segunda-feira, 3 de outubro de 2011

E o futebol carioca tinha parado no tempo

Brilhante vitória do Flamengo sobre o São Paulo no Morumbi. Como coloquei no post anterior, esta vitória mantém o time na luta pelo título. Vitórias marcantes sobre santos e São Paulo, como neste ano de 2011, aconteceram na histórica arrancada de 2007 e no histórico título de 2009.

A briga segue muito boa após 27 rodadas. Seis times vão cabeça a cabeça, 4 do Rio de Janeiro e 2 de São Paulo.


E para relembrar as páginas de A NAÇÃO, é bom não esquecer o que já foi dito no passado:

"Só para citar um exemplo, é válido resgatar um artigo assinado por Humberto Perón, colunista da Folha de S. Paulo, alguns meses antes do título, em 8 de setembro de 2009: “O futebol carioca parou no tempo.” No primeiro parágrafo, o autor colocava: “Não dá para esconder a decadência do futebol carioca. Atualmente, os quatro grandes times do Rio de Janeiro vivem em péssimas situações. O Flamengo, o melhor time do estado no Campeonato Brasileiro, não tem a mínima chance de conquistar o título ou uma vaga na Taça Libertadores.” Os argumentos do autor eram: um futebol praticado em ritmo cadenciado e sem força física, atrasado em relação a outros centros em termo de preparação física, com estilo preguiçoso, que treina pouco e dá regalias a jogadores.
A máxima que dimensiona o tamanho da conquista rubro-negra também está no texto de Perón: “Os times cariocas continuam parados no tempo porque só ganham campeonatos jogados no mata-mata.” O campeonato nacional no formato de pontos corridos só passou a ser disputado a partir de 2003, em pleno ápice da decadência econômica e social do Rio de Janeiro. Antes, a fase final era jogada em play-offs (mata-mata). A primeira edição foi vencida pelo Cruzeiro, mas a partir de 2004 só deu título paulista. Os times de São Paulo conquistaram cinco edições consecutivas. Tendo a cidade a maior concentração de renda do país, e estando o futebol imerso numa conjuntura em que cada vez mais o poder do capital, do marketing e do financiamento empresarial dominava o cenário, não parecia haver equipe capaz de romper esta hegemonia. A sentença foi decretada pela imprensa esportiva: só seria campeão em pontos corridos quem tivesse infraestrutura e organização, por isso, títulos de times do Rio estavam fora de cogitação nesta conjuntura. E desta sentença, nasceu o mito: se sempre houvesse sido em pontos corridos, as equipes cariocas jamais teriam os títulos outrora conquistados. Este troféu (de 2009), mais do que qualquer outro na história deste arrebatador de multidões, teve uma importância diferenciada. Era questão de honra ser campeão também no formato por pontos corridos.
Mais uma vez bradava-se que o sucesso estaria restrito a um grupo fechado entre aqueles com maior poder e recursos financeiros. Coube novamente à força e à bravura dos flamenguistas a derrubada desta prepotência e arrogância. Brasil afora, em silêncio, de novo ecoava o pensamento: certas coisas só o Flamengo fazia ou era capaz de fazer". (A NAÇÃO, pg. 250)

Nenhum comentário:

Postar um comentário