quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Grandes Temporadas: Campeão Brasileiro de 1983

Depois de perder o título do Campeonato Carioca de 1982 para o Vasco, o Flamengo foi um busca de renovar o grupo que tantos títulos havia conquistado nos anos anteriores. Tita foi emprestado ao Grêmio, Nunes ao Botafogo e o goleiro Cantareli ao Náutico. Algumas peças do banco de reservas também saíram: o lateral-esquerdo Jacenir voltou ao Campo Grande, o ponta-direito Wilsinho, contratado ao Vasco no ano anterior, não se firmou e saiu para o Fluminense, em troca do também ponta-direita Robertinho. Para suprir a saída de Nunes, o Flamengo contratou o centroavante Baltazar, que havia enfrentado, com a camisa do Grêmio, ao time rubro-negro na final do Brasileiro de 82, e depois não fez sucesso no Palmeiras, que o cedeu por empréstimo ao Flamengo. De resto, a aposta foi numa nova geração que emergia da base, que trazia os laterais Cocada e Adalberto, o zagueiro Ademar, o volante Bigu, o meia Gilmar Popoca, e os atacantes Élder e Júlio César Barbosa.

Assim, o renovado elenco rubro-negro, que começava o campeonato ainda sob o comando de Paulo César Carpegiani, mas que o terminaria treinado por Carlos Alberto Torres, não estava entre os favoritos para levantar aquela taça, mas ainda tinha a genialidade de Zico regendo-o, e isto fazia muita diferença. No papel, o time titular que se esperava era: Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Robertinho, Baltazar e Lico. E as peças do elenco:

Goleiros: Raul e Luiz Alberto
Laterais: Leandro e Júnior; Cocada e Adalberto
Zagueiros: Marinho, Mozer, Figueiredo e Ademar
Volantes: Andrade, Vítor e Bigu
Meias: Adílio, Zico e Gilmar
Pontas: Robertinho, Élder, Lico e Júlio César
Atacantes: Baltazar e Ronaldo Marques




O campeonato de 1983 teve um formato parecido ao de 1982, mas diferente. A principal mudança foi que o mata-mata começava nas quartas de final e não nas oitavas. Na 1ª fase, os 40 clubes foram divididos em oito grupos de cinco, com os três primeiros avançando, os quartos disputando uma repescagem, e os quatro primeiros da 2ª divisão entrando na fase seguinte. Na 2ª fase restavam 32 clubes, divididos em oito grupos de quatro, e avançando os dois primeiros a uma 3ª fase, quando 16 times se dividiam em quatro grupos de quatro, e os dois primeiros de cada grupo avançavam às quartas de final, passando daí para frente o campeonato a ser um mata-mata.

Na 1ª fase, o Flamengo largou mais uma vez sem fazer qualquer jogo preparatório ou Pré-temporada. E ainda teria, ao mesmo tempo, a disputa da Libertadores da América. Na estreia, venceu ao Santos por 2 x 0 no Maracanã, com dois gols de Zico. Depois, também no Maracanã, tropeçou, empatando em 1 x 1 com o Moto Clube, do Maranhão. No terceiro jogo, foi a Manaus e empatou por 1 x 1 com o Rio Negro. Para fechar o turno, venceu ao Paysandu por 3 x 2 em Belém so Pará. No returno, foi a São Luís e mostrou que o jogo no Maracanã tinha sido apenas um acidente de percurso, não tomou conhecimento e goleou ao Moto Clube por 5 x 1. Na sequência, nova goleada, batendo ao Rio Negro por 7 x 1 no Maracanã, onde também venceu ao Paysandu, novamente por 3 x 2. Na última rodada, já classificado, perdeu para o Santos por 3 x 2 no Morumbi.

Logo depois de fazer seu primeiro jogo na 2ª fase, uma vitória por 3 x 1 sobre o Tiradentes, em Teresina, no Piauí, a diretoria foi formalmente informada que Paulo César Carpegiani havia aceitado uma proposta milionária do Al Nassr, da Arábia Saudita, e estava deixando o clube. Nos demais jogos da fase, o time foi treinado. interinamente, pelo auxiliar-técnico Carlinhos. Na segunda partida, derrota por 3 x 1 para o Palmeiras no Morumbi. Na sequência, o suficiente para garantir a classificação à 3ª fase. Três jogos seguidos no Maracanã: vitórias por 3 x 0 sobre o Americano e por 2 x 0 no Tiradentes, e empate em 1 x 1 com o Palmeiras. Na última rodada, um empate em 2 x 2 em Campos dos Goytacazes contra o Americano, e flamenguistas e palmeirenses, sem dar sopa para o azar, avançando nas duas primeiras posições do grupo.

Para a 3ª fase chegou o novo treinador, a aposta era na liderança de Carlos Alberto Torres, um técnico que ainda tinha pouca experiência na beira do campo, mas que tinha o respeito de ter sido o capitão da Seleção Brasileira na Copa de 70. E só então o campeonato passava a ter algum nível de dificuldade. O grupo rubro-negro tinha Goiás, Guarani e Corinthians, e só dois avançavam às quartas. Logo de cara, o time venceu o Goiás, em casa, por 2 x 0, depois empatou fora com o Guarani, por 0 x 0, e para fechar o turno bem, aplicou uma goleada por 5 x 1 sobre o Corinthians no Maracanã. No returno, empatou em Goiânia por 1 x 1 e venceu ao Guarani por 2 x 0. Garantiu a classificação. Foi a São Paulo e sofreu a forra corinthiana, acabando goleado por 4 x 1. Àquela altura, quase ninguém, apenas alguns abnegados rubro-negros, ainda acreditava que aquele time pudesse ser campeão.

O adversário nas quartas de final foi o rival Vasco da Gama. Foi um duelo duríssimo. No primeiro jogo, uma vitória rubro-negra por 2 x 1, e no segundo um empate por 1 x 1. Com muito suor, o time rubro-negro avançou às semi-finais, e agora embalado, com um pouco mais de moral, pelo sucesso de ter batido o grande rival.

A semi-final era diante do Atlético Paranaense, e o rubro-negro carioca era tido como favorito absoluto para chegar mais uma vez à final. Os rubro-negros paranaenses tinham eliminado ao São Paulo, mas não pareciam ser fortes o suficientes para bater Zico e cia. No primeiro jogo, o Flamengo se impôs no Maracanã e venceu por 3 x 0. Ninguém acreditava que fosse possível reverter este resultado em Curitiba. Mas não foi fácil, e ainda deixou evidente o quanto o time flamenguista era oscilante. O Atlético venceu por 2 x 0, e vendeu caro a eliminação.

Mais uma final, desta vez diante do Santos, de Pita, Paulo Isidoro, Serginho Chulapa e João Paulo. A primeira partida foi no Morumbi. Com gols de Pita e Serginho, os santistas abriram 2 x 0. Mas, providencialmente, o Flamengo diminuiu com gol de Baltazar aos 22 minutos do 2º tempo. Agora, o time precisava vencer por dois gols no Maracanã para se sagrar pela terceira vez campeão nacional.

No Maracanã, Zico abriu a contagem antes do relógio completar um minuto de jogo. No fim do 1º tempo, Leandro ampliou, deixando o Flamengo perto do título. No 2º tempo houve uma enorme pressão do alvi-negro praiano, que buscava o gol que lhe manteria na disputa. Foi uma segunda etapa de emoções fortes, até que Adílio, aos 44 minutos do 2º tempo, fez o terceiro, aliviando os corações rubro-negros. Mengo Tri-campeão! E fim de jogo com briga generalizada dentro de campo entre os jogadores santistas e os jornalistas cariocas.


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