domingo, 23 de maio de 2021

As primeiras participações do Flamengo na Taça Brasil de Basquete


Depois de dominar o cenário basquetebolístico do Rio de Janeiro entre 1948 e 1964, intervalo no qual foi campeão de 14 das 17 edições do Campeonato Carioca disputadas, o basquete do clube viveu um jejum de 10 anos sem conquistar o título estadual, tendo neste período sido campeão apenas da Taça Gerdal Boscoli de 1969, com uma equipe jovem, cuja formação titular, comandada por Kanela, tinha a Montenegro, Gabriel, Pedrinho Ferrer, Waldyr Boccardo e Robertão.

Em 1973, o técnico Kanela foi para o Vila Nova, com quem se sagrou campeão da Taça Brasil, numa equipe que tinha no banco aos ex-rubro-negros Doinha e Goiano. Depois do título nacional, o primeiro conquistado por uma equipe fora do eixo "Rio-São Paulo", Kanela voltou à Gávea como Supervisor do basquete rubro-negro, ficando a função de técnico com Marcelo Cocada. O clube contratou três norte-americanos, apostando em voltar a ser campeão, mas ainda assim, não ficou com o título.

Decidido a recuperar a hegemonia carioca, o Flamengo se reforçou para a temporada de 1975 do basquete com a contratação do técnico Tude Sobrinho, penta-campeão carioca com o Fluminense. Pouco depois, o time foi reforçado com três jogadores também campeões no tricolor das Laranjeiras: Alberto Bial, Sérgio Macarrão, e o recontratado Gabriel, jogador formado nas divisões de base da Gávea.

O que não contava era com a mudança de legislação que passou a proibir a utilização de mais de um estrangeiro por equipe. Com esta novidade, teve que se desfazer de dois de seus norte-americanos, escolhendo ficar com George Thompson (que esteve bem próximo de ser contratado pelo Vasco naquela temporada). Com um desempenho aquém do esperado, no returno da 1ª fase do campeonato, o time foi reforçado com a contratação de mais um jogador ex-Fluminense: Peixotinho.

Com o jejum de títulos estaduais, o Flamengo não participou de nenhuma das 10 primeiras edições da Taça Brasil, competição nacional de clubes implementada a partir de 1965. E foi justamente em 1975, quando o basquete rubro-negro voltou a se fortalecer, que foi tentado um novo modelo de competição, com a realização do 1º Campeonato Nacional de Basquete, que historicamente veio a ser a 11ª Taça Brasil. Mas foi uma tentativa de um campeonato novo. De 1965 a 1974, a Taça Brasil foi na maioria das vezes um hexagonal (por desistências, houve anos que foi pentagonal ou até um quadrangular), disputada sempre numa mesma cidade-sede durante uma semana. Em 1975 se tentou copiar o modelo do Campeonato Brasileiro de Futebol, tendo a competição reunido 10 clubes e sem sede fixa. Os dez participantes foram dois da cidade de São Paulo (Sírio e Palmeiras), dois do interior de São Paulo (Franca e Campinas Tênis Clube), dois do Rio de Janeiro (Flamengo e Vasco), dois de Minas Gerais (Minas Tênis Clube e Círculo Militar), e dois de Goiânia (Goiás e Jóquei Clube). O modelo só foi usado naquele ano, já que impeditivos financeiros não viabilizaram uma segunda edição, em 1976, ano que o basquete brasileiro não teve campeão, com a partir de 1977 o torneio voltando a ser num molde similar ao das primeiras edições da Taça Brasil.

Logo, na largada, desfalcado de Thompson e Fioravante, o Flamengo sentiu o peso do basquete paulista, e jogando duas vezes em casa, perdeu para Sírio (67 x 90) e Palmeiras (94 x 104). Entretanto, posteriormente conseguiria nos tribunais os pontos do confronto contra o Sírio, que havia inscrito e posto em quadra irregularmente ao pivô Marquinhos Abdalla. Depois obteve vitórias fora e em casa sobre o Jóquei Clube, de Goiás, e o Minas Tênis Clube, e voltou a cair como visitante perante Sírio e Palmeiras. Dois se classificavam, e a vitória rubro-negra no tribunal eliminou ao Sírio, levando o Flamengo ao Quadrangular Final, jogado no Maracanãzinho. O time rubro-negro perdeu para Palmeiras (78 x 97) e Franca (63 x 82), ficando fora da disputa. O Vasco também perdeu para os dois paulistas, e na última rodada ainda superou à equipe rubro-negra. Assim foi a história da 1ª participação do Flamengo na Taça Brasil de Basquete, terminando em 4º lugar.


1975 - 4º lugar na Taça Brasil
Time: Alberto Bial, Pedrinho Ferrer, George Thompson, Fioravante e Sérgio Macarrão
Téc: Tude Sobrinho
Banco: Peixotinho, Gabriel, Rogério e Jorge Maravilha

Campanha: 67 x 90 Sírio (SP) / 94 x 104 Palmeiras (SP) / 76 x 73 Minas (MG) / 76 x 91 Jóquei Clube (GO) / 81 x 94 Palmeiras (SP) / 91 x 87 Jóquei Clube (GO) / 89 x 77 Minas (MG) / 82 x 94 Sírio (SP) / 78 x 97 Palmeiras (SP) / 63 x 82 Franca (SP) / 55 x 58 Vasco (RJ)


O investimento rubro-negro lhe deu ao menos o título de Campeão Carioca de 1975, interrompendo um jejum de dez anos sem o título. Em 1976, não houve competição nacional, que voltou a ser realizada em 1977. O Flamengo manteve o investimento no time de basquete e fez uma campanha histórica, terminando com o vice-campeonato.

Todo o torneio foi disputado em Belo Horizonte, no Ginásio do Minas Tênis Clube, realizado de 29 de junho a 3 de julho daquele ano. Na 1ª fase eram dois grupos de quatro clubes, com os dois primeiros de cada grupo avançando para fazer a semi-final e a decisão também em sede única. Na 1ª fase, o Flamengo venceu ao Palmeiras por 94 x 77, e aos mineiros Olympico (95 x 60) e Ginástico (94 x 81), avançando em 1º lugar do grupo para a semi-final, evitando assim um confronto contra a forte equipe do Amazonas, de Franca (bi-campeã brasileira em 1974 e 1975), que liderou o outro grupo, no qual o Vasco ficou em segundo, e Minas Tênis Clube, e Jóquei Clube, de Goiás, acabaram eliminados. Assim a semi-final foi entre Flamengo e Vasco, com uma fácil vitória rubro-negra por 96 x 69. Na outra semi-final, o Palmeiras venceu ao Franca por 80 x 74, reencontrando o quinteto da Gávea na partida decisiva.

Foi um jogo duríssimo. Na sua segunda participação, o Flamengo esteve bem perto de conseguir seu primeiro título nacional de basquete, mas o forte quinteto palmeirense, formado por Carioquinha, Albert de Witt, Oscar Schmidt, Gílson Trindade e Ubiratan Maciel, com o argentino González como sexto jogador, e treinado por Cláudio Mortari, derrotou ao time rubro-negro por apertados 66 x 62, ficando com o título.


1977 - Vice-campeão da Taça Brasil
Peixotinho, Pedrinho Ferrer, Zezé, George Thompson e Paulão Abdalla
Téc: Waldyr Boccardo
Banco: Rogério e Sapatão

Campanha: 94 x 77 Palmeiras (SP) / 95 x 60 Olympico (MG) / 94 x 81 Ginástico (MG) / Semi-final: 96 x 69 Vasco (RJ) / Final: 62 x 66 Palmeiras (SP)


Depois da temporada de 1977, na qual foi campeão carioca e vice-campeão brasileiro, o time não teve um bom desempenho no Carioca de 78. Acabou havendo uma saída de vários jogadores. George Thompson foi defender ao Clube Municipal, junto com outro norte-americano que havia sido importado pelo Flamengo para o Carioca de 78, Larry Hutch. Junto a eles, o Municipal montou uma forte equipe, com Alberto Bial, Zezé, Fioravante e Sérgio Macarrão, equipe que acabou perdendo o título estadual para o Vasco, de Bira Belo, Manteiga, Luís Brasília e Paulão Abdalla. Para este Carioca de 79, o Flamengo também tentou ousar, contratando Carioquinha, armador da Seleção Brasileira. O time do técnico Waldyr Boccardo montou um quinteto titular com Carioquinha, Bigu, Pedrinho Ferrer, Tocantins e Carlão.

No entanto, após as duas participações nas Taças Brasil de 1975 e 1977, o Flamengo só conseguiu voltar a disputar a Taça Brasil em 1982, ano no qual também voltou a conquistar o Campeonato Carioca. Mas a participação na competição nacional foi muito ruim. A 1ª fase foi disputada no Ginásio Nilton Silva, em Salvador. O time começou vencendo à A.A. Bahia e ao Minas Tênis Clube, garantindo o avanço à 2ª fase. No último jogou perdeu por 93 x 100 para o favorito Sírio, do técnico Cláudio Mortari, que jogava com o quinteto titular Maury, Carioquinha, Marcel, Germán Filloy e Marquinhos Abdalla, e tinha a Paulinho Villas-Boas como sexto jogador.

Na 2ª Fase, no Ginásio do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte, o time rubro-negro não venceu nenhuma vez, perdendo logo na estreia o jogo teoricamente mais fácil, caindo por 78 x 99 para o Ginástico. Daí em diante a missão era dificílima, e não houve jeito, caindo por 65 x 73 para o Monte Líbano, que viria a ser o campeão desta edição da Taça Brasil, e por 80 x 96 para a Francana. A fase final foi um quadrangular paulista, reunindo Monte Líbano, Franca, Sirio e São José.


1982 - 8º lugar na Taça Brasil
Time: Alberto Bial, Bigu, Pedrinho Ferrer, Mauro e Paulão Abdalla
Téc: Marcus Vasconcellos (Pingo)
Banco: Manteiga, André Guimarães, Lelo e Afonso

Campanha: 96 x 81 A.A. da Bahia (BA) / 78 x 75 Minas Tênis Clube (MG) / 93 x 100 Sírio (SP) / 78 x 99 Ginástico (MG) / 65 x 73 Monte Líbano (SP) / 80 x 96 Franca (SP) 


No ano seguinte, o Flamengo voltou a participar da Taça Brasil e fez uma campanha praticamente igual. Jogou a 1ª fase em São José dos Campos, no interior de São Paulo, aonde novamente, pelo segundo ano consecutivo, garantiu a classificação automática à fase seguinte ao vencer os dois primeiros jogos, passando por 96 x 60 pelo Unicap, de Pernambuco, e por 115 x 64 pelo Minas Tênis Clube. No terceiro jogo, enfrentou ao anfitrião, por quem foi derrotado por 81 x 88.

Na 2ª fase, repetiu o desempenho do ano anterior. A diferença é que enfrentou os dois adversários mais difíceis logo nos dois primeiros confrontos, perdendo por 88 x 101 para o Sírio, e por 80 x 92 para o Corinthians. Com as duas derrotas, não tinha mais chances de avançar ao quadrangular final. No terceiro jogo, acabou derrotado por 86 x 87 para o Ginástico, de Minas Gerais. A fase final foi mais uma vez um quadrangular todo ele paulista, reunindo Monte Líbano, Sírio, Corinthians e São José.


1983 - 7º lugar na Taça Brasil
Time: Bigu, Almir Gerônimo, Zezé, Carlão Ostermann e Paulão Abdalla
Téc: Marcus Vasconcellos (Pingo)
Banco: Pedrinho Ferrer, André Guimarães e Lelo

Campanha: 96 x 60 Unicap (PE) / 115 x 64 Minas Tênis Clube (MG) / 81 x 88 São José (SP) / 88 x 101 Sírio (SP) / 80 x 92 Corinthians (SP) / 86 x 87 Ginástico (MG)


As participações rubro-negras na Taça Brasil passaram a ser mais constantes a partir de então, tendo o clube voltado a disputar as edições de 1984, 1985, 1986, 1987 e 1988-89. Em 1984, tendo inclusive montado um supertime e entrado na briga pelo título, "furando" e sendo penetra nas fases finais que vinham sendo disputadas exclusivamente por equipes paulistas. Repetiu a estratégia para a edição que se iniciou em 1988 e terminou em 1989, na qual chegou à fase final, um hexagonal, novamente como a única equipe que não era do Estado de São Paulo. Nestas duas oportunidades esteve bem próximo de conquistar o título, mas sempre faltou algum pouquinho a mais. A partir de 1990, foi organizado o 1º Campeonato Nacional, abandonando o modelo de "ilhas" (grupos disputados em sede única durante uma semana), e passando a um modelo de enfrentamento todos contra todos em turno e returno. O Flamengo também marcou presença neste campeonato de 1990. Em Taças Brasil, das 17 edições disputadas entre 1965 e 1981, foram apenas duas participações rubro-negras, em 1975 e em 1977. A presença do clube foi constante a partir de 1982, tendo havido presença rubro-negra em todas as 7 edições do torneio disputadas dali até 1989.





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