A temporada 2019 foi espetacular, com as conquistas simultâneas do Brasileirão e da Libertadores, num ano no qual o Flamengo já havia sido Campeão Carioca. Se já não bastasse tudo isso, o Flamengo foi também Campeão Brasileiro no Sub-17 e no Sub-20.
O clube vinha de grandes investimentos consecutivos. Em 2016 contratou Diego, em 2017 fez a maior contratação de sua história até então, contratando Éverton Ribeiro, e em 2018 superou estas cifras quando contratou Vitinho. O início de 2019 foi ainda mais ousado, com quatro mega contratações de impacto: Rodrigo Caio comprado ao São Paulo, Bruno Henrique adquirido ao Santos, Gabriel Barbosa cedido por empréstimo pela Internazionale, da Itália, e aquela que passou a ser a maior contratação da história rubro-negra até então, com a compra do uruguaio De Arrascaeta ao Cruzeiro. Este estrelado elenco ganhou o título Carioca de 2019 sem muito esforço. Mas aquilo não bastaria como conquista, dadas as grandes cifras desembolsadas e muitos anos sem um título nacional, só um Brasileirão ou uma Libertadores sossegaria a pressão e as críticas.
Ao fim do Estadual, o clube fez apenas uma contratação, tendo ela sido pontual: chamou atenção o jovem lateral-direito do Bangu, João Lucas, por suas atuações no Carioca 2019. O clube investiu então na sua contratação, como uma aposta a ser desenvolvida a longo prazo.
A Libertadores já estava em jogo quando o Flamengo foi Campeão Carioca. O time venceu ao San Jose, da Bolívia, na altitude de Oruro, depois teve três jogos consecutivos no Maracanã, nos quais venceu à LDU, perdeu para o Peñarol e goleou ao San Jose. Não houvesse sido derrotado pelos uruguaios, já estaria classificado. Fantasmas de eliminações em Libertadores anteriores assombravam as memórias rubro-negras, e o time teve que enfrentar um protesto violento no aeroporto. Três dias depois do título estadual, o time voltou a perdeu na Libertadores, desta vez para a LDU na altitude de Quito, perdeu de virada, e se tivesse vencido, teria matematicamente se garantido nas oitavas de final.
O técnico Abel Braga enfrentava críticas crescentes. Principalmente porque dispunha de um elenco forte em mãos. O treinador alegava que Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa não podiam jogar juntos, e a torcida se indignava com esse pensamento. O elenco no início do campeonato:
Na largada do Brasileiro de 2019, a sequência de jogos era difícil. O time venceu ao Cruzeiro por 3 x 1 no Rio, perdeu para o Internacional por 2 x 1 em Porto Alegre, e empatou com o São Paulo por 1 x 1 na capital paulista. Foi então a Montevidéu, onde precisava de um empate para ir às oitavas na Libertadores. Segurou o zero a zero até o final e avançou. Uma eliminação ali teria explodido como uma bomba. Ainda assim a pressão e a cobrança sobre Abel Braga mantinha-se forte. O time então venceu à Chapecoense no Maracanã, e perdeu para o Atlético Mineiro no Estádio Independência em Belo Horizonte (um jogo em que o técnico português Joge Jesus assistiu na arquibancada, com a imprensa noticiando uma negociação entre ele e o Atlético). Na sequência o time venceu ao Athlético Paranaense no Maracanã, mas ao fim do jogo houve o pedido de demissão de Abel Braga.
O elenco estava sendo reforçado, as aquisições dos laterais Rafinha e Filipe Luís, respectivamente do Bayern Munique e do Atlético de Madrid, já estavam muito bem endereçadas. O zagueiro Juan havia se aposentado, então estava pendente ainda a contratação de um zagueiro.
Nos jogos seguintes, o time foi comandado pelo auxiliar Marcelo Salles. E foi muito bem: venceu a Fortaleza e CSA, e empatou sem gols com o Fluminense (ainda eliminou o Corinthians na Copa do Brasil). Anunciou então o substituto de Abel, que chegaria sob muita desconfiança após vários fracassos de treinadores europeus no futebol brasileiro, foi contratado o português Jorge Jesus. Ele pediu três reforços, um zagueiro, um meia e um centroavante. Só dois deles seriam atendidos, tendo sido contratados o zagueiro espanhol Pablo Marí, que jogava a 2ª Divisão na Espanha com o Deportivo La Coruña (por isso, chegando sob enorme desconfiança também) e Gérson adquirido à Roma, da Itália, na segunda maior contratação da história do clube até então, mas que quando havia deixado o Fluminense anos antes, era um atacante franzino. Com as novas aquisições, liberou alguns jogadores, tendo Pará e o colombiano Fernando Uribe sido adquiridos pelo Santos, o lateral peruano Miguel Trauco vendido ao Saint Etienne, da França, e o volante Ronaldo emprestado ao Bahia. O elenco ainda teve uma perda, com o colombiano Gustavo Cuéllar sendo comprado pelo Al Hilal, da Arábia Saudita.
Com isso, o elenco rubro-negro para a sequência do Brasileirão e da Libertadores estava assim definido:
Goleiros: Diego Alves, César e Gabriel Batista
Laterais: Rafinha, Rodinei e João Lucas; Filipe Luís e Renê
Zagueiros: Rodrigo Caio, Pablo Marí, Rhodolfo e Thuler
Volantes: Piris da Motta, Willian Arão, Gérson, Vinícius Souza e Hugo Moura
Meias: Diego Ribas, De Arrascaeta, Éverton Ribeiro e Reinier
Atacantes: Bruno Henrique, Gabriel Barbosa, Vitinho, Berrío e Lincoln
O campeonato teve parada pela disputa da Copa América no Brasil. A situação estava inversa à do ano anterior, o líder era o Palmeiras, e o Flamengo vinha 8 pontos atrás. Jorge Jesus teve a oportunidade de fazer uma pré-temporada e conhecer o elenco.
Jorge Jesus fez sua estreia pelo jogo de ida das quartas de final, empatando por 1 x 1 contra o Athlético Paranaense, em Curitiba. No primeiro jogo no Maracanã, goleada por 6 x 1 sobre o Goiás, deixando excelente impressão. Era o prenúncio do excepecional rendimento que o time passaria a ter daquele momento em diante.
Mas os três jogos seguintes levantariam desconfiança sobre o trabalho. No jogo de volta pelas quartas de final da Copa do Brasil, novo empate com 1 x 1 contra o Athlético Paranaense no Maracanã, e derrota nos pênaltis. Na sequência pelo Brasileiro, empate por 1 x 1 contra o Corinthians em São Paulo, e no jogo de ida pelas oitavas de final da Libertadores, derrota por 2 x 0 para o Emelec no Equador. Seguiu-se uma apertada vitória por 3 x 2 sobre o Botafogo no Maracanã antes do decisivo jogo de volta contra o Emelec no Maracanã. Ali foi o momento decisivo da temporada, uma eliminação para os equatorianos teria sido uma catástrofe. Antes da metade do 1º tempo, o Flamengo já vencia pelos 2 x 0 que precisava. Necessitava de mais um gol, mas não conseguiu. A partida se arrastou até o fim sem outro gol e foi a pênaltis. Diego Alves defendeu uma cobrança e outra foi no travessão. De forma dramática, o Maracanã lotado explodiu em festa!
Na rodada seguinte do Brasileiro, em 4 de agosto, o Flamengo foi atropelado pelo Bahia em Salvador, perdendo por 3 x 0. Se naquele momento alguém afirmasse que o time rubro-negro não perderia mais nenhum jogo nos quatro meses seguintes, certamente diriam que aquela afimação "não passaria numa prova de riso". Mas foi o que aconteceu.
Pelo Brasileirão, o time venceu ao Grêmio por 3 x 1 no Maracanã e goleou ao Vasco por 4 x 1 em Brasília. No jogo de ida das quartas da Libertadores, fez 2 x 0 no Internacional no Maracanã. Na 16ª rodada, venceu ao Ceará por 3 x 0 no Castelão e assumiu a liderança. Não a perderia mais dali em diante. Na volta contra o Inter, empate por 1 x 1 em Porto Alegre e lugar na semi-final assegurado. Seguiram-se então 5 vitórias consecutivas: 3 x 0 no Palmeiras no Rio, 3 x 0 no Avaí em Brasília e 1 x 0 no Santos no Maracanã (vitórias importantes, pois o Flamengo batia seus dois rivais diretos ao título), seguidas por um 2 x 1 no Cruzeiro no Mineirão e um 3 x 1 no Internacional no Maracanã. Antes do primeiro jogo semi-final da Libertadores, contra o Grêmio, em Porto Alegre, o Flamengo empatou sem gols contra o São Paulo no Maracanã.
Em PoA, o time dominou o Grêmio, saiu na frente, teve diversas chances de ampliar, mas tomou um gol no fim que pôs um 1 x 1 definitivo no placar. Pelo Brasileiro, mais 5 vitórias seguidas antes do novo duelo contra os gremistas pela LIbertadores, vencendo à Chapecoense por 1 x 0, ao Atlético Mineiro por 3 x 1, ao Athlético Paranaense por 2 x 0, ao Fortaleza por 2 x 1 e ao Fluminense por 2 x 0. Bons resultados antes da melhor atuação do time no ano. Num Maracanã lotado, valendo vaga na final da Libertadores, o Flamengo teve uma atuação de gala, não deu chances ao Grêmio, e o goleou impiedosamente por 5 x 0. Após 38 anos, o Flamengo voltava a uma final de Copa Libertadores da América.
Na sequência do Brasileirão, venceu ao CSA por 1 x 0, empatou por 2 x 2 com o Goiás no Estádio Serra Dourada, goleou ao Corinthians por 4 x 1 no Maracanã, venceu ao Botafogo por 1 x 0 e ao Bahia por 3 x 1, teve um jogo antológico contra o Vasco, no qual empatou por 4 x 4. Era tão só o terceiro empate no returno, e mais uma vez, assim como contra o Goiás, tendo sofrido o gol que decretou a igualdade no placar já nos acréscimos. Antes da final da Libertadores contra o River Plate, venceu ao Grêmio por 1 x 0 em Porto Alegre e ficou muito perto de garantir matematicamente o título de campeão brasileiro.
Em Lima, no Peru, na primeira vez na história que a Libertadores era decidida em jogo único, viu os argentinos abrirem a contagem a seu favor logo no início. A partida se arrastou truncada o tempo todo. E o título veio da forma mais improvável, quando as esperanças já eram escassas, com dois gols de Gabigol em três minutos, aos 43 e aos 46 minutos do 2º tempo. Título épico! Campeão da Libertadores, 23 horas depois, o Palmeiras perdia para o Grêmio em São Paulo, e o Flamengo assegurava assim, matematicamente, o título de Campeão Brasileiro.
Na reta final do Brasileirão, tendo o Mundial ainda por ser disputado, o time manteve um ritmo forte, goleou ao Ceará por 4 x 1 no Maracanã, ganhou do Palmeiras por 3 x 1 em São Paulo, e goleou ao Avaí por 6 x 1 no Maracanã. No último jogo do Brasileiro, contra o Santos na Vila Belmiro, em 8 de dezembro, 4 meses e 4 dias depois de sua última derrota, o time rubro-negro acabou sofrendo uma goleada de 4 a 0 para o vice-campeão Santos.
O capítulo final da temporada foi a disputa do Mundial de Clubes em Doha, no Catar. A torcida rubro-negra entoou durante todo o ano de 2019 a música que aclamava: "em dezembro de 81, 3 a 0 no Liverpool, e agora seu povo, pede o mundo de novo". Devem ter sido forças ocultas do universo que conspiraram para que 38 anos depois, ao voltar a uma final de Mundial Interclubes, o adversário fosse novamente o Liverpool. Em 21 de dezembro, no Khalifa Stadium, em Doha, no Catar, o time rubro-negro enfrentaria o campeão europeu, que naquele momento era o líder do Campeonato Ingês com 10 pontos de vantagem para o vice-líder, 14 pontos a frente do campeão da temporada anterior, o Manchester City, 20 a frente do Chelsea e incríveis 24 de vantagem para o rico Manchester United. E só haviam sido jogadas 17 das 38 rodadas da temporada inglesa. Um gigante, jogando no mais alto nível da Europa. Mas do outro lado, o time de Jorge Jesus jogava no mais alto nível do futebol brasileiro e da América do Sul. Um autêntico embate de gigantes, entre o que havia de melhor técnica e taticamente dos dois lados do Oceano Atlântico.
O time rubro-negro tomou um susto logo com 40 segundos de jogo, quando o centroavante brasileiro Firmino entrou cara a cara com Diego Alves, mas chutou por cima. Nos 5 primeiros minutos, o Liverpool teve 3 chances claras de gol. Daí em diante a partida se equilibrou, e o Flamengo, sem se retrancar e abdicar de seu jogo ofensivo, foi superior em vários momentos, mas sem criar grandes chances. No 2º tempo, o filme se repetiu, com Firmino logo a um minuto e meio tendo grande chance, mas acertando a trave (a bola ainda cruzou po trás de Diego Alves e quase acertou a outra trave). A partida se manteve equilibrada, com leve superioridade do time inglês. Nos acréscimos o árbitro marcou pênalti para os Reds, mas voltou atrás após consultar o árbitro de vídeo. Prorrogação! E com 8 minutos de tempo extra, em contra-ataque, Firmino enfim fez o seu. Era o 76º jogo rubro-negro na temporada, enquanto o time inglês não havia jogado nem 25. Ao final, no preparo físico os ingleses se impuseram. Liverpool 1 a 0.
A derrota no Mundial de Clubes impediu que houvesse sido posta a cereja final no bolo de 2019. Mas mesmo sem cereja, aquele bolo foi delicioso!
O clube vinha de grandes investimentos consecutivos. Em 2016 contratou Diego, em 2017 fez a maior contratação de sua história até então, contratando Éverton Ribeiro, e em 2018 superou estas cifras quando contratou Vitinho. O início de 2019 foi ainda mais ousado, com quatro mega contratações de impacto: Rodrigo Caio comprado ao São Paulo, Bruno Henrique adquirido ao Santos, Gabriel Barbosa cedido por empréstimo pela Internazionale, da Itália, e aquela que passou a ser a maior contratação da história rubro-negra até então, com a compra do uruguaio De Arrascaeta ao Cruzeiro. Este estrelado elenco ganhou o título Carioca de 2019 sem muito esforço. Mas aquilo não bastaria como conquista, dadas as grandes cifras desembolsadas e muitos anos sem um título nacional, só um Brasileirão ou uma Libertadores sossegaria a pressão e as críticas.
Ao fim do Estadual, o clube fez apenas uma contratação, tendo ela sido pontual: chamou atenção o jovem lateral-direito do Bangu, João Lucas, por suas atuações no Carioca 2019. O clube investiu então na sua contratação, como uma aposta a ser desenvolvida a longo prazo.
A Libertadores já estava em jogo quando o Flamengo foi Campeão Carioca. O time venceu ao San Jose, da Bolívia, na altitude de Oruro, depois teve três jogos consecutivos no Maracanã, nos quais venceu à LDU, perdeu para o Peñarol e goleou ao San Jose. Não houvesse sido derrotado pelos uruguaios, já estaria classificado. Fantasmas de eliminações em Libertadores anteriores assombravam as memórias rubro-negras, e o time teve que enfrentar um protesto violento no aeroporto. Três dias depois do título estadual, o time voltou a perdeu na Libertadores, desta vez para a LDU na altitude de Quito, perdeu de virada, e se tivesse vencido, teria matematicamente se garantido nas oitavas de final.
O técnico Abel Braga enfrentava críticas crescentes. Principalmente porque dispunha de um elenco forte em mãos. O treinador alegava que Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa não podiam jogar juntos, e a torcida se indignava com esse pensamento. O elenco no início do campeonato:
DIEGO ALVES - CÉSAR
PARÁ - RODINEI
RODRIGO CAIO - RHODOLFO
THULER - JUAN
RENÊ - TRAUCO
CUÉLLAR - PIRIS DA MOTTA
WILLIAN ARÃO - RONALDO
DIEGO - ARRASCAETA
ÉVERTON RIBEIRO - VITINHO
BRUNO HENRIQUE - BERRÍO
GABRIEL BARBOSA - URIBE
Na largada do Brasileiro de 2019, a sequência de jogos era difícil. O time venceu ao Cruzeiro por 3 x 1 no Rio, perdeu para o Internacional por 2 x 1 em Porto Alegre, e empatou com o São Paulo por 1 x 1 na capital paulista. Foi então a Montevidéu, onde precisava de um empate para ir às oitavas na Libertadores. Segurou o zero a zero até o final e avançou. Uma eliminação ali teria explodido como uma bomba. Ainda assim a pressão e a cobrança sobre Abel Braga mantinha-se forte. O time então venceu à Chapecoense no Maracanã, e perdeu para o Atlético Mineiro no Estádio Independência em Belo Horizonte (um jogo em que o técnico português Joge Jesus assistiu na arquibancada, com a imprensa noticiando uma negociação entre ele e o Atlético). Na sequência o time venceu ao Athlético Paranaense no Maracanã, mas ao fim do jogo houve o pedido de demissão de Abel Braga.
O elenco estava sendo reforçado, as aquisições dos laterais Rafinha e Filipe Luís, respectivamente do Bayern Munique e do Atlético de Madrid, já estavam muito bem endereçadas. O zagueiro Juan havia se aposentado, então estava pendente ainda a contratação de um zagueiro.
Nos jogos seguintes, o time foi comandado pelo auxiliar Marcelo Salles. E foi muito bem: venceu a Fortaleza e CSA, e empatou sem gols com o Fluminense (ainda eliminou o Corinthians na Copa do Brasil). Anunciou então o substituto de Abel, que chegaria sob muita desconfiança após vários fracassos de treinadores europeus no futebol brasileiro, foi contratado o português Jorge Jesus. Ele pediu três reforços, um zagueiro, um meia e um centroavante. Só dois deles seriam atendidos, tendo sido contratados o zagueiro espanhol Pablo Marí, que jogava a 2ª Divisão na Espanha com o Deportivo La Coruña (por isso, chegando sob enorme desconfiança também) e Gérson adquirido à Roma, da Itália, na segunda maior contratação da história do clube até então, mas que quando havia deixado o Fluminense anos antes, era um atacante franzino. Com as novas aquisições, liberou alguns jogadores, tendo Pará e o colombiano Fernando Uribe sido adquiridos pelo Santos, o lateral peruano Miguel Trauco vendido ao Saint Etienne, da França, e o volante Ronaldo emprestado ao Bahia. O elenco ainda teve uma perda, com o colombiano Gustavo Cuéllar sendo comprado pelo Al Hilal, da Arábia Saudita.
Com isso, o elenco rubro-negro para a sequência do Brasileirão e da Libertadores estava assim definido:
Goleiros: Diego Alves, César e Gabriel Batista
Laterais: Rafinha, Rodinei e João Lucas; Filipe Luís e Renê
Zagueiros: Rodrigo Caio, Pablo Marí, Rhodolfo e Thuler
Volantes: Piris da Motta, Willian Arão, Gérson, Vinícius Souza e Hugo Moura
Meias: Diego Ribas, De Arrascaeta, Éverton Ribeiro e Reinier
Atacantes: Bruno Henrique, Gabriel Barbosa, Vitinho, Berrío e Lincoln
O campeonato teve parada pela disputa da Copa América no Brasil. A situação estava inversa à do ano anterior, o líder era o Palmeiras, e o Flamengo vinha 8 pontos atrás. Jorge Jesus teve a oportunidade de fazer uma pré-temporada e conhecer o elenco.
Jorge Jesus fez sua estreia pelo jogo de ida das quartas de final, empatando por 1 x 1 contra o Athlético Paranaense, em Curitiba. No primeiro jogo no Maracanã, goleada por 6 x 1 sobre o Goiás, deixando excelente impressão. Era o prenúncio do excepecional rendimento que o time passaria a ter daquele momento em diante.
Mas os três jogos seguintes levantariam desconfiança sobre o trabalho. No jogo de volta pelas quartas de final da Copa do Brasil, novo empate com 1 x 1 contra o Athlético Paranaense no Maracanã, e derrota nos pênaltis. Na sequência pelo Brasileiro, empate por 1 x 1 contra o Corinthians em São Paulo, e no jogo de ida pelas oitavas de final da Libertadores, derrota por 2 x 0 para o Emelec no Equador. Seguiu-se uma apertada vitória por 3 x 2 sobre o Botafogo no Maracanã antes do decisivo jogo de volta contra o Emelec no Maracanã. Ali foi o momento decisivo da temporada, uma eliminação para os equatorianos teria sido uma catástrofe. Antes da metade do 1º tempo, o Flamengo já vencia pelos 2 x 0 que precisava. Necessitava de mais um gol, mas não conseguiu. A partida se arrastou até o fim sem outro gol e foi a pênaltis. Diego Alves defendeu uma cobrança e outra foi no travessão. De forma dramática, o Maracanã lotado explodiu em festa!
Na rodada seguinte do Brasileiro, em 4 de agosto, o Flamengo foi atropelado pelo Bahia em Salvador, perdendo por 3 x 0. Se naquele momento alguém afirmasse que o time rubro-negro não perderia mais nenhum jogo nos quatro meses seguintes, certamente diriam que aquela afimação "não passaria numa prova de riso". Mas foi o que aconteceu.
Pelo Brasileirão, o time venceu ao Grêmio por 3 x 1 no Maracanã e goleou ao Vasco por 4 x 1 em Brasília. No jogo de ida das quartas da Libertadores, fez 2 x 0 no Internacional no Maracanã. Na 16ª rodada, venceu ao Ceará por 3 x 0 no Castelão e assumiu a liderança. Não a perderia mais dali em diante. Na volta contra o Inter, empate por 1 x 1 em Porto Alegre e lugar na semi-final assegurado. Seguiram-se então 5 vitórias consecutivas: 3 x 0 no Palmeiras no Rio, 3 x 0 no Avaí em Brasília e 1 x 0 no Santos no Maracanã (vitórias importantes, pois o Flamengo batia seus dois rivais diretos ao título), seguidas por um 2 x 1 no Cruzeiro no Mineirão e um 3 x 1 no Internacional no Maracanã. Antes do primeiro jogo semi-final da Libertadores, contra o Grêmio, em Porto Alegre, o Flamengo empatou sem gols contra o São Paulo no Maracanã.
Em PoA, o time dominou o Grêmio, saiu na frente, teve diversas chances de ampliar, mas tomou um gol no fim que pôs um 1 x 1 definitivo no placar. Pelo Brasileiro, mais 5 vitórias seguidas antes do novo duelo contra os gremistas pela LIbertadores, vencendo à Chapecoense por 1 x 0, ao Atlético Mineiro por 3 x 1, ao Athlético Paranaense por 2 x 0, ao Fortaleza por 2 x 1 e ao Fluminense por 2 x 0. Bons resultados antes da melhor atuação do time no ano. Num Maracanã lotado, valendo vaga na final da Libertadores, o Flamengo teve uma atuação de gala, não deu chances ao Grêmio, e o goleou impiedosamente por 5 x 0. Após 38 anos, o Flamengo voltava a uma final de Copa Libertadores da América.
Na sequência do Brasileirão, venceu ao CSA por 1 x 0, empatou por 2 x 2 com o Goiás no Estádio Serra Dourada, goleou ao Corinthians por 4 x 1 no Maracanã, venceu ao Botafogo por 1 x 0 e ao Bahia por 3 x 1, teve um jogo antológico contra o Vasco, no qual empatou por 4 x 4. Era tão só o terceiro empate no returno, e mais uma vez, assim como contra o Goiás, tendo sofrido o gol que decretou a igualdade no placar já nos acréscimos. Antes da final da Libertadores contra o River Plate, venceu ao Grêmio por 1 x 0 em Porto Alegre e ficou muito perto de garantir matematicamente o título de campeão brasileiro.
Um desempenho de campeão praticamente de ponta a ponta
Em Lima, no Peru, na primeira vez na história que a Libertadores era decidida em jogo único, viu os argentinos abrirem a contagem a seu favor logo no início. A partida se arrastou truncada o tempo todo. E o título veio da forma mais improvável, quando as esperanças já eram escassas, com dois gols de Gabigol em três minutos, aos 43 e aos 46 minutos do 2º tempo. Título épico! Campeão da Libertadores, 23 horas depois, o Palmeiras perdia para o Grêmio em São Paulo, e o Flamengo assegurava assim, matematicamente, o título de Campeão Brasileiro.
Na reta final do Brasileirão, tendo o Mundial ainda por ser disputado, o time manteve um ritmo forte, goleou ao Ceará por 4 x 1 no Maracanã, ganhou do Palmeiras por 3 x 1 em São Paulo, e goleou ao Avaí por 6 x 1 no Maracanã. No último jogo do Brasileiro, contra o Santos na Vila Belmiro, em 8 de dezembro, 4 meses e 4 dias depois de sua última derrota, o time rubro-negro acabou sofrendo uma goleada de 4 a 0 para o vice-campeão Santos.
O capítulo final da temporada foi a disputa do Mundial de Clubes em Doha, no Catar. A torcida rubro-negra entoou durante todo o ano de 2019 a música que aclamava: "em dezembro de 81, 3 a 0 no Liverpool, e agora seu povo, pede o mundo de novo". Devem ter sido forças ocultas do universo que conspiraram para que 38 anos depois, ao voltar a uma final de Mundial Interclubes, o adversário fosse novamente o Liverpool. Em 21 de dezembro, no Khalifa Stadium, em Doha, no Catar, o time rubro-negro enfrentaria o campeão europeu, que naquele momento era o líder do Campeonato Ingês com 10 pontos de vantagem para o vice-líder, 14 pontos a frente do campeão da temporada anterior, o Manchester City, 20 a frente do Chelsea e incríveis 24 de vantagem para o rico Manchester United. E só haviam sido jogadas 17 das 38 rodadas da temporada inglesa. Um gigante, jogando no mais alto nível da Europa. Mas do outro lado, o time de Jorge Jesus jogava no mais alto nível do futebol brasileiro e da América do Sul. Um autêntico embate de gigantes, entre o que havia de melhor técnica e taticamente dos dois lados do Oceano Atlântico.
O time rubro-negro tomou um susto logo com 40 segundos de jogo, quando o centroavante brasileiro Firmino entrou cara a cara com Diego Alves, mas chutou por cima. Nos 5 primeiros minutos, o Liverpool teve 3 chances claras de gol. Daí em diante a partida se equilibrou, e o Flamengo, sem se retrancar e abdicar de seu jogo ofensivo, foi superior em vários momentos, mas sem criar grandes chances. No 2º tempo, o filme se repetiu, com Firmino logo a um minuto e meio tendo grande chance, mas acertando a trave (a bola ainda cruzou po trás de Diego Alves e quase acertou a outra trave). A partida se manteve equilibrada, com leve superioridade do time inglês. Nos acréscimos o árbitro marcou pênalti para os Reds, mas voltou atrás após consultar o árbitro de vídeo. Prorrogação! E com 8 minutos de tempo extra, em contra-ataque, Firmino enfim fez o seu. Era o 76º jogo rubro-negro na temporada, enquanto o time inglês não havia jogado nem 25. Ao final, no preparo físico os ingleses se impuseram. Liverpool 1 a 0.
A derrota no Mundial de Clubes impediu que houvesse sido posta a cereja final no bolo de 2019. Mas mesmo sem cereja, aquele bolo foi delicioso!
Os números do Flamengo no Brasileiro de 2019 foram impressionantes:
- Maior pontuação desde que o Brasileiro de pontos corridos passou a ter 20 clubes (a partir de 2006) fazendo 90 pontos. Somente em 4 edições o campeão havia atingido e/ou superado os 80 pontos: O Cruzeiro em 2014 fizera 80, o Corinthians em 2015 fez 81, e o Palmeiras em 2016 e em 2018 também fez 80.
- Maior saldo de gols positivo da história do campeonato por pontos corridos, fazendo 49 gols pró.
- Melhor ataque da história do Brasileiro, com 86 gols marcados, tendo tido o líder e vice-líder na tabela de artilheiros: Gabigol com 25 e Bruno Henrique com 21 gols (De Arrascaeta ainda ficou em 5º, com 13 gols, atrás dos centroaventes Gilberto, do Bahia, e Eduardo Sasha, do Santos, que fizeram 14 gols cada um).
- Maior sequência de vitórias (8) e maior sequência de jogos invictos (24). Melhor aproveiamento (78,9%), superando ao Cruzeiro de 2003 (72,4%), ao Corinthians de 2015 (71,0%) e ao Cruzeiro de 2014, e ao Palmeiras de 2016 e de 2018, (todos três com 70,0%).
- Maior aproveitamento como mandante na história do Campeonato Brasileiro: 93,0% (17 vitórias e 2 empates, obtendo 53 de 57 pontos possíveis). Segundo maior aproveitamento como visitante (64,9%, com 11 vitórias, 4 empates e 4 derrotas) atrás do Fluminense de 2012 (68,4%).
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