FLAMENGO: Resultado Financeiro do 2° Trimestre 2019
Seguindo o histórico de análises sempre disponibilizadas aqui no blog (histórico pode ser visto na sessão Transparência Rubro-Negra): mesmo com o substantivo crescimento dos investimentos na qualidade do elenco, apesar de todas as grandes aquisições e aumentos na massa salarial do elenco do futebol, o desempenho financeiro segue numa trilha altamente positiva, como veio sendo a tendência já apresentada nos exercícios anteriores. Há uma mudança estrutural, no entanto, que precisaser dita, e não de forma negativa, mas até como endosso à resposabilidade em gestão e execução orçamentária da Diretoria do Flamengo, as finanças rubro-negras passaram a ser sustentadas pela venda de jogadores, ainda que a arrecadação com torcida mantenha um forte incremento, principalmente sustentada pelos sólidos números do Programa de Sócio Torcedores.
Analisando os números do 2º Trimestre de 2019 mais detalhadamente...
1) RECEITAS
A receita operacional bruta acumulada no 1º semestre foi de R$ 407,2 milhões, muito superior aos R$ 270,1 milhões obtidos no 1º semestre de 2018. O resultado se divide em R$ 388,8 mm obtidos com o futebol (bem superior aos R$ 249 mm do 1º semestre de 2018) e R$ 18,4 mm obtidos com o clube social e os esportes olímpicos (leve decremento frente aos R$ 20,2 mm arrecadados no 1º semestre de 2018). O bom resultado se sustenta na contabilização das vendas de jogadores para o futebol europeu acertadas no fim de 2018, somado às vendas realizadas em 2019. Nos demais quesitos, há notícias boas e ruins.
Descontados os impostos incidentes sobre a movimentação de receita, a receita operacional líquida total do 1º semestre de 2019 atingiu R$ 397,4 milhões, um grande aumento frente aos R$ 257,4 mm arrecadados no mesmo semestre do ano anterior.
Detalhado a receita do futebol, iniciando-se pela arrecadação dos Direitos de Transmissão da TV. O resultado do 1º semestre de 2019 foi de R$ 81,9 milhões. Uma arrecadação bastante baixa. Analisando pela "ótica do copo meio cheio": prova o quanto as finanças do Flamengo se sustentam, e não são mais dependentes dos recursos financeiros da TV, dos quais grande parte dos clubes brasileiros continuam reféns.
Sobre as receitas com Patrocínio, também houve uma importante piora de resultados no comparativo ao ano anterior. O resultado do 1º semestre de 2019 fechou em R$ 30,8 milhões, uma queda frente aos R$ 40,1 mm obtidos no ano anterior. Cabe a ressalva que o Flamengo mudou seu modelo de arrecadação de patrocínio master na camisa de futebol, assinando com o Banco BS2 por um valor fixo inferior ao recebido no contrato com o patrocinador anterior, mas com uma receita variável associada a uma participação nos resultados obtidos pelo banco patrocinador, estratégia que só se poderá medir se foi vantajosa ou não quando esta participação variável entrar nos cofres rubro-negros, no último trimestre do ano.
Detalhando as receitas obtidas diretamente com sua Torcida, quebrando entre o arrecadado com Bilheteria e o diretamente obtido com o Programa de Sócio-Torcedor, a primeira subiu muito (excepcional notícia!) e a segunda manteve-se praticamente no mesmo patamar, ainda com um desempenho fantástico. No saldo das duas, um expressivo aumento: é a torcida rubro-negra quem está tendo um importante papel para pagar a conta e financiar sua felicidade! A receita com torcida subiu de R$ 43 mm para R$ 54 mm no comparativo entre o 1º semestre de um ano e de outro. A tendência é que em 2019 o clube volte a gerar mais de R$ 100 milhões ao ano com receitas geradas por sua própria torcida, como aconteceu em 2017.
A Bilheteria subiu para R$ 31 milhões depois de ter estado em R$ 20 mm no 1º semestre de 2018. No início de 2018, o resultado havia sido baixo pelos dois jogos com portões fechados nas duas primeiras partidas da Copa Libertadores (um prejuízo causado por sua própria torcida nos incidentes externos ao Maracanã ocorridos antes e depois da Final da Copa-Sul-Americana 2017). Outro fator a inflar os resultado do 1º semestre de 2019 foi a presença na Final do Campeonato Carioca, que não aconteceu em 2018. Assim, ficam explícitas duas conclusões importantíssimas: para as finanças, é fundamental chegar à final do Campeonato Carioca e participar da Libertadores.
Com o Sócio-Torcedor, a receita manteve-se no excelente patamar do ano anterior, tendo fechado o 1º semestre de 2019 em R$ 23 milhões. Caminha para manter uma arrecadação de sócio-torcedores próxima a R$ 50 milhões ao ano.
2) RESULTADO FINANCEIRO
O resultado operacional do exercício foi bem melhor do que o do 1º semestre de 2018, mas está sustentado na contabilização das vendas de jogadores. O resultado do 1º semestre de 2019 foi de R$ 56,3 milhões. É um resultado bom, mas que pelo fator descrito deve ser visto com ressalvas.
Descontando-se as despesas financeiras, chegou-se a um resultado líquido também muito positivo e muito superior ao do mesmo período do ano anterior. O superávit do 1º semestre de 2019 foi de R$ 38,7 milhões, só um pouco abaixo do superávit de R$ 45,9 milhões acumulado em todo o ano de 2018. Excepional, mas, de novo: sob as mesmas ressalvas!
3) DÍVIDAS
A dívida bruta fechou o 1º semestre de 2019 em R$ 544,5 milhões. Bem acima dos R$ 323,5 milhões que havia fechado o 1º semestre de 2018. Um movimento de aumento que tem acontecido trimestre a trimestre há algum tempo e precisa continuar sendo monitorado bem de perto. Após os grandes investimentos feitos nas aquisições de Giorgian De Arrascaeta, Bruno Henrique, Rodrigo Caio e Gérson, este aumento já era mais que esperado. Não há expectativa de queda volumosa da dívida ao longo de 2019, o momento é de aposta na conquista de títulos expressivos no futebol. Daqui para frente, é necessária muita atenção para não haver um novo descontrole na gestão do nível de endividamento do clube. A Diretoria do Flamengo já indicou que planeja esta elevação de dívida em 2019, para voltar a trabalhar por sua redução a partir de 2020. Resta saber se esta promessa será mantida caso os títulos expressivos não apareçam.
Retirados os adiantamentos de contrato, a dívida líquida do Flamengo fechou o 1º semestre de 2019 em R$ 378 milhões.
A razão Dívida / Receita Anual fechou o trimestre em 0,48 vez. Muito bom, mas sob a mesma ressalva já feita para o resultado da receita, que, inflado, jogou o resultado para baixo. Porém, é inquestionável que o Flamengo mantém sua saúde financeira mesmo após os pesadíssimos investimentos na aquisição de jogadores de futebol que o clube realizou. Basta buscar a evolução histórica, apresentada aqui no blog, na Transparência Rubro-Negra, na avaliação do Resultado Anual de 2018.
Ratificando o movimento consolidado em 2018: o volume de Empréstimos de Curto Prazo teve um extemamente significativo viés de queda. O nível de empréstimos tomados junto a bancos privados terminou o 1º semrstre de 2019 em R$ 30,6 milhões, dos quais R$ 17 milhões com vencimento superior a 12 meses, e somente R$ 13,6 milhões com vencimento inferior a 1 ano. A título de comparação de longo prazo: em dezembro de 2012, o Flamengo devia R$ 85,2 milhões aos bancos, sendo R$ 54,5 milhões com vencimento inferior a um ano. É uma situação financeira muito mais confortável!
Nenhum comentário:
Postar um comentário