quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Não existe “espanholização” no Brasil…

…no máximo uma “italianização”, quiçá “enfrancesamento”. É o que trouxe à tona o Diário Ás, de Madrid, com um quadro comparativo entre direitos televisivos das principais ligas europeias na temporada 2013/2014. Ei-lo:
Fig 01
A título de comparação, e com câmbio de hoje, segue o ranking envolvendo os times brasileiros na temporada passada:
Valores relativos à TV aberta, não contemplando o pay per view
Valores relativos à TV aberta, não contemplando o pay per view
Percebe-se que, em face dos inúmeros paralelos equiparando Flamengo e Corinthians a Real Madrid e Barcelona, a verdade é que na península ibérica a coisa é muito mais concentrada. Os dois gigantes receberam nada menos que 7,7 vezes mais do que o Almería, integrante do último pelotão espanhol. Já no Brasil, Mengão e Timão angariaram 4 vezes mais do que clubes de fora do eixo RJ-SP-MG-RS.
Embora não se refute haver uma concentração por aqui – sendo também necessáriodebater os méritos da questão – a verdade é que perdemos até para a Itália neste quesito. No País da Bota, a Juventus sozinha recebeu 5,2 vezes mais do que o Sassuolo. Seríamos um intermédio entre ela e a França, onde o PSG faturou 3,4 vezes mais do que o primo pobre Ajaccio.
Percebam que em países cuja configuração de torcidas é bem conhecida – como no caso da Espanha, da Itália ou do próprio Brasil – recursos são direcionados de maneira concentrada aos chamados “trens pagadores”. Não é o caso da Inglaterra, onde por incrível que pareça os clubes não fazem a mais vaga ideia de quantos torcedores possuem. A Terra da Rainha apresenta a melhor repartição do dinheiro, com o Liverpool tendo recebido apenas 1,5 vez mais do que o Cardiff City. Na Alemanha, país em que estudos do gênero também não são comuns, o Bayern recebeu o dobro do Eintracht Braunschweig.
Ainda ontem divulgou-se o novo acordo envolvendo a Premier League e as televisões locais. A partir da próxima temporada, clubes ingleses passarão a receber algo em torno de 2,3 bilhões de euros por temporada, o que possivelmente não impactará no rateio proporcional entre si. O fato levou a ESPN a publicar comparações inapropriadas entre brasileiros e ingleses. Isto porque no Brasil os valores também aumentarão a partir da próxima temporada – algo negociado desde 2013. Por aqui também subiremos, com o novo ranking do televisionamento ficando assim:
Fig 03
E sim, é verdade: a concentração vai aumentar no Brasil, com os ricos recebendo 4,8 vezes mais do que os modestos.
Ainda assim, será menos que na Itália…

Fonte: Blog Teoria dos Jogos
E-mail da coluna: teoriadosjogos@globo.com

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