sexta-feira, 22 de abril de 2011

Ser CAMPEÃO SUL-AMERICANO DE BASQUETE não é para qualquer um, não!


A campanha rubro-negra naquela conquista: 105 x Cocodrilos (Venezuela) / 85 x 82 Obras Sanitarias (Argentina) / 82 x 83 Cúcuta Norte (Colômbia) / 92 x 72 Regatas Corrientes (Argentina) / 115 x 82 Cúcuta Norte (Colômbia) / 98 x 86 Quimsa (Argentina)



"O velho sonho de sagrar-se campeão nacional estava realizado, mas o Flamengo queria mais. A maior conquista estava reservada para o ano seguinte. Classificado para o quadrangular final da Liga Sul-Americana, a equipe rubro-negra viajou para Santiago Del Estero, na Argentina, para buscar a maior glória da história de seu basquetebol.

Nas doze primeiras edições da Liga Sul-Americana, os argentinos haviam levado o título nove vezes. No Brasil, até aquele momento, só Vasco (1999 e 2000) e Uberlândia (2005) haviam conquistado o troféu. O basquete brasileiro já havia perdido oito finais da liga para os argentinos: o Corinthians foi vice-campeão em 1996 e 1997, o Franca perdeu as finais de 1998 e 2007, o Vasco perdeu a de 2002, o Uberlândia a de 2004, o Ribeirão Preto em 2006 e o próprio Flamengo perdera em 2008.

Desde 1986 um clube brasileiro não retornava de solo argentino com um troféu na bagagem, quando então o time paulista do Monte Líbano havia vencido o Ferro Carril e conquistado o Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões. Neste período, só o Vasco havia sido campeão em cima de times argentinos, tendo vencido o Boca Juniors na final da Liga Sul-Americana de 1999, e o Atenas de Córdoba na final de 2000; mas em ambas as oportunidades a partida final, que definiu o título, ocorreu no Rio de Janeiro. Eram 23 anos sem que um quinteto de basquetebolistas brasileiros (fosse um clube ou a Seleção) voltasse de solo argentino trazendo um troféu. Foi uma brilhante e heroica conquista do basquete rubro-negro.

O campeão sul-americano de 2009, o maior time da história de basquete do Flamengo, jogava com: Hélio, Duda, Marcelinho, Jefferson Willian e Baby, e ainda tinha Fred, Fernando Alvim, Wagner, Coloneze e Alírio".

(A NAÇÃO, pgs 190-191)



Após amargar o vice-campeonato da Liga-Sul-Americana em 2008, quando passou pelo Boca Juniors na semi-final mas acabou derrotado na fecisão pelo Regatas de Corrientes, perdendo a série por 3 x 2. Em Santiago del Estero, na Argentina, em 12 de março de 2009, Flamengo e Quimsa se enfrentaram pela Final da Liga Sul-Americana. O Flamengo foi arrasador, obtendo uma vitória épica na Argentina. A campanha nos playoffs finais foi irrepreensível: 92 x 72 no Regatas Corrientes e 115 x 82 sobre o Cúcuta Norte, da Colômbia. O título, inédito, àquela altera representava a conquista mais importante da história do clube no basquete, conseguindo de volta para o Brasil o título do torneio após três anos em mãos argentinas. O Flamengo se juntava ao Vasco e ao Uberlândia como únicos campeões brasileiros da Liga Sul-Americana.




Ficha Técnica:

QUADRANGULAR FINAL

10 de março de 2009 – Santiago del Estero, Argentina
FLAMENGO  -  92 (20 + 21 + 25 + 26)
Hélio (19 pontos), Duda (15), Marcelinho Machado (25), Jefferson William (10) e Baby (12). Entraram depois: Fred (0), Coloneze (7), Wagner (4), Fernando Mineiro (0), Alírio (0), Daniel Soares (0). Técnico: Paulo Chupeta
REGATAS CORRIENTES  -  72 (20 + 18 + 14 + 20)
Alejandro Montecchia (0), Sebastian Acosta (12), Roberto López (7), Ramzee Stanton (13) e Kammerichs (10). Entraram depois: Damian Pineda (3), Durelle Brown (2), Damian Tintorelli (7), Ramiro Montes Cardozo (2), Mariano Fierro (16), Victor Rojas (0). Técnico: Pablo D’Angelo

11 de março de 2009 – Santiago del Estero, Argentina
FLAMENGO  -  115 (27 + 29 + 28 + 31)
Hélio (16), Duda (23), Marcelinho Machado (22), Jefferson William (10) e Baby (26). Entraram depois: Wagner (0), Fernando Mineiro (2), Coloneze (6), Alírio (3), Daniel Soares (2) e Marcellus (5). Técnico: Paulo Chupeta
CÚCUTA-NORTE  -  82 (18 + 22 + 19 + 23)
Edgar Asprilla (5), Monty Wilson (21), Jermaine Walker (5), Curtis Williams (8) e Eduardo Mendoza (9). Entraram depois: Enielsen Redondo (4), Alavaro Sandoval (2), Joseph Perea (7), Eleuterio Renteria (19), John Jairo Villamil (2), Norbey Aragon (0). Técnico: Tomás Diaz

12 de março de 2009 – Santiago del Estero, Argentina
FLAMENGO  -  98 (25 + 24 + 23 + 26)
Hélio (15), Duda (15), Marcelinho Machado (41), Jefferson William (8) e Baby (8). Entraram depois: Wagner (2), Fernando Mineiro (3), Fred (0) e Coloneze (6). Técnico: Paulo Chupeta
QUIMSA  -  96 (30 + 18 + 20 + 28)
Jonatan Treise (12), Julio Mázzaro (20), Wanderson (25), Gabriel Mikulas (17) e Ramel Allen (12). Entraram depois: Victor Cajal (8), Luis Federico Mansilla (2) e Juan Manuel Torres (0). Técnico: Carlos Romano


Nas palavras do então treinador rubro-negro Paulo Chupeta, sobre o poder de superação dos jogadores do Flamengo naquela final em entrevista dada ao Blog Garrafão Rubro-Negro em março de 2016: "Era um momento muito especial e complicado, pois era a busca de um título inédito e vivíamos um momento de cinco meses de atraso de salários. O que mais pedia a Deus, era para ele colocar as palavras certas em minha boca para motivar o grupo naquela decisão. Isso só tem uma explicação: é uma força que vem de dentro de todos que vestem o manto sagrado, pois quantas conquistas tivemos em momentos bem adversos. Você se lembra da Final do Campeonato Carioca em 2005 quando vencemos a poderosa equipe do Telemar após uma derrota de 25 pontos no primeiro jogo?".

Final: Quimsa 96 X 98 Flamengo. Marcelinho Machado fez 41 pontos, o armador Hélio marcou 15 pontos e deu 7 assistências, destaque também para o irmão de Marcelinho, Duda Machado, fazendo 15 pontos e obtendo 7 recuperações de bola, participações marcantes também do ala-pivô Jéfferson William, que marcou 8 pontos, e do pivô Rafael "Babby" Araújo com 8 pontos. O pivô Fernando Coloneze fez 6 pontos, o ala Fernando Mineiro marcou 3 pontos, o pivô Wágner somou 2 pontos e o armador Fred não pontuou, mas deu 2 assistências.

A partida foi definida apenas nos últimos segundos, em dois lances livres convertidos por Duda. A releitura deste jogo histórico pela análise do jornalista especializado em basquete Enéaas Lima: o Flamengo começou a partida com um bom aproveitamento nos arremessos de três pontos e com boa eficiência de Rafael Bábby no garrafão para abrir a parcial de 11 a 6. O Quimsa apoiado por sua tradicional torcida conseguiu se impor dentro de quadra e com a parcial de 12 a 0 virou o placar durante o período. Mas o time rubro-negro contou com a eficiência de Marcelinho Machado para terminar o quarto com a desvantagem menor no placar da decisão –  30 a 25.

As bolas de três de Marcelinho Machado e a boa eficiência da equipe nos lances livres acabaram fazendo toda a diferença para o Flamengo durante o segundo período e ajudou o Flamengo a assumir novamente a liderança da partida. Somente no primeiro tempo, Marcelinho Machado já tinha assinalado 30 pontos, sendo 8 arremessos de três pontos e acertou os 6 lances livres tentados. Mazzaro foi o destaque do Quimsa com 12 pontos e o time argentino foi para o vestiário atrás no marcador – 49 a 48.

No terceiro quarto, o Flamengo se mostrou não tão dependente das jogadas do armador Hélio e da excelente eficiência de Marcelinho Machado. Jefferson William começou a se destacar pelo time rubro-negro. Mas o Quimsa soube reagir esse panorama e se manteve vivo na decisão com os pontos de Vanderson e Gabriel Mikulas. O Flamengo foi para o quarto decisivo com a diferença de 4 pontos a seu favor – 72 a 68.

No inicio do último quarto, o Flamengo chegou a abrir 7 pontos de vantagem com a cesta de três pontos de Duda Machado. Mas o Quimsa novamente conseguiu uma reação dentro da partida e encostou no placar com os arremessos de Jonatan Treise e Ramel Allen. A final voltou a ficar imprevisível. Com os pontos de Treise, o Quimsa virou a partida faltando menos de 2 minutos pra acabar. Mas o Flamengo soube ter sangue frio para igualar e virar o jogo com os pontos de Marcelinho Machado. E em lance involuntário visto pela arbitragem, o Quimsa perdeu a posse no seu ataque após a bola ter batido no pé do pivô Fernando Coloneze. A posse voltou para o Flamengo que converteu um lance livre com Duda Machado e conseguiu pegar um rebote defensivo importantíssimo que selou a conquista internacional em plena casa do Quimsa.

 


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