quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O primeiro momento épico do Novo Maracanã

Por que o Flamengo é diferente? Porque as coisas do Flamengo parecem que já estão no ar antes mesmo de acontecerem.

O dia 28 de agosto de 2013 ficou marcado como a primeira vez que a Magia Rubro-negra e o Novo Maracanã se reencontraram, num daqueles dias comuns e correntes que não vão ficar marcados como um jogo para a eternidade, daqueles que todos vão se lembrar daqui a 10 anos ou daqui a 20 anos. Mas é um daqueles dias místicos nos quais as pessoas conseguem enxergar coisas invisíveis, mistérios do mundo e da natureza que estão além da compreensão da mente humana. No Brasil, o Flamengo é um deles. A essência do "Como e por que o Flamengo tem a maior torcida do Brasil" se desfralda e se desnuda, fica exposta a todos os que tenham o privilégio de enxergá-la.

Em 23 de junho de 2004, o Flamengo enfrentava o Santo André pela final da Copa do Brasil. Após um empate em 2 x 2 em São Paulo, um empate sem gols ou por 1 a 1, dava o título ao Flamengo. Não havia motivo aparente para pessimismo, embora todos soubessem que o time rubro-negro era tecnicamente bastante limitado. Mas naquele dia havia desde cedo um estranho clima de pessimismo e dúvida no ar. Pule de dez: Santo André 2 x 0, Flamengo vice, um dos dias mais tristes da história rubro-negra.

Pois neste 28 de agosto de 2013, não havia motivo para otimismo. O Flamengo havia perdido por 2 x 1 para o Cruzeiro no jogo de ida das oitavas de final da Copa da Brasil, num jogo que escapou de ser massacrado. O Flamengo precisava de uma vitória simples, mas enfrentaria o líder do Brasileiro no Maracanã, vinha de quatro jogos sem vitória, e tinha um time modesto. Mas na manhã daquele dia, as notícias estampavam que mais de 40 mil ingressos já estavam vendidos. Havia um clima no ar de que aquele poderia ser um dia diferenciado, destes que a história rubro-negra está recheada.

Mas nem sempre a química entre arquibancada e campo se materializa. A torcida do Flamengo precisa de apenas de uma coisa para apoiar o time: sentir que está havendo entrega dos onze que a estão representando dentro de campo. Se a multidão sente que há entrega, mesmo com um futebol tecnicamente limitado, ela empurra e empurra! Mas se o time tiver jogando mal e não estiver se entregado em força de vontade, ela se volta contra.


Esta série Flamengo e Cruzeiro lembrou muito a final do Carioca de 1999 entre Flamengo e Vasco. Naquela, como desta vez, o time adversário era tecnicamente muito mais forte. E em ambos o casos, no primeiro jogo da série o adversário impôs um ritmo muito superior e perdeu a oportunidade de golear no primeiro jogo, mas em ambas um gol salvador no fim do jogo tornou a meta matematicamente mais atingível. Em 1999, o Vasco atropelava o time rubro-negro, Edmundo estava endiabrado, mas o placar não saía de 1 x 0, com os vascaínos perdendo inúmeras oportunidades. De repente, no fim do jogo, uma bola despretensiosa é cruzada, Fábio Baiano se antecipa ao zagueiro, dá um peixinho estranho e cabeceia a bola para as redes. Com o empate, um simples 1 x 0 dava o título ao Flamengo. Mas o time do Vasco era muito melhor, a razão mandava avisar que o time rubro-negro não tinha chance de vitória. Pior ainda quando Romário sai lesionado logo aos cinco do primeiro tempo no segundo jogo. Mas o primeiro tempo termina sem gols, e a torcida rubro-negra passa a sentir que dá para beliscar o título. Rodrigo Mendes faz de falta. 1 a 0. Flamengo campeão!

Contra o Cruzeiro, no primeiro jogo o time cruzeirense atropelava o time rubro-negro, Everton Ribeiro fez um gol antológico, dando um balãozinho em Luiz Antônio e emendando de primeira, sem deixar a bola tocar ao chão para fazer um 2 x 0 que parecia irreversível. E o Cruzeiro perdendo inúmeras oportunidades, tendo tido a chance de golear. De repente, no fim do jogo, uma bate-rebate despretensioso na área e a bola sobra para Carlos Eduardo fuzilar a rede cruzeirense. Com o 2 x 1, o gol fora permitia que com um simples 1 x 0 o Flamengo avançasse às quartas de final. Mas o time do Cruzeiro era muito melhor, ero o líder do Brasileiro no qual o Flamengo era o 14º colocado, a razão mandava avisar que o time rubro-negro não tinha chance de vitória. Mas o primeiro tempo termina sem gols, e a torcida rubro-negra passa a sentir que dá para beliscar a vitória e empurra ainda mais o time no segundo tempo. E o gol vem com Elias. 1 a 0. Flamengo avança!


O momento épico de Elias tem outra coincidência histórica, esta numérica, com um outro Flamengo x Vasco eterno, o da final do Carioca de 2001. Quando Paulinho vai à linha de fundo e cruza para trás, encontrando Elias à altura da marca do pênalti para emendar de primeira para fazer o gol, o relógio marcava 42 minutos e 50 segundos do segundo tempo. Gol aos 43! Gol de Petkovic! Gol de Elias!

Os bons fluídos do 43, o número da camisa usada por Pet no título brasileiro de 2009
 fazendo menção ao tempo em que foi marcado o gol do título do Carioca 2001

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