A expectativa era grande, especialmente após a contratação de Diego como grande estrela na articulação do meio-campo rubro-negro. Mas a luta da diretoria era muito mais ampla do que aquela na esfera esportiva. Financeiramente, 2016 foi um ano mais duro, sobretudo pela grave situação econômica que atravessava o país. As receitas com patrocínio e com sócio-torcedor sofreram retração. Com a ausência do Maracanã, entregue à organização dos Jogos Olímpicos, as receitas com bilheteria também caíram bastante. A continuidade na austeridade financeira só foi possível pelo aumento das receitas oriundas da televisão.
As brigas políticas continuavam quentes. Não faltavam frentes de batalha! A mais importante delas era pelo Maracanã. Afundada em escândalos de corrupção junto ao Setor Público, a Odebrecht, líder do Consórcio Maracanã, queria passar a concessão adiante (detalhe: o próprio processo de concessão fazia parte do pacote de casos de corrupção das relações com o Governo Federal e o Governo do Estado do Rio de Janeiro). O Flamengo foi firme em sua tomada de decisão, não aceitaria mais estar ausente da gestão direta do estádio. Estratégia clarissimamente expressada nas palavras do Diretor Executivo Fred Luz em entrevista ao programa Tá na Área, do SporTV, em 21 de novembro de 2016: "O Maracanã é um sonho de muita gente, um ícone da cidade do Rio de Janeiro. Muitas vezes ele alimenta expectativas de se fazer receita que na nossa opinião não são tão fáceis assim. Então, acaba que a empresa que vai desejar ter lucros vai querer construir esses lucros em cima das receitas dos clubes de futebol do Rio. O Flamengo não concorda mais com isso. O Flamengo acha que as receitas dele, geradas pelos torcedores, são para melhorar o seu time de futebol, para investir nas instalações, para que o clube possa ser cada vez mais competitivo. O clube não vê com bons olhos a operação na mão de um intermediário que vai querer fazer lucro às custas das receitas do Flamengo". O presidente Eduardo Bandeira de Melo reforçou o argumento em entrevista concedida em 21 de dezembro de 2016: "se o Maracanã for entregue a atravessadores, que queiram obrigar o Flamengo a jogar para poderem se beneficiar de algum contrato lesivo aos nossos interesses, já avisamos que não vamos jogar no Maracanã e vamos buscar outras soluções".
Ao mesmo tempo, ainda no campo político, era travada a disputa com a Federação de Futebol do Estado do Rio (FERJ), que se arrastava desde os anos anteriores. A posição do Flamengo era a de não disputar o Campeonato Carioca de 2017 com seus titulares. Rechaçou o acordo com a TV Globo, já assinado por todos os demais clubes e a federação, abrindo mão de recursos financeiros se não fossem atendidas suas 7 exigências: (1) receber diretamente os recursos, sem que a verba passasse pela Federação; (2) que o contrato fosse vinculado a regras de transparência, com a FERJ prestando conta de suas fluxos financeiros; (3) que a FERJ diminuísse de 10% para 5% a taxa cobrada dos clubes nos jogos; (4) que a entidade fosse impedida de interferir na política de preço de ingressos dos clubes; (5) que o decidido em arbitrais não pudesse em hipótese alguma mudar contratos já assinados pelos clubes; (6) que os clubes pudessem explorar a publicidade nos estádios; e (7) que o valor pago aos clubes fosse maior do que o recebido pela federação. Exigências claras e eticamente precisas.
Em paralelo, era preciso equilibrar as forças políticas na Primeira Liga, que lutava para organizar, em 2017, sua segunda edição. A CBF fingia apoio, mas dificultava ao máximo a realização, reorganizando o calendário de forma a não deixar margens à realização do torneio. Os clubes paulistas, aliados políticos do ex-presidente da Federação Paulista e então presidente da CBF, Marco Polo Del Nero (então também procurado pela Interpol por corrupção na FIFA), não se manifestavam, mas não estavam tão indiferentes quanto queriam dar a impressão de estar.
Em 10/09/2015, em reunião na sede do Flamengo, foi oficialmente fundada a Liga Sul-Minas-Rio, formada por 14 clubes. A 1ª edição, em 2016, reuniu 12 clubes: Flamengo, Fluminense, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Grêmio, Internacional, Coritiba, Atlético Paranaense, Criciúma, Avaí, Figueirense e América Mineiro. Dos fundadores, dois não participaram da primeira edição: Chapecoense e Joinville. Em 2016, outros 7 clubes aderiram ao movimento: Tupi, Brasil de Pelotas, Paraná Clube, Londrina, Atlético Goianiense, Luverdense e Ceará. Dois, porém, por divergência quanto à divisão das cotas de televisionamento, afastaram-se: Coritiba e Atlético Paranaense. Ainda assim, a 2ª edição, em 2017, foi confirmada com 16 participantes, e mais datas no calendário frente à primeira edição. Participariam doze dos fundadores, sem os dois paranaenses divergentes, mais Londrina, Paraná, Brasil de Pelotas e Ceará.
Além destes entraves políticos, extra-campo, fazia parte também da luta no futebol do Flamengo a reconstrução do trabalho nas divisões de base, e o ano de 2016 trouxe bons frutos neste aspecto. O clube foi Campeão Carioca sub-13, sub-14, sub-15, sub-17, ficou em 2º lugar no sub-20, mas foi campeão do Torneio Octávio Pinto Guimarães sub-20, além de ter sido o campeão da Copa São Paulo Sub-20 no começo do ano. Ainda sem um Centro de Treinamento perfeitamente qualificado, o clube já começava a desfrutar o bom trabalho realizado por Carlos Noval, diretor da base do Flamengo, bem como da boa captação de talentos pelo Brasil. Perdeu o estadual sub-20 para o Botafogo nos pênaltis, mas conquistou o Torneio OPG sub-20, vencendo o Vasco. No sub-17 o resultado mais expressivo, tendo ficado mais de um ano invicto, levando os títulos da Taça Guanabara e da Taça Rio, em cuja final atropelou ao Vasco, ganhando por 4 x 0 e 6 x 1. No sub-15, foi campeão batendo o Botafogo na final. No sub-13 e no sub-14, derrotou o Vasco na final. No sub-11 e sub-12 foi finalista, entretanto perdeu ambas as finais para Vasco e Fluminense, respectivamente. O desafio agora era acertar na transição e colocar um punhado de jogadores da base no time adulto.
A luta principal no futebol profissional, no entanto, era pelo título nacional de 2016. O Flamengo fez um grande 2º turno, superando, pela primeira vez desde que o campeonato passou a ser por pontos corridos, a marca de 70 pontos conquistados. O campeão foi o Palmeiras. O Flamengo fez sua melhor campanha em pontos corridos na história, mas o segundo melhor desempenho, já que em 2009 apesar de ter tido menos pontos foi o campeão.
Entre a 21ª e a 25ª rodada, o time conseguiu 13 pontos em 15 possíveis. Venceu ao Grêmio em Brasília e à Ponte Preta em Cariacica, venceu o Chapecoense e Vitória fora de casa, e empatou contra o líder Palmeiras em São Paulo. Postulava-se como fortíssimo candidato ao título. Repetiu o desempenho entre a 26ª e a 30ª rodada, obtendo novamente 13 pontos em 15 possíveis. O time rubro-negro venceu a Figueirense e Santa Cruz, ambos no Pacaembu, ao Cruzeiro em Cariacica, e ao Fluminense em Volta Redonda, e empatou sem gols contra o São Paulo na capital paulistana. Não assumiu a liderança, porque o Palmeiras conseguiu ter este mesmo desempenho, obtendo 13 em 15 pontos possíveis. Ambos vinham embaladíssimo, perderia o título quem vacilasse primeiro.
O Flamengo perdeu a oportunidade de ser campeão pelo seu desempenho entre a 31ª e a 34ª rodada. Primeiro ao ter tomado uma virada do Internacional no Beira-Rio, em Porto Alegre. Tomou a dianteira do placar já no 2º tempo, contra um time que lutava desesperadamente para fugir do rebaixamento, mas sofreu dois gols nos 25 minutos finais. Depois, empatou por 2 x 2 com o Corinthians na sua volta ao Maracanã. Contra o 3º colocado, o Atlético Mineiro, fora de casa, no Mineirão, em Belo Horizonte, saiu na frente, tomou a virada no fim do jogo em seis minutos, entre os 35 e os 41, mas ainda conseguiu buscar um empate heróico no minuto final. Para fechar a sequência que lhe custou o campeonato, um empate sem gols frente ao Botafogo no Maracanã.
Nas quatro rodadas finais, venceu América Mineiro e Santos, e empatou com Coritiba e Atlético Paranaense. Terminou com 71 pontos, a mesma pontuação dos santistas, que ultrapassou o Flamengo nos critérios de desempate, ficando com o vice-campeonato. O campeão Palmeiras fez incríveis 80 pontos.
O time titular de Zé Ricardo na magistral arrancada foi formado por Alex Muralha, Pará, Réver, Rafael Vaz e Jorge; Márcio Araújo, Willian Arão, Diego e Éverton; Gabriel e Paolo Guerrero. E com um banco de reservas luxuoso, que contava com peças de reposição do calibre de Alan Patrick, Mancuello, Emerson Sheik, Marcelo Cirino e Leandro Damião.
No 1º turno foram vitórias, empates e derrotas, terminando em 4º lugar. No 2º turno foram vitórias, empates e derrotas, terminando em 3º lugar. Uma campanha magistral, mas que não foi premiada com o título, o que tende a ser cruelmente punido no futebol brasileiro.
Porém, o fim de ano seria recheado de boas notícias para o Flamengo, resultados do excelente trabalho de gestão administrativo-financeira do clube. Primeira com a inauguração do moderníssimo módulo de futebol profissional do Centro de Treinamento em Vargem Grande, um projeto que há trinta anos vinha sendo sonhado e evoluindo a passos muito lentos. A Gestão Azul o entregou! E a segunda grande notícia foi a parceria de longo prazo para patrocínio, assinada com a marca de bebidas energéticas tailandesa Carabao, que desembarcava no Brasil e usava o Flamengo como sua plataforma de lançamento. O contrato de seis anos de duração e com valor total estimado em R$ 190 milhões, o maior patrocínio até então firmado por um clube de futebol no Brasil. Complementarmente, o clube renovou por mais um ano com as outras quatro empresas que estampavam logomarcas em sua camisa: Caixa Econômica Federal, MRV Engenharia, TIM e o curso de idiomas Yes! (para efeito de comparação, no triênio 2010-2012, na gestão que antecedeu à e Eduardo Bandeira de Melo, o Flamengo não teve nenhum contrato de patrocínio estampado em sua camisa em nenhum ano daquele triênio). Extra-campo de futebol, a diferença na qualidade de gestão frente a tudo que o clube havia tido nas décadas anteriores à Gestão Azul era gritante, alarmante, impressionante!
Mas ainda faltavam conquistas no futebol...
Porém, o fim de ano seria recheado de boas notícias para o Flamengo, resultados do excelente trabalho de gestão administrativo-financeira do clube. Primeira com a inauguração do moderníssimo módulo de futebol profissional do Centro de Treinamento em Vargem Grande, um projeto que há trinta anos vinha sendo sonhado e evoluindo a passos muito lentos. A Gestão Azul o entregou! E a segunda grande notícia foi a parceria de longo prazo para patrocínio, assinada com a marca de bebidas energéticas tailandesa Carabao, que desembarcava no Brasil e usava o Flamengo como sua plataforma de lançamento. O contrato de seis anos de duração e com valor total estimado em R$ 190 milhões, o maior patrocínio até então firmado por um clube de futebol no Brasil. Complementarmente, o clube renovou por mais um ano com as outras quatro empresas que estampavam logomarcas em sua camisa: Caixa Econômica Federal, MRV Engenharia, TIM e o curso de idiomas Yes! (para efeito de comparação, no triênio 2010-2012, na gestão que antecedeu à e Eduardo Bandeira de Melo, o Flamengo não teve nenhum contrato de patrocínio estampado em sua camisa em nenhum ano daquele triênio). Extra-campo de futebol, a diferença na qualidade de gestão frente a tudo que o clube havia tido nas décadas anteriores à Gestão Azul era gritante, alarmante, impressionante!
Mas ainda faltavam conquistas no futebol...
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