"As divisões de base rubro-negras voltaram a tempos de grandes vitórias quando o Flamengo conquistou novamente um tricampeonato carioca nos juniores entre 2005 e 2007. Isto não acontecia desde 1959. Durante o período deste tricampeonato, ainda foi campeão da Copa Cultura de 2005, que foi um “Torneio Rio–São Paulo de juniores”, organizado para comemorar o aniversário da TV Cultura, canal educativo paulista. Essa competição durou quase todo o segundo semestre daquele ano. Ela foi definida num quadrangular final entre Flamengo, Fluminense, São Paulo e Santos. O Mengão garantiu o troféu com uma vitória por 2 a 1 sobre o Santos na Vila Belmiro. O gol do título, marcado pelo cabeça de área Rômulo, saiu aos 38 minutos do segundo tempo. Felipe Dias havia aberto o placar no primeiro tempo, e um empate daria o título ao São Paulo, que na véspera vencera o Fluminense. Com o resultado final, o Flamengo somou doze pontos, seguido pelo São Paulo com onze, o Santos fez sete e o Fluminense apenas três". (A NAÇÃO, pg. 237)
terça-feira, 31 de julho de 2012
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Copa São Paulo Sub 20 de 1990
100 Anos de Futebol do Flamengo: Grandes Conquistas
"Em janeiro de 1990, o Flamengo conquistou o maior título de sua história na categoria de juniores (até 20 anos): a Taça Cidade de São Paulo.
Mais uma vez, o clube formava uma geração inteira que chegava ao time profissional. Mas a grande maioria deste grupo, no entanto, fez mais sucesso fora do Flamengo. Do time campeão da Taça São Paulo, somente dois jogadores não foram aproveitados no time profissional. A equipe campeã tinha: Adriano, Mário Carlos, Tita, Júnior Baiano e Piá; Fabinho, Marquinhos, Djalminha e Marcelinho; Paulo Nunes e Nélio. Apenas Mário Carlos e Tita não vingaram no time profissional.
O goleiro Adriano também não fez um grande sucesso, mas chegou a ser titular durante a temporada de 1995. Júnior Baiano foi titular da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1998, e jogou ainda por São Paulo, Palmeiras e Vasco. Ele e Piá eram titulares na campanha do Brasileiro de 1992. Fabinho foi titular do Flamengo por muitos anos, assim como Marquinhos. O primeiro, posteriormente, ainda passou pelo Fluminense, e o segundo pelo Palmeiras. Djalminha foi dispensado pelo Flamengo em 1993, depois de brigar, dentro de campo, com Renato Gaúcho, companheiro de time. Fez sucesso, depois, por Guarani, Palmeiras e Deportivo La Coruña, da Espanha, mas sempre envolvido em muitas confusões e atos de indisciplina. Marcelinho foi para o Corinthians em 1994, onde se tornou Marcelinho Carioca; lá ficou de 1994 a 2000, tornando-se ídolo. Paulo Nunes saiu do Flamengo em 1995 para tornar-se campeão da Taça Libertadores com o Grêmio; depois jogou no Palmeiras, onde também foi ídolo. Nélio foi titular do Flamengo por muitos anos, mas não como centroavante, e sim como meio de campo. Foi uma geração inteira que, por onde passou, deixou marcas de indisciplina, deu péssimos exemplos e gerou muita confusão, mas jogou um futebol refinado, de muita qualidade.
A Taça Cidade de São Paulo naquele ano tinha 54 equipes, divididas em nove grupos com seis times cada. O Flamengo, na primeira fase, classificou-se em segundo em seu grupo. Após empatar em 1 a 1 com o Botafogo de Ribeirão Preto, venceu o Nacional, de São Paulo, por 1 a 0; o Central Brasileira, de Cotia, Estado de São Paulo, por 2 a 0; o Criciúma, de Santa Catarina, por 2 a 1; e empatou por 0 a 0 com o Santos, vencendo nos pênaltis por 5 a 4. Na segunda fase, que tinha seis grupos com três times cada, só avançava o primeiro de cada grupo. O Flamengo venceu o Tuna Luso, de Belém do Pará, por 3 a 1 e empatou por 1 a 1 com a Portuguesa de Desportos, despachando-a nos pênaltis, por 3 a 2. Nas quartas de final, dois grupos com três clubes cada, dos quais avançavam os dois primeiros de cada grupo à fase semifinal. O time perdeu por 2 a 1 para o Juventus, da rua Javari, de São Paulo, e depois venceu por 7 a 1 o Corinthians (com cinco gols de Djalminha). Avançou em segundo, pegando o primeiro do outro grupo na semifinal, o Internacional de Porto Alegre, e vencendo por 3 a 0. Na final, voltou a enfrentar o Juventus. Vitória por 1 a 0, gol do zagueiro Júnior Baiano, aos 28 minutos do primeiro tempo, que, ao receber lançamento de Djalminha, entrou pela intermediária cara a cara com o goleiro, a quem encobriu com um toque sutil". (A NAÇÃO, pg. 156)
Na reta final da competição, o time perdeu Marquinhos, Marcelinho e Paulo Nunes, convocados para defender a Seleção Brasileira no Mundial Sob-20. O banco de reservas era bom e deu conta do recado.
Na reta final da competição, o time perdeu Marquinhos, Marcelinho e Paulo Nunes, convocados para defender a Seleção Brasileira no Mundial Sob-20. O banco de reservas era bom e deu conta do recado.
COPA SÃO PAULO DE 1990
FINAL: Flamengo 1 x 0 Juventus (SP)
Local: Pacaembu
Gol: Júnior Baiano (28'1T)
Flamengo: Adriano; Mário Carlos, Tita, Júnior Baiano e Piá; Edmílson, Fábio Augusto (Willian), Luís Antônio e Djalminha; Fabinho e Nélio. Téc: Ernesto Paulo.
Juventus: Alê, Canela (Fernando), Émerson, Índio e Vágner; Índio II, Ricardo Vieira e Aleba; Ed Wilson, Carmo e Silva. Téc: Borracha.
Praticamente o time inteiro chegou ao futebol profissional do Flamengo. O goleiro Adriano jogou 76 partidas pelo clube, chegando a ser titular em parte da temporada 1995, depois defendeu várias equipes pequenas do futebol carioca: Volta Redonda, América, Olaria, Friburguense, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Goytacaz. Já o lateral-direito Mário Carlos e o zagueiro Tita foram os que mesmos conseguiram oportunidades com a camisa rubro-negra, o jogando 12 partidas e o segundo apenas 1 vez pelo Flamengo. Poucas participações também do volante reserva Edmílson, que jogou só 3 partidas no profissional. Todos os demais construíram uma carreira de sucesso, dentro e/ou fora da Gávea.
O zagueiro Júnior Baiano jogou 337 partidas com a camisa rubro-negra e fez 33 gols, teve três passagens pelo clube, a primeira, após subir do sub-20, durou até 1993, depois o zagueiro defendeu São Paulo e Werder Bremen, da Alemanha, voltou ao clube de 1996 a 1998, tendo em seguida defendido a Palmeiras, Vasco e Internacional, retornando mais uma vez à Gávea em 2004 para jogar mais um ano e meio no clube, o ápice de sua carreira foi como titular da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1998, o que o tornou o único desta geração sub-20 rubro-negra a ser titulr num Mundial. O lateral-esquerdo Piá teve 221 partidas e 6 gols. Dos jogadores de meio-campo, Fabinho jogou 254 jogos e fez 9 gols, Marquinhos 337 jogos e 28 gols, Fábio Augusto 38 jogos (depois defendeu o Botafogo) e Luís Antônio 109 jogos e 20 gols. Nélio, que jogava de centroavante, mas no profissional se destacou como meia, foi quem mais vestiu a camisa rubro-negra, jogando 346 jogos e marcando 79 gols.
No entanto, os três que construíram carreiras de sucesso mais sólidas as construíram fora do Flamengo. O meia Djalminha jogou 133 jogos e fez 28 gols. Deixou o clube em 1993 e brilhou com as camisas de Guarani, Palmeiras e Deportivo La Coruña, da Espanha. O meia-atacante Marcelinho jogou 242 jogos e fez 49 gols, depois que saiu da Gávea, em 1994, virou ídolo no Corinthians, onde passou a ser Marcelinho Carioca; defendeu ainda a Santos e Vasco. E o ponta-direita Paulo Nunes jogou 155 jogou e fez 34 gols, deixou o clube no fim de 1994, tendo brilhado por depois por Grêmio e Palmeiras. Todos três chegaram a vestir a camisa da Seleção Brasileira.
E veja também: Ficha Técnica do Flamengo Campeão da Copinha de 1990
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Campeão Carioca de 1939
100 Anos de Futebol do Flamengo: Grandes Conquistas
Em 1942, o time também foi campeão, e sua base foi a que garantiu o primeiro tricampeonato carioca rubro-negro. A equipe campeã de 1942 tinha: Jurandir, Nilton Canegal e Domingos da Guia; Biguá, Volante e Jaime de Almeida; Valido, Zizinho, Perácio, Pirilo e Vevé. Este time perdeu somente 10% dos jogos daquele ano, com 1,9 gols-pró por jogo e 1,3 gols contra. Ou seja, um ataque forte e uma defesa que se mostrou quase impenetrável aos padrões da época". (A NAÇÃO, pg. 61)
"No ano de 1939 o Flamengo, por fim, interrompeu o jejum de onze anos sem a conquista do Campeonato Carioca. Com Domingos da Guia comandando a zaga e um forte ataque, com Valido, Gonzalez, Leônidas e Jarbas, o Mengo sacramentou o título. De quebra, Leônidas foi o quarto jogador na história do Flamengo a superar a marca de cem gols pelo clube, chegando a 108 e superando Alfredo (1934/37) com 103 e Jarbas – seu companheiro de ataque. Ficou atrás apenas de Nonô (1921/29) que tinha 123 gols. O clube vivia dias de raios fúlgidos de sucesso. O time campeão em 1939 também tinha cinco argentinos. Além de Volante, Gonzalez e Valido, remanescentes do campeonato de 1938, e da chegada de Raimondo Orsi, o Mengo contratou o também atacante Naon". (A NAÇÃO, pg. 53)
"Qual teria sido o melhor time? O Flamengo de 1937, o de 1939 ou o de 1942?
O de 1937 não ganhou o campeonato, apesar de uma grande campanha. Tinha: Talladas, Villa, Domingos da Guia e Natal; Arcadio López e Fausto; Sá, Valido, Cosso, Leônidas e Jarbas. Esse time perdeu apenas 16% das partidas que jogou naquele ano, fez 3,35 gols por partida e sofreu 1,8 por jogo.
Em 1939, o Flamengo levou o campeonato, que não vencia havia onze anos. Foi campeão com: Yustrich, Nilton Canegal e Domingos da Guia; Artigas, Volante e Médio; Sá, Valido, Alfredo Gonzalez, Leônidas da Silva e Jarbas. Tem a seu favor o peso de ter sido campeão e de ter perdido só 20% das partidas que jogou, com uma média de 2,7 gols feitos e 1,5 gol sofrido. Um ataque com desempenho inferior ao de 1937, mas uma defesa mais segura.
Em 1942, o time também foi campeão, e sua base foi a que garantiu o primeiro tricampeonato carioca rubro-negro. A equipe campeã de 1942 tinha: Jurandir, Nilton Canegal e Domingos da Guia; Biguá, Volante e Jaime de Almeida; Valido, Zizinho, Perácio, Pirilo e Vevé. Este time perdeu somente 10% dos jogos daquele ano, com 1,9 gols-pró por jogo e 1,3 gols contra. Ou seja, um ataque forte e uma defesa que se mostrou quase impenetrável aos padrões da época". (A NAÇÃO, pg. 61)
quarta-feira, 25 de julho de 2012
6º lugar: Joel Santana
Joel Santana agora é o sexto treinador que mais vezes treinou o Flamengo na história, tendo entrado no seleto grupo de seis técnicos que dirigiram o Flamengo mais de 200 vezes.
Joel Santana foi o único treinador na história a ter conseguido fazer sucesso como técnico dos 4 grandes do Rio de Janeiro. É ex-zagueiro do Vasco, onde jogou de 1971 a 1975, tendo sido titular da zaga cruzmaltina na campanha do título brasileiro de 1974. Depois, de 1976 a 1980 jogou no América de Natal, do Rio Grande do Norte.
Carreira: 1986-87 Vasco; 1987-90 Al Hilal (Arábia S.); 1990-92 Al Nassr (Arábia S.); 1992-93 Vasco; 1994 Bahia; 1995 Fluminense; 1996 Flamengo; 1997 Botafogo; 1997 Corinthians; 1998 Flamengo; 1999 Bahia; 2000 Botafogo; 2000-01 Vasco; 2001 Coritiba; 2002-03 Vitória; 2003 Fluminense; 2004 Guarani (SP); 2004 Internacional de Porto Alegre; 2005 Vasco; 2005 Brasiliense (DF); 2005 Flamengo; 2006 Vegalta Sendai (Japão); 2007 Fluminense; 2007-08 Flamengo; 2008-10 Seleção da África do Sul; 2010-11 Botafogo; 2011 Cruzeiro; 2011 Bahia; 2012 Flamengo.
Campeão Carioca de 1987, 1992, 1993, 1995, 1996, 1997, 2008 e 2010 (8 vezes).
Campeão Baiano de 1994, 1999, 2002 e 2003 (4 vezes).
Disputou a Copa das Confederações de 2009 na África do Sul comandando os donos da casa.
Foi o treinador do "Gol de Barriga" em cima do Flamengo em 1995 e era o treinador vascaíno no "Gol do Pet" em 2001.
Passagens pelo Flamengo:
1996 - treinou o time na temporada inteira de 1996. Foi Campeão Carioca invicto no primeiro semestre; no segundo, o time ficou em 13º lugar. Foram 81 jogos nessa passagem, com 44 vitórias, 21 empates e 16 derrotas. Nesta passagem, treinou Romário, Sávio, Mancuso, Bebeto, Djair, Amoroso, e tinha em Iranildo sua espécie de amuleto, trunfo.
1998 - a segunda passagem foi de março a agosto de 1998. Foi chamado para substituir Paulo Autuori e comandar um time com Romário, Rodrigo Fabbri, Palhinha, Zé Roberto e Cleisson. Sem conseguir fazer o time engrenar, acabou demitido. Em 5 meses, foram 28 jogos, com 13 vitórias, 9 empates e 6 derrotas.
2006 - foi ressucitado pelo Flamengo, pois andava desacreditado no Brasiliense, e ao mesmo tempo ressucitou o Flamengo, que estava praticamente rebaixado naquele ano. Chegou faltando 9 jogos e conseguiu sair invicto, com 6 vitórias e 3 empates. O time tinha o paraguaio César Ramirez, Diego Souza, Leonardo Moura e Renato Abreu. O milagre salvou o Flamengo da 2ª divisão e rendeu a Joel uma volumosa transferência para o Japão.
2007-08 - a quarta passagem foi entre agosto de 2007 e maio de 2008, com uma campanha fantástica no Brasileiro de 2007 e depois com o título carioca de 2008. O sucesso o levou a ser convidado para dirigir a África do Sul. Seu último jogo foi a catastrófica derrota para o América do México, que eliminou o time da Libertadores. Em 9 meses, foram 54 jogos, com 35 vitórias, 7 empates e 12 derrotas. Teve no volante Toró seu homem de confiança, em times que tiveram Leonardo Moura, Juan, Fábio Luciano, Ibson, Renato Augusto e Obina.
2012 - a quinta passagem pelo Flamengo durou cinco meses, entre fevereiro e julho, e foi bastante tumultuada. Nesta passagem foram 31 jogos, com 17 vitórias, 5 empates e 9 derrotas, e nela Joel treinou Ronaldinho Gaúcho, Vágner Love, Renato Abreu, Ibson e Leonardo Moura.
terça-feira, 24 de julho de 2012
ANDRADE: A Marcação com Elegância
Carreira: 1977-1978 Flamengo; 1978-1979 ULA Mérida (Venezuela); 1979-1988 Flamengo; 1988-89 Roma (Itália); 1989-90 Vasco; 1991 Inter de Lages (SC); 1991 Atlético (PR); 1992-93 Desportiva (ES); 1994 Linhares (ES); 1995 Operário VG (MT); 1996 Barreira (RJ)
No Flamengo, foram 566 jogos e 28 gols.
"Andrade havia estado emprestado ao ULA Mérida, da Venezuela, entre 1977 e 1978. No início de 1979, de férias, foi treinar na Gávea. Chamou a atenção de Cláudio Coutinho, que perguntou à diretoria quem era aquele garoto. Disseram-lhe que ele era junior do Flamengo e estava emprestado na Venezuela. A resposta foi direta: “O que ele tá fazendo na Venezuela? Traz ele de volta imediatamente, eu quero ele incorporado ao grupo”. (A NAÇÃO, pg. 119)
"Andrade era a encarnação de Volante, Bria, Dequinha, Carlinhos, Liminha e Carpegiani, todos em um só. Nunca mais surgiria no Flamengo um cabeça de área como aquele: eficiente, refinado, inteligente, aguerrido e elegante". (A NAÇÃO, pg, 257)
"Andrade havia estado emprestado ao ULA Mérida, da Venezuela, entre 1977 e 1978. No início de 1979, de férias, foi treinar na Gávea. Chamou a atenção de Cláudio Coutinho, que perguntou à diretoria quem era aquele garoto. Disseram-lhe que ele era junior do Flamengo e estava emprestado na Venezuela. A resposta foi direta: “O que ele tá fazendo na Venezuela? Traz ele de volta imediatamente, eu quero ele incorporado ao grupo”. (A NAÇÃO, pg. 119)
"Andrade era a encarnação de Volante, Bria, Dequinha, Carlinhos, Liminha e Carpegiani, todos em um só. Nunca mais surgiria no Flamengo um cabeça de área como aquele: eficiente, refinado, inteligente, aguerrido e elegante". (A NAÇÃO, pg, 257)
Campeão Carioca de 1920
100 Anos de Futebol do Flamengo: Grandes Conquistas
"Já em 1917, o Flamengo faturou o bicampeonato de remo, mostrando que chegara para ficar no seleto grupo dos grandes campeões. Voltou a ser campeão em 1920, desta vez, para ser o primeiro campeão de terra e mar, pois o time de futebol também faturou o título carioca". (A NAÇÃO, pg. 20)
O título de 1920 inspirou a criação do primeiro hino: "A letra do hino oficial do Flamengo, composto em 1920, dizia: 'Flamengo, Flamengo, tua glória é lutar/ Flamengo, Flamengo, campeão de terra e mar/ Saudemos todos/ Com muito ardor, o pavilhão do nosso amor/ Preto e encarnado, Idolatrado/ De mil campeões, o vencedor/ Flamengo, Flamengo/ Tua gloria é lutar/ Flamengo, Flamengo/ Campeão de terra e mar/ Lutemos sempre com valor infindo/ Ardentemente com denodo e fé/ Que o futuro ainda será/ Mais lindo que o teu presente, que tão lindo é/ Flamengo, Flamengo/ Tua glória é lutar/ Flamengo, Flamengo/ Campeão de terra e mar.” (A NAÇÃO, pg. 42)
domingo, 22 de julho de 2012
Campeão Carioca de 1914
100 Anos de Futebol do Flamengo: Grandes Conquistas
"Na noite em que anunciaram tal decisão, os dez jogadores se reuniram numa república de estudantes na rua do Catete, no dormitório do zagueiro Píndaro de Carvalho, para decidir o que fazer. Para onde ir? A primeira opção que lhes ocorreu foi o Botafogo. Mas lá já havia um time, eles não teriam o mesmo espaço que tinham no Fluminense. A segunda opção seria o Paissandu. Mas lá era um clube só de ingleses, eles não ficariam a vontade, não teriam muita liberdade. Estas eram as opções mais expressivas na Zona Sul, os outros clubes eram todos da Zona Norte, ficaria difícil ir treinar e manter o grupo coeso. Foi Borgeth quem então sugeriu que se fosse procurar a turma do Flamengo. Eles não tinham departamento de futebol. Lá, os dez poderiam estar à vontade, teriam seu espaço, e treinariam perto de casa. Todos aceitaram. Eles, no dia seguinte, foram fazer a sugestão aos diretores do Flamengo. Os remadores aceitaram com ressalvas: que fosse feito um teste para ver se a coisa iria vingar, senão fechava-se o departamento de futebol". (A NAÇÃO, pg. 30)
"antes de vencer heroicamente seus adversários e impor-se como potência das regatas da cidade, o Flamengo demorou a emergir como força do remo. Só foi conquistar um Campeonato Carioca de Remo em 1916, curiosamente, depois da conquista de seu primeiro Campeonato Carioca de Futebol, em 1914". (A NAÇÃO, pg. 20)
Time campeão em 1914: Baena, Píndaro de Carvalho e Nery; Ângelo, Miguel e Galo; Arnaldo, Borgerth, Baiano, Riemer e Raul.
A curiosidade é que o futebol foi Campeão Carioca em 1914 com a camisa "Cobra Coral", pois o remo ainda não aceitava que o futebol usasse a mesma camisa vermelha e preta do time que disputava as regatas do Campeonato Carioca de Remo.
sábado, 21 de julho de 2012
Desmistificando fatos sobre: qual a maior torcida do Brasil?
Vale a pena o texto publicado essa semana no blog Teoria dos Jogos. Quando eu falo em GUERRA FRIA NOS SUBSOLOS DO FUTEBOL BRASILEIRO eu estou falando exatamente do que, com brilhantismo, o Vinícius Paiva falou nesse texto!
Desmistificando avaliações e projeções
Nos últimos dias, a imprensa vem replicando estudos em verdadeira progressão geométrica – nem sempre com a devida análise ou senso crítico. Ônus dos tempos de mídias ágeis, porém difusoras da “filosofia do Crtl+C, Ctrl+V”. Curiosamente, os protagonistas são sempre os mesmos: Flamengo e Corinthians, atores principais de uma propalada dicotomia que pode ser verificada pela importância dada à partida ontem (vencida com facilidade pelo Corinthians, diga-se de passagem).
O primeiro estudo foi preparado pela BDO RCS Auditores Independentes, e trata do valor da marca dos 17 clubes mais valiosos do Brasil. Segundo ele, o posto de mais valioso pertenceria ao Corinthians, totalizando R$ 1 bilhão, muito à frente do segundo colocado Flamengo (R$ 792 milhões). A avaliação levaria em conta dados financeiros, pesquisas de torcida e o mercado local de cada uma das agremiações.
Fica difícil contradizer os resultados em face à atual fase do Corinthians – campeão da Libertadores, maior receita do país e de conceituadas iniciativas de marketing. Ao mesmo tempo, uma excessiva valorização dos mercados locais – muitas vezes em direção contrária aos resultados do próprio mercado (venda de camisas, pay per view, etc) – faz com que as estatísticas necessitem ser relativizadas.
Adicionalmente, a multinacional BDO por aqui é associada à RCS (antiga RCS Crowe Horwath). Eis que as iniciais “RCS” significam Raul Correia Silva, CEO da empresa. Nada menos que o diretor financeiro do Corinthians.
Tendo a concordar com o comentarista Erich Beting quando o mesmo questiona a falta de uma periodicidade na publicação – próximas a quando o Corinthians se encontra no mercado em busca de patrocínio. O descrédito é inevitável.
O segundo estudo é atribuído à Pluri Consultoria, ainda que não conste na lista de relatórios de seu website até o momento. Segundo veiculou-se na mídia, a Pluri afirma – com base em projeções elaboradas sobre as 20 últimas pesquisas nacionais – que a Fiel corintiana ultrapassaria a Nação rubro-negra exatamente no ano de 2028. O cerne da questão reside na pesquisa que a consultoria considera como mais recente: elaborada por ela própria, em março de 2012, com 10.545 entrevistados em 144 cidades. Nela, a liderança flamenguista se daria por meros 4 milhões de torcedores (15% do total nacional, frente a 13% de corintianos).
Embora não aparente, o relatório é nebuloso quanto às metodologias e ao porquê de uma base tão ampla (superior a 10 mil pessoas) ser concentrada em tão poucos municípios (144). Num país de dimensões continentais, é sabido que quanto mais se desconcentra, mais diferentes os resultados – pois diversas capitais apresentam configuração de torcidas diametralmente oposta a seu interior. Prova disto veio em 04/01/2010, quando o instituto Datafolha divulgou pesquisa com 11.258 pessoas em 375 municípios, e o Flamengo abriu larga margem sobre o Corinthians: 19% a 13%.
Evitando injustiças, a pesquisa acima geraria distorções a favor do Rubro-Negro, campeão brasileiro de 2009 poucos dias antes de sua elaboração. Assim, seria mais prudente uma “terceira opinião”, qual seja a pesquisa Datafolha de abril de 2010 (ainda que consultando apenas 2.600 brasileiros) ou mesmo a Lance/Ibope 2010 (7.109 pessoas em 141 municípios). Em ambos os casos, apontou-se para a tradicional configuração nacional: Flamengo com 17%, Corinthians com 13% ou 14%.
Três pesquisas, três metodologias, três resultados: Flamengo 15 x 13 Corinthians. Flamengo 19 x 13 Corinthians. Flamengo 17 x 14 Corinthians. Curioso que o clube da Gávea varie com maior frequência de acordo com diferenças na base amostral – algo que não pode passar à margem de análises do gênero. Da mesma forma, não se pode ignorar que conforme critérios da “última pesquisa”, a “projeção” do ponto de inflexão entre a Fiel e a Nação varia incomensuravelmente. Ao sabor do chutômetro.
Um grande abraço e saudações!
E-mail da coluna: teoriadosjogos@globo.com
O Flamengo nas Olimpíadas 2012
O Flamengo está pronto para encarar mais uma olimpíada. Com 20 atletas na delegação brasileira, o clube da Gávea pode ser um dos maiores fornecedores de medalhas para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres. Estrelas rubro-negras, como Cesar Cielo, Fabiana Beltrame, Diego Hypolito, todos campeões mundiais, estarão defendendo as cores do país. O Flamengo será representado em seis modalidades e tem reais chances de chegar às finais no remo, natação, canoagem, judô, ginástica artística e basquete.
Além dos convocados, o clube carioca ainda terá dois atletas no Projeto Vivência Olímpica, que visa os Jogos do Brasil, em 2016: Isaquias Queiroz, da canoagem, e Rebeca Andrade, da ginástica. A comissão técnica rubro-negra também carimbou seis passaportes. Estarão presentes os técnicos Renato Araújo e Ricardo Pereira (ginástica masculina e feminina, respectivamente), Marco Veiga (natação), José Neto (auxiliar técnico do basquete) e Rosicléia Campos (judô), além da nutricionista Renata Parra.
Na última edição das Olimpíadas, em Pequim-2008, o Flamengo teve apenas três atletas titulares em ação. Na ocasião, o Rubro-Negro foi representado pelos ginastas Diego Hypolito, Daniele Hypolito e Jade Barbosa.
"Nos Jogos Olímpicos de Londres teremos a terceira maior participação de atletas rubro-negros, número superado somente nos Jogos de Seul-88 e de Los Angeles-84", afirmou Marcelo Freitas, supervisor de esportes olímpicos e de remo do Flamengo.
A maior esperança de medalhas rubro-negra vem da natação, que terá oito representantes. Campeão olímpico e mundial, Cesar Cielo vai competir os 50m e 100m livre e o revezamento 4x100m livre, que conta com os rubro-negros Nicholas Santos e João de Lucca como principais reservas. Leonardo de Deus, medalha de ouro nos 200m borboleta no Pan de Guadalajara, também briga pelo pódio. Henrique Barbosa e Tales Cerdeira completam a relação. No feminino, o Flamengo terá a garra e a determinação de Joanna Maranhão e de Daynara de Paula.
"A natação ressurgiu no Flamengo a partir de 2010, de um projeto da presidente Patricia Amorim, que se mostrou vitorioso no último Maria Lenk. Em tão pouco tempo deu excelentes resultados para o Rubro-Negro e também para o Brasil. Basta ver o número de atletas do clube que está na seleção brasileira de natação e em outros esportes. Vou tentar fazer o meu melhor, defender o título nos 50m livre, brigar por medalha nos 100 metros e espero ter a torcida de toda essa Nação", afirmou o astro Cesar Cielo.
No remo, a campeã mundial Fabiana Beltrame unirá forças com Luana Bartholo na disputa do Double Skiff peso-leve. Além da dupla, o Flamengo ainda terá Kissya Cataldo na luta por medalha na categoria aberta do single skiff.
"A expectativa para os Jogos está grande, mesmo sendo a minha terceira vez, sempre dá um friozinho na barriga, principalmente agora que, além de representar o Brasil, vou representar a maior torcida do Brasil, e isso é uma grande responsabilidade", disse a campeã mundial em skiff peso-leve.
A canoagem brasileira terá dois únicos representantes, ambos do Flamengo. O dueto formado por Erlon de Souza e Ronilson Matias está preparado para conquistar um lugar no pódio da mais importante competição desportiva mundial. Os rubro-negros serão os representas do C2 1.000m, e conseguiram manter o excelente nível nas competições que antecederam aos Jogos de Londres. Nas três etapas da Copa do Mundo que disputou, o barco do Flamengo conquistou a medalha de prata.
Na seleção brasileira de ginástica artística, o rubro-negro Diego Hypolito é uma das principais estrelas da modalidade e esperança de medalha no solo. Além dele, sua irmã, Daniele Hypolito, também está cotada para chegar à final por equipe. No individual geral, Sergio Sasaki, o último rubro-negro a assegurar a vaga, é outro com chances de pódio.
Faltando menos de um mês para os Jogos, o Flamengo ganhou uma representante no judô. Érika Miranda será o Flamengo nos tatames de Londres, e tem grandes chances de ficar entre as finalistas da categoria até 52kg (meio-leve). A judoca fechou contrato de um ano com o Rubro-Negro no dia 28 de junho e reforçou a relação de atletas rubro-negros nos Jogos.
Um dos maiores cestinhas do NBB e principais responsáveis pela classificação do basquete para os Jogos de 2012, o capitão rubro-negro Marcelinho Machado terá a companhia de Caio Torres e Marquinhos – mais recente contratação do Flamengo – na seleção.
"Estou muito feliz de poder jogar uma Olimpíada no estourar do cronômetro. Buscamos isso por muito tempo e agora chegamos com condições de brigar por medalha. O basquete brasileiro foi muito vitorioso no passado e criou-se uma lacuna de 16 anos. Acho que é importante voltar de maneira positiva. Além disso, estarei ao lado de companheiros de Flamengo, como o Caio e o Marquinhos, o que facilita o entrosamento", disse Marcelinho.
O Flamengo também terá um representante na delegação argentina, com o remador Santiago Fernandez. Nos jogos paraolímpicos, o clube será representado pelo timoneiro Maurício Abreu, no barco Quatro Com LTA misto, e a experiente judoca Karla Cardoso, na categoria até 48kg /B3 (baixa visão). Nos Jogos Paraolímpicos de Pequim-2008, a judoca do Flamengo conquistou a medalha de prata.
Confira a relação dos atletas do Flamengo que estarão em ação nos Jogos Olímpicos de Londres:
Natação:
Cesar Cielo: 50m livre, 100m livre, Revezamento 4x100m livre
Leonardo de Deus: 200m borboleta, 200m costas
Henrique Barbosa: 200m peito
Tales Cerdeira: 200m peito
Nicholas Santos: Revezamento 4x100m livre (Reserva)
João de Lucca: Revezamento 4x100m livre (Reserva)
Joanna Maranhão: 400m medley
Daynara de Paula: 100m borboleta
Remo:
Fabiana Beltrame: Double Skiff peso-leve
Luana Bartholo: Double Skiff peso-leve
Kissya catlado: Single Skiff
Canoagem:
Erlon de Souza: C2 1000m
Ronilson Matias: C2 1000m
Judô:
Érika Miranda: meio-leve (52kg)
Ginástica Artística:
Daniele Hypolito (equipe)
Diego Hypolito (solo)
Sergio Sasaki (individual geral)
Basquete:
Marcelinho Machado – ala/armador
Caio Torres - pivô
Marquinhos - ala
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Maiores Jogos da História do Flamengo: 19/04/61 - Flamengo 5 x 1 Santos
No Torneio Rio-São Paulo de 1961, o Flamengo havia perdido no primeiro turno para o poderoso Santos, que o goleara por 7 a 1 na primeira fase em pleno Maracanã. O jogo, para dificultar ainda mais, era no Pacaembu. O Santos estava desfalcado de Pelé. Mas estavam lá Coutinho, Mengálvio, Pepe. Nada intimidou o rubro-negro: históricos e implacáveis 5 a 1, em plenas terras paulistanas, com três gols de Gérson e dois de Dida.
A linha de frente de 1961
Ficha Técnica
19/04/1961 - Flamengo 5 x 1 Santos
Local: Pacaembu, São Paulo
Gols: Gérson (18'1T), Dida (33'1T), Gérson (44'1T), Dida (3'2T), Gérson (21'2T) e Coutinho (42'2T)
Fla: Ari, Joubert (Hilton), Jadir, Bolero e Jordan; Carlinhos (Hugo) e Gérson; Joel, Henrique, Dida (Norival) e Germano.
Téc: Fleitas Solich
Santos: Lalá, Fioti, Mauro Ramos, Formiga e Getúlio; Lima (Tite) e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Nenê (Angelo Sormani) e Pepe.
Téc: Luís Alonso Pérez, "Lula"
A História do Jogo
O Flamengo foi o Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1961, embalando e não perdendo nenhuma partida no Quadrangular Final. E sua atuação mais marcante nesta campanha aconteceu numa noite de quarta-feira no Estádio do Pacaembu, na capital paulista. Na 1ª Fase, o alvi-negro praiano havia tido uma noite de gala no Maracanã, com Pelé encapetado e genial, humilhando ao time rubro-negro com uma goleada de 7 a 1.
Na reta final, foi a vez do time rubro-negro ir a Santos para tentar se aproveitar que o adversário entraria em campo desfalcado de Pelé, que ficava de fora por estar com dores na clavícula. E enfrentaria um time santista bastante desfalcado, entrando em campo com seis jogadores que naquele momento eram considerados reservas da equipe: o goleiro Lalá, os laterais Fioti e Getúlio, os meio-campistas Formiga e Lima, e e atacante Nenê, que jogava na vaga de Pelé. O Flamengo já havia vencido ao Palmeiras na primeira rodada do quadrangular final, fazendo 3 a 1 no Maracanã. O resultado contra o Santos em São Paulo era fundamental para as pretensões de título rubro-negras.
Já no primeiro tempo, o time rubro-negro dominou inteiramente as ações, obtendo ampla superioridade e conseguindo reverter isto em gols. Com os zagueiros firmes e bem postados, o meio de campo bem municiado pelo garoto Gérson e por Carlinhos, e com a linha de atacantes jogando rápido e com alto índice de passes certos, o Flamengo não deixou os santistas jogarem em momento algum. Sem Pelé, o alvi-negro praiano não conseguia criar, resumindo seu jogo a jogadas individuais de Coutinho e Dorval. Mengálvio andava desorientado com as movimentações do meio de campo rubro-negro, e na defesa Mauro e Formiga eram ultrapassados com facilidade, enquanto Fioti e Getúlio jogavam completamente descobertos. E o Flamengo soube se aproveitar disso.
O Santos quase marcou, quando Pepe acertou um potente chute de fora da área que passou bem cerca do travessão. Mas aos dezoito minutos, numa boa trama do ataque rubro-negro, na qual a bola vai de Henrique para Dida, e este serviu a Gérson, que deu um belo drible em Mauro Ramos, e disparou um belo chute no ângulo do goleiro Lalá, que nada pode fazer: 1 a 0.
Aos vinte e três minutos, mais uma troca de passes envolvente do ataque rubro-negro, numa triangulação entre Joel, Henrique e Gérson, que Formiga chega tirando para escanteio, e acertando a rede pelo lado de fora, fazendo alguns nas arquibancadas pensarem que havia sido gol contra.
Gérson fazia uma partida espetacular, tomava conta de todas as ações do meio de campo. Henrique e Dida desperdiçaram várias boas oportunidades nos minutos seguintes. Mas aos trinta e três minutos, o principal nome daquele elenco rubro-negro não desperdiçou: Dida aproveitou um maravilhoso cruzamento de Joel e, da entrada da área, girou e chutou colocado, no canto direito da meta, longe do alcance do arqueiro: Flamengo 2 a 0.
O time santista sentiu o segundo gol, ficou nervoso e se desorientou ainda mais, tentando reagir desorganizadamente. Com isso, o Flamengo intensificou ainda mais o seu domínio em campo. Discreto, Carlinhos também tinha atuação exuberante, partindo de seus pés o início de todas as jogadas ofensivas dos rubro-negros. O relógio indicava quarenta e quatro, quando Gérson pegou uma bola espirrada no meio de campo e partiu em velocidade, superando a dois defensores santistas na corrida, penetrando em velocidade pela área, e tocando na saída de Lalá: 3 a 0!
No intervalo, Lula tentou mexer no time para reavivar o Santos, colocando Tite no lugar de Lima - recém comprado ao Juventus da Rua Javari ele fazia sua estreia naquela noite com a camisa alvi-negra, e nada tinha conseguido fazer no primeiro tempo - e lançando Sormani no lugar de Nenê. Tentava assim mudar a capacidade ofensiva da equipe e reagir na partida.
Mas o Flamengo não deixou o time do Santos respirar. Voltou todo a frente, intensificando a pressão ofensiva. Logo aos três minutos, Joel entrou pela ponta direita e disparou um forte chute cruzado ao gol, Lalá não conseguiu segurar, a bola quicou na área e Dida, que entrava pelo meio da área, tocou de cabeça para dentro do gol: Mengão 4 a 0. Dois de Gérson e dois de Dida.
Lula então orientou que Dornal jogasse mais pela meia esquerda e Sormani abrisse pela ponta direita. Com esta rearrumação, e com o time rubro-negro já um pouco mais relaxado em campo, os dezoito minutos seguintes foram todos de domínio do alvi-negro praiano. Porém, o ataque com Dorval, Coutinho e Pepe não conseguiu penetrar na sólida defesa rubro-negra. Mas ainda assim, o Santos teve três oportunidades claras de gol, numa das quais Sormani acertou a trave de Ari.
Àquela altura, a aposta rubro-negra era aproveitar a ânsia santista de buscar diminuir, e explorar os contra-ataques. E foi justamente assim que aos vinte e um minutos Gérson recebeu de Henrique numa saída rubro-negra em transição de velocidade, penetrou na corrida e atirou forte ao gol. Era o quinto! Flamengo 5 a 0 no Pacaembu!
Passando então a ter mais domínio com Tite e Mengálvio no meio de campo, o Santos criou uma sequência de boas oportunidades de gol, mas não conseguia diminuir. Seu gol de honra saiu apenas a três minutos do fim do tempo regulamentar, quando seu centroavante Coutinho recebeu um excelente lançamento de Pepe, e chutou forte a alto para marcar, fazendo o gol de honra santista. E foi o que houve para aquela noite. O Flamengo teve uma atuação de gala, com o grande nome em campo sendo Gérson, não só pelos três gols que marcou, como pelo amplo domínio nas ações do meio de campo.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Consultoria diz que torcida do Corinthians será a maior do Brasil em 2028
Uma Guerra Fria que só faz esquentar...
Eis a matéria sobre o estudo da Pluri Consultoria, que é a propósito a mesma empresa que divulga todo ano o Ranking de Valores das Marcas de Futebol no Brasil:
"Um estudo ainda inédito promete esquentar as discussões sobre qual a maior torcida do Brasil. Se, por ora, o Flamengo reina soberano, a Pluri Consultoria garante que o Timão passará o Rubro-Negro em 2028. A projeção leva em conta as 20 últimas grandes pesquisas de opinião sobre predileção clubística e uma projeção sobre expectativa do crescimento demográfico no país. Responsável pelo estudo, Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri, trabalha com um cenário de 29,2 milhões de rubro-negros contra 25,1 milhões de corintianos (NR: a 4 pesquisa L! Ibope, de 2010, indicava que o Fla possuía 33,4 milhões de torcedores e o Timão 25,8 milhões), mas aponta redução gradual nesta diferença".
Foi postado hoje também, no Blog O Cronista, o texto: "Por que o Flamengo não é um Corinthians?". Diz o blog O Cronista hoje: "Em 1981, a pergunta deste post era a inversa. O questionamento era da revista Placar (Por que o Corinthians não consegue ser o Flamengo?), então na sua melhor fase editorial comandada pelo jornalista e conhecido corintiano - e qual o problema? - Juca Kfouri. Naquele ano o Flamengo era campeão do mundo enquanto o Timão amargava a segunda divisão (ou taça de Prata). Pouco mais de 30 anos depois, o rubro-negro não ganhou mais nem libertadores ou mundial enquanto o clube paulista caminha para sua segunda conquista do mundo (...) Não é só: o Sport Club Corinthians segue para uma imensa valorização de sua marca (ainda que haja dúvidas do quanto os números divulgados valem) e consegue manter um time em altíssimo nível desde que retornou a primeira divisão em 2009 (justamente o último título relevante do clube carioca). Sua política interna está sob controle, o elenco ganha em dia e CT e estádio já são uma realidade não apenas palpável, mas cada vez mais orgulhosa. Enquanto isso, a maior torcida do Brasil vive sob a humilhação de crises constantes em que cada conselheiro-síndico quer a sua visão do melhor time e ninguém se entende. O CT é uma realidade próxima, mas ninguém se fala em estádio ainda que haja quem use a folclórica frase de "a nossa casa é o Maracanã" (...) O Flamengo não repete os ótimos resultados do Corinthians pelo amadorismo em sua raiz, que insiste em definir seu futuro. O rubro-negro tem jeito e pode ser uma instituição como seus torcedores querem. Basta que haja menos política e mais planejamento, mais amor e menos egoísmo e mais desapego e menos vaidades. Ou simplesmente, mais profissionalismo e menos amadorismo".
A gente já tratou este tema aqui, nas postagens A
maior torcida do Brasil. Uma paixão inabalável. Uma estatística
inquestionável e em Números
que endossam a verdade incontestável. Analisando as últimas 17 pesquisas que se propuseram a mediar as maiores torcidas do Brasil fica claríssimo, é visível a olho nu no gráfico abaixo, que não há qualquer tendência de comportamento que embase esta previsão sobre 2028.
Minha opinião:
Não há como o Flamengo deixar de ser a maior torcida num prazo tão curto. Em 2030 a torcida do Flamengo ainda será a maior do Brasil.
Não há como o Flamengo deixar de ser a maior torcida num prazo tão curto. Em 2030 a torcida do Flamengo ainda será a maior do Brasil.
Mas a mais longo prazo essa realidade pode mudar sim. A influência de midia é pesada e crescente. A influência que São Paulo tem sobre o país é muito maior do que teve no passado.
Para o Flamengo só resta uma alternativa, fazer-se presente. Não pode ficar para trás de Corinthians e São Paulo nessa luta econômica e financeira que vai definir que vai ganhar títulos e quem não vai nos próximos anos.
Para o Flamengo só resta uma alternativa, fazer-se presente. Não pode ficar para trás de Corinthians e São Paulo nessa luta econômica e financeira que vai definir que vai ganhar títulos e quem não vai nos próximos anos.
Torcer contra não adianta, porque nós, como flamenguistas, somos mais do que experientes nesse assunto e sabemos que quanto mais os outros torcem contra nós, mais fortalecido o Flamengo fica.
Temos que estar de olhos, ouvidos e mentes atentos e tentar cobrar para ver se o clube melhora. O único remédio, repito, é lutar para se manter tão forte economicamente como eles. De resto, é um monte de paulistas usando a cada vez mais forte mídia paulista para um único fim: ter Corinthians e São Paulo como potências hegemônicas do futebol brasileiro...
domingo, 15 de julho de 2012
Maiores Jogos da História do Flamengo: 23/11/81 - Flamengo 2 x 0 Cobreloa
O Flamengo conquista a América. Na sua primeira participação na Taça Libertadores, em 1981, o time de Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Tita, Nunes e Lico, comandados pelo treinador Paulo César Carpegiani é Campeão Sul-Americano de Futebol.
jogo 1, no Maracanã
"Foi uma pedreira, literalmente, porque com pedras na mão, o zagueiro chileno Mario Soto (que em 1977 havia jogado no Palmeiras) provocou cortes no supercílio de três rubro-negros na segunda partida da final, em território chileno. O Flamengo venceu a primeira, por 2 a 1, no Maracanã. Perdeu por 1 a 0 em Santiago. O terceiro jogo, de desempate, em campo neutro, foi no estádio Centenário, em Montevidéu. Deu Mengão 2 a 0. Campeão da América!
jogo 2, em Santiago
Desde 1968, com o Estudiantes de La Plata, da Argentina, o título não era conquistado por um estreante na competição. E depois da conquista rubro-negra em 1981, isso só veio a ocorrer uma vez, com o Argentinos Juniors, que foi debutante e campeão na Taça Libertadores da América de 1985". (A NAÇÃO, pg. 130)
jogo 3, em Montevidéu
Dias mágicos para os corações rubro-negros: duas semanas após a goleada de 6 a 0 no Botafogo, veio o degrau máximo do futebol sul-americano. E derramando sangue! Três dias antes, em Santiago, na derrota por 1 a 0 no segundo jogo da final, Mario Soto fizera três rubro-negros sangrarem. A revanche veio na bola, em campo neutro, e com dois gols de Zico. Mengão campeão da Libertadores de 1981.
Ficha Técnica
23/11/1981 - Flamengo 2 x 0 Cobreloa
Local: Estádio Centenário, Montevidéu (Público: 30.200 (estimado))
Gols: Zico (18'1T) e (32'2T)
Fla: Raul, Nei Dias, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Leandro, Nunes (Anselmo) e Tita.
Téc: Paulo César Carpegiani
Cobreloa: Oscar Wirth, Hugo Tabilo, Juan Páez (Óscar Muñoz), Mario Soto e Enzo Escobar; Eduardo Jiménez, Armando Alarcón e Victor Merello; Héctor Puebla, Jorge Luis Siviero e Washington Olivera.
Téc: Vicente Cantatore
A História do Jogo
A final da 22ª edição da Copa Libertadores da América, em 1981, foi disputada entre o Flamengo e o Cobreloa, do Chile. Os jogos foram verdadeiras batalhas, que em diversos momentos fugiram do âmbito esportivo. O primeiro jogo foi o mais tranquilo, no Maracanã, com uma vitória do Flamengo por 2 a 1, com os dois gols rubro-negros marcados por Zico. A segunda partida foi no Estádio Nacional, em Santiago, no Chile, e o empate daria o título ao Flamengo. Um jogo no qual aconteceu de tudo, e que terminou com uma vitória do Cobreloa por 1 a 0, com o gol marcado nos minutos finais, quando Merello cobrou falta, a bola desviou em Leandro, enganou ao goleiro Raul, e entrou. Aquele jogo, apesar de ter terminado sem expulsões, foi extremamente violento e repleto de fatos lamentáveis.
O Cobreloa era um clube jovem, fundado apenas quatro anos antes, em janeiro de 1977, com a profissionalização de um clube amador chamado Deportes El Loa, da cidade de Calama, clube que existiu por 28 anos, de 1948 a 1976. A profissionalização foi financiada pela indústria de extração de cobre do norte do Chile, da região de Antofagasta, com o clube recebendo aportes financeiros da empresa CODELCO. O novo clube reunia no nome o cobre, principal produto da região, e o nome Loa, do clube amador do qual se originou. Em 1977 ele ingressou na 2ª Divisão, e logo em sua primeira temporada conseguiu terminar entre os quatro primeiros colocados, ascendendo à 1ª Divisão. Em 1978 e 1979 foi duas vezes seguidas o vice-campeão chileno, e em 1980 foi pela primeira vez em sua história o campeão chileno, tendo por isso disputado a Libertadores de 81. E chegava com moral à final contra o Flamengo, pois no triangular semi-final eliminou ao Peñarol e ao Nacional de Montevidéu.
O Chile vivia sob a Ditadura Militar comandada pelo General Augusto Pinochet, e a presença do Cobreloa na final se tornou um símbolo de ostentação política e louvor ao orgulho nacional do país. A partida, a segunda da final, foi jogada no Estádio Nacional, na capital Santiago, porque o Estádio Zorros del Desierto, em Calama, de propriedade do Cobreloa, tinha capacidade para apenas 12 mil espectadores, o que não atendia às exigências mínimas da Confederação Sul-Americana para a fase final da Taça Libertadores da América.
Apesar da partida ter sido jogada num estádio maior, o clima nele era bélico. Soldados fortemente armados intimidavam à beira do gramado, e a torcida buscava a intimidação dos jogadores desde a arquibancada. Para piorar, o zagueiro chileno Mario Soto, que havia inclusive atuado no futebol brasileiro, tendo defendido ao Palmeiras em 1977, usou algum objeto pontiagudo - não se sabe bem se um anel ou uma pedra - para gerar cortes de supercílio em dois jogadores rubro-negros (Adílio e Lico). Tudo sem qualquer punição do árbitro uruguaio Ramon Barreto.
Após a batalha em Santiago, com uma vitória para cada lado, o regulamento determinava que deveria ser disputada uma terceira partida, em campo neutro, e esta foi realizada no Estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai, três dias após o confronto realizado no Chile. O Flamengo entraria em campo desfalcado do ponta-esquerda Lico, em decorrência da agressão sofrida em Santiago. O treinador, que também tinha o desfalque de Baroninho, titular da posição até a semi-final, improvisou, invertendo Tita de ponta, avançando Leandro para jogar no ataque, como um ponta-direita, e colocando Nei Dias na lateral. Girou os lados do time inteiro para repor uma peça. Era a vantagem de ter em mãos um elenco tão versátil, com diversos jogadores capazes de jogar em mais de uma posição.
Diplomático, o Flamengo entrou no gramado com Zico e Leandro à frente carregando a bandeira do Uruguai. Mas os espíritos estavam mais que armados! Antes do jogo, o treinador argentino do Cobreloa, Cantatore, declarava acreditar no título porque tinha um time mais vibrante: "eles não têm a valentia do Cobreloa. Começamos a ganhar o jogo de Santiago ainda no Rio. Os jogadores do Flamengo são ótimos, mas não têm espírito de decisão".
A partida decisiva começou quase tão violenta como havia terminado a de três dias no Chile. Os jogadores do Cobreloa se revezavam em fazer faltas consecutivas nos rubro-negros. Sem a intimidação do Estádio Nacional, a arbitragem, agora do também uruguaio Roque Cerullo, tratava de advertir aos chilenos, distribuiu cartões amarelos e ameaçou com cartões vermelhos caso insistissem no anti-jogo. Mas sem poder competir com o Flamengo tecnicamente, restava à equipe laranja parar os dribles rubro-negros com faltas.
Só que aos onze minutos, foram os chilenos quem criaram a primeira chance real: Olivera cobrou falta perto da área, e a bola passou perto da trave de Raul. O jogo era nervoso quando, aos dezoito minutos, Zico e Adílio tabelaram na entrada da grande área em meio a vários defensores de laranja. A bola batia nas canelas de um e de outro, até que deste bate-rebate ela sobrou para Andrade, que passou a sobra para Zico, que girou e chutou, surpreendendo ao goleiro Wirth, e colocando a bola dentro do gol: 1 a 0.
Com o gol rubro-negro, a ansiedade do time diminuiu, e as jogadas começaram a sair com mais naturalidade. Os chilenos, mais limitados tecnicamente, raríssimas vezes conseguiam criar chances efetivas de gol. Aos vinte, Tita chutou forte, e no rebote do goleiro, Zico quase fez o segundo. Dois minutos depois, o camisa 10 rubro-negro obrigou Wirth a fazer boa defesa ao emendar um chute de sem-pulo. Zico jogava avançada, mais próximo de Nunes, como um autêntico ponta de lança dos velhos tempos, quase como se o Flamengo jogasse num 4-2-4, e isso confundia a marcação de Jiménez e Alarcón. Nos minutos seguintes, Tita e Nunes também tiveram chances em seus pés para ampliar, mas desperdiçaram. O Flamengo atuava em velocidade e com qualidade, trocando bola e posições do meio para frente. Ainda eram vinte e cinco do primeiro tempo, e já podia estar 2 a 0. Mas o segundo gol não saía. E os chilenos, perdidos taticamente e sem conseguir recuperar a posse de bola, seguiam fazendo faltas. Até que uma entrada por cima da bola de Alarcón sobre Andrade, levou o árbitro uruguaio a expulsar o chileno ainda no primeiro tempo. O título parecia já muito bem encaminhado.
Os chilenos, com uma menos, parecem ter se decidido a desafiar o árbitro, para descobrir se ele teria coragem de expulsar outro: Puebla entrou duro em Adílio, que deixou o campo de maca, e quando voltou, dois minutos depois, recebeu uma tesoura voadora de Jiménez. Um segundo cartão vermelho já podia haver sido aplicado, mas o árbitro preferiu chamar o capitão, que então era Merello, para conversar e ameaçar que da próxima vez haveria expulsão. Aos trinta e dois, o goleiro saiu jogando errado, e Zico tentou encobri-lo do meio de campo, mas mandou para fora. O jogo era feio, e a vitória parcial no intervalo mantinha um certo clima de apreensão no ar, pois um gol do adversário colocaria tudo a perder. Ainda mais porque se ainda mantinha a vantagem no placar, havia perdido a que havia obtido na linha de jogadores.
Antes do apito de fim do primeiro tempo, Andrade deu entrada dura em Jiménez. Antevendo o que viria, alguns de seus companheiros já colocaram as mãos na cabeça, e ainda se pode escutar um berro de Carpegiani do banco de reservas: "não seja burro". Era a deixa que o jogo violenta precisava para pedir justiça. Andrade recebeu o cartão vermelho, e dali em diante seriam dez contra dez. Por suas próprias palavras depois do jogo: "na jogada, o Zico foi atingido nas costas pelo Mario Soto e caiu gritando de dor, o jogo correu e o Júnior recebeu uma entrada violenta do Jiménez, a bola sobrou e eu entrei correndo e dei um pontapé na barriga dele. Exagerei. Mas é que foi criado um clima de guerra muito grande. Falavam que brasileiro não ganhava Libertadores porque afinava, apanhava calado. Então a gente foi para Montevidéu disposto a ganhar na bola e na porrada". Sem Andrade, Carpegiani recuou Leandro para jogar como cabeça de área.
No segundo tempo, a superioridade em campo continuou sendo amplamente rubro-negra, ainda que suas jogadas de ataque continuassem sendo paradas na maioria das vezes pela ríspida defesa do Cobreloa. A demora em conseguir marcar um segundo gol e liquidar de vez a fatura, fazia com que a ansiedade voltasse a crescer. Ainda mais porque os chilenos passaram a se lançar mais agressivamente ao ataque, querendo conseguir um gol de empate. Zico quase marcou de novo aos dezenove minutos, chutando de longe uma bola que acertou à trave direita de Wirth. No minuto seguinte, o Cobreloa teve chance clara para empatar. Numa rara falha de Mozer, Olivera pegou a bola sozinho dentro da área, mas chutou para fora.
Aos vinte e sete, Zico passou por três, mas seu chute parou nas mãos do goleiro. Até que o relógio chegou aos trinta e um minutos do segundo tempo, e num contra-ataque em velocidade, Tita fez lançamento espetacular para Adílio, o goleiro Wirth foi obrigado a sair da área e colocar a mão na bola (coisa que na época não era advertida com o cartão vermelho ainda, como passou a ser posteriormente). A falta era pela meia-esquerda, e Zico se preparou para a cobrança. Como dizia a canção de Jorge Ben: "Falta na entrada da área. Adivinha quem vai bater? É o camisa 10 da Gávea". A posição era perfeita para ele, de onde o Galinho gostava de cobrar. O arremate fez uma parábola. Ela decaiu, surpreendendo ao arqueiro adversário, e morreu mansa na lateral da rede. Gol de Zico! O relógio marcava 32 minutos e 25 segundos do 2º tempo quando a bola tocou na rede. Enfim: Mengão, Campeão da América!
A cobrança magistral pela descrição genial de seu autor: "Não corri antes do apito, não. Mas eu estava sempre esperto, de olho no árbitro, para também nisso surpreender o goleiro. Quanto mais rápido a gente bater na bola, melhor. Senti que o juiz iria apitar e fui para a bola. Já tinha batido uma falta nele, no Maracanã, e vi que ele tinha saído antes da bola. Pensei, então, em bater no canto dele, que não haveria como ele voltar se saísse antes". Precisão pura! O jogo estava decidido!
Mas para o Flamengo não só a vitória e o inédito título da Libertadores bastavam, queria-se vingança às agressões sofridas em Santiago. Com o jogo ganho, o técnico Paulo César Carpegiani tirou Nunes, aos 42 minutos do 2º tempo, e colocou em campo ao jovem atacante Anselmo com apenas uma finalidade: vingar seus companheiros. O alvo era Mario Soto, capitão do Cobreloa. Na transmissão da televisão, quando Anselmo, com a camisa de número 25, está à beira do campo esperando para entrar, o repórter de campo da TV Globo, Raul Quadros, dá seu testemunho a todos os que assistiam a partida no Brasil: "Os dirigentes do Flamengo pedem a Anselmo que entre em campo e dê no Mario Soto". Ânimos à flor da pele!
Assim que entrou em campo, Anselmo correu em direção a Soto e lhe deu um soco, que lançou o adversário ao chão. Sua estada em campo durou, para ser exato, apenas 29 segundos. Formou-se uma grande confusão, tendo Anselmo que ser protegido pelos policiais uruguaios para conseguir deixar o campo de jogo. Ele recebeu o cartão vermelho imediatamente. Na confusão que se sucedeu, o árbitro também acabou expulsando a Mario Soto e Jiménez, do Cobreloa. Dado que já tinha havido duas no primeiro tempo, se no Chile não havia tido expulsões, no Uruguai foram cinco!
Pelo relato de Paulo César Carpegiani: "Houve um lance na lateral esquerda nossa, que a TV não pegou, em que o Tita levou um soco na boca. Todo mundo que estava fora de campo, inclusive o Anselmo, viu. Só dei aquela ordem por tudo o que vinha acontecendo durante o jogo. Não foi nada premeditado". Passado o calor do jogo, em nova entrevista, o treinador rubro-negro refletiu: "Na mesma hora mandei o Anselmo entrar para dar o troco. Nosso preparador físico queria aquecê-lo. Falei para ele: 'Não vai aquecer, não! Sai o Nunes e você entra lá, Anselmo, deixa a bola ficar do outro lado, dá no meio dele e pode sair'. Ele cumpriu sua missão. Hoje, me arrependo. Sou contra a violência. Não faria isso de novo".
Depois de cinco minutos de paralisação, a partida foi reiniciada após a confusão, os chilenos espumavam tanto de raiva que nem queriam mais saber de jogar futebol. Ainda assim, tiveram duas oportunidades de gol nos acréscimos nas quais poderiam ter diminuído. Quando o árbitro apitou o fim de jogo, a festa era totalmente rubro-negra! Zico recebeu a taça das mãos do então vice-presidente da Confederação Sul-Americana, o paraguaio Nicolas Leóz (que viria a presidi-la de 1986 e 2013), e ergueu o troféu. A volta olímpica era rubro-negra! E a festa também, nas arquibancadas para os milhares de aficionados que viajaram do Rio de Janeiro a Montevidéu, e no Brasil para todos aqueles que acompanharam as narrações ou de Luciano do Vale na TV Globo ou de Jorge Cury na Rádio Globo. A explosão incontida se alastrou por todo os lados. Pela primeira vez em sua história, o Flamengo era Campeão da Taça Libertadores da América. E levaria 38 anos para que o clube voltasse a conquistá-la novamente. Com o título, ainda obteve o direito de enfrentar ao Liverpool, em Tóquio, pela Copa Intercontinental.
Revista El Gráfico, da Argentina
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Maiores Jogos da História do Flamengo: 06/12/09 - Flamengo 2 x 1 Grêmio
Jogos Inesquecíveis: 06/12/2009 - Flamengo 2 x 1 Grêmio
"A 37ª rodada terminou com o líder Flamengo com 64 pontos, seguido por um tríplice empate nos 62 pontos entre Internacional, Palmeiras e São Paulo. A turma da Gávea não podia nem cogitar em empatar, pois estava em desvantagem em relação a Internacional e Palmeiras nos critérios de desempate. Já fora da luta pelo título estavam os rivais de Belo Horizonte, o Cruzeiro com 59 pontos e o Atlético, 56.
A ansiedade daquele confronto de duas semanas antes frente ao Goiás voltaria a se repetir? O Maracanã, lotado, ficou ainda mais tenso e ansioso quando o Grêmio abriu o marcador, aos 21 minutos do primeiro tempo. O time do Flamengo jogava mal e de forma displicente. A torcida tentava empurrar, a equipe se jogava para o ataque. Oito minutos depois do gol gremista, o zagueiro David, que substituía Álvaro, suspenso por ter tomado o terceiro cartão amarelo no jogo anterior, aproveitou bate-rebate na área e empatou o jogo. Mas o resultado ainda não era suficiente porque Internacional e São Paulo goleavam em seus jogos. Só a vitória faria o troféu ir parar na Gávea. Até que, aos 26 minutos do segundo tempo, Petkovic cobrou escanteio e o zagueiro Ronaldo Angelim subiu mais do que todos e testou para as redes: 2 a 1. Mengão hexacampeão!!!!!!
O futebol do clube voltou a bater marcas: nunca em sua história o rubro-negro carioca havia terminado três Campeonatos Brasileiros consecutivos entre os três primeiros colocados. De quebra, voltou a ter o artilheiro da competição, Adriano, com dezenove gols (desde 1982 o artilheiro máximo do Brasil não era rubro-negro). E outra marca histórica: pela primeira vez ganhou um título estadual e um nacional no mesmo ano. Tanto nos anos das outras cinco conquistas de Brasileiro, quanto nos dois anos de conquista de Copa do Brasil, e até na de Rio–São Paulo, o Flamengo não havia faturado o título carioca". (A NAÇÃO, pg. 249)
Ficha Técnica
06/12/2009 - Flamengo 2 x 1 Grêmio
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (Público: 78.639 pagantes, 84.848 presentes)
Gols: Roberson (21'1T), David Bráz (29'1T) e Ronaldo Angelim (24'2T)
Fla: Bruno, Leonardo Moura, David Bráz, Ronaldo Angelim e Juan; Airton, Toró (Éverton), Willians e Dejan Petkovic (Gonzalo Fierro); Zé Roberto (Kléberson) e Adriano.
Téc: Andrade
Grêmio: Marcelo Grohe, Mário Fernandes, Thiego, Léo e Fábio Santos; Túlio, Adílson (Mithyuê), Maylson e Lúcio; Douglas Costa e Roberson (Bergson).
Téc: Marcelo Rospide
A História do Jogo
A reta final do Campeonato Brasileiro de 2009 foi a mais emocionante da história da competição em seus moldes de disputa por pontos corridos. O Flamengo havia fechado a 36ª rodada enfrentando ao Goiás no Maracanã na última partida do fim de semana, e sabendo que bastava uma vitória para que o time assumisse a liderança. Para a frustração do estádio lotado de rubro-negros, o confronto terminou num empate sem gols e o Flamengo continuou em 2º lugar. Na 37ª e penúltima rodada, no entanto, este mesmo Goiás venceria ao líder São Paulo no Estádio Serra Dourada, em Goiânia, por 4 a 2, e o Flamengo venceria ao Corinthians como visitante por 2 x 0, gols de Zé Roberto e de Léo Moura de pênalti no último lance do jogo. Com estes resultados, o Flamengo, pela primeira vez em todo o campeonato, assumiu a liderança do Brasileirão, dependendo só de si para ser campeão, bastava vencer ao Grêmio no Maracanã.
A última rodada começaria com o Flamengo em 1º lugar com 64 pontos, seguido por Internacional, São Paulo e Palmeiras com 62. Enquanto o time rubro-negro enfrentava ao Grêmio no Maracanã, com todas as partidas começando no mesmo horário, o Internacional receberia ao Santo André em Porto Alegre e o São Paulo ao Sport Recife no Morumbi. Só a vitória interessava ao Flamengo, pois o time perdia nos critérios de desempate tanto para o colorado quanto para os sãopaulinos. Matematcamente ainda vivo, o Palmeiras jogava no Rio de Janeiro contra o Botafogo, e só ficaria com o título numa improvável combinação de uma vitória sua e derrotas dos três adversários. O alvi-verde sequer venceu seu jogo.
O Internacional era franco favorito para seu jogo. E confirmou, goleando por 4 a 1 no Beira-Rio. De nada adiantou o São Paulo também ter goleado, fazendo 4 a 0 no Sport, pois mesmo independente do resultado rubro-negro no Maracanã, não teria sido o campeão. E como se o Flamengo deixasse de vencer, era quase certo que seria o Internacional quem faturaria o título, a rivalidade de Porto Alegre pesou. Para revoltas e protestos generalizados, o Grêmio decidiu mandar um time de reservas para enfrentar ao Flamengo no Maracanã. Um time jovem, mais comtalentos que vieram a ter um futuro promissor na carreira, como o goleiro Marcelo Grohe, o lateral-direito Mário Fernandes, que viria a se naturalizar e jogar uma Euro com a camisa da Rússia, e o atacante Douglas Costa, futuro jogador de Bayern Munique e Juventus. Mas àquela altura, era um time jovem e de reservas.
O Maracanã ficou lotado. Após 16 edições de Campeonato Brasileiro sem saber o que era vir a ser o campeão, o Flamengo e sua torcida viviam uma ansiedade enorme pela vitória e pela consequente conquista do título. O time rubro-negro entrou em campo desfalcado do zagueiro Álvaro, com David Bráz em seu lugar, mas com a volta de Adriano, que por conta de um acidente doméstico não havia enfrentado ao Corinthians na rodada anterior. Dentre os titulares, convivia com a perda de Maldonado, que havia precisado passar por uma cirurgia no joelho, tendo perdido as rodadas finais do campeonato.
O clima de festa vivido no Maracanã logo se transformou em tensão quando a bola rolou. Corações apreensivos prestavam atenção com olhos vidrados num jogo que começou tenso, com muito nervosismo, mas sem jogadas ríspidas, apenas com sucessivos erros impostos pelo excesso de ansiedade. Quem esperava um Grêmio acuado, ficou surpreso com os dez primeiros minutos, pois o tricolor gaúcho chegou a controlar mais a posse de bola e até assustou com um chute de longa distância de Túlio. Passado o nervosismo inicial, o Flamengo tomou conta do jogo e encontrou espaços na defesa gremista. O time rubro-negro teve duas oportunidades seguidas aos doze e aos treze minutos. Na primeira, um lançamento em profundidade passou pela defesa tricolor e encontrou Adriano, que dominou pela lateral da grande área e bateu forte, com a bola desviando em Thiego e indo para fora. No minuto seguinte, a defesa gremista saiu jogando errado, a bola volta a encontrar os pés de Adriano, e o camisa 10 domina e chuta por cima do gol.
A bomba estourou aos vinte e um minutos. O Grêmio coseguiu um escanteio pelo lado direito. Douglas Costa cobrou, e Roberson apareceu entre a defesa rubro-negra para desviar e tocar para dentro do gol. Grêmio 1 a 0. A festa ganhava ares de pesadelo! E se não bastasse aquela surpresa no Maracanã, poucos minutos depois, em Porto Alegre, o Internacional marcou seu primeiro gol contra o Santo André, ultrapassando ao Flamengo naquele momento na classificação. Só a virada daria o título ao Flamengo caso no Estádio Beira-Rio nada mudasse.
A angústia tomou conta do Maracanã. Mas levou somente oito minutos para que fosse amenizada. Antes de o desespero tomasse conta do estádio, numa cobrança de escanteio de Petkovic, Airton desviou, Adriano escorou o meio da área e protegeu a bola da zaga, enquando levantava o braço reclamando de um suposto toque de mão de um defensor gremista, e a bola sobrou para David encher o pé, a bola entrou no canto direito de Marcelo Grohe, que sem ter tido tempo de reação, nada pode fazer, era o empate: 1 a 1. Festa no Maracanã!
Mas cinco minutos depois do gol rubro-negro, saiu mais um gol colorado, dando a certeza a todos de que só a vitória daria ao título ao Flamengo, que seguiu pressionando. Tomou um susto em um contra-ataque desperdiçado por Roberson, porém quase conseguiu o segundo na sua melhor chance até então no jogo, numa cobrança de falta de Adriano, já nos acréscimos, muito bem defendida por Marcelo Grohe.
O forte daquele Flamengo de 2009 era seu jogo defensivo, não o ofensivo. O time tinha um meio de campo voltado para a contenção, com um tripé de leões para desmontar os ataques adversários, e com a criação muito dependente do avanço de sua boa dupla de laterais, formada por Leonardo Moura pela direita e Juan pela esquerda. Mas quando estas portas pelos lados eram bem fechadas pelos sistemas defensivos adversários, o time ficava muito dependente da individualidade da dupla Petkovic e a Adriano para resolver o jogo. E na necessidade de precisar agredir uma defesa adversária bem fechada, estas limitações eram um grande dificultador, sobretudo se Adriano não estivesse num dia inspirado. E aquela ensolarada tarde de domingo no Maracanã, debaixo de um calor escaldante, era um destes dias.
Antes do início do segundo tempo, os jogadores do Flamengo fizeram uma última reunião em campo, tentando absorver a força que vinha das arquibancadas. E na retomada da partida, o time rubro-negro manteve a pressão. Aos três minutos, Pet cobrou escanteio, encontrou Adriano desmarcado, mas a cabeçada saiu sem perigo, à direita do gol de Grohe. Três minutos depois, foi Airton quem acertou uma cabeçada, para uma boa intervenção do goleiro gremista. Em Porto Alegre, saiu o terceiro gol colorado, mas àquela altura já não fazia mais diferença, pois todos já sabiam que era vencer ou vencer, ou o Flamengo não sairia campeão do Maracanã. A ansiedade saltava a níveis estratosféricos no estádio, e podia ser sentida no ar...
Até que o segundo tempo ia pela metade quando o Flamengo conseguiu mais um escanteio, desta vez pelo seu lado esquerdo de ataque. A cobrança coube ao camisa 43, o sérvio Dejan Petkovic, o homem que havia marcado dois gols olímpicos decisivos nas oito rodadas finais, nas vitórias sobre Palmeiras e Atlético Mineiro. Mas desta vez Pet não cobrou fechado, alçou a bola, que fez um arco até decair no meio da pequena área. E como um raio, em velocidade pelo meio da defesa do Grêmio, entrou o zagueiro Ronaldo Angelim, e o "Magro de Aço" não perdoou. Testou firme. Num daqueles lances nos quais parece que o tempo pára, a bola foi seguindo em direção ao arco, até cruzar a linha e balançar a rede. Explosão de êxtase no Maracanã! Para a história, um momento para a eternidade: gol do Flamengo! 2 a 1! O relógio apontava 24 minutos: o Flamengo repassava ao Internacional e reassumia a liderança do campeonato. A torcida flamenguista, enfim, sentia-se aliviada. E o zagueiro Ronaldo Angelim entrava para o panteão de heróis da nação rubro-negra!
A festa era total no Maracanã, mas nela ainda houve espaço para mais um susto: aos trinta e dois minutos Lúcio cobrou uma falta pela meia esquerda, Bruno espalmou mal e Mário Fernandes, com o gol aberto, coloca de carrinho para fora.
Os minutos, para os flamenguistas, demoravam uma eternidade para passar. O cronômetro avançava... passava dos trinta e cinco... passava dos quarenta... acercava-se aos quarenta e cinco... e teria acréscimo. O cheiro do hexacampeonato brasileiro estava no ar. Até que o árbitro ergueu os braços e apitou. Fim de jogo! Êxtase! Algazarra! Delírio! Que sofrimento! Mas era a hora da festa. O Flamengo era hexacampeão brasileiro de futebol!
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