terça-feira, 23 de agosto de 2022

Lições do Futebol Mundial sobre Geração de Novas Receitas


O processo de transformação e criação de valor é muito dinâmico, porque há uma exigência constante em qualidade de gestão. Soma-se a isto que qualquer ineficiência causa punições severas sob uma "Dinâmica de Castelo de Cartas": estruturar-se para edificar resultados é trabalhoso e exige tempo, destruir o que está edificado é muito rápido!

A proposta será usar o futebol mundial como um parâmetro para mostrar a significativa importância que tem a geração de novas receitas para vencer a concorrência e conquistar mercados, de forma a se obter uma transformação na capacidade de gerar receitas através do benchmarking de serviços - melhorando processos existentes e colhendo dados sobre seu desempenho para identificar lacunas e prover crescimento - e através da busca por um redesenho constante de estratégia com clientes - extraindo o máximo na oferta de serviços e da infraestrutura - de forma a se produzir uma viabilidade financeira e incrementar o valor de mercado como resultado final.

A análise foi iniciada com uma olhada na evolução daquelas que eram as cinco maiores receitas mundiais em 2001, na largada do Século XXI. O que se vê como resultado são caminhos distintos nas trajetórias. Alguns se mantiveram conseguindo criar receitas novas e se mantiveram no Top 5 (Real Madrid, Bayern e Manchester United), já outros não criaram novas receitas e sucumbiram em seus resultados: Juventus e Milan, fora do Top 5 - e muito distantes dele - e, como consequência, conquistando menos títulos continentais do que seus rivais.


Pode ser observado um enorme gap entre aqueles que têm a capacidade de se manter criando novas receitas e os que não têm. As consequências são vistas no desempenho frente à concorrência. Como fator inquestionável: a diferença entre Real Madrid e Milan foi gritante! No início do Século XXI, os dois partiram do mesmo patamar de receitas. Equivaliam-se! Ao fim de duas décadas depois, os espanhóis tiveram a capacidade de encontrar meios de criação de receitas novas e a agremiação italiana estagnou, perdendo competitividade nas maiores competições da Europa. A diferença na quantidade de títulos conquistados por um e outro no período seguiu este distanciamento financeiro, com muitos mais troféus indo parar em Madrid.


Muitas vezes a capacidade de geração de novas receitas depende da Liga e da economia do país onde um clube está. Mas ao se comparar dois clubes na mesma Liga, do mesmo país, chega-se à mesma conclusão de que quem encontrou meios de criação de receitas novas, conquistou mais troféus.

Na primeira década do Século XXI, as italianas Juventus e Internazionale se mantiveram próximas em suas capacidades de gerar receitas, ainda que ambas perdendo espaço no ranking dos mais ricos do continente. Na segunda década do século, a Juventus despertou e conseguiu encontrar o caminho das novas receitas. A Inter tardou. E a Juve colheu os frutos com muitos títulos a nível nacional.


Uma outra lição está na maior Liga Nacional da Europa, a que mais cresce no mundo. A lição é: não basta estar nela, isto não é garantia de que se conseguirá gerar receitas novas. Há que se ir além na capacidade de inovar! Há 15 anos, Chelsea e Bayern tinham o mesmo patamar de geração de receitas. Apesar de estar na Premier League, na Inglaterra, a maior movimentadora de capital no mundo do futebol, o Chelsea não teve a mesma capacidade de geração de receitas do Bayern Munique, na Alemanha. Portanto, a capacidade de inovação vai muito além do meio em que se está imerso!

Ao mesmo tempo, o desempenho do Chelsea frente ao Bayern nas finanças comprova como nem sempre basta um mecenas para garantir melhores receitas. Uma gestão bem executada e com decisões acertadas pode dar melhor resultado.


E mais uma regra básica é: sempre há tempo para se encontrar às novas receitas. A capacidade de gerar receitas novas não é um fator estático! Encontrando-se os meios de inovação adequados, os rumos podem ser perfeitamente corrigidos e os devidos lugares na economia frente à concorrência serem recuperados.

Ao longo das últimas décadas, a Internazionale perdeu posição para o Schalke 04, da Alemanha, um clube com muito menos tradição do que a sua no cenário europeu. Não dormiu, reagiu, gerou novas receitas, e retomou a dianteira na comparação direta com este rival.


Usando mais um parâmetro, foi analisada também a posição relativa dos clubes no Ranking Anual de clubes mais ricos do mundo, um parâmetro posicional da capacidade de geração de novas receitas frente à concorrência, indicando quem ganhou e quem perdeu espaço.

O Milan foi de um dos mais ricos do mundo para uma posição totalmente distante dos mais poderosos. Um clube que parou no tempo em sua capacidade de encontrar meios de geração de novas receitas. Era Top 5, e passou a não estar sequer no Top 20.


O Barcelona estava atrás na largada no início do Século XXI, estava fora do Top 5, mas o clube entendeu que precisava ser um gerador ativo de novas receitas para ser competitivo no continente. Um caso de estudo que se tornou até livro: "A Bola Não Entre Por Acaso".


A Roma começou o Século XXI no Top 10 de riqueza do futebol mundial, mas duas décadas depois estava fora até do Top 30. Um exemplo claríssimo das consequências de se perder a capacidade de inovar para encontrar meios de geração de novas receitas, e da consequente perda de competitividade para se manter entre aqueles que lideraram este mercado e conquistam mais troféus.


Por último, o Manchester City e o Paris St-Germain são dois casos clássicos no qual a capacidade de geração de receitas novas não passa nem sempre apenas pela capacidade de gestão, pois muitas vezes a solução chega por um mecenato capitalista, com a obtenção de capacidade de ingestão de recursos via a chegada de um novo investidor e via abertura de capital.


Gerar novas receitas é primordial. E com um ponto de atenção: não basta criar, há que prestar atenção se os resultados de criação estão sendo superiores aos da concorrência. O futebol mundial prova, e diversos outros mercados indicam o mesmo.


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