terça-feira, 19 de setembro de 2017

Alexandre Póvoa avalia a temporada 2016-17 e comenta o planejamento para a temporada 2017-18

Em entrevista ao blog Ninho da Nação, o Vice-presidente de Esportes Olímpicos do Flamengo, Alexandre Póvoa, fez um balanço da temporada 2016-17 e explicou as apostas rubro-negras para a temporada 2017-18. Abaixo, destaco trechos da entrevista:

Disputamos somente dois campeonatos na temporada 2016/17: O Estadual e a NBB. Ganhamos um e perdemos outro. Mas foi um ano realmente esquisito, muita coisa deu errado.

Primeiro aquele Estadual deprimente, com a FBERJ mudando local de partidas na véspera como se fosse um torneio amador e com duas partidas finais com portões fechados e WO na última. Um verdadeiro desserviço ao esporte, péssimo exemplo. Até hoje o nosso adversário que não compareceu à final não foi denunciado, para vermos o nível da coisa.

Graças à irresponsabilidade da CBB, ficamos fora da Liga das Américas. Um verdadeiro paradoxo que, exatamente o C.R. do Flamengo, que ganhador de diversos prêmios de governança corporativa nos últimos anos, tenha ficado fora da competição mais importante do ano exatamente pela má gestão alheia. Essa não-participação abalou muito todos nós. Foi um baque no grupo que estava super-motivado para a competição. Vínhamos de quatro conquistas de NBB seguidas e a última derrota na Liga das Américas, naquele jogo contra o Bauru (o pior episódio do basquete rubro-negro nos últimos 5 anos) em Barquismeto, estava engasgada (e continua) na nossa garganta. Sem dúvida, ganhar a Liga das Américas para voltarmos a disputar a Copa Intercontinental era o objetivo maior do clube.

Portanto, afirmo que a não participação na Liga das Américas ajudou a quebrar o nosso planejamento. Mesmo assim, fomos para a NBB e conquistamos o primeiro lugar na fase de classificação (pela quarta vez dos últimos cinco anos; o melhor time que tivemos ficou em terceiro lugar na temporada de 2014/15. Ganhamos as duas primeiras partidas do playoff e veio a desclassificação inesperada com 3 derrotas seguidas, sendo duas dentro de casa. Inaceitável, não tem desculpa.

Evidentemente houve erros de todas as partes. Vamos a eles: Primeiro, a data de apresentação da equipe no final de agosto, por conta das Olimpíadas. Fizemos isso porque não tínhamos quadra, estava sendo usada pela NBA, e parte da Comissão Técnica estava nos Jogos. Acreditamos que o tempo de preparação para a temporada seria suficiente. Erramos.

Além disso, para prestigiar a LNB - e porque havíamos contratado jogadores sub-22 para rejuvenescer a equipe - aceitamos disputar a LDB em um sistema exaustivo fisicamente, com vários jogos em dias seguidos. O time não estar preparado – começou a treinar tarde também - o que colaborou para uma série de contusões que atrapalharam muito nossa temporada.

Além disso, um jogador adulto se apresentou machucado. Foi punido, mas de nada adiantou, o prejuízo ao grupo estava dado. Outro atleta, o Fischer, também sofreu com contusões durante o ano, muito além do que a nossa comissão técnica havia projetado.

Além disso, erramos no nome da contratação pontual de janeiro (Hakeem Rollins). Tínhamos uma ideia técnica e tática e o atleta não correspondeu. Não temos o menor problema de reconhecer isso.

Mesmo assim, com todos os erros, ficamos em primeiro na fase de classificação. Ganhamos os dois primeiros jogos e acho que nosso erro maior foi no terceiro jogo, quando o time achou que poderia “ter vencido quando quisesse”. Faltou um pouco de humildade ali. Depois, Pinheiros ganhou moral e não conseguimos mais jogar. Faltou também sangue nos olhos, sem querer tirar o mérito do adversário, não podemos aceitar aquelas derrotas como normais.

Nesse ano, começamos a treinar no dia 01/08. Abrimos mão do Campeonato Carioca que, para ser disputado naquela tensão de torcida única e sem os ginásios olímpicos, é melhor que seja cancelado mesmo. Estamos fazendo uma pré-temporada muito mais intensa. Conversamos com a Comissão Técnica e lavamos a roupa suja e todos reconheceram os seus erros, do roupeiro ao Vice Presidente.

Nosso time tinha uma defesa muito vulnerável no ano passado. Tentamos corrigir isso na formação do elenco para a atual temporada. Alguns jogadores foram dispensados para abrir espaço para novos nomes. Após perdermos, depois de tanto tempo, precisávamos oxigenar o elenco com jogadores com características mais defensivas.

O mais importante: Os adversários conseguiram, depois de quatro anos, ganhar da gente. A sede de vitórias tem que ser dobrada nesse ano. Se existia algum motivo para acomodação, ele acabou no encerramento do jogo contra o Pinheiros no Tijuca, que marcou aquela dura eliminação. Temos que reconquistar o que é nosso de direito, já que o Flamengo tem que ganhar sempre. O primeiro desafio é o Sul Americano.

Desde a saída do Nico, temos tido problemas no setor de armação. Não achamos que o Rafa Luz tenha feito uma grande temporada em 2015/16. No ano passado, trouxemos o Fischer para resolver e ele simplesmente não conseguiu jogar com problemas físicos recorrentes. Resolvemos priorizar a posição, por isso, priorizamos a vinda do Pecos, que veio sendo observado durante muito tempo e o Cubillan, atleta conhecido que jogou as Olimpíadas e ainda por cima teve referências excelentes (técnicas e pessoais) do Ruben Magnano, que o treinou no Trotamundos da Venezuela.

O MJ Rhet foi indicado a partir de conversas com uma rede de técnicos estrangeiros com quem nossa Comissão Técnica mantém contato. Passamos a observá-lo em vários jogos no Campeonato da República Dominicana e ficamos bastante impressionados com a explosão dele. É um jogador diferente, tem 25 anos, com sonhos ainda grandiosos. Ambição é tudo que queremos, saindo da mesmice de trazer jogadores norte-americanos mais velhos. Vai dar certo.

Cabe lembrar que, antes de contratarmos, além da decisão técnica, fazemos uma intensa pesquisa sobre o jogador com treinadores, atletas e pessoas que o conhecem o atleta pessoalmente. Sempre procuramos falar também com os próprios jogadores, a despeito do empresário. Quanto a isso, posso me orgulhar de dizer que em 5 anos, podemos até ter tido decepção com atletas contratados dentro da quadra, mas nunca erramos em relação ao profissionalismo de cada um.

Aliás, para não dizer que toda regra não tem uma exceção, vou contar um segredo: o único jogador estrangeiro que nos deu alguma dor de cabeça nesse tempo todo (nada grave...) foi o Derick Caracter em 2014. Acho que para uma temporada inteira, não daria. Mas fazendo aquela primeiro jogo excelente que realizou contra o Maccabi Tel Aviv, está totalmente perdoado! Sem ele, não teríamos sido campeões mundiais.

Vou contar outro segredo que poucos sabem: nesse ano, iríamos de novo para os Estados Unidos, éramos a equipe escolhida da América do Sul. Infelizmente, o convite não se concretizou por conta do problema da CBB, já que a NBA e a FIBA tem um pacto de boa convivência. Isso é mais uma parte do incalculável prejuízo que essa maldita suspensão causou ao Flamengo.

Por fim, sobre a Arena Multiuso na Gávea, o Mc Donald´s está, já há dois meses, em um já longo processo de due diligence no Flamengo, trocando dezenas de documentos, o que é comum e mandatório nessas parcerias de longo prazo, sobretudo no caso de empresas multinacionais. Acreditamos que essa parceria já esteja selada em mais 20/30 dias e ao longo do mês de outubro o contrato possa ser apreciado e votado no CODE. Não temos como precisar datas porque o processo não depende apenas de nós, mas o mais importante é que os termos do acordo já estão alinhados entre as duas partes, o que é mais importante, mas estamos seguindo a burocracia. Continuamos na expectativa de que no começo de 2018 o sonho da nossa Arena Multiuso comece a sair do chão.


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