Cabe agora haver um extremo cuidado para não haver uma queda de patamar em relação ao padrão alcançado pelo futebol do Flamengo entre 2019 e 2022. Mudanças de modelo de gestão que não garantam a manutenção de entradas financeiras ou não tenham a capacidade de geração de receita e de eficiência profissional compatíveis a se manter competitivo frente às equipes paulistas pode ser um retrocesso.
Acreditar que o Flamengo é um gerador de receita incondicional e que terá o padrão de faturamento adquirido sobretudo a partir de 2014 independente da capacidade daqueles que forem colocados para cuidar do clube é uma visão que mescla ingenuidade e ignorância. A cidade, assim como o estado, de São Paulo são um outro patamar de desenvolvimento e geração de recursos dentro do Brasil. Manter-se num nível de competitividade equivalente ao de seus clubes mais fortes – Palmeiras, São Paulo e Corinthians – só com organização e profissionalismo. O Rio de Janeiro está muito distante em termos de capacidade de se organizar, ser eficiente e gerir recursos frente ao maior centro econômico do país! No “padrão carioca”, uma derrocada rumo aos níveis anteriores a 2012 será rápida e implosiva.
Rodolfo Landim como presidente, e seus pares gestores, cometeram graves erros ao longo de 2023. A gestão do Futebol do Flamengo precisará ser reconstruída inteira até dezembro, plantando-se os alicerces para que 2024 não seja um ano ainda pior do que 2023 foi! Há 5 Grandes Problemas da Gestão de Futebol do Flamengo que precisam ser corrigidos urgentemente! Há 5 soluções para reconduzir o clube a uma caminhada de sucesso. As metas para 2024 deveriam ser apenas duas: ser Campeão Carioca e ser Campeão Brasileiro. A primeira meta apenas como uma condição de estabilidade para viabilizar que haja tranquilidade para que já se largue com tudo rumo a uma campanha sólida que sustente a obtenção da segunda, que é a verdadeiramente importante!
1. Fim do Amadorismo Político no Futebol
É explícito que Landim se preocupou em construir uma base política de relações amadoras dentro do futebol. A interpretação mais leve para isto seria uma preocupação em construir bases já para as Eleições Presidenciais do Fim de 2024. Uma interpretação mais grave seria uma relação de interesses em torno dos cargos remunerados da gestão do futebol.
O sinal mais explícito - e anterior a tudo que aconteceu em 2023, é a presença de Cacau Cotta como Vice-presidente de Relações Externas na Gestão Rodolfo Landim. O atual vice-presidente foi varrido do clube no início de 2013, quando a “gestão profissionalizante” da qual o Presidente Landim fazia parte lá chegou. Entre outras acusações de negócios ilícitos, o nome ligado a Torcidas Organizadas foi acusado, segundo diversas notícias publicadas pela imprensa à época, de ter familiares na folha de pagamentos da administração do clube como funcionários fantasmas, recebendo salário sem sequer ir ao clube. A presença de Cacau Cotta só mostra o quanto os princípios administrativos de Landim divergem dos princípios que aquele grupo que tinha o apoio de Zico apresentou para vencer as Eleições de 2012. É a proa do quanto Landim, se rendeu ao amadorismo e esqueceu-se da importância de haver profissionalismo.
Para enfrentar as críticas de que era uma gestão de executivos que só entendiam de dinheiro e não entendiam nada de futebol, Landim achou que poderia ser um grande arquiteto construtor de alianças unificadoras de todas as diferentes frentes políticas. Errou feio!
Rodolfo Landim se mostrou um Grande Incompetente em Gestão de Crises e Conflitos. Não agiu na hora que se atirava gasolina na fogueira, omitiu-se, não deu a cara, não deu entrevistas. Quando apareceu, já era tarde, e suas aparições foram arquitetadas como jogadas de publicidade, para parecer mais presente. Um picolé de chuchu adornado por propagandistas!
A maior consequência deste amadorismo foi a manutenção de Marcos Braz no cargo de vice-presidente de futebol. Desde que se elegeu vereador, ele jamais dedicou-se ao futebol rubro-negro como o fez antes de ser eleito. Ineficiente na formação dos elencos nos últimos anos! A capacidade de “entendedor de futebol” que os “executivos riquinhos” supostamente não tinham, não se fez presente. Na sua conta, a cartada certeira das contratações em 2019, quando as chegadas de Gabigol, Bruno Henrique, Arrascaeta e Rodrigo Caio no 1º semestre, e de Rafinha, Filipe Luís, Pablo Mari e Gérson no 2º semestre, assim como a contratação do técnico Jorge Jesus foram cartadas certeiras, que num caldeirão alquímico em que parece ter caído uma pitada de sorte, fez tudo se acertar, e jogar o Flamengo inquestionavelmente para Outro Patamar!
Depois disto, em que acertou em contratações Marcos Braz? Em 2020, os principais nomes a chegar foram Mauricio Isla, Gustavo Henrique, Léo Pereira, Thiago Maia, Michael e Pedro, com um índice de acerto ainda bem razoável. Em 2021, as chegadas relevantes foram apenas as de David Luiz, Bruno Viana, Piris da Motta e Andreas Pereira, e em 2022 as de Santos, Varela, Fabrício Bruno, Pablo, Ayrton Lucas, Pulgar, Arturo Vidal, Marinho e Éverton Cebolinha. Uma taxa de sucesso em 2021-2022 muito inferior à de 2019-2020. E em 2023 só chegaram Rossi, Allan, a volta de Gérson, e Luiz Araújo. Muito pouco!
Pior é o fato de que o vice-presidente de futebol tem um cargo não remunerado. Mas é ele quem efetivamente deu as cartas em todas as negociações desde 2019. O diretor de futebol remunerado e com alto salário, Bruno Spindel, além de dar a impressão de não ter a capacidade de voar sozinho, tampouco demonstra habilidades como gestor de vestiário, apagador de incêndios e reversor de crises. Que estrutura é essa que as rédeas estão na mão do não remunerado e o muito bem pago é um mero papagaio de pirata? É uma estrutura amadora, e tal qual sabe-se lá com tais arranjos políticos que mantém os rabos presos, sem que nada tenha a capacidade de mudá-la!
O cargo de vice-presidente tem que cuidar exclusivamente da esfera política, extra-campo, interna e externa, relacionada ao futebol do clube. É perfeitamente plausível ter uma fusão dos cargos atuais de vice-presidência de futebol e vice-presidência de relações externas.
A outra linha de renovação é a nível de gerência. Não é oportunidade em cima de todas as críticas que já foram feitas nos últimos meses, mas realmente ninguém consegue entender direito quais os papéis e o que fazem efetivamente Juan e Fabinho na gestão micro do vestiário e da rotina do elenco rubro-negro. Mesmo nos tempos de jogador, a liderança do zagueiro Juan em campo sempre foi muito passiva e silenciosa. Não é disto que o Flamengo precisa.
Dois nomes de cara se encaixam claramente neste perfil: DIEGO RIBAS e FÁBIO LUCIANO.
Mas deveria largar o vôlei e se dedicar exclusivamente ao vestiário rubro-negro para isto. Seria uma função complementar à do “capitão mais velho”, que seria ou Diego ou Fábio Luciano.
O Clube de Regatas do Flamengo é um moedor, triturador de treinadores. Não importa a experiência que o técnico carregue na bagagem, o processo é sempre o mesmo: uma chegada cheia de esperança, uma saraivada de críticas perante a primeira perda de título, um ciclo de críticas e difamações que sustenta as audiências dos canais de televisão, a crescente desconstrução por um exército de aloprados nas redes sociais, uma temperatura de fritura cada vez maior, até se chegar a uma demissão num período de tempo sempre mais ou menos parecido.
Não há blindagem ao trabalho do treinador. Políticos e publicitários não colocam suas imagens em risco para construir uma proteção e fazer o papel de gestores de crise, com medo das consequências para suas próprias carreiras. Sem uma estratégia de defesa estruturada, passam-se nomes, acabam-se opções, e todos são taxados de não estar à altura da função.
Mais de 10 anos depois, e a gestão de treinadores segue sendo o “calcanhar de Aquiles” da “Revolução Rubro-Negra”, o processo de gestão que mudou de patamar a capacidade de geração de receitas e, por consequência, dos resultados obtidos pelo futebol do clube. Tanto nos anos sob a gestão do presidente Eduardo Bandeira de Mello e de sua diretoria (2013-2018) quanto nos anos sob a gestão do presidente Rodolfo Landim (2019-2024), a troca constante de treinadores jamais foi revertida. A única exceção, por razões óbvias, já que é muito fácil tomar decisões em relação a um treinador que só sofreu 4 derrotas e conquistou 5 títulos num intervalo de 1 ano, foi a passagem de Jorge Jesus, um marco histórico revolucionário não só para o Flamengo, como para todo o futebol brasileiro.
Dorival Júnior (2 meses), Jorginho (2,5 meses), Mano Menezes (3 meses), Jayme de Almeida (8 meses), Ney Franco (2 meses), Vanderlei Luxemburgo (10 meses), Cristóvão Borges (3 meses), Oswaldo de Oliveira (3 meses), Muricy Ramalho (4 meses), Zé Ricardo (14,5 meses), Reinaldo Rueda (4 meses), Paulo César Carpegiani (2 meses), Maurício Barbieri (6 meses), e Dorival Júnior (2 meses) - só 3 com mais de 6 meses.
Abel Braga (4,5 meses), Jorge Jesus (11 meses), Domenec Torrent (3 meses), Rogério Ceni (7 meses), Renato Gaúcho (4,5 meses), Paulo Sousa (4 meses), Dorival Júnior (5 meses), Vítor Pereira (3 meses) e Jorge Sampaoli (5 meses) - só 1 com mais de 7 meses.
Comparativamente no tempo a períodos equivalentes de 8 anos: de 1997 a 2004 foram 23 treinadores, de 2005 a 2012 foram 17 treinadores, de 2013 a 2018 foram 14 treinadores, e de 2019 a 2023 foram 9 treinadores. Claramente um problema crônico do futebol do Flamengo!
Para 2024, as escolhas parecem ser bem restritas: ou é TITE ou é JORGE JESUS. Só estes dois nomes tem um currículo de títulos parrudo o suficiente para suportar ao caldeirão que ferverá num ano eleitoral no Ninho do Urubu e na Gávea. Para o escolhido deveria haver uma única meta: ser Campeão Brasileiro de 2024! Nada mais deveria interessar.
A história de que o elenco do Flamengo é o mais forte do Brasil é mito. Já foi. A renovação foi mal-feita. Assim, já não é mais. É só olhar e analisar os elencos dos 10 clubes mais fortes do campeonato, todos tem um banco de reserva forte. Todos fortaleceram seus elencos para se colocar à altura dos plantéis de Flamengo e Palmeiras. É preciso investir para voltar a ter um elenco mais forte do Brasil!
Um elenco para ser competitivo a nível de lutar pela ponta do Campeonato Brasileiro deveria ter 24 a 25 jogadores capazes de ter plenas condições de serem titulares a qualquer momento, além de cerca de 11 jovens recém promovidos do sub-20 prontos para darem rotação ao elenco, entrando em jogos de menor pressão para ganhar experiência e dar descanso aos principais nome do elenco.
Entre 2021 e 2023, saíram mais jogadores do que entraram, metade (ou mais) dos que chegaram não corresponderam, e muitos dos que ficaram, envelheceram e já não tem a mesma competitividade.
Jogadores a não terem contrato renovado ou a terem a saída facilitada mesmo que sem compensação financeira, bastando aparecer um clube disposto a honrar seus salários: goleiro Santos, lateral-direito Varela, zagueiros Rodrigo Caio, David Luiz e Pablo, lateral-esquerdo Filipe Luís, meia Éverton Ribeiro, e atacante Éverton Cebolinha. No comando de ataque, ou Pedro ou Gabigol deveriam sair. Uma moeda de troca há pouco ventilada seria a troca de Pedro pelo meia-atacante Claudinho. Por outro lado, se renovar, Gabi receberá cerca de R$ 2 milhões por mês, e definitivamente não apresentou em todo o ano de 2023 um futebol condizente a este nível salarial.
ELENCO 2024
Goleiros: Rossi e Matheus Cunha
Laterais-Direitos: Wesley, Matheuzinho + 1 CONTRATAÇÃO
Zagueiros: Fabrício Bruno, Léo Pereira + 2 CONTRATAÇÕES (opção da base: Cleiton)
Laterais-Esquerdos: Ayrton Lucas + 1 CONTRATAÇÃO
Volantes: Pulgar, Allan, Thiago Maia e Victor Hugo (opções da base: Igor Jesus, e Évertton Araújo)
Meias: Arrascaeta, Gérson + CONTRATAÇÃO DE NICO DE LA CRUZ (opção da base: Lorran)
Pontas: Bruno Henrique, Luiz Araújo + 2 CONTRATAÇÕES (opção da base: Petterson)
Centroavante: ou Pedro ou Gabriel Barbosa, + 1 CONTRATAÇÃO
Assim, seria um elenco de 29 JOGADORES, sendo 16 MANTIDOS, 8 CONTRATADOS e 5 DA BASE. Caso qualquer um dos 16 saía por uma questão de mercado, adiciona-se um nome a mais à lista de contratados. E os reforços têm que ser todos de impacto. A geração de receita exige isto! É hora de reinvestir para manter a capacidade de geração de receitas no alto!
O PLANEJAMENTO 2024 TEM QUE COMEÇAR JÁ!!!
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