quinta-feira, 12 de julho de 2012

Maiores Jogos da História do Flamengo: 06/12/09 - Flamengo 2 x 1 Grêmio




Jogos Inesquecíveis: 06/12/2009 - Flamengo 2 x 1 Grêmio

"A 37ª rodada terminou com o líder Flamengo com 64 pontos, seguido por um tríplice empate nos 62 pontos entre Internacional, Palmeiras e São Paulo. A turma da Gávea não podia nem cogitar em empatar, pois estava em desvantagem em relação a Internacional e Palmeiras nos critérios de desempate. Já fora da luta pelo título estavam os rivais de Belo Horizonte, o Cruzeiro com 59 pontos e o Atlético, 56.



A ansiedade daquele confronto de duas semanas antes frente ao Goiás voltaria a se repetir? O Maracanã, lotado, ficou ainda mais tenso e ansioso quando o Grêmio abriu o marcador, aos 21 minutos do primeiro tempo. O time do Flamengo jogava mal e de forma displicente. A torcida tentava empurrar, a equipe se jogava para o ataque. Oito minutos depois do gol gremista, o zagueiro David, que substituía Álvaro, suspenso por ter tomado o terceiro cartão amarelo no jogo anterior, aproveitou bate-rebate na área e empatou o jogo. Mas o resultado ainda não era suficiente porque Internacional e São Paulo goleavam em seus jogos. Só a vitória faria o troféu ir parar na Gávea. Até que, aos 26 minutos do segundo tempo, Petkovic cobrou escanteio e o zagueiro Ronaldo Angelim subiu mais do que todos e testou para as redes: 2 a 1. Mengão hexacampeão!!!!!!


O futebol do clube voltou a bater marcas: nunca em sua história o rubro-negro carioca havia terminado três Campeonatos Brasileiros consecutivos entre os três primeiros colocados. De quebra, voltou a ter o artilheiro da competição, Adriano, com dezenove gols (desde 1982 o artilheiro máximo do Brasil não era rubro-negro). E outra marca histórica: pela primeira vez ganhou um título estadual e um nacional no mesmo ano. Tanto nos anos das outras cinco conquistas de Brasileiro, quanto nos dois anos de conquista de Copa do Brasil, e até na de Rio–São Paulo, o Flamengo não havia faturado o título carioca". (A NAÇÃO, pg. 249)







Ficha Técnica
06/12/2009 - Flamengo 2 x 1 Grêmio
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (Público: 78.639 pagantes, 84.848 presentes)
Gols: Roberson (21'1T), David Bráz (29'1T) e Ronaldo Angelim (24'2T)
Fla: Bruno, Leonardo Moura, David Bráz, Ronaldo Angelim e Juan; Airton, Toró (Éverton), Willians e Dejan Petkovic (Gonzalo Fierro); Zé Roberto (Kléberson) e Adriano.
Téc: Andrade
Grêmio: Marcelo Grohe, Mário Fernandes, Thiego, Léo e Fábio Santos; Túlio, Adílson (Mithyuê), Maylson e Lúcio; Douglas Costa e Roberson (Bergson).
Téc: Marcelo Rospide




A História do Jogo

A reta final do Campeonato Brasileiro de 2009 foi a mais emocionante da história da competição em seus moldes de disputa por pontos corridos. O Flamengo havia fechado a 36ª rodada enfrentando ao Goiás no Maracanã na última partida do fim de semana, e sabendo que bastava uma vitória para que o time assumisse a liderança. Para a frustração do estádio lotado de rubro-negros, o confronto terminou num empate sem gols e o Flamengo continuou em 2º lugar. Na 37ª e penúltima rodada, no entanto, este mesmo Goiás venceria ao líder São Paulo no Estádio Serra Dourada, em Goiânia, por 4 a 2, e o Flamengo venceria ao Corinthians como visitante por 2 x 0, gols de Zé Roberto e de Léo Moura de pênalti no último lance do jogo. Com estes resultados, o Flamengo, pela primeira vez em todo o campeonato, assumiu a liderança do Brasileirão, dependendo só de si para ser campeão, bastava vencer ao Grêmio no Maracanã.

A última rodada começaria com o Flamengo em 1º lugar com 64 pontos, seguido por Internacional, São Paulo e Palmeiras com 62. Enquanto o time rubro-negro enfrentava ao Grêmio no Maracanã, com todas as partidas começando no mesmo horário, o Internacional receberia ao Santo André em Porto Alegre e o São Paulo ao Sport Recife no Morumbi. Só a vitória interessava ao Flamengo, pois o time perdia nos critérios de desempate tanto para o colorado quanto para os sãopaulinos. Matematcamente ainda vivo, o Palmeiras jogava no Rio de Janeiro contra o Botafogo, e só ficaria com o título numa improvável combinação de uma vitória sua e derrotas dos três adversários. O alvi-verde sequer venceu seu jogo.

O Internacional era franco favorito para seu jogo. E confirmou, goleando por 4 a 1 no Beira-Rio. De nada adiantou o São Paulo também ter goleado, fazendo 4 a 0 no Sport, pois mesmo independente do resultado rubro-negro no Maracanã, não teria sido o campeão. E como se o Flamengo deixasse de vencer, era quase certo que seria o Internacional quem faturaria o título, a rivalidade de Porto Alegre pesou. Para revoltas e protestos generalizados, o Grêmio decidiu mandar um time de reservas para enfrentar ao Flamengo no Maracanã. Um time jovem, mais comtalentos que vieram a ter um futuro promissor na carreira, como o goleiro Marcelo Grohe, o lateral-direito Mário Fernandes, que viria a se naturalizar e jogar uma Euro com a camisa da Rússia, e o atacante Douglas Costa, futuro jogador de Bayern Munique e Juventus. Mas àquela altura, era um time jovem e de reservas.

O Maracanã ficou lotado. Após 16 edições de Campeonato Brasileiro sem saber o que era vir a ser o campeão, o Flamengo e sua torcida viviam uma ansiedade enorme pela vitória e pela consequente conquista do título. O time rubro-negro entrou em campo desfalcado do zagueiro Álvaro, com David Bráz em seu lugar, mas com a volta de Adriano, que por conta de um acidente doméstico não havia enfrentado ao Corinthians na rodada anterior. Dentre os titulares, convivia com a perda de Maldonado, que havia precisado passar por uma cirurgia no joelho, tendo perdido as rodadas finais do campeonato.


O clima de festa vivido no Maracanã logo se transformou em tensão quando a bola rolou. Corações apreensivos prestavam atenção com olhos vidrados num jogo que começou tenso, com muito nervosismo, mas sem jogadas ríspidas, apenas com sucessivos erros impostos pelo excesso de ansiedade. Quem esperava um Grêmio acuado, ficou surpreso com os dez primeiros minutos, pois o tricolor gaúcho chegou a controlar mais a posse de bola e até assustou com um chute de longa distância de Túlio. Passado o nervosismo inicial, o Flamengo tomou conta do jogo e encontrou espaços na defesa gremista. O time rubro-negro teve duas oportunidades seguidas aos doze e aos treze minutos. Na primeira, um lançamento em profundidade passou pela defesa tricolor e encontrou Adriano, que dominou pela lateral da grande área e bateu forte, com a bola desviando em Thiego e indo para fora. No minuto seguinte, a defesa gremista saiu jogando errado, a bola volta a encontrar os pés de Adriano, e o camisa 10 domina e chuta por cima do gol.

A bomba estourou aos vinte e um minutos. O Grêmio coseguiu um escanteio pelo lado direito. Douglas Costa cobrou, e Roberson apareceu entre a defesa rubro-negra para desviar e tocar para dentro do gol. Grêmio 1 a 0. A festa ganhava ares de pesadelo! E se não bastasse aquela surpresa no Maracanã, poucos minutos depois, em Porto Alegre, o Internacional marcou seu primeiro gol contra o Santo André, ultrapassando ao Flamengo naquele momento na classificação. Só a virada daria o título ao Flamengo caso no Estádio Beira-Rio nada mudasse.

A angústia tomou conta do Maracanã. Mas levou somente oito minutos para que fosse amenizada. Antes de o desespero tomasse conta do estádio, numa cobrança de escanteio de Petkovic, Airton desviou, Adriano escorou o meio da área e protegeu a bola da zaga, enquando levantava o braço reclamando de um suposto toque de mão de um defensor gremista, e a bola sobrou para David encher o pé, a bola entrou no canto direito de Marcelo Grohe, que sem ter tido tempo de reação, nada pode fazer, era o empate: 1 a 1. Festa no Maracanã!

Mas cinco minutos depois do gol rubro-negro, saiu mais um gol colorado, dando a certeza a todos de que só a vitória daria ao título ao Flamengo, que seguiu pressionando. Tomou um susto em um contra-ataque desperdiçado por Roberson, porém quase conseguiu o segundo na sua melhor chance até então no jogo, numa cobrança de falta de Adriano, já nos acréscimos, muito bem defendida por Marcelo Grohe.

O forte daquele Flamengo de 2009 era seu jogo defensivo, não o ofensivo. O time tinha um meio de campo voltado para a contenção, com um tripé de leões para desmontar os ataques adversários, e com a criação muito dependente do avanço de sua boa dupla de laterais, formada por Leonardo Moura pela direita e Juan pela esquerda. Mas quando estas portas pelos lados eram bem fechadas pelos sistemas defensivos adversários, o time ficava muito dependente da individualidade da dupla Petkovic e a Adriano para resolver o jogo. E na necessidade de precisar agredir uma defesa adversária bem fechada, estas limitações eram um grande dificultador, sobretudo se Adriano não estivesse num dia inspirado. E aquela ensolarada tarde de domingo no Maracanã, debaixo de um calor escaldante, era um destes dias.

Antes do início do segundo tempo, os jogadores do Flamengo fizeram uma última reunião em campo, tentando absorver a força que vinha das arquibancadas. E na retomada da partida, o time rubro-negro manteve a pressão. Aos três minutos, Pet cobrou escanteio, encontrou Adriano desmarcado, mas a cabeçada saiu sem perigo, à direita do gol de Grohe. Três minutos depois, foi Airton quem acertou uma cabeçada, para uma boa intervenção do goleiro gremista. Em Porto Alegre, saiu o terceiro gol colorado, mas àquela altura já não fazia mais diferença, pois todos já sabiam que era vencer ou vencer, ou o Flamengo não sairia campeão do Maracanã. A ansiedade saltava a níveis estratosféricos no estádio, e podia ser sentida no ar...

Até que o segundo tempo ia pela metade quando o Flamengo conseguiu mais um escanteio, desta vez pelo seu lado esquerdo de ataque. A cobrança coube ao camisa 43, o sérvio Dejan Petkovic, o homem que havia marcado dois gols olímpicos decisivos nas oito rodadas finais, nas vitórias sobre Palmeiras e Atlético Mineiro. Mas desta vez Pet não cobrou fechado, alçou a bola, que fez um arco até decair no meio da pequena área. E como um raio, em velocidade pelo meio da defesa do Grêmio, entrou o zagueiro Ronaldo Angelim, e o "Magro de Aço" não perdoou. Testou firme. Num daqueles lances nos quais parece que o tempo pára, a bola foi seguindo em direção ao arco, até cruzar a linha e balançar a rede. Explosão de êxtase no Maracanã! Para a história, um momento para a eternidade: gol do Flamengo! 2 a 1! O relógio apontava 24 minutos: o Flamengo repassava ao Internacional e reassumia a liderança do campeonato. A torcida flamenguista, enfim, sentia-se aliviada. E o zagueiro Ronaldo Angelim entrava para o panteão de heróis da nação rubro-negra!

A festa era total no Maracanã, mas nela ainda houve espaço para mais um susto: aos trinta e dois minutos Lúcio cobrou uma falta pela meia esquerda, Bruno espalmou mal e Mário Fernandes, com o gol aberto, coloca de carrinho para fora.

Os minutos, para os flamenguistas, demoravam uma eternidade para passar. O cronômetro avançava... passava dos trinta e cinco... passava dos quarenta... acercava-se aos quarenta e cinco... e teria acréscimo. O cheiro do hexacampeonato brasileiro estava no ar. Até que o árbitro ergueu os braços e apitou. Fim de jogo! Êxtase! Algazarra! Delírio! Que sofrimento! Mas era a hora da festa. O Flamengo era hexacampeão brasileiro de futebol!








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