sábado, 19 de setembro de 2020

Basquete Histórico: virada antológica na semi-final da Liga dos Campeões em 2020


O Flamengo classificou-se de forma heróica à Final da 1ª Basketball Champions League Américas, principal competição da FIBA no continente. O time rubro-negro chegou à vitória graças a uma virada antológica! De forma espetacular, o Flamengo tirou uma diferença de 20 pontos no intervalo (ia perdendo por 41 x 21), ganhou por 66 x 64 ao Instituto de Córdoba (venceu o 2º tempo por 45 x 23), fechando a série em 2 x 0 e se classificando para decidir o título contra outro argentino (a Semi-final foi disputada entre o Flamengo e 3 equipes argentinas).

A classificação para a Final se deveu a dois Monstros Sagrados: Olivinha e Marquinhos. Juntos, a velha guarda do basquete rubro-negro marcou 73 dos 129 pontos do time nas duas partidas semi-finais. Ou seja, 56% dos pontos!

Os dois heróis chegaram juntos à Gávea, em 2012, contratados ambos ao Pinheiros, onde já haviam atuado juntos por duas temporadas segidas (2010-11 e 2011-12). No Flamengo foram titulares absolutos desde que chegaram, na temporada 2012-13, tendo conquistado quatro títulos nacionais consecutivos em 2013, 2014, 2015 e 2016, além da Liga das Américas e da Copa Intercontinental em 2014. Passaram por várias reformulações de elenco, e se mantiveram sempre decisivos e titulares, até voltarem à conquista de mais um título nacional na temporada 2018-19. A temporada 2019-20 é a 10ª que a dupla disputa junto, a 8ª junto vestindo a camisa do Flamengo.


A vitória antológica:

1º Quarto

A bola subiu no Maracanãzinho, e o destaque do primeiro duelo da série foi o responsável por abrir o placar. Certeiro, Carlos Alexandre "Olivinha" chutou da linha dos três e colocou o Flamengo em vantagem. Mas Cuello não demorou a responder na mesma moeda: 3 x 3.

O confronto se desenhava bastante equilibrado, com as duas equipes fazendo um bom trabalho defensivo. O Instituto conseguia realizar a transição rápida entre defesa e ataque, convertendo os pontos e passando a frente no placar. Precisando da vitória, o time argentino partiu para cima ofensivamente, disposto a apagar o aproveitamento de arremessos ruim que teve no primeiro jogo, e ainda conseguia dominar quase todos os rebotes defensivos.


O técnico Gustavo De Conti parou o jogo, mas de nada adiantou. O Flamengo cometia erros no ataque e desperdiçava as oportunidades de encurtar a vantagem. Jordan, Scala e Cuello lideraram a arrancada dos visitantes, que abriram 7 pontos, vencendo o primeiro quarto por 19 x 12.


2º Quarto

O pior estava por vir. No segundo período, o Flamengo ficou mais de seis minutos sem pontuar! O time tentava armar as jogadas de ataque, mas continuava cometendo erros e a bola teimava em não entrar. A diferença só ia aumentando ainda mais: 13, 18... Apático, o Flamengo não conseguia reagir. A equipe argentina, bem organizada na defesa, aproveitava os erros e descia rápido para o ataque, tendo sucesso na conclusão das jogadas e abrindo 18 pontos de diferença: 32 x 14.


Marquinhos anotou seus únicos 2 pontos na primeira etapa apenas quando o cronômetro apontava 1 minuto para o fim do primeiro tempo. Olivinha e Zach Graham eram os melhores no time rubro-negro, com 7 pontos cada um.


A equipe de Córdoba terminou o período na frente por 41 x 21, com 6/12 na linha de três pontos. E pior: no time rubro-negro, o armador argentino Franco Balbi já estava com três faltas.


Deve ter sido a primeira vez que o Flamengo só fez 21 pontos nos primeiros 20 minutos de jogo.


Reforço na torcida no intervalo

No 1º tempo, assistia à partida na beira da quadra do Maracanãzinho os dois principais membros da comissão técinca do time de futebol rubro-ngro: os portugueses Jorge Jesus, o treinador, e João de Deus, seu auxiliar técnico. No intervalo, chegaram atrasados para o jogo e se juntaram a eles duas das estrelas comandadas por ele no time de futebol: o lateral-esquerdo Filipe Luís e o centroavante Gabriel Barbosa, o Gabigol.


Com o time de futebol fazendo uma campanha espetacular, o time de basquete precisava de um pouco de energia positiva para tentar afastar aquele momento de apagão para lutar para reverter aquela atuação de terror...


3º Quarto

O vestiário rubro-negro deve ter pegado fogo, porque o Flamengo voltou revolucionário no segundo tempo. O poder de reação foi iniciado no terceiro quarto. Uma vitória do Instituto fora de casa já era tratada como muito provável. Sem se desesperar, o "Orgulho da Nação" foi se encontrando na partida e encostou no placar. Marquinhos, até então zerado, calibrou a mão. A equipe fez uma corrida de 7 x 0 e trouxe a torcida para o jogo: 41 x 28.


A defesa rubro-negra passou a ser mais eficiente e não dava espaço para os argentinos trabalharem a bola. Olivinha e Marquinhos converteram duas bolas de três, fazendo a diferença cair para nove pontos: 45 x 36.

Mas os erros voltaram a acontecer. Aos poucos, o Instituto voltou ao jogo e fechou o terceiro quarto com 12 pontos à frente: 52 x 40.


4º Quarto

No último e decisivo quarto, o Orgulho da Nação foi com tudo para buscar a virada. Os rubro-negros conseguiram várias roubadas de bola no meio de quadra, chegando rápido na cesta adversária e convertendo os pontos. 

Léo Demétrio levantou a torcida e Gabigol, que rodava a camisa do Flamengo, empolgado. Ele anotou dois pontos e, na sequência, roubou uma bola e deu uma enterrada. A chama da reação estava acesa com Léo Demétrio marcando estes quatro pontos seguidos na inauguração do quarto final. A diferença caía para 8 pontos.

Depois, com Marquinhos, para apenas duas posses: 52 x 48. Com pouco mais de três minutos, o jogo já estava aberto. Foi a vez de os argentinos pedirem tempo. Só que na volta, Eloy Vargas marcou, e Olivinha cravou para empatar o jogo. Demonstrando muita raça em quadra, o Flamengo fez uma corrida de 12 x 0 e empatou o jogo em 52 x 52.



Foi das mãos de Rafael Mineiro, após uma assistência de Olivinha, que o Flamengo passou à frente do placar faltando 03:20 minutos para o fim do jogo, Mineiro acertou de longa distância para fazer 57 x 54. E Marquinhos ampliou para 59 x 54. O Instituto de Córdoba então pediu tempo, e na volta Spinoza e Scala mantiveram os argentinos na partida.


O final foi dramático. Jogo de xadrez em quadra. Com o placar apontando 63 x 61, com 18 segundos no cronômetro para o final, Gastón Whelan foi para a linha do lance-livre com a chance de empatar, mas ele desperdiçou um. O time de Córdoba então fez falta em Marquinhos, que converteu os dois lances-livres: 65 x 62. Em seguida, faltando 7 segundos, falta do Flamengo, e Jordan também fez o mesmo: 65 x 64. Foi a vez de Deryk ter dois lances-livres, no relógio faltavam 5 segundos, e ele anotou o primeiro chute e errou o segundo: 66 x 64. O erro resultou em último ataque para os argentinos, que pegaram o rebote após o lance-livre errado de Deryk Ramos. No contra-ataque, por sorte, erro argentino na bola de três que poderia ter lhes dado a vitória, que ficou aasim com o Flamengo. A bola bateu no aro e subiu, e o relógio apitou, apontando o fim do jogo.






Óticas da Virada de Epopéia:

Na imprensa argentina, o registro da antológica virada rubro-negra pelo portal Enredacción: "Apesar do sabor amargo da derrota, a equipe 'albirroja' deixou tudo em quadra. Não foi fácil, mas conseguiu neutralizar Franco Balbi (0 pontos, 2 assistências) durante os 40 minutos e conter Marquinhos até o 3º quarto (10 dos seus 18 pontos foram marcados no período final). A dor de cabeça foi gerada pelo inoxidável Olivinha, responsável por marcar, recuperar e defender como um campeão. Se alguém achava que a vantagem de 20 pontos era muita, o Flamengo decidiu esmagar as esperanças. Apenas cinco minutos foram suficientes para reduzir a diferença para 9 pontos, com um parcial de 15-4 (36 a 45). Nesse clima hostil e desconfortável para o Instituto, a festa mudou para sempre".

"Se a gente em um jogo ou outro não sabe como iremos atuar, o jogador X ou Y se irá jogar o máximo dele ou não, mas uma coisa que quando eu chego no ginásio eu tenho certeza é que a torcida do Flamengo dará o seu máximo para nos apoiar. Eles nos cobram e nos incentivam nos momentos mais complicados. Eu não tenho dúvidas de que se a torcida não tivesse presente, a gente não teria virado esse jogo" - Gustavo De Conti.

"Tivemos um primeiro tempo muito abaixo. Eu desde que cheguei ao Flamengo nunca tinha visto o time fazer 21 pontos somente no primeiro tempo. E fizemos um segundo tempo totalmente com a cara de Flamengo e totalmente com a cara do que é essa equipe. A gente treina muito essas situações adversas e com esse jogo conseguimos fazer história no Flamengo, isso não somente por ter chegado a final, mas tirar 20 pontos de desvantagem de um time que estava disputando com a gente essa vaga. É um feito histórico. E isso representa muito pra mim, a história que eu já tenho dentro do clube. Eu junto com o Olivinha, somos os únicos jogadores remanescentes daquela equipe que ganhou aquela final 6 anos atrás. E agora podemos voltar com um elenco totalmente novo. Feliz demais... E nossa torcida é diferente. A gente precisa muito da nossa torcida e foi visível no jogo contra o Instituto, quando a gente começou a reagir, ela passou ainda mais confiança para a nossa equipe. A gente tirou adversidade, perna pesada, aquela desconfiança que tínhamos no primeiro tempo e sobressaímos no segundo tempo todinho" - Marquinhos.




A Final

A grande decisão da Champions League Americas ainda estava sem data marcada, principalmente porque o mundo estava apreensivo frente a uma pandemia global de coronavírus, que estava paralisando os eventos esportivos para evitar grandes aglomerações.

O Flamengo estava invicto na competição. Na 1ª fase venceu seus quatro jogos, dois contra o mesmo Instituto de Córdoba e dois contra o Deportivo Valdivia, do Chile. Nas quartas de final, duas vitórias sobre o Fuerza Regia, do México. E na semi-final, mais duas vitórias sobre o Instituto.

Na outra série semi-final, o confronto entre os argentinos Quimsa x San Lorenzo. A série estava empatada em 1 x 1. O Quimsa saiu com a vitória no primeiro duelo em 9 de março, no Ginásio Poliesportivo Roberto Pando, em Buenos Aires, quando venceu como visitante por 91 x 84. Na mesma noite de 12 de março na qual o Flamengo obteve sua vitória revertendo os vinte pontos de desvantagem, em Santiago del Estero quem venceu como visitante foi o San Lorenzo, que fez 100 x 87.

Como o mando de quadra para a Final, segundo o regulamento, era definido em favor daquele que fizesse a melhor campanha na semi-final, os resutados daquela noite de quinta-feira definiram o mando de quadra na grande decisão em favor do Flamengo.

Entretanto, tudo mudaria com a pandemia do coronavírus, que paralisou o calendário do esporte mundial. A reta final só veio a acontecer no fim de outubro, e a portões fechados. O terceiros jogo da semi-final entre Quimsa e San Lorenzo aconteceu em Buenos Aires em 27 de outubro, com vitória por 110 x 97 do Quimsa na prorrogação.

Sem uma série final, a decisão entre Flamengo e Quimsa foi em jogo único e local neutro, sendo realizada em 30 de outubro em Montevidéu, no Uruguai.









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