Dá para imaginar o quão surpreendente foi abrir a página de notícias de futebol do O GLOBO On Line na internet, em 2004, e se deparar com a notícia: "Aluspah Brewah é o novo reforço do Flamengo". Com um nome bastante diferente para as referências da América do Sul, o primeiro pensamento era: o que é Aluspah Brewah? Uma pessoa, uma nova tecnologia de preparação física? Segunda hipótese: será um reforço para o basquete, para o remo, a ginástica ou as natação? Era improvável pensar no que a notícia por trás daquele link contava: era um reforço para o futebol.
O atacante Aluspah Brewah era africano, nascido em Serra Leoa, e vinha para o Flamengo oriundo do futebol belga. Era uma aposta. No curriculum, não se destacava por gols ou dribles, mas pela velocidade. Aluspah Brewah era capaz de correr 100 metros em apenas 10,2 segundos, uma marca àquele tempo capaz de colocá-lo numa final de Jogos Olímpicos nos 100m rasos. Aluspah tinha então 20 anos, passagens nas seleções sub-17 e sub-20 de Serra Leoa. Ele se apresentava para disputar a pré-temporada de 2004, que o Flamengo iria realizar no CFZ, clube de Zico, na Barra da Tijuca.
Aluspah ficou treinando pouco mais de um semestre com o grupo rubro-negro, mas nunca entrou em campo com a camisa do Flamengo. Posteriormente à sua passagem pela Gávea, voltou ao Brasil para defender o Fortaleza, por quem disputou 2 jogos e fez um gol, de pênalti, num jogo amistoso.
Aluspah Brewah
Carreira: 2000–01 Ashanti Gold (Gana), 2001 Antuérpia (Bélgica), 2001–03 Royal Charleroi (Bélgica), 2004 Flamengo, 2004–05 Hammarby (Suécia), 2006 Fortaleza, 2006–07 Mashuk-KMV (Rússia), 2007 Assyriska (Suécia), 2008 Bodens (Suécia), 2009 Assyriska (Suécia), 2010-11 Jiangsu (China), 2011-12 Tianjin Songjiang (China) e 2012-13 Ha Noi (Vietnã).
Aluspah Brewah treinando pelo Flamengo
Mas Aluspah Brewah não foi a primeira aventura africana do Flamengo. Antes dele, dois jogadores africanos jogaram no Flamengo.
Um dos ícones do futebol mundial dos anos 1960 havia nascido em Moçambique: o atacante Eusébio, que defendia a Seleção de Portugal e brilhara na Copa do Mundo de 1966.
O sonho de encontrar futebol de qualidade em outros moçambicanos levou o Flamengo a dar uma oportunidade ao meia-armador Carlos Jorge, que ficou duas temporadas no Flamengo, as de 1970 e 1971. Treinou muito, mas jogou quase nada; entrou duas vezes no segundo tempo, uma vez pela Taça Guanabara de 1970 e outra pela Taça Guanabara de 1971. E só.
Carlos Jorge jogou pela primeira vez contra o Bonsucesso em 1º de abril de 1970, numa derrota por 1 a 0. Naquela noite o Flamengo jogou com Marco Aurélio, Tinteiro, Washington, Onça e Paulo Henrique, Zanata, Liminha e Ademir, Ferreira, Fio Maravilha e Rodrigues Neto. Carlos Jorge substituiu a Ademir no 2º tempo.
O segundo jogo, e último, foi em 25 de julho de 1971. Empate sem gols com o América, com o time rubro-negro tendo começado jogando com Ubirajara Alcântara, Murilo, Washington, Fred e Tinteiro, Liminha, Tales e Milton, Nei, Fio Maravilha e Rodrigues Neto. Carlos Jorge entrou no lugar de Milton, no segundo tempo.
A segunda experiência de um africano com a camisa do Flamengo foi em 1993, e foi cercada de polêmica.
O Flamengo havia ido excursionar na Europa, tendo jogado na Bélgica, na Itália, em Portugal, na Ilha da Madeira, passado pela Tunísia, na África, e fechando a excursão, na Espanha, disputou o Troféu Cidade de Bilbao. Empatou e perdeu nos pênaltis para o Atlético de Bilbao, e foi decidir o terceiro lugar contra o Sevilla, no último jogo daquela excursão, no dia 27 de agosto de 1993.
Eis que inusitadamente, o Flamengo decide testar um argelino, para avaliar se ele teria qualidade para ser contratado e voltar ao Brasil com o grupo. O meia nascido na Argélia, Haraoui Nino, entrou em campo como titular, vestindo a camisa 10. A experiência levantou suspeitas e houve rumores de que houve quem tenha recebido dinheiro para colocar o argelino começando o jogo no time titular, e vestindo a 10.
O time naquele dia entrou em campo com: Adriano, Fábio Baiano, Indio, Rogério e Piá, Fabinho, Marquinhos, Haraoui Nino e Rodrigo Mendes, Marcelinho Carioca e Casagrande. O argelino jogou 45 minutos com a camisa 10 do Flamengo. No intervalo, Flamengo e Sevilla empatavam em 1 a 1. Nino então deu lugar ao atacante Magno, que virou o jogo logo no início do 2º tempo. Depois o Sevilla empatou. O jogo foi 2 a 2. E Haraoui Nino não foi aprovado no teste.
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