quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Flamengo na Libertadores de 2019


O Flamengo foi para sua 15ª participação, e 3ª consecutiva, na Libertadores 2019. Nas 8 participações anterores, o clube só chegou 1 vez às quartas de final, em 2010. Havia forte pressão por resultados positivos. Ainda mais porque reestruturado financeiramente, foi feito um fortemente investimento na formação do elenco. Chegar novamente às quartas era tido como uma obrigação, passar das quartas já seria um grande feito, mas o que o Flamengo queria era voltar a ser campeão.

A Campanha:
Fase de Grupos
05/03/19 - 1 x 0 San Jose, no Est. Jesus Bermúdez, Oruro, Bolívia
13/03/19 - 3 x 1 LDU, no Maracanã
03/04/19 - 0 x 1 Pañarol, no Maracanã
11/04/19 - 6 x 1 San Jose, no Maracanã
24/04/19 - 1 x 2 LDU, no Est. Casa Blanca, Quito, Equador
08/05/19 - 0 x 0 Peñarol, no Est. Campeón del Siglo, Montevidéu, Uruguai
Oitavas
24/07/19 - 0 x 2 Emelec, no Est. George Capwell, Guaiaquil, Equador 
31/07/19 - 2 x 0 Emelec, no Maracanã (pen: 4 x 2)
Quartas
21/08/19 - 2 x 0 Internacional, no Maracanã
28/08/19 - 1 x 1 Internacional, no Beira-Rio, Porto Alegre
Semi-final
02/10/19 - 1 x 1 Grêmio, em Porto Alegre
23/10/19 - 5 x 0 Grêmio, no Maracanã
Final
23/11/19 - 2 x 1 River Plate, em Lima, no Peru




1ª Fase

O Flamengo tinha um grupo relativamente difícil, afinal era o único grupo da Libertadores 2019 que reunia três clubes já campeões do torneio (Flamengo, Peñarol e LDU) e ainda haveria dois jogos na altitude, em Oruro e em Quito.

Na 1ª rodada, o time subiu a Oruro, a 3.735 metros de altitude, para enfrentar ao San Jose, da Bolívia. Depois de um 1º tempo desorganizado e claramente sentindo os efeitos do ar rarefeito, a equipe rubro-negra voltou melhor no 2º tempo, especialmente pela entrada de Everton Ribeiro no intervalo. Mas a grande figura flamenguista em campo era o goleiro Diego Alves, que fez algumas grandes defesas. O zagueiro Rodrigo Caio também tinha uma atuação perfeita na zaga. O gol rubro-negro saiu de uma enfiada de Bruno Henrique para uma penetração mortal de Gabriel Barbosa, e o Gabigol não perdoou, tocando na saída do goleiro para balançar as redes. O time foi eficaz e eficiente, e obteve uma vitória importantíssima.

Pela primeira vez em quinze participações, o Flamengo conseguiu uma vitória fora de casa em uma estreia de Libertadores. Nas 14 participações anteriores, as estreias foram difíceis: 3 vitórias (todas no Maracanã), 7 empates e 4 derrotas. E foi com um bom resultado jogando na altitude, tendo sido tão só a segunda vez na história em que o Flamengo obteve uma vitória acima dos 3 mil metros de altura. Havia disputado cinco partidas acima desta faixa de altitude, com 1 vitória (sobre o Cienciano, em Cuzco, em 2008), 1 empate (em 2007 em Potosi) e 3 derrotas (para o Bolivar em 1983 em La Paz, em 2012 em Potosi e em 2014 novamente para o Bolivar em La Paz). Portanto, um começo bastante simbólico.

Nas três rodadas seguintes, o Flamengo tinha três jogos no Maracanã. Vencendo dois e empatando um, já garantia a classificação às oitavas com duas rodadas de antecedência, vencendo os três, não só garantia a classificação, como se garantia entre as melhores campanhas da Fase de Grupos. No outro jogo da rodada, a LDU venceu ao Peñarol por 2 x 0 em Quito.

Na 2ª rodada, duelo contra a LDU, a Liga Deportiva Universitaria de Quito, num Maracanã cheio. Era o encontro dos líderes do grupo, aumentando ainda mais o peso de uma vitória. Recorde de público no Brasil em 2019, com 62 mil espectadores presentes, o time não perdeu tempo e abriu o marcador logo nos primeiros minutos. Dominou o primeiro tempo, mas num momento de desatenção nos minutos finais ofereceu um pênalti "de presente" para os equatorianos, que quase nada de perigo haviam criado até então. O cronômetro marcava 43 minutos quando o goleiro Diego Alves fez jus a seu histórico e defendeu a cobrança, levando o time rubro-negro em vantagem para o intervalo. No 2º tempo, o ritmo caiu, mas no momento em que uma situção de risco parecia se desenhar, Gabigol, que havia perdido um gol incrível no 1º tempo, mostrou seu diferenciado faro de artilheiro e ampliou a vantagem. Não muito depois, o colombiano Fernando Uribe, que acabara de entrar em campo no lugar de Bruno Henrique, no seu primeiro toque na bola, fez o terceiro gol. Com um confortável 3-0 a seu favor, o time passou a administrar a partida. Nos acréscimos ainda houve um novo pênalti a favor do time equatoriano, desta vez não desperdiçado pelo colombiano Cristian Borja, ex-jogador rubro-negro (só 6 jogos com a camisa do Flamengo). Com a importante vitória, o time saltou à liderança isolada do grupo. A "missão 1", dentro da sequência de três jogos em casa, estava cumprida. No outro jogo da rodada, em Montevidéu, o Peñarol goleou ao San Jose por 4 x 0 e saltou a 3 pontos, igualando-se à pontuação da LDU, mas assumindo o segundo lugar no saldo de gols.

A adversária na 3ª rodada era a tradicionalíssima camisa uruguaia do Peñarol. Mais uma vez, como na rodada anterior, líder e vice-líder frente a frente. A vitória praticamente selava o avanço às oitavas de final. Recorde de público do futebol brasileiro no ano, com 66 mil presentes, torcida empurrando, mas com o time muito mal, não correspondendo e não entusiasmando o público, que ainda assim tentava manter empurrando. Poucas chances de gol, jogo muito truncado, e missão ainda mais complicada depois que Gabriel Barbosa dá um carrinho por cima da bola, acertando as pernas de um jogador uruguaio e levando cartão vermelho direto. Com vários jogadores atuando mal, ficava muito difícil reverter a difrença em campo. O castigo veio nos minutos finais, num dos pouquísimos ataques dados pelo time uruguaio no jogo. Com um empate, bastaria vencer o San Jose na quarta rodada. Com a derrota passava a ser necessário buscar pelo menos um ponto ou no jogo no Uruguai ou na altitude de Quito. Menos pior que no outro jogo da rodada, LDU e San Jose empataram por 3 x 3. Ao fim da 3ª rodada, Peñarol e Flamengo tinha 6 pontos, a LDU tinha 4 pontos e o San Jose apenas 1.

Na 4ª rodada, jogo decisivo contra o frágil San Jose no Maracanã, mais uma vez com ingressos esgotados com antecedência. Logo a 2 minutos de jogo, um frango do goleiro e o Flamengo salta as frente no placar. Dois minutos depois, o zagueiro boliviano pára um contra-ataque com falta, e sendo o último homem é expulso. Prenúncio de goleada. Mas não antes do time se enrolar, e mesmo com um a mais em campo ceder o empate. Mas durou só 12 minutos até que saltasse a frente novamente. Inacreditavelmente quase tomou o empate de novo, mas sem fazer uma grande exibição, foi para o intervalo em vantagem. No 2º tempo, não tardou muito a ampliar, e daí para frente tudo ficou mais fácil. Nos 15 minutos finais, marcou três gols e sacramentou a goleada. Pelo saldo de gols, saltou à liderança do grupo, já que no outro jogo da rodada o Peñarol venceu à LDU por 1 x 0 em Montevidéu. Flamengo (com saldo de gols +7) e Peñarol (com saldo +4) tinham 9 pontos, seguidos pela LDU com 4 e pelo já eliminado San Jose com 1 ponto.

Valendo a classificação, na 5ª rodada o time subiu o morro e foi à altitude de Quito para jogar por um empate que lhe valia a classificação antecipada. Não fez um bom 1º tempo, mas saiu na frente com gol de Bruno Henrique (em bola que bateu em seu braço após a cabeçada). No último lance antes do intervalo, uma absurda desatenção do sistema defensivo e levou o gol de empate. Isto depois da LDU perder inúmeras chances muito claras de gol. No 2º tempo, o desempenho piorou e acabou levando a virada. A situação poderia ter ficado ainda pior, porque em Oruro o San Jose abriu 2 x 0, o Peñarol diminuiu, e quando saiu um quarto gol na partida, se tivesse sido uruguaio, a vida rubro-negra ficaria muito mais difícil na última rodada, pois só uma vitória em Montevidéu salvaria. Com o 3 x 1 a favor do San Jose, o Flamengo terminou a rodada na liderança, mas numa situação longe de ser confortável, pois uma derrota para o Peñarol na última rodada no Uruguai selava mais uma queda precoce na Fase de Grupos. Ao fim da rodada, Flamengo e Peñarol tinham 9 pontos (o Fla com saldo de gols +6 e os uruguaios com saldo + 2), em terceiro a LDU tinha 7 pontos, e jogava em casa na última rodada contra o frégil San Jose, que vnha em quarto, com 4 pontos.

Se houvesse acontecido o empate na 3ª rodada no Maracanã contra o Peñarol (gol sofrido no "apagar das luzes") o time rubro-negro terminaria a 5ª rodada com a classificação praticamente selada. Estaria com 10 pontos e saldo de gols +7, enquanto Peñarol e LDU teriam 7 pontos cada, com os uruguaios com saldo +1 e os equatorianos com saldo 0. Ou seja, neste caso, para ser eliminado o Flamengo precisaria perder por 4 x 0 para o Peñarol, e ainda assim só seria eliminado se este resultado acontecesse e a LDU vencesse ao San Jose também por 4 x 0. A classificação estaria praticamente sacramentada...

Na 6ª rodada, o Flamengo pisou pela pimeira vez em sua história no novo estádio do Peñarol, o Estádio Campeón del Siglo, jogando por um empate para se classificar às oitavas. Se perdesse, até ainda poderia se classificar desde que a LDU não vencesse ao San Jose em Quito (o que era muito pouco provável que acontecesse).

Logo com 1 minuto de jogo, Everton Ribeiro fez excelente jogada, serviu Arrascaeta, que com um toque rápido colocou Gabigol frente a frente ao goleiro uruguaio. Ele deu um toque e desviou a bola, que passou rente à trave, numa chance claríssima de saltar a frente no marcador. Mais sólido em campo, o time rubro-negro criou diversas chances de gol, mas não conseguiu sair na frente. O Peñarol havia tido só uma chance clara antes do intervalo, num belo chute de fora da área que roçou a trave.

No 2º tempo, tudo mudou quando Pará recebeu o segundo cartão amarelo aos 19 minutos e foi expulso. Quase ao mesmo tempo, em Quito, saía um gol de Cristian Borja para a LDU. Três minutos depois Anderson Julio marcou outro para os equatorianos, e com este segundo gol, o empate passava a eliminar ao Peñarol. Uma derrota, eliminava o Flamengo, velhos fantasmas de eliminações anteriores voltavam a antormentar as almas rubro-negras, especialmente a eliminação para o San Lorenzo, numa situação muito parecida, dois anos antes, na Libertadores 2017. A LDU resolveu sua situação com mais dois gols de Anderson Julio, aos 29 e aos 43 minutos (4 x 0). Em Montevidéu, nos 25 minutos finais, o controle do jogo foi todo do Peñarol, que pressionava muito em busca de sua classificação. Aos 48 minutos do 2º tempo, num contra-ataque, Vitinho teve a chance de sacramentar o resultado, penetrando frente a frente ao goleiro deste antes da linha do meio de campo, mas não conseguindo fazer o gol.

Com muito sofrimentos, o Flamengo conseguiu segurar o empate sem gols e sacramentar seu avanço às oitavas de final. Flamengo, LDU e Peñarol terminaram com 10 pontos. O Flamengo com saldo de gols +7, seguido pelo saldo +4 dos equatorianos e o saldo +1 dos uruguaios. O San Jose terminou com 5 pontos. Em 1º lugar no grupo, o Flamengo avançou para a fase mata-mata.


MATA-MATA

Para a fase de mata-mata o Flamengo fez uma ousada mudança, apostando no técnico português Jorge Jesus para o lugar de Abel Braga. O clube ainda contratou um zagueiro espanhol, Pablo Mari, adquirido ao Deportivo La Coruña, o meia-atacante Gérson, da Roma, e os experientes laterais Rafinha, ex-Bayern Munique, e Filipe Luís, ex-Atlético de Madrid (que chegou ao Rio de Janeiro no dia que o time entrava m campo no Equador pelo jogo de ida das oitavas de final).

No Equador, desfalcado de Arrascaeta, Éverton Ribeiro e Vitinho, Jorge Jesus inovou na escalação, e deu errado. Escalou dois laterais-direito juntos - Rodinei e Rafinha - e um único cabeça de área - Willian Arão - que normamente atuava como segundo volante. Pagou caro pela ousadia, e logo com 10 minutos de jogo, foi justamente pelo lado direito que o Emelec encontrou a brecha que lhe permitiu abrir o placar. Dali em diante, o Flamengo, tecnicamente muito superior, dominou o jogo, mas sem conseguir empatar. Quando os equatorianos tiveram um jogador expulso no início do 2º tempo, Jorge Jesus foi ainda mais inovador, fazendo substituições que deixaram o time com 4 atacantes em campo. Mas Diego acabou quabrando a perna numa entrada violenta sofrida, e, sem poder realizar mais alterações, o time ficou com o mesmo número de jogadores em campo, e completamente desarticulado, sem ninguém na armação do meio de campo. Para piorar, num lance de falta de sorte, no qual a bola desviou em Renê, o Emelec ampliou. Um 2-0 contrário, uma missão muito difícil de ser revertida para o Maracanã uma semana depois.

Em casa e empurrado por sua torcida, o Flamengo fez dois gols nos primeiros 19 minutos de jogo, duas vezes com Gabigol. Dominou a partida, não correu grande perigo em nenhum momento do jogo, mas não conseguiu manter o ritmo intenso e ampliar, evitando os pênaltis. Pela primeira vez um sua história de participações em sua 15ª presença na Copa Libertadores, o Flamengo teve uma decisão por pênaltis. Venceu por 4 a 2, cumprindo sua missão e revertendo a difícil situação após a derrota em Guaiaquil. Desde 2010 o Flamengo não chegava às quartas de final, naquela que desde 1993 havia sido sua única presença nas quartas da Libertadores da América.

Já estava assegurada a presença de um clube brasileiro na final da Libertadores 2019. De um lado, a semi-final seria disputada entre os vencedores dos confrontos Flamengo vs Interncional e Palmeiras vs Grêmio. Na outra chave que levava à final: Boca Juniors vs LDU, e River Plate vs Cerro Porteño.

Após 25 anos e 8 participações em que só chegou uma vez às quartas de final da Libertadores, o Flamengo lutava para voltar a uma semi-final após 35 anos. O primeiro jogo das quartas foi no Maracanã. Um jogo extremamente duro, disputado e amarrado. Os jogadores colorados usavam uma catimba ao estilo argentino-uruguaio para travar a dinâmica de jogo. E muito bem postado defensivamente, dava a posse de bola ao Flamengo, mas impedia que o time rubro-negro criasse chances de gol: no 1º tempo, uma única chance real de gol, rubro-negra, já nos minutos finais. No 2º tempo, Gérson entrou no lugar de Arrascaeta e o Flamengo aumentou a pressão. Mas só na virada dos 29 para os 30 minutos do 2º tempo, o time conseguiu furar a defesa colorada. E três minutos depois, novamente com Bruno Henrique, conseguiu ampliar. A partir de então foi a vez do Inter crescer em posse de bola e pressionar. Quase fez um gol com o uruguaio Nico López aos 46 minutos, mas o placar terminou 2 a 0, e o Flamengo viajaria a Porto Alegre podendo perder até por 1 a 0.

Gabigol perdeu dois gols frente a frente ao goleiro Marcelo Lomba a 1 e aos 43 minutos do 1º tempo. Teria resolvido o jogo. O time rubro-negro foi superior na primeira metade, mas não resolveu o jogo. No 2º tempo, o Inter se inflamou, e acabou conseguindo um gol aos 16 minuros. Os colorados precisavam de mais um para levar à decisão por pênaltis. Nos minutos finais partiram para o tudo ou nada. Aos 39 minutos, então, De Arrascaeta roubou uma bola na entrada da área e lançou Bruno Henrique que partiiu em velocidade da intermediária, cruzou o campo, e ao se aproximar da área adversária, serviu Gabigol, para que ele tocasse para o gol vazio e assegurasse a classificação. Após 35 anos, o Flamengo voltava a disputar uma Semi-final de Copa Libertadores.

Na semi-final, o adversário era outro gaúcho, o Grêmio, que eliminara ao Palmeiras. No primeiro jogo, em Porto Alegre, o Flamengo dominou amplamente a partida e perdeu a oportunidade de fazer o resultado que lhe garantiria vaga na final. No 1º tempo, dominou totalmente o jogo, não deixou o Grêmio jogar, e teve dois gols anulados pelo árbitro de vídeo. No 2º tempo, os gremistas equilibraram a partida, mas foi o Flamengo quem saiu na frente, aos 23 minutos, com gol de Bruno Henrique. Melhor em campo, o time rubro-negro ainda teve um gol de anulado por impedimento de Gabigol. No finzinho, aos 42, o jogo não foi paralisado quando Filipe Luís caiu no ataque, lesionado, e inclusive precisando ser substituído por Renê, e foi justamente sobre o buraco na defesa pela ausência de Filipe Luís, que o Grêmio encaixou o contra-golpe que empatou a partida. O empate final por 1 x 1 dava ao Flamengo a vantagem de poder empatar sem gols na volta, no Maracanã, para garantir o avanço à final. Momento épico para um Maracanã mais uma vez lotado, valendo vaga na final da Libertadores 2019.

Depois do empate em Porto Alegre, o Grêmio mantinha sua motivação para encarar o Maracanã, afinal nas quartas, depois de perder por 1 x 0 em casa para o Palmeiras e sair em desvantagem em São Paulo, buscou uma heróica virada que opôs naquela semi-final. Já o Flamengo, superoir em campo no duelo em Porto Alegre, acreditava na força tática e técnica de seu jogo para ir à finalíssima. Jogo histórico diante de 65 mil espectadores no Maracanã.

Historicamente, o Flamengo havia chegado duas vezes a um jogo no qual uma simples vitória por 1 x 0 o teria colocado novamente numa final de Libertadores, mas em ambas oportunidades o empate sem gols beneficiava ao adversário, como aconteceu contra o Peñarol em 1982 no Maracanã e contra o próprio Grêmio em 1984 em campo neutro, no Pacaembu, em São Paulo. Desta vez era a primeira na qual o Flamengo chegava também por uma vitória simples, porém, com o empate sem gols a seu favor.

Jogando com a vantagem de um empate sem gols a seu favor para conseguir avançar à final, o Flamengo sofreu uma forte pressão gremista nos 20 primeiros minutos de jogo. Nos 15 minutos finais do 1º tempo, o time rubro-negro equilibrou o jogo, e nos minutos finais, num contra-ataque puxado por Bruno Henrique, que colocou Gabigol frente a frente ao goleiro Paulo Victor, que deu rebote, com a bola sobrando para Bruno Henrique completar para o gol vazio. Na volta para o 2º tempo, o time retornou impiedoso. Logo no reinício, após uma cobrança de escanteio, Gabigol pegou um rebote de virada e fez o segundo. Na sequência, Bruno Henrique foi derrubado na área, pênalti que Gabigol não desperdiçou. A vitória virou goleada com dois gols de cabeça: o espanhol Pablo Marí escorou cobrança de escanteio, e seu companheiro de zaga Rodrigo Caio, escorou cruzamento em cobrança de falta pela lateral. Acachapante: 5 a 0! Maior goleada em 30 anos na história da semi-final de Libertadores. No fim, Diego, de volta após 3 meses parado após se recuperar de fratura, quase fez o sexto. Após 38 anos, o Flamengo voltava a disputar uma final de Copa Libertadores.

No dia 23 de novembro de 2019, Flamengo e River Plate entrariam em campo em Santiago, no Chile, para decidir o título sul-americano. Porém, pelas agitações políticas sob intensos protestos nas ruas da capital chilena que se estendiam por algumas semana, na noite de 5 de novembro, a menos de três semanas para o jogo decisivo, a primeira final em jogo único da história da LIbertadores foi transferida de Santiago para Lima, no Peru, a ser jogada no Estádio Monumental.

Foi a primeira final de Libertadores a "moldes europeus". Jogo único, numa sede fixa. Pela primeira vez uma final de Libertadores num sábado a tarde, quando antes sempre fora em noites de meio de semana. Dentro de campo, certamente os dois melhores times da América do Sul naquele momento. O River Plate, então detentor do título, campeão da Libertadores 2018, tentava seu 5º título sul-americano na sua história. O Flamengo, longe da final por 38 anos, iria a campo lutar pelo 2º título sul-americano de sua história. O inesquecível Flamengo do português Jorge Jesus: Diego Alves, Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; Willian Arão, Gérson, De Arrascaeta e Éverton Ribeiro; Bruno Henrique e Gabigol. Este time chegava à final vindo de uma incrível sequência de 25 jogos sem perder, entre partidas pela Libertadores e pelo Campeonato Brasileiro.

Quando a bola rolou no Estádio Monumental em Lima, o time do River Plate começou jogando muita bola. O Flamengo não conseguia se impor, com o meio de campo totalmente dominado pelos argentinos. Com 14 minutos, o atacante Rafael Borré marcou para o River. Em todo o 1º tempo, o Flamengo só conseguiu dar um chute a gol. A missão rubro-negra estava difícil. Mas jogava-se uma grande partida de futebol em Lima. No 2º tempo, o quadro só mudou a partir dos 25 minutos, a partir de então o time argentino começou a dar sinais de cansaço físico, e o Flamengo passou a se impor na preparação física. Daí em diante foram várias chances de gol, a pressão aumentava, o time rubro-negro passou a dominar o meio de campo e a cadenciar a partida da forma que estava habituado. Mas o relógio avançava e o título parecia caminhar para a Argentina. Mas assim que o cronômetro virou para 43 minutos do 2º tempo, De Arrascaeta roubou uma bola de Lucas Pratto na intermediária e avançou para o ataque. Tocou para Bruno Henrique na ponta, e em cima dele imediatamente fecharam três jogadores do River Plate. Ele conseguiu se desvencilhar e entre eles tocar para Arrascaeta penetrar na área. O uruguaio rolou para o meio e encontrou Gabigol entrando atrás da zaga para, na pequena área, livre, empurrar com o pé esquerdo para a rede. Explosão rubro-negra! O jogo iria para a prorrogação. Mas um momento épico e improvável não deixaria que fosse assim. Aos 46 minuros, Diego lançou para Gabigol entrar disputando com dois zagueiros. Tentando tirar, na entrada da grande área, o zagueiro Javier Pinola acabou ajeitando de cabeça para Gabigol, que bateu firme, por baixo do goleiro Armani, para estufar as redes! Gol da virada! Gol para a história! Flamengo, pela segunda vez na história campeão da Libertadores. Um jogo épico! Uma final inesquecível!


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