domingo, 22 de junho de 2025

Herói do Basquete Rubro-Negro: KANELA


Togo Renan Soares, o Kanela

"O paraibano Togo Renan Soares, o Kanela, foi um dos maiores nomes da história do basquete no Brasil. Ele foi técnico do Flamengo de 1948 a 1970 e treinador da seleção brasileira de 1951 a 1971. Kanela conquistou dois títulos do Campeonato Mundial para o Brasil, em 1959 e 1963, e ainda ganhou uma medalha de bronze nas Olimpíadas de 1960". (A NAÇÃO, pgs. 181-182)

O curioso é que Kanela começou sua carreira como técnico de futebol. Foi treinador do Sport Club Brasil (extinto clube do Rio de Janeiro), do Bangu e do Vitória, do Espírito Santo, e foi técnico também do futebol do Flamengo antes de assumir o time de basquete (tinha sido treinador do time de basquete do Botafogo nos anos 1930). No basquetebol, depois que deixou o Flamengo, treinou o Palmeiras em 1971 e 1972 e o Vila Nova, de Goiás, em 1973, time com o qual conseguiu sagrar-se Campeão Brasileiro, vencendo os paulistas do Trianon na decisão da Taça Brasil.


Ele foi um verdadeiro revolucionário no basquete brasileiro, num momento em que se fazia um jogo parado, só de passes e arremessos, ele introduziu uma dinâmica, de saída em velocidade para o ataque, realizando uma verdadeira revolução neste esporte no Brasil. É justo dizer que o basquete brasileiro em 1951, quando ele chegou à Seleção, era um, e vinte anos depois, em 1971, quando ele deixou a Seleção, era outro completamente diferente. Ademais de seu estilo firme e enérgico de liderança dos times que comandou. Num país em que os esportes olímpicos não dão fama como entretenimento, sua fama no Brasil, apesar do impressionante currículo, não chega nem perto da de seu sobrinho, José Eugênio Soares, nacionalmente conhecido como Jô Soares, humorista, apresentador de talk show e escritor, uma espécie de David Letterman brasileiro (Letterman foi um ícone da CBS nos Estados Unidos com seu Late Show, que no Brasil virou "Jô Soares Onze e Meia").

Como treinador do Flamengo foi Campeão Carioca de Basquete em 1948, 1949, 1951, 1952, 1953, 1954, 1955, 1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1962 e 1964. Com a Seleção Brasileira, foi vice-campeão Mundial em 1954 no Rio de Janeiro, foi Bi-Campeão Mundial, em 1959 em Santiago e em 1963 no Rio de Janeiro. Em 1970 voltou a ser vice-campeão Mundial, em Ljubljana na Iugoslávia. Em Jogos Pan-Americanos, ganhou Medalha de Prata em 1963, e Medalha de Bronze em 1951, 1955 e 1959. Foi ainda Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos em 1960. E foi 5 vezes Campeão Sul-Americano com o Brasil, em 1959, 1960, 1961, 1963 e 1971; e Campeão Sul-Americano de Clubes com o Flamengo em 1953.


Kanela foi o técnico rubro-negro até o início de 1970. Depois de ter comandado a Seleção Brasileira que obteve o Vice-campeonato Mundial na Iugoslávia, naquele ano, ele decidiu assumir a função de Supervisor do Basquete rubro-negro, com a função de técnico, entre 1970 e 1973, sido ocupada por Barone, Waldyr Boccardo e Marcelo Cocada. O maior problema eram as constantes brigas com árbitros, que o levavam constantemente a ser suspenso. O temperamento explosivo e briguento sempre o acompanhou ao longo de toda a sua carreira. Neste período, teve passagens como técnico do Palmeiras e do Vila Nova, de Goiás, ao qual levou ao título de campeão brasileiro de 73. Após conquistar a Taça Brasil, ele regressou à Gávea. Entre estas idas e vindas como Supervisor do Flamengo e estes trabalhos avulsos fora do clube, no segundo semestre de 73, insatisfeito com o mal desempenho da equipe rubro-negra, que contava com três norte-americanos no time e ainda assim não brigava pelo título carioca, Kanela demitiu ao técnico Marcelo Cocada e decidiu, ele mesmo, voltar a ser o treinador da equipe na reta final daquele estadual. Não foi suficiente para o time ser campeão. Foi a última vez que ele esteve a frente do time de basquete rubro-negro.


Faltou Mais Kanelismo ao Basquete Brasileiro

A Seleção Brasileira viveu momentos conturbados na década de 70, após a saída de Kanela da Seleção. Sentiu falta de sua capacidade como treinador, mas também pela dificuldade de fazer a renovação da fantástica geração de Amaury Pasos, Wlamir Marques, Menon e Ubiratan, uma missão nada fácil. Quando Kanela assumiu a Seleção Brasileira como treinador, o Uruguai tinha seis títulos de Campeonato Sul-Americano, a Argentina tinha cinco e o Brasil só dois. Quando Kanela deixou a Seleção, o Brasil tinha oito títulos, o Uruguai também oito e a Argentina tinha seis.

O Brasil havia sido vice-campeão Mundial em 1954, Bi-campeão em 59 e 63, terceiro lugar no Mundial de 67 e vice-campeão em 70. Acumulava três Medalhas de Bronze em Jogos Olímpicos (1948, 1960 e 1964) e ficara em quarto lugar nas Olimpíadas de 68. O Brasil havia alçado um voo para o primeiro escalão do basquete mundial, e queria manter-se lá. Chegou àquele nível pelas mãos de Wlamir e Amaury e pela visão de jogo do “Velho Togo”.

Em 54, o time formado por Angelim, Algodão, Wlamir Marques, Mayr Facci e Amaury Pasos, comandados por Kanela, e com Alfredo da Motta (já veterano), Godinho e Mário Hermes no banco, perdeu a final do Mundial, no ginásio do Maracanãzinho, para os Estados Unidos (62 a 41 no placar). Em 59, no Chile, o time perdeu para a União Soviética duas vezes (73 x 64 e 66 x 63) e venceu os EUA (81 x 67). Só foi campeão porque por razões políticas os soviéticos se negaram a enfrentar Taiwan (que à época se chamava Formosa) e foram desclassificados do torneio. Depois de ficar com o Bronze nos Jogos Olímpicos de 60 (atrás de americanos e soviéticos), no Mundial de 63, novamente jogado no Maracanãzinho, o time brasileiro – treinado por Kanela, e jogando com Wlamir Marques, Rosa Branca, Victor Mirshauswka, Amaury Pasos e Ubiratan – venceu à União Soviética (90 x 79) e aos Estados Unidos (85 x 81) e ficou com o troféu no Brasil.

Em seguida, terceiro lugar nas Olimpíadas de 64 e no Mundial de 67, e um quarto lugar nas Olimpíadas de 68, sempre atrás de Estados Unidos, ora União Soviética e ora Iugoslávia. A Seleção Brasileira voltou a fazer uma grande campanha no Mundial de 70, e jogando fora de casa, na Iugoslávia. O time de Kanela tinha Hélio Rubens, Wlamir Marques, Edvar Simões, Menon e Ubiratan; venceu a União Soviética (66 x 64) e os Estados Unidos (69 x 65), mas caiu diante da seleção anfitriã (implacáveis 80 x 55).

A renovação depois destes resultados e da saída de Kanela foi traumática. No Mundial de 72, o Brasil foi treinado por Pedrocão, de Franca, e amargou a sétima posição. No Mundial de 74 o treinador foi Édson Bispo, mas o resultado não melhorou: sexta colocação. O ápice para a crise veio após o Pré-Olímpico de 76, quando a equipe treinada por Édson Bispo perdeu a vaga com uma derrota para o México. Pela primeira vez, o Brasil estava fora do basquete olímpico. O basquete brasileiro virou um caldeirão.

Uma matéria na revista Placar em 1977 (ed. 335, de 11/fev/77) trazia matéria bombástica, expondo a crise pela qual passava o basquete brasileiro: "nós estacionamos" dizia Alberto Curi, então presidente da CBB; "falta preparação adequada (para estar no topo do basquete mundial)" dizia o então jovem treinador Ary Vidal, que com pouca experiência e sob muita desconfiança, tinha recém assumido a Seleção Brasileira; "(o problema é que) meus colegas são covardes" bradava em alta voz o então técnico do Flamengo, Tude Sobrinho; "o mal é da cúpula do basquete, que não está entregue em boas mãos" afirmava Kanela. O principal motivo para a crise estava no fato de o Brasil não ter conseguido a classificação para os Jogos Olímpicos de 1976, levando à demissão do treinador Édson Bispo. A principal responsável segundo quase todos era a política, que neste caso se escondia por trás de um verdadeiro duelo filosófico entre Rio de Janeiro e São Paulo. São Paulo atacava a constante escolha de técnicos cariocas e o fato de a sede da CBB ser no Rio, já o Rio de Janeiro atacava o estilo político paulista, fechado em panelinhas e excludente (o "absolutismo paulista"). Entretanto, ambos, cariocas e paulistas, eram unânimes em metralhar em crítica a direção da CBB. Surpreendente é como as histórias se repetem, e o país parece não ter memória, os fatos ficam isolados no tempo. Palavras do então técnico da Seleção Ary Vidal: "os problemas são tantos que sempre haverá dificuldades para se treinar a Seleção. Agora mesmo, duvido que todos os atletas apareçam no dia da apresentação (para a disputa do Sul-Americano)". Destaca a matéria da Placar: "acertou: faltaram Agra, Marcel, Ubiratan, Hélio Rubens, Gilson, Evaristo, Fausto Giannechini e Adílson" (todos jogadores de Palmeiras e Franca). Não havia problemas contratuais com os jogadores que jogavam nos Estados Unidos, como Leandrinho, Anderson Varejão e Nenê, como foi rotina nos anos 2000, mas um problema cujo núcleo era idêntico e por outros motivos: Palmeiras e Franca queriam excursionar para angariar fundos para a manutenção financeira de suas equipes de basquete.

Kanela piorava ainda mais as palavras do presidente da Confederação "O Cúri diz que nosso basquete estacionou. Vou além: está andando para trás". Kanela ia além com sua metralhadora giratória: "os atuais jogadores são muito mascarados e já não se empenham tanto quanto os de antigamente". Palavras de Cúri, presidente da CBB: "quando falo que estacionamos quero me referir ao progresso dos países que nos passaram. Quem falava de Iugoslávia, Canadá e Porto Rico? De 1968 para cá começamos a sentir que nossos adversários melhoravam".

Para Tude Sobrinho estava faltando à Seleção "mais Kanelismo", em alusão à filosofia de trabalho de Kanela. Tude ia além nas declarações: "São Paulo não deixa (que eu assuma a seleção), o pessoal de lá não gosta de mim, pois todos os jogadores cariocas passaram nas minhas mãos. Fui tetracampeão brasileiro de juvenis com a Seleção Carioca. Eles não engolem isso. Quanto a mim, acontece justamente o contrário: gosto do basquete paulista". Um comentário um tanto "morde e assopra", parecendo querer bater e ao mesmo tempo ser um pouco diplomático. Tude continuava: "o basquete não estacionou porque existe São Paulo. Lá as coisas vão bem. Mas em parte podemos admitir o estacionamento, pois estamos praticamente reduzidos a São Paulo. Por quê? Porque nos faltou um trabalho de renovação".

Após Bispo, o comando da Seleção foi posto nas mãos de Ary Vidal, técnico ligado ao basquete do Rio de Janeiro e sem resultados expressivos a nível nacional quando foi treinador de Botafogo e Vasco. Ary Vidal foi Campeão Sul-Americano em 1977 e conseguiu colocar a Seleção Brasileira de novo no pódio no Mundial de 78, obtendo um terceiro lugar e com destaque para uma excepcional vitória por 92 x 90 sobre os EUA. Acabou perdendo para Iugoslávia (97 x 81) e União Soviética (94 x 85). Um time que tinha Oscar, Marcel, Hélio Rubens, Carioquinha, Gilson Trindade e Marquinhos Abdalla.

O otimismo voltou a rondar o país e a crise no basquete passou. o sentimento em torno à situação do basquete brasileiro parecia já ser outra nos anos 80. Kanela, em entrevista à revista Placar (ed. 827, de 31/mar/86) dizia "nunca vi tanto craque". Alongava-se: "depois dos bicampeões apareceram alguns bons jogadores, mas nenhum da capacidade de Amaury, Wlamir, Ubiratan, Menon e Waldemar. Hoje em dia, porém, vejo que estão surgindo jogadores com potencial que me fazem lembrar aquele time. (...) Gérson e Pipoka são geniais (...) temos Marcel que é um gênio como foram Wlamir e Amaury, e Oscar, que aprendeu a encestar quando estava ainda na barriga da mãe (...) Maury, irmão do Marcel, é também um monstro". "Considero Ary Vidal um bom técnico, mas ele precisa de apoio dos técnicos paulistas".

Ary deixou a Seleção e os resultados voltaram a piorar. Nas Olimpíadas de 80, com Cláudio Mortari como treinador, o Brasil ficou em quinto lugar. No Mundial de 82, treinado por Edvar Simões, o Brasil não passou de um oitavo lugar. Com Renato Brito Cunha como treinador nos Jogos Olímpicos de 84 a posição caiu ainda mais: nono lugar. Foi Ary Vidal voltar e o resultado melhorou. Com ele o Brasil foi quarto lugar no Mundial de 86, Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987, com a fantástica vitória por 120 x 115 sobre os Estados Unidos em Indianápolis, e quinto lugar nas Olimpíadas de 88.

A escola carioca de treinadores foi a responsável pelos maiores resultados da história do basquete brasileiro. Foi assim com Kanela, depois com Ary Vidal, e também com Miguel Ângelo da Luz, que assumiu a Seleção Brasileira Feminina sob fortes críticas, pois era treinador do Olaria, e levou o time de Hortência, Paula e Janeth ao título de Campeãs Mundiais em 1994 e Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de 1996. Todos os grandes títulos do Brasil no basquetebol foram sob o comando de treinadores do Rio de Janeiro.

Mas os times cariocas não conseguiam repetir este bom desempenho na disputa nacional entre clubes. Durante toda a década de 70, a diferença entre o basquete paulista e o do resto do país só foi aumentando. Os títulos da Taça Brasil iam, ano após ano, para o Estado de São Paulo. Mas as disputas eram acirradas. E havia muita reclamação contra as arbitragens, principalmente porque quase sempre só em São Paulo havia condição financeira para abrigar a fase final da Taça Brasil, quase sempre jogada no ginásio do Ibirapuera.

Entretanto, nem o fator mando de quadra mudava o cenário, tome-se como exemplo em 1975, quando depois de sagrar-se campeão carioca, o Flamengo disputou no Maracanãzinho o Torneio Interestadual, quadrangular para definir o representante brasileiro na Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões. O Palmeiras não encontrou dificuldades para vencer o Flamengo por 97 x 78, nem o Amazonas de Franca enfrentou resistência do Vasco, vitória por 72 x 59. No dia seguinte, 22 de novembro de 1975, o Jornal dos Sports trazia em sua manchete: “Paulistas vencem fácil”.  

Mas ainda assim sempre sobraram reclamações contra os paulistas. A maior confusão se deu na Taça Brasil de 1979. Na semi-final, Franca venceu o Vasco por 79 a 77, e o Sirio venceu o Jóquei Clube de Goiás por 73 a 71. Os goianos se revoltaram, porque segundo eles o árbitro apitou falta no garrafão antes de o cronômetro ser zerado, mas houve invasão de quadra para comemorar a vitória do Sirio e na confusão o juiz encerrou o jogo, confirmando a zeragem do relógio. Revoltados, no dia seguinte, negaram-se a enfrentar o Vasco na decisão de terceiro lugar, mas estiveram em quadra, ficando o tempo todo parados, impedindo a realização do jogo e atrasando o início da final entre os paulistas Franca e Sirio, que acabou vencida pelo time da capital por 87 a 86. O Sirio que naquele mesmo ano, também jogando no ginásio do Ibirapuera, iria conquistar o Mundial de Clubes.

O Flamengo também se envolveu em confusão parecida, como mostra o relato da revista Placar (ed. 774, de 22/mar/85) com relatos do jogo entre Flamengo e Corinthians. Apesar da vitória rubro-negra, os jogadores estavam revoltados. Palavras do pivô Marquinhos: "joguei muito tempo em São Paulo e conheço o esquema, está tudo arranjado para o Corinthians ganhar (fazer a final com o Monte Líbano) e as rendas (no Ibirapuera) serem maiores". Marquinhos jogou no Fluminense de 1967 a 1971, depois foi para o Sirio entre 1971 e 1973, de lá seguiu para o time da Pepperdine University, dos EUA, para um estágio experimental em 73, voltou para o Sirio, onde permaneceu até 1975, quando novamente foi para o time da Pepperdine University, desta vez de forma definitiva para jogar a temporada de 1975-76. De lá seguiu carreira no Emerson Color, da Itália, entre 1976 e 1978, voltou mais uma vez ao Sirio entre 1979 e 1980; jogou no Sinudyne, da Itália, na temporada 1980-81, voltou uma quarta vez ao Sirio, desta vez para ficar entre 1981 e 1984. Então chegou, em 1984, ao Flamengo, e depois jogou em 1985 pelo time do Bradesco (RJ), em 86 voltou para o Sirio, onde permaneceu até 1989, quando encerrou sua carreira. Outro revoltado era Carioquinha: "jogar num time do Rio em São Paulo é uma dificuldade, agora sei que os cariocas tinham razão quando tanto reclamavam (da arbitragem), isto aqui é uma sacanagem". Carioquinha que, apesar do apelido, não tinha nenhuma relação com o basquete carioca. A experiência naquele ano com a camisa do Flamengo foi a primeira dele fora do basquete de São Paulo, onde havia jogado por mais de uma década defendendo Palmeiras, São José e Sirio. Este jogo contra o Corinthians terminou com Paulão Abdalla e Germán Filloy agredindo um dos árbitros após o zerar do cronômetro. Flamengo, novamente vice-campeão da Taça Brasil, e um tumultuado último capítulo na história de um dos maiores times montados pelo basquete da Gávea.

Em fevereiro de 1984, a revista Placar trazia a matéria "Perigo: só dá São Paulo (no basquete)" (ed. 715, de 3/fev/84), "das 15 Taças Brasil disputadas, os times paulistas venceram 13". O pivô Marquinhos Abdalla, então defendendo o Sirio, fez nesta matéria a sua análise dos fatos: "isso é muito ruim, porque a Seleção Brasileira acabou se tornando na verdade um selecionado paulista, completamente divorciado do resto do Brasil em termos de apelo popuplar nacional". Emmanuel Bonfim dava seu diagnóstico: "no Rio, a maioria dos jogadores trabalha e só pode treinar à noite, em São Paulo, os jogadores dedicam-se inteiramente ao basquete". Naquele mesmo ano, Marquinhos trocaria o Sirio pelo Flamengo, que decidiria investir pesado no basquetebol e montar o elenco mais caro do país. Campeão Carioca, mas tendo perdido o título da Taça Brasil para o Monte Líbano, duas semanas depois da final nacional a diretoria anunciou o desmonte do projeto, pois considerava as propostas de renovação salarial pedidas pelos jogadores fora da realidade financeira do clube. Na entrevista à edição 827 da revista Placar, Kanela deu sua versão para as dificuldades do basquete carioca: "houve uma fase grande de marasmo, mas o que realmente prejudica o basquete no Rio é que os clubes só pensam em futebol".