segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Kanela

"O paraibano Togo Renan Soares, o Kanela, foi um dos maiores nomes da história do basquete no Brasil. Ele foi técnico do Flamengo de 1948 a 1970 e treinador da seleção brasileira de 1951 a 1971. Kanela conquistou dois títulos do Campeonato Mundial para o Brasil, em 1959 e 1963, e ainda ganhou uma medalha de bronze nas Olimpíadas de 1960". (A NAÇÃO, pgs. 181-182)

O curioso é que Kanela começou sua carreira como técnico de futebol. Foi treinador do Sport Club Brasil (extinto clube do Rio de Janeiro), do Bangu e do Vitória, do Espírito Santo, e foi técnico também do futebol do Flamengo antes de assumir o time de basquete (tinha sido treinador do time de basquete do Botafogo nos anos 1930). No basquetebol, depois que deixou o Flamengo, treinou o Palmeiras em 1971 e 1972 e o Vila Nova, de Goiás, em 1973, time com o qual conseguiu sagrar-se Campeão Brasileiro, vencendo os paulistas do Trianon na decisão da Taça Brasil.

Ele foi um verdadeiro revolucionário no basquete brasileiro, num momento em que se fazia um jogo parado, só de passes e arremessos, ele introduziu uma dinâmica, de saída em velocidade para o ataque, realizando uma veradeira revolução neste esporte no Brasil. É justo dizer que o basquete brasileiro em 1951, quando ele chegou à Seleção, era um, e vinte anos depois, em 1971, quando ele deixou a Seleção, era outro completamente diferente. Ademais de seu estilo firme e enérgico de liderança dos times que comandou. Num país em que os esportes olímpicos não dão fama como entretenimento, sua fama no Brasil, apesar do impressionante currículo, não chega nem perto da de seu sobrinho, José Eugênio Soares, nacionalmente conhecido como Jô Soares, humorista, apresentador de talk show e escritor, uma espécie de David Letterman brasileiro (Letterman foi um ícone da CBS nos Estados Unidos com seu Late Show, que no Brasil virou "Jô Soares Onze e Meia").

Como treinador do Flamengo foi Campeão Carioca de Basquete em 1948, 1949, 1951, 1952, 1953, 1954, 1955, 1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1962 e 1964. Com a Seleção Brasileira, foi vice-campeão Mundial em 1954 no Rio de Janeiro, foi Bi-Campeão Mundial, em 1959 em Santiago e em 1963 no Rio de Janeiro. Em 1970 voltou a ser vice-campeão Mundial, em Ljubljana na Iugoslávia. Em Jogos Pan-Americanos, ganhou Medalha de Prata em 1963, e Medalha de Bronze em 1951, 1955 e 1959. Foi ainda Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos em 1960. E foi 5 vezes Campeão Sul-Americano com o Brasil, em 1959, 1960, 1961, 1963 e 1971; e Campeão Sul-Americano de Clubes com o Flamengo em 1953.


Kanela foi o técnico rubro-negro até o início de 1970. Depois de ter comandado a Seleção Brasileira que obteve o Vice-campeonato Mundial na Iugoslávia, naquele ano, ele decidiu assumir a função de Supervisor do Basquete rubro-negro, com a função de técnico, entre 1970 e 1973, sido ocupada por Barone, Waldyr Boccardo e Marcelo Cocada. O maior problema eram as constantes brigas com árbitros, que o levavam constantemente a ser suspenso. O temperamento explosivo e briguento sempre o acompanhou ao longo de toda a sua carreira. Neste período, teve passagens como técnico do Palmeiras e do Vila Nova, de Goiás, ao qual levou ao título de campeão brasileiro de 73. Após conquistar a Taça Brasil, ele regressou à Gávea. Entre estas idas e vindas como Supervisor do Flamengo e estes trabalhos avulsos fora do clube, no segundo semestre de 73, insatisfeito com o mal desempenho da equipe rubro-negra, que contava com três norte-americanos no time e ainda assim não brigava pelo título carioca, Kanela demitiu ao técnico Marcelo Cocada e decidiu, ele mesmo, voltar a ser o treinador da equipe na reta final daquele estadual. Não foi suficiente para o time ser campeão. Foi a última vez que ele esteve a frente do time de basquete rubro-negro.


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