No final da década de 1920, parecia que o Flamengo ia ficar para trás. O Fluminense era o clube da aristocracia, do estádio das Laranjeiras, o Vasco tinha construído São Januário, o Botafogo levantava a sede colonial, o América desfazia um estadiozinho para erguer outro estadiozinho, enquanto o Flamengo continuava com a velha garagem e o campo alugado à família Guinle na rua Paissandu onde, em tardes de sol, deitavam-se os jogadores, espreguiçando-se, esticando-se, às sombras das palmeiras imperiais. O crescimento do Vasco, então, dava para assustar, era o clube de mais dinheiro.
Mais uma vez, como já havia acontecido no passado, tinha-se a impressão de que o Flamengo ficaria para trás. O São Paulo era o clube mais rico do Brasil, o Cruzeiro tinha a melhor infraestrutura de treinamento, o Corinthians foi dono da maior parceria da história do futebol brasileiro, o Internacional foi o primeiro a equilibrar suas contas e conseguir ter um fluxo de caixa positivo, o Santos tinha até clínica própria para tratar seus jogadores lesionados. Enquanto isso, o Flamengo seguia com os pés enfiados no lodaçal da crise econômica e social do Rio de Janeiro desde a última década do fim do século XX, sem estádio, carente de infraestrutura física e muito endividado. Entretanto, seu maior ativo jamais se deprecia ou se desvaloriza com o tempo: a força da multidão. E essa, o rubro-negro tinha a seu lado. E com um diferencial em relação aos demais: em escala verdadeiramente nacional e não apenas regional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário