública, que tem menor exposição aos trasloucados juros brasileiros. Mas ainda assim devem seguir sendo diminuídas. Não necessariamente zeradas, mas por que não ainda mais reduzidas? O fluxo de caixa futuro agradecerá...

GloboEsporte.com: O que levou o Flamengo a buscar a auditoria da Ernst & Young?

WV: É uma das quatro maiores empresas de auditoria do mundo, um fato inédito na história dos clubes da América Latina. Isso traz mais credibilidade, os bancos começam a nos procurar para oferecer linha de crédito... Coisa que ninguém acreditava há seis anos. Agora podemos optar pelo melhor crédito e não faço mais operação com garantia (bancária). A garantia é o Flamengo e as pessoas que estão no clube. Isso propicia que possamos investir no CT, na estrutura, trazer profissionais gabaritados, investir no time, no esporte olímpico... Foi uma forma também de valorizar o trabalho que foi feito pela diretoria anterior. A empresa que fazia auditoria antes fez um ótimo trabalho, mas já estava há seis anos. Geralmente uma empresa com ações em bolsa, que não é o caso do Flamengo, troca de auditoria a cada três ou cinco anos. É importante mudar para ter novos olhos, ver o que está certo e errado. Além disso, você ser auditado por uma das quatro maiores empresas de auditoria do mundo demonstra que você está em um nível de organização que faz com que ela aceite auditar suas contas. A Ernst & Young não aceita qualquer um. Tendo uma empresa desse porte auditando meu balanço, os bancos começam a nos procurar, patrocinadores...

A NAÇÃO: Por que uma Auditoria Top 5? É... nossa imprensa esportiva... prefere acreditar nos balanços fraudados e não auditados. Por isso o Brasil é o país das falácias populistas...

GloboEsporte.com: Qual será o próximo passo financeiro do Flamengo?

WV: Cada área do clube tem seus projetos. Não toco no dia a dia, mas me envolvi diretamente em alguns que escolhi. O da Ernst & Young foi um deles, negociamos por três meses até convencê-los. O projeto de linha de crédito é outro importantíssimo para o Flamengo. Ainda tenho mais dois projetos: um é fazer um rating de crédito para o Flamengo. Vamos começar a conversar com agências de crédito. Por exemplo, se o Flamengo comprar um jogador a prazo, essa dívida de crédito do Flamengo vai valer um valor x. O clube que é credor do Flamengo vai poder vender isso com uma taxa melhor. O caso do Arrascaeta é um exemplo. Iríamos pagar uma parcela agora. O Cruzeiro pegou o título e vendeu para o Banco BMG. Não pediu qualquer garantia ao Flamengo. Ser credor do Flamengo é uma coisa boa hoje no mercado. Coisa que ninguém poderia imaginar há alguns anos. E o último projeto é conversar com seguradoras de crédito. São os quatro projetos que eu e o Landim elegemos para a área financeira neste ano.

A NAÇÃO: Bom saber que a caixinha de soluções em gestão de recursos ainda está ativa e criativa...

GloboEsporte.com: Estruturalmente, o clube está do jeito que imaginavam em 2012, quando formaram a "Chapa Azul"?

WV: Eu imaginava que iria estar pior. Em 2015 o Flamengo já estava financeiramente equilibrado, coisa que a gente imaginava que ia levar uns cinco anos, pelo jeito que a gente encontrou. Óbvio que faltavam investimentos no CT, em sistemas e tudo, mas a questão de dívidas equacionadas foi em dois anos. Mas tem muita coisa para fazer ainda, coisas a serem aperfeiçoadas. Qualquer empresa nunca deve estar acomodada com o que se tem, sempre tem o que melhorar. Tem que perseguir o ótimo. O que a gente procurou para o Flamengo não é um "voo de galinha". A gente vai crescer, se estruturar, com fundamento, com base, não tem como voltar atrás.

GloboEsporte.com: É um caminho sem volta?

WV: Sem volta, porque o Estatuto proíbe de fazer besteira. A quantidade de sócios que entrou em 2013, quando a gente ganhou (eleição), que pensa primeiro no Flamengo... As votações aqui, quando são projetos para o bem do Flamengo, é quase unânime, independente de ser 200, 300 pessoas. Não tem mais cara que vai entrar aqui, fazer o que ele quer. Esquece, não vem mais. E, diferentemente de alguns clubes, nossas receitas são estáveis, de parcerias de longo prazo, não é um patrocinador que vai entrar e daqui a dois, três anos dizer que não quer mais. A gente já viu que isso no passado não deu certo em vários clubes. Temos muita gente boa dentro do Flamengo, nos grupos políticos. Nos reunimos e passo um dever de casa. O que vocês querem para o Flamengo? É muito legal. Independentemente de ser situação ou oposição, são pessoas que têm o mesmo objetivo, ver o Flamengo maior. Essa interação é muito legal. São pessoas que não estão no dia a dia, cada um tem seu trabalho, mas é uma forma de ajudar. Temos essa força de trabalho qualificada que nos ajuda um pouco a pensar fora da caixa e engrandecer o Flamengo. Essa é a filosofia desde o início. Independentemente se a gente não estiver mais aqui daqui a três anos, quem entrar vai ter que ter a mesma filosofia. Senão não vai ser eleito, ou se fizer uma fraude eleitoral de prometer e não cumprir vai tomar pau no Conselho, não vai conseguir governar. Os quadros têm que ser renovados com pessoas com mesmo ponto de vista. Nessa administração não vejo ninguém que não seja ousado, que não pense grande, que não arrisque. Para ser dirigente do Flamengo tem que ser assim, senão não serve para estar aqui. Se pegar minhas entrevistas em 2013, falava que seríamos um dos maiores.

GloboEsporte.com: Do mundo?

WV: Temos primeiro que voltar a ser o maior vencedor do Brasil. Depois, da América do Sul, ganhar a Libertadores. No mundo a gente vai chegar um dia, quanto tivermos poder para lutar com o financeiro de lá. A Libertadores tem que ser uma nova Champions, para os clubes ganharem dinheiro e competirem com a Europa. Se eu fosse presidente da Conmebol, essa seria minha prioridade 1: voltar a disputar Mundial com os clubes europeus. Vamos organizar isso aqui. Como vai ser? Liga independente? Imagina fazer uma Liga das Américas com Estados Unidos, olha a potência que seria com dinheiro americano entrando. Senta com Concacaf, MLS... Como vai fazer para viajar daqui pra lá eu não sei. Faz regional depois play-offs com todo mundo misturado, mas vamos pensar em um produto grande. Para a gente ganhar da Europa, tem que ter uma liga forte aqui.

GloboEsporte.com: Você agora está em um cargo longe dos holofotes. Bem diferente de quando entrou na direção como vice de futebol, em 2013. Também anda sumido das redes sociais...

WV: Bem diferente. Nossa Senhora... Ser vice de futebol é uma loucura. Nunca mais. Aliás, eu prometi. Sou muito criticado nas redes sociais porque o pessoal me marca e eu não falo nada. Me encheram o saco para eu não me meter no futebol, que eu não entendia porra nenhuma. Agora estou dando o troco (risos). Pode me encher o saco sobre futebol que eu não respondo. Só falo de finanças (risos).


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