segunda-feira, 18 de abril de 2016

Audiência na TV: Os Números dos Clássicos em 2015

Quando a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro divulgou a tabela da Taça Guanabara, continha informações que apenas o olhar mais atento percebeu. Aos dois clássicos do Estadual 2016 que já foram televisionados em TV aberta (Flamengo x Vasco e Botafogo x Fluminense), a  tabela incluiu mais três: o Fla x Flu do Pacaembu, Vasco x Botafogo e Flamengo x Vasco. Isto faz com que sejam cinco os clássicos veiculados pela TV Globo para grande parte do Brasil (ou todo ele, via parabólicas), sem contar com as partidas decisivas do campeonato – muito provavelmente, novos clássicos.

Trata-se do maior número de grandes jogos do Carioca em TV aberta nos últimos tempos. Em 2013, apenas três clássicos foram transmitidos, todos decisivos. Em 2014, foram cinco – mas ao contrário do ano anterior, o Carioca não terminou por antecipação. No ano passado, em seis ocasiões tivemos embates de gigantes veiculados nestas mesmas condições. Já em 2016, caso nenhum pequeno estrague a festa, podem ser até nove clássicos.

O ineditismo no número de clássicos televisionados inclui o Campeonato Paulista, onde historicamente houve mais jogos do tipo na TV (visando maiores audiências na cidade-sede do mercado publicitário). E é justamente esta a razão encontrada para tal mudança na programação da TV: as diferenças brutais de audiências entre “jogos comuns” e clássicos.

No Campeonato Carioca 2016, dos onze jogos transmitidos até aqui, oito foram não-clássicos, com média de 20,7 pontos de audiência e 40% de share. Os três clássicos alcançaram 26,6 pontos e 50%. No Paulistão 2016, foram apenas nove jogos, dada a concorrência da Libertadores. Sete não-clássicos atingiram média de 20,6 pontos e 39% de participação. Os dois clássicos marcaram 27 com 49%. Todos os números consideram a soma das audiências de Globo e Bandeirantes.

Em retrospectiva, números parelhos. No Brasileirão 2015, o Rio assistiu a apenas três clássicos, com média de 26 pontos com 53%. Outros 36 jogos envolveram Fla, Flu, Vasco ou Bota contra outras agremiações, marcando 21,7 pontos e 42%. Em São Paulo, quatro clássicos com média de 24 pontos e 45%. Os 34 não-clássicos atingiram 22,5 pontos e 42%.

No Carioca 2015, foram seis clássicos, 28,3 pontos de audiência e 54% de participação. Treze não-classicos, 20,7 pontos e 40%. No Paulista 2015, sete clássicos com 28,3 pontos e 52%. Nove não-clássicos, 19,3 pontos e 38% de share.

No Brasileirão 2014, dois Fla-Flus proporcionaram 25,5 pontos e 53%. Trinta e sete não clássicos marcaram 19,7 pontos com 40%. Em Sampa, seis clássicos, 24,5 pontos e 49% de share. Trinta e dois não-clássicos alcançaram 21,1 pontos e 42%.

Por fim, os Estaduais-2014. No Rio, os cinco clássicos marcaram 25 pontos e 53%. Os onze não-clássicos, 17,7 pontos e 40%. Já em São Paulo, cinco clássicos, 25,6 pontos e 49%. Quatorze não-clássicos, 21,1 pontos e 43%.

Temos aqui uma amostra robusta: 244 jogos. E um veredicto: clássicos proporcionam audiência e share aproximadamente 25% superior aos jogos normais. Em números absolutos, isso representaria algo como 5,5 pontos e 10% de share adicional. Uma enormidade, se considerarmos que cada ponto de audiência representa 69 mil domicílios em São Paulo e 43 mil no Rio. Se o mercado precifica em muitos milhões cada ponto adicional – razão pela qual pagava tão mais a determinados times – imaginem o valor de mercado de um dérbi envolvendo grandes e apaixonadas torcidas.

Portanto, como já foi dito, esta seria uma razão para o aumento no número destes duelos na TV carioca. Trata-se de um processo que, mesmo já corriqueiro, tende também a se intensificar em São Paulo, à medida com que aumenta a concorrência com a cada vez mais diversificada TV fechada. Existem elementos limitadores, como bloqueios de transmissão para a própria praça. Mas é provável que nos futuros contratos estas cláusulas também se flexibilizem.


Fonte: Blog Teoria dos Jogos (http://www.blogteoriadosjogos.com/)
E-mail da coluna: teoriadosjogos@globo.com

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