O ano de 1981 foi o ápice histórico em conquistas e glórias da história do clube. Nunca houve nada tão fantástico, sobretudo os 40 dias de sonhos e glória que já tratamos aqui no blog. Tamanho sucesso pode induzir a conclusões equivocadas de que foram tempos de paz e harmonia, e sem crises, afinal estamos falando dos Anos Dourados na Gávea (tem um capítulo inteiro em A NAÇÃO dedicado exclusivamente às condições que levaram à formação do time que mais deu conquistas à sala de troféus do clube entre 1978 e 1983).
Flamengo é Flamengo, seja para o bem ou seja para o mal. Como está na contra-capa de A NAÇÃO, o Flamengo nunca foi só caos como nunca foi só ordem, sempre se equilibrou entre o caos e a ordem no processo que o levou a ser o mais amado e o mais odiado do Brasil.
Seja no livro ou seja aqui no blog, jamais houve o propósito de ludibriar os leitores dizendo que tudo sempre foram flores, sempre foi correção de caráter, sem foram vitórias, sempre foram estratégias exemplares. O processo "como e por que se tornou a maior torcida do país" é cheio de caos e ordem, cheio de grandes epopéias e grandes desgostos, de acertos maravilhosos e equívocos grandiosos, porque acima de qualquer coisa é humano e social, como a sociedade brasileira, com suas belezas e mazelas, reunindo atos de grandeza de caráter a atos com caráter vergonhoso. Por isso é amor e ódio, porque uns se atêm excessivamente a um lado, outros se atêm unicamente ao outro. Luz e sombra! Como é toda sociedade.
O ano de 1981 foi como qualquer outro na vida do Flamengo à medida em que nunca houve paz, nunca houve estabilidade e, como sempre, houve crise. Da forma como é cultivado, tanto por torcedores como pela mídia esportiva, parece que tudo foi ordem e harmonia o tempo inteiro durante aquele período de 1980 a 1983, quando foram conquistados três campeonatos brasileiros, uma Libertadores e um Mundial. Sem falar em sete turnos consecutivos vencidos no Rio de Janeiro (uma marca praticamente impossível de ser repetida) e no Penta-campeonato da Taça Guanabara. Frente tantas vitórias não havia porque haver crises, certo?
A mais recente onda de literatura sobre nossa paixão em vermelho e preto põe uma lupa sobre o ano de 1981 para mostrar como nem tudo eram flores. Os trabalhos de André Rocha e Mauro Beting (pela Editora Maquinária, a mesma de A NAÇÃO), de Eduardo Monsanto (Editora Panda Books), Maurício Neves (Editora Livros de Futebol) e Antonio Carlos Meninéa (na Virtual Books) mostram as coisas como realmente foram. Vale a pena a leitura!
Aquele ano já começou tumultuado. Apesar de ter sido Campeão Brasileiro em 1980, pela primeira vez em sua história, no segundo semestre daquele ano o time perdeu a oportunidade de ser Tetra Carioca numa derrota para o Serrano, em Petrópolis. A relação entre o treinador Cláudio Coutinho e a diretoria estava desgastada, principalmente com a mudança na presidência, com a troca de Márcio Braga por Dunshee de Abranches. Houve o vazamento de uma "lista negra" com o nome de jogadores reservas que deveriam ter seus contratos rescindidos pelo clube. A lista saiu da gaveta de Coutinho em sua escrivaninha na Gávea para a redação de um jornal, sabe-se pelas mãos de quem. Coutinho se desmotivou, acabou que no decorrer de dezembro recebeu proposta do Aztecs, dos Estados Unidos, e decidiu aceitar. Portanto, 1981 já se iniciava com troca de comando.
Durante o ano, três treinadores esquentaram o banco de reservas da Gávea. A primeira opção foi o paraguaio Modesto Bria, ex-jogador rubro-negro, erradicado no Rio de Janeiro. Ele só durou três meses no cargo. O mesmo tempo que levaria seu substituto. Bria alegou razões médicas e pediu demissão. Até a esposa deu declarações nos jornais, ela é quem teria o convencido a sair, antes que ele tivesse um infarto.
Para o seu lugar, em abril, foi escolhido um disciplinador: Dino Sani. O paulista, ex-jogador de São Paulo, Boca Juniors, Milan, Corinthians e Seleção Brasileira, tinha treinado Palmeiras, Internacional e Peñarol (foi Bi-campeão Uruguaio em 1978 e 1979) tentou mexer na dinâmica de jogo do time. O estilo durão também não funcionou num grupo que era extremamente descontraído. Adílio se desentendeu com o treinador durante o ano e foi afastado. Embora viesse fazendo boa campanha, a decisão de demiti-lo foi tomada após uma veemente repreensão pública ao zagueiro Mozer. Em julho de 1981, o time estava mais uma vez sem treinador. E novamente em crise. E não só extra-campo.
Entre os jogadores, embora prevalecesse a amizade, também havia rusgas. A principal delas pelo fato de Tita reclamar porque não queria jogar na ponta-direita, que sua posição era a camisa 10, e que preferia disputar posição com Zico ante ser prejudicado por jogar fora de posição. Adílio em algumas oportunidades também reclamou de ser improvisado, sendo empurrado para fazer a função de ponta-esquerda.
Neste clima, a nova aposta para técnico recaiu no auxiliar de Dino Sani, um cara que tinha sido companheiro daqueles jogadores dentro de campo entre 1978 e 1980, o gaúcho Paulo César Carpegiani.
A formação que ficou eternizada na memória popular e todo rubro-negro sabe decorada: Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Tita, Nunes e Lico só se juntou no finzinho do ano. Esta formação ficou eternizada porque foram os onze que conquistaram o Mundial em Tóquio e que no semestre seguinte faturaram o Brasileiro de 1982. Mas até meados de outubro a formação titular era outra: Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Chiquinho, Nunes e Baroninho. Figueiredo se machucou e Marinho foi quem ficou eternizado. Tita foi convencido a sair da reserva de Zico e voltar para a titularidade na ponta-direita, e Baroninho, autor de três gols na campanha da Libertadores, perdeu a vaga de titular para Lico, que praticamente não tinha jogado desde que havia chegado ao clube, em 1980, jogou contra Deportivo Cali e nos 6 a 0 no Botafogo e não saiu mais.
Por tudo isso, pode-se dizer que se foi um ano com uma quantidade soberba de títulos, em termos de agitos, turbulências e crises, foi um ano como qualquer outro na Gávea, nada fora do padrão "clube das massas", afinal, Flamengo é Flamengo!
Veja também aqui no blog: A Crise na Gávea no 1º semestre de 1981
Elenco rubro-negro na Libertadores 1981:
Goleiros: Raul e Cantareli
Laterais: Leandro e Júnior; Carlos Alberto e Nei Dias
Zagueiros: Marinho, Mozer, Rondinelli e Figueiredo
Volantes: Andrade e Vítor
Meias: Adílio, Fumachu e Zico
Pontas: Tita, Lico, Chiquinho e Baroninho
Atacantes: Nunes, Ronaldo Marques, Peu e Anselmo
Durante o ano, três treinadores esquentaram o banco de reservas da Gávea. A primeira opção foi o paraguaio Modesto Bria, ex-jogador rubro-negro, erradicado no Rio de Janeiro. Ele só durou três meses no cargo. O mesmo tempo que levaria seu substituto. Bria alegou razões médicas e pediu demissão. Até a esposa deu declarações nos jornais, ela é quem teria o convencido a sair, antes que ele tivesse um infarto.
Para o seu lugar, em abril, foi escolhido um disciplinador: Dino Sani. O paulista, ex-jogador de São Paulo, Boca Juniors, Milan, Corinthians e Seleção Brasileira, tinha treinado Palmeiras, Internacional e Peñarol (foi Bi-campeão Uruguaio em 1978 e 1979) tentou mexer na dinâmica de jogo do time. O estilo durão também não funcionou num grupo que era extremamente descontraído. Adílio se desentendeu com o treinador durante o ano e foi afastado. Embora viesse fazendo boa campanha, a decisão de demiti-lo foi tomada após uma veemente repreensão pública ao zagueiro Mozer. Em julho de 1981, o time estava mais uma vez sem treinador. E novamente em crise. E não só extra-campo.
Entre os jogadores, embora prevalecesse a amizade, também havia rusgas. A principal delas pelo fato de Tita reclamar porque não queria jogar na ponta-direita, que sua posição era a camisa 10, e que preferia disputar posição com Zico ante ser prejudicado por jogar fora de posição. Adílio em algumas oportunidades também reclamou de ser improvisado, sendo empurrado para fazer a função de ponta-esquerda.
Neste clima, a nova aposta para técnico recaiu no auxiliar de Dino Sani, um cara que tinha sido companheiro daqueles jogadores dentro de campo entre 1978 e 1980, o gaúcho Paulo César Carpegiani.
A formação que ficou eternizada na memória popular e todo rubro-negro sabe decorada: Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Tita, Nunes e Lico só se juntou no finzinho do ano. Esta formação ficou eternizada porque foram os onze que conquistaram o Mundial em Tóquio e que no semestre seguinte faturaram o Brasileiro de 1982. Mas até meados de outubro a formação titular era outra: Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Chiquinho, Nunes e Baroninho. Figueiredo se machucou e Marinho foi quem ficou eternizado. Tita foi convencido a sair da reserva de Zico e voltar para a titularidade na ponta-direita, e Baroninho, autor de três gols na campanha da Libertadores, perdeu a vaga de titular para Lico, que praticamente não tinha jogado desde que havia chegado ao clube, em 1980, jogou contra Deportivo Cali e nos 6 a 0 no Botafogo e não saiu mais.
Por tudo isso, pode-se dizer que se foi um ano com uma quantidade soberba de títulos, em termos de agitos, turbulências e crises, foi um ano como qualquer outro na Gávea, nada fora do padrão "clube das massas", afinal, Flamengo é Flamengo!
Veja também aqui no blog: A Crise na Gávea no 1º semestre de 1981
Elenco rubro-negro na Libertadores 1981:
Goleiros: Raul e Cantareli
Laterais: Leandro e Júnior; Carlos Alberto e Nei Dias
Zagueiros: Marinho, Mozer, Rondinelli e Figueiredo
Volantes: Andrade e Vítor
Meias: Adílio, Fumachu e Zico
Pontas: Tita, Lico, Chiquinho e Baroninho
Atacantes: Nunes, Ronaldo Marques, Peu e Anselmo
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