Depois de faturar o Campeonato Carioca, com Edilson e Petkovic sendo decisivos na terceira vitória consecutiva, em finais, sobre o Vasco, o Flamengo venceu a Copa dos Campeões Regionais, torneio seletivo para a Libertadores da América, batendo na final o fortíssimo time do São Paulo, que tinha o goleiro Rogério Ceni e uma linha de frente com Kaká, Luís Fabiano e França. O time do Mengo também era forte, tinha Juan e Gamarra formando a dupla de zaga, "Pet" na armação, e Reinaldo e Edilson no ataque; equipe comandada por Zagallo. O Mengão venceu por 5 a 3 o primeiro jogo da final, em João Pessoa, na Paraíba, e perdeu o segundo por 3 a 2 em Maceió, Alagoas.
Ficha Técnica
08/07/2001 - Flamengo 5 x 3 São Paulo
Local: Estádio Almeidão, João Pessoa, Paraíba (Público: 38.000 pagantes (estimado))
Gols: Edílson (14'1T), Luís Fabiano (16'1T), Reinaldo (25'1T), Beto (36'1T), Edílson (12'2T), Rogério Pinheiro (14'2T), Luís Fabiano (25'2T) e Rogério Pinheiro (contra, 34'2T)
Fla: Júlio César, Alessandro, Juan, Gamarra e Cássio; Jorginho, Rocha, Beto e Petkovic (Maurinho); Reinaldo (Fábio Augusto) e Edílson.
Téc: Mário Jorge Lobo Zagallo
São Paulo: Rogério Ceni, Belletti, Rogério Pinheiro, Jean e Gustavo Nery; Alexandre (Carlos Miguel), Douglas, Fábio Simplício e Souza (Kaká (Júlio Batista)); França e Luís Fabiano.
Téc: Nelsinho Baptista
A História do Jogo
Em 2001 foi realizada a Copa do Campeões, um torneio classificatório para a Copa Libertadores de 2002. O torneio reuniu o campeão paulista (Corinthians) o campeão carioca (Flamengo), o campeão do Torneio Rio-São Paulo (São Paulo), o campeão e o vice da Copa do Nordeste (Bahia e Sport Recife, respectivamente), o campeão e o vice da Copa Sul-Minas (Cruzeiro e Coritiba, respectivamente), o campeão da Copa Centro-Oeste (Goiás) e o campeão da Copa Norte (São Raimundo, de Manaus).
A competição teve uma fase preliminar, na qual Goiás, Sport e São Raimundo se enfrentaram na luta por duas vagas nas quartas de final, tendo os goianos sido eliminados. Nas quartas de final, Flamengo, Cruzeiro, São Paulo e Coritiba eliminaram, respectivamente, a Bahia, São Raimundo, Sport e Corinthians. Na semi-final, o Flamengo passou pelo Cruzeiro, e o São Paulo pelo Coritiba. Assim, rubro-negros e tricolores chegaram à final, cujo campeão se classificaria à Libertadores.
A decisão foi em dois jogos, o primeiro em João Pessoa e o segundo em Maceió. O Flamengo estava embalado pela conquista semanas antes do Campeonato Carioca, quando o gol de falta de Petkovic aos 43 minutos do 2º tempo selou o título rubro-negro. Mas o favorito ao título para todos, torcedores e mídia, era sem dúvida alguma o São Paulo, de Kaká, Júlio Baptista, França e Luís Fabiano, jogadores que eram presença constante na Seleção Brasileira naquele momento.
E a primeira partida da final foi um duelo épico. Um baita jogo de futebol! Logo aos quatorze minutos do primeiro tempo, o zagueiro paraguaio Carlos Gamarra lançou Reinaldo pela ponta, ele avançou e cruzou para Edílson, o Capetinha, empurrar para dentro do gol, abrindo o placar. A euforia rubro-negra durou pouco. Logo a seguir, o lateral-esquerdo Gustavo Nery fez bela jogada e tocou para o centroavante Luís Fabiano, que completou com perfeição e empatou.
O desempate rubro-negro, no entanto, não tardou. Aos vinte e cinco minutos, em uma jogada muito bem trabalhada pelo ataque rubro-negro, Petkovic cobrou falta pela esquerda, Gamarra escorou de cabeça para Edílson, que tentou fazer de bicicleta e, sem querer, colocou a bola na cabeça de Reinaldo, e o jovem atacante flamenguista não desperdiçou: 2 a 1 no placar.
Aos trinta e seis minutos, Reinaldo mais uma vez marcou presença no ataque, enfiando uma bola na medida para o meia Beto que, da entrada da área, deu um tapa no canto, longe do alcance do goleiro sãopaulino Rogério Ceni: 3 a 1.
Surpreso com a superioridade do Flamengo na primeira etapa, o treinador tricolor Nelsinho Baptista promoveu duas mudanças no intervalo, lançando o novato Kaká, grande sensação do futebol brasileiro naquele momento, no lugar de Souza, e colocando Carlos Miguel no lugar de Alexandre. As duas mudanças tinham um objetivo claro, pois os dois que entraram eram clássicos meias de armação. O técnico paulista visava passar a ter o controle do meio de campo, insatisfeito pelo domínio que Pet e Beto tiveram do setor no primeiro tempo.
Mas além do bom futebol apresentado naquela noite, a sorte estava do lado do Flamengo: aos doze minutos, Jean tentou cortar e chutou a bola em cima de Edílson, pegando Rogério Ceni de surpresa. Após a conclusão "sem querer", a bola entrou vagarosamente no gol e a vitória virou goleada: Flamengo 4 a 1!
A torcida rubro-negra do Nordeste gritava "olé", em plena euforia, quando o São Paulo resolveu mostrar que não iria se entregar facilmente. Dois minutos após o quarto gol rubro-negro, bola levantada na área em cobrança de escanteio e o zagueiro Rogério Pinheiro meteu a testa na bola. longe do alcance de Júlio César: 4 a 2.
O meia Carlos Miguel, carrasco rubro-negro na final da Copa do Brasil de 1997, quando fez o gol que deu o título ao Grêmio em pleno Maracanã, perdeu duas chances incríveis frente a frente a Júlio César. Desde o segundo gol tricolor, passaram-se mais doze minutos e a alegria rubro-negra nas arquibancadas virou apreensão. Aos vinte e seis minutos, mais uma vez em uma cobrança de escanteio com a bola alçada na área rubro-negra, Luís Fabiano meteu a cabeça na bola e marcou o terceiro. A goleada havia se transformado em drama.
E quando a reação tricolor parecia iminente, ainda mais pela superioridade técnica daquele time do São Paulo sobre aquele time do Flamengo, a sorte sorriu novamente para o lado rubro-negro. Tudo levava a crer, naquele momento do jogo, que era questão de tempo para que o São Paulo conseguisse o empate. Entretanto, aos trinta e quatro minutos, Edílson fez uma linda jogada pelo lado direito de ataque, dando um drible desconcertante em seu marcador e chutando cruzado. A bola iria sair pela linha de fundo mas, no meio do caminho, bateu no zagueiro Rogério Pinheiro e entrou, sem qualquer possibilidade de reação do goleiro tricolor. O gol sacramentou em definitivo a vitória! Um jogo sensacional, com o Flamengo vencendo por 5 a 3 e derrubando o favorito São Paulo. Mais uma vitória épica para a galeria rubro-negra, daquelas que quando não é possível na técnica e no futebol bonito, são obtidas com garra e com força de vontade. E neste caso também - por que não? - em muita sorte.
No segundo jogo da final da Copa dos Campeões, o Flamengo entrou com dois gols de vantagem por conta de sua vitória neste jogaço na Paraíba. O segundo duelo foi no Estádio Rei Pelé, em Maceió. Os sãopaulinos saíram na frente, com gol de Kaká, o Flamengo virou, com gols do zagueiro Juan e do meia sérvio Dejan Petkovic. Sete minutos após a virada, pênalti para o São Paulo, que França converteu, deixando o jogo novamente empatado, a vinte e cinco minutos do fim do jogo. O tricolor paulista pressionou muito, e conseguiu o gol da virada aos 43 minutos do 2º tempo. Nos minutos finais pressionou ainda mais, mas o placar não mudou mais. Apesar da vitória do São Paulo por 3 a 2, o título e a vaga na Libertadores de 2002 ficou com o Flamengo.
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