sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Flamengo: Campeão de Público do Futebol Brasileiro


O Flamengo inquestionavelmente tem a maior torcida do Brasil. Isto não necessariamente implicaria no Flamengo ter a Maior Média de Público do Futebol Brasileiro. O tamanho da torvisa, sem dúvida, é um dos fatores componentes da capacidade de um clube tem de levar torcida a um estádio de futebol, mas há outros fatores, como o tamanho do estádio ao qual o clube tem acesso, e, sobretudo, a política de preços praticada por jogo, como fatores determinantes. Assim, levar mais torcida ao estádio não significa ter a maior torcida.

Ainda assim, quem é o campeão em capacidade de colocar público num estádio de futebol no Brasil? O Clube de Regatas do Flamengo.

Ainda mais simbólico é ter levado mais torcida nos tempos em que o preço do espetáculo era baixo, muito baixo, como opção de entretenimento às camadas mais populares, da base da pirâmide de distriuição de renda do Rio de Janeiro e do Brasil. O Flamengo sempre foi um clube que conquistou os corações das massas, assim é mais do que natural que no tem do futebol popular, as cores vermelha e preta fossem as que tiveram a maior capacidade de mover a massa rumo a um estádio de futebol.

Outro componente fundamental: o Flamengo tinha acesso àquele que por muitos anos foi o Maior Estádio do Mundo, o Maracanã, que em tempos nos quais o estádio de futebol não era construído com qualquer preocupação de levar conforto a seus frequentadores, colocava mais de 150 mil pessoas juntas durante 90 minutos para assistir a uma partida de futebol.

Dito tudo isto, chegamos a um levantamento feito e publicado pelo Verminosos por Futebool (www.verminososporfutebol.com.br), que constatou que o Flamengo deteve a maior média de público por partida na Era do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, primeiro esforço de disputa de uma competição a nível nacional, o primórdio do Campeonato Brasileiro de Futebol entre 1967 e 1970, assim como deteve a Maior Média de Público por Jogo acumulada nas edições do Campeonato Brasileiro disputadas de 1971 a 2017. Vamos a estes números:

Quem foram os campeões de público na história do Robertão (1967 a 1970)

O torneio Roberto Gomes Pedrosa foi sucesso de público, chegando a média de 22 mil por jogo. Disputado de 1967 até 1970, foi o primeiro torneio nacional com clubes de mais de dois estados e fase de grupos inicial, e não somente mata-matas (caso da Taça Brasil, disputada de 1959 a 1968).

A análise do histórico do torneio, com pelo menos 30 jogos em quatro temporadas para a maioria dos 22 clubes que estiveram nas disputas, permite uma comparação interessante sobre quais torcidas podiam se dizer mais fiéis naquela época.

O levantamento abaixo publicado pelo Verminosos por Futebol foi feito por João Ricardo de Oliveira, pesquisador de Fortaleza, um dos maiores especialistas em estatística de público de futebol no país.

Nos quatro anos do Robertão, o time de melhor média de público no geral foi o Flamengo, com 37 mil em 36 jogos no total. O que indica que o time já era de massa antes mesmo das transmissões televisivas – a TV Globo, por exemplo, havia sido fundada somente em 1965.

A seguir, no top 5, estão Cruzeiro (34 mil), Atlético-MG (33 mil), Vasco (30 mil) e Fluminense (30 mil). Curiosamente, o 6º colocado é o Bangu, que teve em média 28 mil torcedores, embora em número bem menor de jogos em casa (6).

“O Bangu jogou em sua maioria em rodadas duplas e, por isso, ‘herdou’ públicos grandes”, explica João Ricardo. “E o time conta com poucos jogos em casa porque vendeu mandos, fato comum até meados dos anos 90 entre clubes menores”, reforça.

O Corinthians, dono da melhor média em 7 das 17 edições do Brasileirão no Século XXI, alcançou só a 8ª média geral no Robertão, com 25 mil. “O Corinthians já era um clube de massa, o mais popular de São Paulo. Mas, até os anos 80, os estaduais tinham um peso maior, e o Timão já estava na fila desde 1954. A empolgação da torcida se concentrava no Campeonato Paulista”, indica.

Internacional (7º, com 26 mil), Grêmio (9º, 21 mil), Botafogo (10º, 20 mil), Palmeiras (11º, 20 mil), Santos (12º, 18 mil) e São Paulo (13º, 13 mil) são os outros grandes no ranking.

“O São Paulo já mandava seu jogos no Morumbi, porém ele não estava finalizado. Pela distância do estádio, somado a um time não muito forte (os esforços financeiros estavam empenhados para finalizar o Morumbi), a média acabava influenciada”.

A seguir, aparecem Coritiba (15 mil), Bahia (13 mil), Santa Cruz (13 mil), América-RJ (12 mil), Atlético-PR (12 mil), Náutico (10 mil), Portuguesa (9 mil), Ferroviário-PR (8 mil) e Ponte Preta (8 mil).

É surpresa a baixa média do Bahia, dono da 4ª melhor do Brasileirão no período a partir de 1971. Mas João Ricardo também explica. “A Fonte Nova foi ampliada só em 1971. Isso influenciava na média, pois ao receber o Santos de Pelé cabiam só 40 mil pessoas, quando ali queriam estar 70, 80 mil”.

O Robertão saiu-se bem em seus anos de disputa, fazendo a ligação entre uma Taça Brasil realizada em formato de copa e o Campeonato Brasileiro que, a partir de 1971, foi “oficializado” pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e passou a contar com mais estados entre os participantes.

Nas quatro edições, o torneio reuniu entre 15 e 17 clubes, de cinco a sete estados. Foi o palco do milésimo gol de Pelé, em 1969, e contou com todos os jogadores campeões do mundo em 1970. Motivos não faltavam para arquibancadas cheias.

A média de público mais baixa foi de 17 mil pagantes, em 1968, enquanto a mais alta somou 22 mil, em 1969. Detalhe: mesmo sem públicos destoantes – houve só um jogo com mais de 100 mil pagantes, Fluminense 1 × 1 Atlético-MG, com 112 mil, em 1970.

A marca de 22 mil torcedores de 1969 supera os 20 mil da Copa União de 1987, que reuniu 16 clubes, e perde apenas para os 22,9 mil de 1983, tempo de públicos gigantes no Maracanã e no Morumbi – por exemplo, 155 mil e 114 mil nas finais entre Flamengo e Santos.

A era de ouro do futebol brasileiro nos anos 60, a presença seleta de clubes grandes e/ou tradicionais e preços de ingressos acessíveis resultaram em boa presença de público nas arquibancadas. Os números abaixo mostram como o Robertão foi um sucesso.

Média de público no Robertão (1967 a 1970):

Time – Média – Jogos (Participações)
1º Flamengo – 37.939 – 36 (4)
2º Cruzeiro – 34.194 – 37 (4)
3º Atlético-MG – 33.192 – 40 (4)
4º Vasco – 30.581 – 36 (4)
5º Fluminense – 30.570 – 37 (4)
6º Bangu – 28.970 – 6 (2)
7º Internacional – 26.401 – 46 (4)
8º Corinthians – 25.190 – 41 (4)
9º Grêmio – 21.713 – 40 (4)
10º Botafogo – 20.765 – 32 (4)
11º Palmeiras – 20.172 – 43 (4)
12º Santos – 18.724 – 33 (4)
13º São Paulo – 13.996 – 34 (4)
14º Coritiba – 15.859 – 14 (1)
15º Bahia – 13.857 – 36 (3)
16º Santa Cruz – 13.555 – 26 (2)
17º América-RJ – 12.537 – 14 (2)
18º Atlético-PR – 12.206 – 24 (2)
19º Náutico – 10.605 – 10 (1)
20º Portuguesa – 9.730 – 22 (3)
21º Ferroviário-PR – 8.282 – 11 (1)
22º Ponte Preta – 8.139 – 9 (1)

Média de público por federações:

Estado – Média – Jogos (total de participações)
1º Minas Gerais – 33.673 – 77 (8)
2º Rio de Janeiro – 28.643 – 161 (20)
3º Rio Grande do Sul – 24.220 – 86 (8)
4º São Paulo – 18.029 – 182 (20)
5º Bahia – 13.857 – 36 (3)
6º Pernambuco – 12.736 – 36 (3)
7º Paraná – 12.368 – 49 (4)

Médias de público por ano:

1967 – 20.545
1968 – 17.749
1969 – 22.067
1970 – 20.259

Maiores médias de público:

1967 – Cruzeiro, 34.038
1968 – Vasco, 37.296
1969 – Cruzeiro, 38.024
1970 – Fluminense, 36.942

Maiores públicos pagantes:

1. Fluminense 1–1 Atlético-MG, 112 403, Maracanã, 20 de dezembro de 1970. (*)
2. Atlético-MG 1–2 Cruzeiro, 97 928, Mineirão, 28 de setembro de 1969.
3. Atlético-MG 0–4 Cruzeiro, 91 042, Mineirão, 5 de março de 1967.
4. Fluminense 0–0 Santos, 87 872, Maracanã, 26 de outubro de 1969.
5. Atlético-MG 0–1 Cruzeiro, 87 360, Mineirão, 27 de outubro de 1968.
6. Atlético-MG 1–1 Cruzeiro, 85 253, Mineirão, 13 de dezembro de 1970.
7. Flamengo 1–1 Fluminense, 81 616, Maracanã, 22 de novembro de 1970.
8. Flamengo 0–2 Vasco, 79 894, Maracanã, 30 de novembro de 1968.
9. Flamengo 0–2 Santos, 78 022, Maracanã, 15 de setembro de 1968.
10. Atlético-MG 1–1 Cruzeiro, 76 505, Mineirão, 25 de outubro de 1970.


Quem foram os campeões de público na história do Brasileirão (1971 a 2017)

Ao todo, 126 clubes (de 24 estados) disputaram a competição em pelo menos uma das 47 edições entre 1971 e 2017. Desses, 42 times participaram de pelo menos nove edições – cerca de 20% do total. A gente lista abaixo o ranking desses 42 clubes, e mais a lista completa dividida por estados.

Flamengo (1º, com 28 mil), Corinthians (2º, 25 mil) e Atlético-MG (3º, 22 mil) têm as melhores marcas. O Bahia se destaca na 4ª colocação, com 22 mil. O top 10 é completado por Cruzeiro (5º, 20 mil), Palmeiras (6º, 20 mil), São Paulo (7º, 19 mil), Grêmio (8º, 18 mil), Internacional (9º, 18 mil) e Vasco (10º, 18 mil).

O top 30 reúne clubes tradicionalmente com participações entre as Séries A e C.

Ranking de público do Brasileirão 1971-2017 (acima de 9 participações):

Clube / Média de público / Público total / Jogos (Participações)
1º Flamengo-RJ – 28.231 – 18.265.600 – 647 (47)
2º Corinthians-SP – 25.581 – 15.527.675 – 607 (45)
3º Atlético-MG – 22.694 – 14.615.013 – 644 (46)
4º Bahia-BA – 22.371 – 10.245.957 – 458 (36)
5º Cruzeiro-MG – 20.459 – 13.523.668 – 661 (47)
6º Palmeiras-SP – 20.030 – 11.537.546 – 576 (44)
7º São Paulo-SP – 19.611 – 12.570.958 – 641 (46)
8º Grêmio-RS – 18.814 – 11.872.019 – 631 (45)
9º Internacional-RS – 18.521 – 11.853.520 – 640 (46)
10º Vasco-RJ – 18.110 – 10.812.121 – 597 (44)
11º Fluminense-RJ – 16.361 – 10.095.144 – 617 (45)
12º Sport-PE – 16.220 – 7.558.679 – 466 (35)
13º Nacional-AM – 15.957 – 2.090.367 – 131 (14)
14º Ceará-CE – 15.862 – 3.156.734 – 199 (16)
15º Paysandu-PA – 14.722 – 3.238.840 – 220 (20)
16º Botafogo-RJ – 14.672 – 8.598.166 – 586 (45)
17º Fortaleza-CE – 14.497 – 2.479.046 – 171 (15)
18º Santos-SP – 14.492 – 9.202.731 – 635 (46)
19º Santa Cruz-PE – 14.281 – 3.813.257 – 267 (23)
20º Coritiba-PR – 13.990 – 7.289.257 – 521 (37)
21º Remo-PA – 13.192 – 1.820.496 – 138 (13)
22º CSA-AL – 13.104 – 1.271.088 – 97 (11)
23º Vitória-BA – 12.715 – 5.963.337 – 469 (35)
24º Goiás-GO – 12.404 – 6.400.464 – 516 (38)
25º Atlético-PR – 11.961 – 6.531.218 – 546 (37)
26º CRB-AL – 11.935 – 1.026.492 – 86 (9)
27º Náutico-PE – 11.086 – 3.636.208 – 328 (27)
28º América-RN – 10.766 – 1.464.176 – 136 (14)
29º Joinville-SC – 9.654 – 1.032.978 – 107 (11)
30º Figueirense-SC – 8.652 – 1.964.031 – 227 (17)
31º Sergipe-SE – 8.557 – 804.360 – 94 (9)
32º Guarani-SP – 8.368 – 2.962.272 – 354 (28)
33º Avaí-SC – 8.338 – 1.067.287 – 128 (9)
34º Paraná-PR – 8.248 – 1.732.080 – 210 (15)
35º Ponte Preta-SP – 8.208 – 2.725.181 – 332 (23)
36º Criciúma-SC – 7.590 – 1.259.940 – 166 (12)
37º América-RJ – 6.520 – 815.000 – 125 (16)
38º Desportiva-ES – 6.512 – 729.344 – 112 (12)
39º Portuguesa-SP – 5.516 – 1.903.020 – 345 (31)
40º Juventude-RS – 5.248 – 1.133.568 – 216 (16)
41º América-MG – 4.783 – 841.953 – 176 (15)
42º Bragantino-SP – 3.725 – 361.325 – 97 (9)

Veja a atualização dos números acima: Ranking de Público até 2019


Quem mais vezes foi o campeão de público por edição do Campeonato Brasileiro também foi o Flamengo.

Melhor média de público do Brasileiro ano a ano:

1971 – não disponível
1972 – Corinthians – 40.719
1973 – Flamengo – 33.660
1974 – Vasco – 36.619
1975 – Internacional – 51.962
1976 – Corinthians – 47.729
1977 – Atlético-MG – 55.664
1978 – Palmeiras – 31.359
1979 – Internacional – 46.491
1980 – Flamengo – 66.507
1981 – Flamengo – 43.614
1982 – Flamengo – 62.436
1983 – Flamengo – 59.332
1984 – Flamengo – 38.543
1985 – Bahia – 41.497
1986 – Bahia – 46.291
1987 – Flamengo – 47.610
1988 – Bahia – 35.537
1989 – Flamengo – 21.300
1990 – Atlético-MG – 26.748
1991 – Atlético-MG – 26.763
1992 – Flamengo – 42.922
1993 – Corinthians – 37.330
1994 – Atlético-MG – 22.673
1995 – Atlético-MG – 21.072
1996 – Atlético-MG – 25.449
1997 – Atlético-MG – 23.342
1998 – Cruzeiro – 28.384
1999 – Atlético-MG – 42.322
2000 – Fluminense – 20.219
2001 – Atlético-MG – 30.679
2002 – Fluminense – 25.666
2003 – Cruzeiro – 26.366
2004 – Corinthians – 13.547
2005 – Corinthians – 27.330
2006 – Grêmio – 25.630
2007 – Flamengo – 39.221
2008 – Flamengo – 40.694
2009 – Flamengo – 41.553
2010 – Corinthians – 27.446
2011 – Corinthians – 29.397
2012 – Corinthians – 24.299
2013 – Cruzeiro – 28.888
2014 – Cruzeiro – 29.678
2015 – Corinthians – 34.150
2016 – Palmeiras – 32.470
2017 – Corinthians – 40.007
2018 – Flamengo – 47.140
2019 – Flamengo – 55.025

Número de vezes com melhor média de público:

1º Flamengo – 14
2º Corinthians – 10
3º Atlético-MG – 9
4º Cruzeiro – 4
5º Bahia – 3
6º Fluminense e Internacional – 2
8º Palmeiras – 2
9º Grêmio e Vasco – 1

Média de público do Brasileirão ano a ano:

1971 – 20.360
1972 – 17.591
1973 – 15.460
1974 – 11.599
1975 – 15.984
1976 – 17.010
1977 – 16.472
1978 – 10.539
1979 – 9.136
1980 – 20.792
1981 – 17.545
1982 – 19.808
1983 – 22.953
1984 – 18.523
1985 – 11.625
1986 – 13.423
1987 – 20.877
1988 – 13.811
1989 – 10.857
1990 – 11.600
1991 – 13.790
1992 – 16.814
1993 – 10.914
1994 – 10.222
1995 – 10.332
1996 – 10.913
1997 – 10.487
1998 – 13.487
1999 – 17.018
2000 – 11.546
2001 – 11.400
2002 – 12.886
2003 – 10.468
2004 – 8.805
2005 – 13.765
2006 – 12.401
2007 – 17.461
2008 – 16.992
2009 – 17.869
2010 – 14.839
2011 – 14.886
2012 – 13.224
2013 – 15.144
2014 – 16.555
2015 – 17.050
2016 – 15.219
2017 – 15.961
2018 – 18.821
2019 – 21.320





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