domingo, 14 de maio de 2017

C. R. FLAMENGO: Resultado Financeiro no 1º Trimestre

O Flamengo publicou o Balanço Financeiro do 1º Trimestre de 2017. Como em todos os balanços trimestrais (sempre publicados 30 dias após o fim do exercício, já que não precisam passar por Auditoria, diferentemente do balanço anual, que sai 3 meses após o fechamento), analisaremos neste texto tanto indicadores de estoque (Empréstimos de Curto Prazo, Dívida Líquida e Razão Dívida/Receita Anualizada), quanto indicadores de fluxo (Receita Total, aberturas de Receitas Brutas do Futebol e Resultado Líquido). Indicadores de estoque são um retrato de momento e indicadores de fluxo são crescentes no exercício, acumulando-se ao longo do ano até o resultado anual final.

Começando pela situação dos Empréstimos, a qual tem sido sempre necessária um zoom. Os volumes de empréstimo de curto prazo provam que a situação financeira do Flamengo ainda não é tranquila. O fechamento de 2016 mostrava que 2017 tinha tudo para ser o último ano com o fluxo de caixa rubro-negro sob pressão, já que os empréstimos de longo prazo diminuíram bastante. Mas o volume de empréstimos de curto prazo no 1º trimestre seguiu trajetória crescente, fechando em quase R$ 100 milhões. Entrando receita, é hora de sanar esta ferida.


O nível de receitas do Flamengo continua com ótimo viés de elevação. E, o que é mais importante, com indícios de recuperação qualitativa da origem destes recursos. No 1º trimestre de 2017, as receitas líquidas foram ainda maiores do que o já excelente resultado cerificado no 1º tri de 2016, com um aumento de 5,25% (em linha com a variação inflacionária). Comparando um prazo mais longo, o resultado do 1º trimestre de 2017 é 49,8% superior ao do 1º trimestre de 2014. Os números de 2017 representam o melhor resultado de receitas em 1º trimestre do Flamengo na história.


As receitas líquidas são já com a dedução do pagamentos dos impostos que incidem diretamente sobre ela. Para jogar lupa no resultado, a análise é feita sobre a receita bruta (sem dedução de impostos), já que o exercício financeiro não abre o pagamento de tributos por rubrica. Vendo-se a receita bruta do futebol, aumento, trimestre contra trimestre, de R$ 110 para R$ 125 milhões. O óbvio: o carro-chefe do aumento de receita do Flamengo é o esporte bretão.


Dos R$ 125 milhões da receita de futebol rubro-negra no trimestre, R$ 57 milhões vieram das transmissões de TV, uma redução brusca, já que no 1º trimestre de 2016 esta rubrica tinha batido em R$ 71 milhões. A redução ocorreu porque em 2016 o clube recebeu as "luvas" pela assinatura do novo contrato com a Rede Globo. Queda expressiva, portanto, de R$ 14 milhões no resultado de um trimestre contra o outro. Mas patamar com aumento de R$ 13 milhões frente ao 1º trimestre de 2015.


Em compensação, a receita de patrocínio voltou a subir. No 1º tri de 2017 entraram R$ 19 milhões nos cofres rubro-negros, R$ 3 milhões a mais do que no mesmo trimestre de 2016. Ainda assim, um volume ligeiramente inferior ao observado no 1º trimestre de 2015, quando o clube teve o melhor desempenho para um primeiro trimestre nesta rubrica em sua história.


Também cresceu a receita bruta com Bilheteria. O resultado fechou o 1º trimestre em R$ 9,1 milhões, o melhor desempenho em 1º trimestre na história do clube. Este resultado só foi possível pelas rendas obtidas nos jogos da Libertadores da América. E só foi possível também pela reabertura do Maracanã.


Viés crescente também nas receitas com Sócio-Torcedor. Entraram R$ 8,8 milhões com o programa nos cofres rubro-negros, o melhor trimestre em arrecadação de receita da história do Programa Nação Rubro-Negra. O ticket médio mensal pago pelo STs se estabilizou na casa de R$ 37 já há alguns trimestres.





Com isto, a receita bruta com torcida no trimestre subiu para R$ 18 milhões. Melhor resultado de 1º trimestre da história rubro-negra neste quesito, que soma os resultados obtidos com bilheteria aos do sócio-torcedor.


O resultado líquido do exercício caiu. No 1º trimestre de 2016 havia sido R$ 39,4 milhões, e no trimestre equivalente de 2017 foi R$ 28,4 milhões. E a cona só fechou por causa da entrada a vista do pagamento do Monaco, da França, pela aquisição do lateral-esquerdo Jorge.

Fugindo à frieza dos números, isto também é uma boa notícia! O resultado caiu, mas só teve esta queda por causa do aumento da capacidade de investimento do Flamengo, que passou a gastar mais: reformou o estádio da Ilha do Governador, que usará por empréstimo nos próximos três anos, reformou o Maracanã com recursos próprios, que estava abandonado pela Privataria Público-Privada entre o consórcio que assumiu o estádio e o governo do estado do Rio, e gastou mais com uma folha de pagamentos mais cara e mais qualificada, com jogadores à altura da grande história rubro-negra.


Por fim, a análise do quadro de endividamento. E só notícia boa! A dívida bruta ao fim do 1º trimestre era de R$ 559 milhões, ao fim de 2016 era de R$ 460 milhões, e ao fim do 1º trimestre de 2017 é de R$ 454 milhões (uma queda de mais de R$ 100 milhões comparando os mesmos trimestres dos dois anos). Descontando-se os adiantamentos de contratos, que são uma "dívida falsa", ou seja, meramente contábil, tem-se a dívida líquida. Esta era de R$ R$ 484,6 milhões no 1º tri de 2016, fechou dezembro em R$ 390,7 milhões, e agora no fechamento do 1º tri de 2017 é equivalente a R$ 383,0 milhões (queda também de mais de R$ 100 milhões comparando os mesmos trimestres).


E finalizando, um dos principais indicadores de saúde financeira analisados pelo mercado: a razão entre a dívida e a receita operacional anual. Ou seja, quantos anos de receita seriam necessários para se pagar toda a dívida. A razão entre dívida e receita era de 3,6x no fim de 2012, passou a 2,4x no fim de 2013, para 1,7x no fim de 2014, para 1,4x no fim de 2015 e para 0,8x no fim de 2016. Uma mutação de um quadro de insolvência para a solvência. No 1º trimestre de 2016 era 1,0x e agora é 0,75x. Excepcional, dado o histórico!






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