Hall da Fama do C.R. Flamengo: JAYME DE ALMEIDA

JAYME: o primeiro lateral-esquerdo

Carreira: 1936-38 Atlético Mineiro; 1938-1950 Flamengo

Pelo Flamengo, Jayme de Almeida "Pai" fez 316 jogos e marcou 32 gols. Como jogador, foi escolhido em 1946 como melhor lateral-esquerdo da América do Sul. Como treinador dirigiu o Flamengo em outras 68 partidas.

A família dele dedicou uma vida ao clube: Jayme de Almeida Filho, zagueiro, defendeu o Flamengo entre 1973 (ano da morte de Jayme de Almeida, seu pai) e 1976, tendo disputado 198 jogos e feito 3 gols. Entre 2011 e 2013, trabalhou como assistente-técnico de Vanderlei Luxemburgo, Joel Santana, Dorival Júnior e Mano Menezes. No 2º semestre de 2013 passou a ser o técnico, e sob seu comando o time foi Campeão da Copa do Brasil de 2013 e Campeão Carioca de 2014.

Jayme de Almeida nasceu em São Fidélis, cidade de Minas Gerais, em 28 de agosto de 1920, e faleceu em Lima, no Peru, em 17 de maio de 1973.

Assim narrou o site do Portal São Fidélis de Notícias, em texto publicado em 2015: As novas gerações pouco devem se lembrar, ou sequer devem conhecer, mas São Fidélis já teve motivos para se orgulhar vendo um jogo de futebol. Hoje, em época que promessas deixam a cidade em busca de um lugar ao sol com a bola nos pés, um nome pode servir como espelho: Jayme de Almeida. Nascido na "Cidade Poema" no dia 28 de agosto de 1920, o jovem Jayme precisou de apenas 16 anos para despontar no cenário do futebol nacional. Foi com essa idade que ele estreou profissionalmente com a camisa do Atlético Mineiro, clube onde ficou por dois anos.

Porém, o jogador se destacou mesmo foi na capital carioca. Em 1938, Jayme de Almeida se transferiu para o Flamengo. Na Gávea, o fidelense atuou por 12 anos, até 1950, quando se aposentou, já como ídolo do clube. Com 316 partidas, ele marcou 32 gols, número expressivo para um lateral-esquerdo. Foi campeão carioca quatro vezes (1939, 1942, 1943 e 1944), sendo peça importante no primeiro tri-campeonato consecutivo do Rubro-Negro.

Faturou ainda outros vários títulos: Torneio Relâmpago do Rio de Janeiro (1943), Torneio Início do Rio de Janeiro (1946), Troféu Cezar Aboud (1948), Troféu Embaixada Brasileira na Guatemala (1949), Troféu El Comite Nacional Olímpico da Guatemala (1949) e Taça Cidade de Ilhéus (1950).

O período vitorioso no Flamengo lhe rendeu convocações para a Seleção Brasileira. Entre 1942 e 1946, Jayme vestiu a camisa amarelinha por 15 vezes, e marcou um gol. Devido à Segunda Guerra Mundial, não teve a oportunidade de disputar uma Copa do Mundo. No ano de 1949, foi o primeiro jogador a receber o Prêmio Belfort Duarte, condecoração oferecida pela pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por não ter sofrido nenhuma punição esportiva durante 10 anos. Após a aposentadoria, virou técnico e teve sete passagens no comando do próprio Flamengo. Numa delas, em 1953, foi campeão do Torneio Quadrangular da Argentina. Em 1961, Jayme foi para o Peru, dirigir ao Alianza Lima, e ficou por lá até 1966, quando se desligou do futebol. Na capital peruana, Lima, faleceu no dia 11 de maio de 1973.

Irmão da antropóloga Lélia Gonzales, o ex-jogador teve um filho, que recebeu o mesmo nome que o seu. Este, que nasceu no Rio de Janeiro, também foi jogador de futebol e conquistou muitos títulos pelos Flamengo, tendo também boas atuações na Seleção Brasileira. Depois, seguindo os passos do pai, virou treinador do Flamengo.

E sobre sua relação com o Peru:

Víctor Rostaing, ídolo do Alianza Lima, assim se referiu a ele: "ele revolucionou o Alianza e o futebol peruano. Quando ele chegou ao Alianza ele tirou os veteranos e colocou os jovens para jogar. Além disso, eu particularmente o tive como pai. Ele me levou na sua casa no Rio, conheci seu filho, seu irmão".

Armando Leveau, um dos mais importantes historiadores de futebol do Peru, complementou: "os peruanos, o ex-jogadores eram sempre os treinadores. Ele realmente chegou aqui e revolucionou não só o Alianza, como o futebol peruano. Aqui era normal treinar com 'sapatilhas' (tênis), quando ele vê, se admira, e mandou trocar, tinham que usar 'sapato de futebol' (chuteiras). Começou com ele e depois em todos os times. Ele também era mais doce, conversava, era como um pai para os jogadores".

Leveau faz mais uma revelação: "Don Jayme promoveu a Cubillas, inclusive ele tira Victor do time e coloca Cubillas. Foi Don Jayme quem o revelou, quem o colocou para jogar. Engraçado é que Don Victor diz que Jayme era como seu pai, mas o colocou no banco".

Descontraído, Víctor Rostaing lhe respondeu: "Ele tinha melhores condições do que eu, era melhor do que eu. Então, Don Jayme me chamou e disse: 'filho, você vai sair porque vai entrar Cubillas'. Então eu saí e não entrei mais. Ele me disse: 'ele joga mais do que você'. Mas isso é um orgulho para mim, quem me tirou a camisa 10 do Alianza Lima foi ninguém menos que o melhor jogador peruano de todos os tempos".

Além de profissionalizar Cubillas, Jayme de Almeida ganhou três títulos do campeonato peruano, deixando seu nome marcado para sempre não só com os torcedores do Alianza Lima como também com os apaixonados por futebol no Peru.