sábado, 22 de junho de 2013

A Maior Goleada da História do Maracanã

100 Anos de Futebol do Flamengo: Jogos Inesquecíveis

27/10/1956 - Flamengo 12 x 2 São Cristóvão

Foi a maior goleada da história do Maracanã. A marca esteve perto de ser batida em 20 de junho de 2013, quando em jogo válido pela Copa das Confederações, a Espanha fez 10 x 0 no Taiti, com 4 gols de Fernando Torres, 3 de David Villa, 2 de David Silva e 1 de Juan Mata. Mas a marca não caiu. A maior goleada da história do Maracanã ainda pertence ao Flamengo!


Ficha Técnica
FLAMENGO 12 x 2 SÃO CRISTÓVÃO
Data: 27 de outubro de 1956

FLAMENGO: Ari; Tomires e Pavão; Milton Copolillo, Luís Roberto e Jordan; Joel, Paulinho, Índio, Evaristo e Zagallo. Técnico: Fleitas Solich.

SÃO CRISTÓVÃO: Rui; Jorge e Ivan; Benedito, Osmindo e Décio; Paulinho, Nonô, Ademar, Neca e Olivar. Técnico: Índio.

Gols: Indio (3'1T), Evaristo (18'1T), Luís Roberto (27'1T), Evaristo (37'1T), Indio (7'2T), Evaristo (13'2T), Indio (16'2T), Nonô (17'2T), Evaristo (18'2T), Neca (32'2T), Indio (33'2T), Evaristo (38'2T), Paulinho (41'2T) e Joel (45'2T).

Com 5 gols de Evaristo e 4 gols de Indio, o Flamengo arrasou o São Cristóvão. A equipe da Zona Norte descontou com Nonô e Neca. O primeiro tempo terminou 4 x 0. O primeiro gol do "São Cri Cri" saiu para por 7 x 1 no placar, e o segundo para colocar 8 x 2.

O Flamengo que arrasou o São Cristóvão em 1956



Crônica deste jogo em mais uma brilhante narrativa de Emmanuel do Valle no Blog Flamengo Alternativo:

O Flamengo dirigido por Fleitas Solich mantinha sua escalação dos dois jogos precedentes, com Ari efetivado no gol no lugar do argentino Chamorro, o que não significava, entretanto, a presença de todos os demais titulares incontestáveis. Jadir e Dequinha, peças fundamentais da defesa e do meio-campo, respectivamente, estavam fora por lesão. O clube rubro-negro buscava o tetracampeonato carioca, mas já havia perdido pontos preciosos (por exemplo, ao empatar com o Bonsucesso na abertura do returno) e ocupava apenas a terceira colocação no certame. Buscava, portanto, a reação a qualquer custo para seguir com chances.

São Cristóvão de 1956

Às 15h15 foi dado o pontapé inicial. Mal se arvorou o São Cristóvão no ataque, e logo em seguida o Flamengo abriu a contagem. Evaristo invadiu a área e bateu forte. Décio bloqueou, mas a bola sobrou para Índio chutar por elevação, encobrindo Rui. Enquanto buscava o couro no fundo das redes, o arqueiro cadete mal imaginava que repetiria tantas vezes o gesto naquela tarde. “Do jogo propriamente dito, só há a registrar-se os ‘goals’”, desculpou-se a Esporte Ilustrado aos leitores por ver sua crônica do jogo quase reduzida à mera descrição dos tentos.

No primeiro tempo, porém, o escore foi até modesto da parte do Flamengo: só aos 18 minutos as redes alvas balançariam novamente. Joel desceu pela ponta direita e centrou. Evaristo, na pequena área, arrematou de calcanhar. Aos 31, o centromédio Luís Roberto, substituto de Dequinha, apanhou uma bola espanada por Jorge e bateu de fora da área. E cinco minutos depois, Evaristo recebeu de Índio para marcar o quarto.


Com a goleada já decretada, imaginava-se que o São Cristóvão se fecharia na defesa durante a segunda etapa para se poupar de algo pior. Não foi, porém, o que aconteceu. A equipe alva retornou com o mesmo desprendimento defensivo, por assim dizer, e tentando se lançar ao ataque. E veio então a enxurrada de gols rubro-negros. Logo aos sete minutos, Índio foi lançado por Joel e marcou o quinto. Dois minutos depois, o próprio Joel aproveitou o rebote de Rui e fez o sexto. E aos 16, Índio anotou mais um, o sétimo, após assistência de Evaristo.

Na tentativa de salvar um pouco a honra, o São Cristóvão descontou aos 17, depois de Nonô disputar a bola com o goleiro rubro-negro Ari. E após Evaristo fazer o oitavo gol do Flamengo no minuto seguinte, descontou pela segunda vez com Neca, cobrando pênalti de Tomires em Nonô. Mas o Flamengo cavaria mais fundo: aos 32, Paulinho recebeu de Índio e lançou o centroavante na corrida para fuzilar Rui.

Desestabilizada, a defesa sancristovense conseguiu falhar até em cobrança de tiro de meta: Evaristo recolheu o chute torto de Ivan e bateu para as redes, marcando o décimo. Paulinho, aos 41, e Joel, aos 45, completariam a dúzia de tentos rubro-negros. E foi isso: com o escore de DOZE a dois a favor do Flamengo, nem houve nova saída. O lendário Mário Vianna, árbitro da partida – e ironicamente torcedor confesso do São Cristóvão – pôs ponto final num massacre que até hoje o estádio não viu igual.

A contagem daquela tarde superava e muito o placar mais dilatado registrado até então nos pouco mais de seis anos de existência do Maior do Mundo: a vitória do Brasil sobre a Suécia por 7 a 1 na Copa do Mundo de 1950. E pelas próximas décadas, a batelada de gols daquele Flamengo x São Cristóvão seguiu inalcançável. Duas goleadas por 9 a 0 – do Fluminense sobre o Goytacaz em 1976 e depois do mesmo Flamengo sobre a Portuguesa da Ilha do Governador em 1978 – foram o mais perto que se chegou na velha configuração do estádio. Até acontecer em 2013, já com o Maracanã transformado em Arena, o insólito duelo entre a poderosa Seleção da Espanha, campeã mundial, e a modesta equipe do Taiti, em partida válida pela Copa das Confederações da FIFA. A Roja até conseguiu igualar a margem de gols, vencendo por 10 a 0. Mas não chegou à dúzia de bolas na rede proporcionada pelo ataque rubro-negro quase 57 anos antes.

O Flamengo não chegaria ao tetra, perdendo pontos fundamentais aqui e ali. Mas naquele 27 de outubro escreveu com muitos gols uma página não só de sua própria história, mas também do velho templo do futebol carioca. Um dia em que o garoto do placar do Maracanã trabalhou bem mais do que o de costume.



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