A análise das finanças do futebol europeu nas últimas décadas ensina como lições:
1. num mundo dinâmico e altamente competitivo, a velocidade da mudança é intensa, quem erra a estratégia, paga o preço muito rápido;2. uma alta capacidade de gerar novas receitas significa conquistar títulos, pois a bola não entra por acaso;3. a capacidade de inovação vai além do meio em que se está imerso;4. sempre há tempo para se compensar o tempo perdido e se encontrar novas receitas.
Todas estas lições são perceptíveis nas mesmas transformações pelas quais está passando o futebol brasileiro, consequência da recente perspectiva de geração de novas receitas.
Porém, no Brasil a amplitude de caminhos seguidos nas finanças do futebol tem variação maior do que na Europa, porque a diversidade e a competitividade variam mais. Há vários paralelos e lições em comum:
1. Ao se analisar os resultados dos clubes paulistas, percebe-se que não basta estar na região de mais alta capacidade de geração de resultados econômicos do país, porque se não buscar a inovação na geração de receitas novas, os resultados não aparecerão sozinhos: o Palmeiras fez um movimento recente de geração de novas receitas, que Corinthians e São Paulo não conseguiram acompanhar.
2. Ao se questionar se o clube dos mais ricos é um clube fechado, deve-se analisar os clubes paulistas e o Flamengo, e as diferenciações dentro deste "Clube dos Mais Ricos do Brasil". Com o crescimento da capacidade de geração de novas receitas no Flamengo, a partir de 2014, e no Palmeiras, a partir de 2015, ficou explícito, frente ao desempenho de seus dois rivais mais próximo no que tange à capacidade de geração de recursos, Corinthians e São Paulo, que sempre há margem para mudanças. Para os demais clubes, é difícil se meter entre estes quatro, mas este clube não é um clube fechado!
3. Nas finanças do futebol, o "efeito boca de jacaré" traz resultados dentro de campo da mesma forma como afeta a competitividade de qualquer mercado: entre os clubes cariocas, por exemplo, o Flamengo se diferenciou em sua capacidade de gerar novas receitas a partir de 2014, e se já tinha alguma vantagem diante de seus rivais locais, a partir de então se diferenciou por completo de seus rivais no Rio de Janeiro em termos de capacidade de geração de novas receitas. O impacto foi claramente refletido em campo, com mais títulos. Lei de mercado: mais eficiência é igual a melhores resultados! E uma lição clara: quem não está atento às estratégias de geração de receita da concorrência, e não consegue acompanhar, fica para trás!
4. Fora do eixo Rio-São Paulo, resta a lição de que só com muita luta se poderá acompanhar o "clube dos mais ricos". Os gaúchos e os mineiros lutam para acompanhar o ritmo dos quatro mais ricos do país. Em Porto Alegre, o Internacional até 2012, e o Grêmio no período mais recente, no qual gerou tantas receitas quanto o Corinthians, já mostraram como é possível acompanhar o ritmo quando se acerta na estratégia de geração de novas receitas. Em Belo Horizonte, o histórico recente do Atlético Mineiro também mostra que há caminhos (embora seu caso traga ressalvas quanto à relação entre os compromissos assumidos e o nível de endividamento que vão além do que só as receitas são capazes de mostrar).
5. O Cruzeiro é um caso de como a falta de transparência e a margem à corrupção de uma única gestão são suficientes para minar a capacidade de geração de receita de uma instituição.
A grande lição que as finanças do futebol mostram é que as receitas novas têm o poder de reescrever as tradições! Um caso explícito, que se coloca como grande lição disto, é o poder do Athlético Paranaense de desbancar forças históricas tradicionais do futebol do Rio de Janeiro, um caminho que clubes como Bahia, Ceará, Fortaleza, América Mineiro, entre tantos outros, também podem trilhar! Mas só se adotarem as estratégias certas para cada um de seus casos!
Solidamente, o Athlético primeiro desbancou a Vasco da Gama e Botafogo, e logo em seguida também ao Fluminense. Já são alguns anos seguidos deixando estes três tradicionais gigantes do futebol carioca para trás!
O futebol brasileiro vem vivendo um longo ciclo de crescimento sustentado, e a tendência é continuar crescendo ainda mais!
De Norte a Sul do Brasil, os Anos 2010 foram marcados pela ascensão de clubes buscando maior protagonismo no cenário brasileiro, para desbancar velhas tradições. É uma tendência em consolidação!
O crescimento via geração de novas receitas de clubes como Athlético Paranaense e Bahia, por exemplo, indica o caminho, que outros também vem tentando trilhar para se consolidar na elite.
Numa perspectiva de longo prazo, o mercado conjunto do futebol brasileiro viveu um ciclo de crescimento expressivo até 2012. Na sequência passou por uma breve estagnada, até retomar após os investimentos nos estádios feitos para a Copa do Mundo de 2014, com uma nova era de crescimento, com geração de novas receitas sustentadas por um novo ciclo de qualidade de serviços prestados a seu consumidor (o torcedor).
Mas não basta só gerar receitas, é preciso gestão eficiente para ajuste de custos. Nem sempre a geração de novas receitas bastou para garantir resultado positivo, pois foram vários os anos nos quais a receita conjunta dos clubes cresceu, mas os déficits também aumentavam, mostrando que os clubes andavam esbanjando a geração de novas receitas com aumento descontrolado de seus custos.
Mas há o que ser comemorado! Houve evolução! Em 2021 o conjunto do futebol brasileiro gerou o maior superávit conjunto de sua história! A soma dos resultados acumulados pelos 13 maiores clubes brasileiros geradores de receita atingiu o maior patamar conjunto da história, e só dois clubes no Brasil tiveram déficits expressivos em 2021, o São Paulo Futebol Clube e o Cruzeiro. Enfim, a lição da necessidade de equilíbrio financeiro está sendo aprendida!
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