Revisitar ano a ano a Gestão de Eduardo Bandeira de Mello é um exercício reflexivo para avaliar a evolução do desempenho, tanto financeiro quanto futebolístico, do Flamengo. A expectativa por melhores resultados em função do aumento da capacidade de investimento num elenco mais qualificado, gerou uma desilusão e um sentimento de fracasso, e isto de certa forma camufla a evolução que existiu nos resultados dentro do campo de futebol. Não foram sá as finanças que melhoraram.
Financeiramente, o clube evoluiu muito quando é feita a comparação entre a situação ao fim de 2017 e aquela que existia em dezembro de 2012, quando Bandeira de Mello foi eleito para assumir a presidência do clube.
A dívida rubro-negra caiu de R$ 714,9 milhões em 2012 para R$ 262,4 milhões em 2017. A receita operacional líquida subiu de R$ 198,7 milhões em 2012 para R$ 623,7 milhões em 2017, um crescimento acumulado de 213,9% num período no qual a taxa de inflação oficial do país teve um crescimento acumulado de 36,5%, representando, portanto, um crescimento real de receita de 130%.
A receita bruta do futebol aumentou de R$ 177,9 milhões em 2012 para R$ 599,8 milhões em 2017. A TV teve sua parcela neste aumento, com as receitas recebidas saltando de R$ 114,1 milhões em 2012 para R$ 199,1 milhões em 2017. A receita com patrocínio teve um aumento expressivo, evoluindo de R$ 34,4 milhões em 2012 para R$ 90,4 milhões em 2017. O aumento mais expressivo, no entanto, foi o salto na receita diretamente obtida com a torcida (soma dos resultados com bilheteria nos jogos e com o Programa de Sócio-Torcedor), a qual saltou de R$ 9,5 milhões em 2012 para R$ 105,3 milhões em 2017. O resultado financeiro líquido do clube evoluiu de um déficit de R$ 62,5 milhões nas contas de 2012 para um superávit de R$ 159,1 milhões em 2017. Uma gestão financeira impecável.
Para medir a evolução no futebol, cabe relembrar os desempenhos nas edições de Campeonato Brasileiro uma a uma, de 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017. Há uma melhora clara, ainda que o resultado final não tenha sido a obtenção de nenhuma glória, com o título de campeão.
Campeonato Brasileiro 2013: após a 4ª rodada, quando foi derrotado pelo Náutico por 1 x 0, o time estava em 19º lugar na tabela, quando o torneio foi paralisado para a disputa da Copa das Confederações. O time reagiu após a paralisação e se afastou da Zona de Rebaixamento, passando várias rodadas oscilando entre a 14ª e a 11ª colocação, ou seja, com o perigo sempre à espreita. Nas últimas rodadas do turno, uma sequência de resultados ruins reaproximou o Flamengo da área de perigo, terminando o turno em 16º lugar. Somente quando faltavam três rodadas para o fim do Brasileirão, o time conseguiu livrar-se matematicamente de qualquer chance de rebaixamento. Ainda assim houve toda a confusão com o "Episódio André Santos".
Campeonato Brasileiro 2014: nos cinco primeiros jogos antes da paralisação do campeonato para a disputa da Copa do Mundo, nenhuma vitória. O Flamengo fazia a pior campanha de sua história até então num início de Campeonato Brasileiro. Durante o período de um mês e meio sem futebol, estaria na 19ª e penúltima posição, na Zona de Rebaixamento. Na 7ª rodada, o Flamengo foi goleado por 4 x 0 pelo Internacional em Porto Alegre, passando a amargar a 20ª e última colocação. A lanterna era rubro-negra. Vanderlei Luxemburgo então assumiu como treinador decretando que reconhecia as limitações técnicas da equipe e que queria dos jogadores a atitude de "carregadores de saco de cimento". Uma arrancada da 20ª para a 9ª colocação após a 18ª rodada. O time seguiu até o fim da competição oscilando entre a 9ª e a 14ª colocação.
Campeonato Brasileiro 2015: início sem vitórias nas primeiras três rodadas e a 17ª posição na tabela. Pressão na imprensa por demissão do treinador. O investimento em reforços só veio no meio do turno, tardiamente. Ao fim do 1º Turno o time estava só 4 pontos a frente do 17º colocado, o primeiro na Zona de Rebaixamento, e estava 10 pontos atrás do 4º colocado, um tanto distante da Zona de Classificação à Libertadores. Mas o time encaixou uma sequência de bons resultados e terminou a 24ª rodada em 4º lugar. A luta por vaga na Libertadores parecia uma realidade. Uma sequência de resultados ruins e ao final da 32ª rodada o Flamengo estava na 10ª colocação na tabela. Não conseguiu melhorar na reta final, a recuperação falhou, e o time terminou o Brasileirão em 12º lugar.
Campeonato Brasileiro 2016: o time rubro-negro fez uma campanha além de razoável no 1º turno, mantendo-se oscilando entre a 4ª e a 6ª colocação na tabela. Um desempenho bem superior aos dos anos anteriores. Na reta final do turno, o Flamengo chegou a uma pontuação que representava sua melhor campanha nas 21 primeiras rodadas na história do Brasileiro por pontos corridos, terminou a rodada em 4º lugar, com o mesmo número de pontos do Corinthians, 3º colocado, e 1 ponto atrás do vice-líder, o Atlético Mineiro. Nascia na torcida rubro-negra o frenesi "Cheirinho de título", que tomou a mídia esportiva. Entre a 21ª e a 25ª rodada, o time conseguiu 13 pontos em 15 possíveis. Postulava-se como fortíssimo candidato ao título. Repetiu o desempenho entre a 26ª e a 30ª rodada, obtendo novamente 13 pontos em 15 possíveis. Mas o Flamengo perdeu a oportunidade de ser campeão pelo seu desempenho entre a 31ª e a 34ª rodada. Terminou o campeonato na 3ª posição.
Campeonato Brasileiro 2017: o time rubro-negro conseguiu uma arrancada boa nas 15 primeiras rodadas, daí em diante desandou e saiu da luta pelo título, embora sempre tenha se mantido da Zona de Classificação para a Libertadores 2018. Atrapalhado pelo calendário, e pelo seu sucesso nos mata-matas, que o levaram às finais da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana, torneio nos quais também não alcançou a glória, o time manteve-se no pelotão de frente o campeonato inteiro. Terminou em 6º lugar, mas com a vaga na Libertadores, a "duras penas", assegurada.
Analisando-se friamente os fatos: houve evolução financeiramente muita e futebolisticamente alguma, mas não houve sucesso. Faltava a glória.
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